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O uso das redes sociais por políticos em campanha favorece os eleitores?

Danilo Fernandes

O congresso está apreciando um pacote de mudanças que irão nortear as próximas eleições  Um dos temas envolve o uso da internet pelos candidatos. Os deputados querem liberar o uso das redes sociais aos políticos durante todo o período eleitoral, sem restrições.  Como conhecedor do assunto e cidadão, eu sou absolutamente favorável a esta proposta e penso que a mesma  contribuirá muitíssimo para o avanço da nossa democracia e para a elevação  do nível do debate político na nação, com a inclusão de mais eleitores na conversa, mais qualificação dos participantes e um efetivo acompanhamento dos mandatos. 

A seguir, algumas razões favoráveis à  livre manifestação dos candidatos nas redes sociais durante todo o período eleitoral:


- O uso das redes sociais não constitui propaganda de massa. As redes proporcionam uma comunicação de múltiplas vias sendo, portando, uma grande conversa, um diálogo. E não há nada mais saudável para a política brasileira do que um cenário onde o povo conversa mais com os seus representantes.

- As redes sociais são democráticas e ajudam a promover o engajamento, a mobilização e a ação cívica.

- O político que decide usar as redes sociais se beneficia da comunicação com os seus eleitores, mas também se submete às críticas e às cobranças e, dadas as características deste tipo de comunicação a resposta é necessária e inevitável e o silêncio logo cobra a sua conta  -Tudo muito saudável. 

- As redes sociais exigem ousadia e comprometimento por parte do político. O mero compartilhamento de “santinhos” eleitorais na versão digital não garante efetividade alguma. É preciso engajar o eleitor, ouvir as suas sugestões e buscar o seu apoio e, isto, envolvera o debate virtual. O espaço dos comentários é o corpo-a-corpo digital. O diálogo determinará o resultado da comunicaçao.

- As redes sociais estão muitíssimo mais imunes ao abuso do poder econômico do que qualquer outro meio de comunicação atualmente empregado. O alcance do discurso do político será proporcional ao engajamento e ao diálogo prévio com os seus eleitores, traduzido no número de seguidores (amigos, fãs, etc.) que este tenha conquistado nas redes. Ou seja, não é o político com mais dinheiro que se beneficia mais das redes sociais, mas aquele que dialoga mais e por mais tempo com os seus eleitores. O histórico do envolvimento de cada político com as suas bases se sobrepõem aos conchavos na disputa por espaço na propaganda eleitoral.

- As redes sociais favorecem os candidatos ficha-limpa. Vale lembrar que postagens oferecem espaço para ou mais tipos de respostas por parte dos internautas. O político com teto de vidro sofrerá as pedradas nos comentários.

- Dizem que o povo não tem memória. É verdade. A maioria não tem mesmo e os meios de comunicação de massa, no mais das vezes tem a memória seletiva. Nas redes, sempre haverá espaço para os eleitores com mais memória engajarem a propaganda dos candidatos e lembrarem aos demais o que precisa ser lembrado!

- Para muitos candidatos, as redes sociais são a única alternativa ao baronato dos meios de comunicação, muito empenhados na defesa de seus próprios interesses.

- Nas redes sociais o eleitor está mais propenso a conversar com os seus políticos do que normalmente estaria a assistir a propaganda na TV. Em compensação, é recomendável que o político garanta o interesse do seu eleitor, pois “ unfollow “não aceita desaforo.

- Finalmente, para além do histórico de diálogo com o eleitor, é a relevância das ideias do político, como percebidas por seus eleitores que irá determinar o alcance e sua cobertura da sua comunicação na rede. Afinal, a amplitude da conversa depende dos eleitores “curtirem” e “compartilharem” as propostas e ideias do político com os seus amigos e conhecidos.


Todo o dito acima forma um conceito muito mais democrático e relevante para as pessoas do que o uso platônico do discurso político na TV. 

O que era modorrento, artificial e superficial na propaganda eleitoral tem potencial para se tornar, verdadeiramente, um exercício de cidadania resultando na elevação da qualidade do voto e em maior responsabilidade por parte dos mandatários. 

Ademais, o crescimento do uso das redes no processo da comunicação eleitoral tenderá a reduzir a importância da TV e outros meios pagos neste processo, o que é muito saudável para a viabilização de candidaturas oriundas das camadas menos favorecidas da sociedade ou de representantes com discursos e propostas que não encontram apoio nos grandes latifúndios do coronéis dos grandes partidos. 

O futuro poderá nos brindar com o livramento do uso abusivo do poder econômico e da moeda de troca partidária que hoje patrocinam a imbecilização do eleitor em propostas idiotas envolvendo algum tipo de transporte público futurístico e ideias estapafúrdias e descomprometidas com a realidade e a exequibilidade. 








 

Cidadania 8644839023037282398

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