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Ou se É o que se É, ou não há o que Ser

Carlos Moreira

Li hoje no facebook algo curiosíssimo: “‎ninguém é tão feio como na identidade, tão bonito como no Orkut, tão feliz quanto no Facebook, tão simpático como no Twitter, tão ausente como no skype, tão ocupado como no MSN e nem tão bom quanto no Curriculum Vitae”. Silvia Souza.

Queria lhe fazer uma perguntar: você entende algo sobre falsificação? Se visse um Van Gogh, poderia afirmar: parece; mas não é! E uma bolsa Luiz Viton? Teria condições de dizer se é original ou falsa? Um Rolex? É verdadeiro ou paraguaio?

A falsificação já foi considerada uma arte. É bem verdade que era utilizada por ladrões, mas, ainda assim, tornava-se imperativo reconhecer o talento do criminoso. Hoje a falsificação é uma indústria que gera perdas na economia mundial da ordem de 800 bilhões de dólares. Só no Brasil, somando-se apenas as indústrias fonográfica, cinematográfica e de programas de computador, a cifra chega a um bilhão de dólares anuais.

Por outro lado, a falsificação não está restrita aos bens de consumo. Já dizia Justiniano que ela “nada mais é do que a imitação da verdade”. Nos dias em que vivemos, é comum encontrá-la não só em coisas, mas, sobretudo, nas pessoas. E é este tipo de símile da realidade que é extremamente danosa, pois nada mais é do que uma adulteração, cada vez mais comum, de valores e conteúdos que deveriam construir o ser e que, invariavelmente, revelariam não só quem nós somos, mas, sobretudo, como e baseados em que vivemos.

Fato é que a sociedade contemporânea esta calcada sob a cultura da imagem: gente mais preocupada em parecer ser do que em ser de verdade. Kierkegaard com propriedade afirmou que “a vida é um baile de máscaras”, e essas máscaras tornam-se “escudos” atrás dos quais almas se escondem de si mesmas, e não apenas faces. Hoje, ser socialmente aceito ou parecer politicamente correto pode, em muitas situações, exigir de nós posicionamentos que, na verdade, abominamos ou rechaçamos. Todavia, para ficarmos bem na foto...

Mas o pior tipo de estelionato, convenhamos, é aquele ligado ao ser religioso. Sobre isto, bem conceituou Nietzsche: “o disfarce sob o manto da religião e da transfiguração através da moral são metamorfoses da escravatura”. Foi por isso que João escreveu que, conhecer a verdade liberta, mas, digo eu, se amasiar com a religião, escraviza.

Creia-me, não há coisa mais danosa a alma humana do que alguém que se tornou um simulacro eclesiástico, que abraçou uma espiritualidade performática, que pincelou um verniz de santidade na consciência, que viciou-se na hermenêutica que exuma letras mortas, mas recusa-se a trazer a vida a palavra que liberta, alguém que tem no olhar a impregnação do juízo e nas atitudes o proceder calcado na intolerância.

A figueira sem fruto, do texto de Marcos, bem nos revela este cenário. Ela nada mais era do que um arquétipo que apontava para o que acontecia com o povo de Israel. Era a religião das folhagens, das aparências, dos ritos, dos mitos, mas onde não se encontravam frutos. Jesus discerniu naquela geração o embuste, a mentira, a falsidade, o culto a aparência, o disfarce tentando travestir-se de verdade. Por isso a árvore foi amaldiçoada, pois para Deus ou se é o que se é ou não se é coisa alguma. O ser só torna-se ser quando se assume como verdade-existente. Evadir-se disto é tornar-se não-ser.

Isto me fez lembrar da belíssima passagem do livro “Todos os Homens são Mentirosos”, de Alberto Manguel quando afirma: nenhum rosto era verdadeiro, todos dissimulavam algo, cada qual mentia quase por hábito, era uma mascarazinha que refletia a máscara da cidade inteira, uma cidade que pretendia não ser o que era...”. Sei que não tem qualquer correlação, mas aí está um retrato do que era Jerusalém nos dias do Galileu... Por isso a figueira secou e, com ela, toda aquela geração de falsários e embusteiros.

Eu já fui figueira
Travestido de folhagens, mas sem frutos
Invertendo as estações da existência
Ocultando minha nudez outonal com atitudes performáticas
com exuberância desprovida de fruto
Amargava existir para fora
Sem poder ser exatamente eu mesmo
Eu... Nu... e em Cristo
Mas Deus
 reverteu a morte gerada pela falsificação

Caio Fábio.

Como é difícil, mas desejo ardentemente fugir da falsificação. Tenho pavor da dissimulação, da representação, da mediocridade, dos que não são e nunca serão, pois existem como desmonte existencial, estão travestidos com as vestes da mentira, habitados por um espírito falsário, seu interior é como labirinto de trevas, masmorra que perpassa medo e solidão.

Se pudesse pedir algo a Deus, de todo o coração, gostaria de terminar os meus dias expressando o que disse o Luiz Fernando Veríssimo “eu sou hoje a melhor versão de mim mesmo”. E isso afirmaria na certeza de não ter tido qualquer mérito na construção de nada, em absoluto, mas a clareza de que tudo se fez em mim pelo poder da cruz e pela misericórdia que se derramou como orvalho em meu ser através da preciosa e incomparável graça de Deus.

Carlos Moreira é culpado por tudo o que escreve. Desencontrado de si mesmo, encontrou-se com Jesus e ganhou significação existencial. Ele está por aqui no Genizah e na Nova Cristandade
Artigos 5774461726674390600

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  1. Foi, e esta sendo um momento pitoresco meditar no teu dissertar sobre o assunto. Todos os dias preciso matar uma leão antes de arrancar minhas próprias máscaras. Algumas tão perfeitas que passam desapercebidas por mim mesma,dona da própria fuça.
    bjux e paz

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  2. QUE TIPO DE IGREJA TEMOS SIDO NESTA GERAÇÃO?
    Uma mensagem não muito popular,simples; mas DESAFIADORA para os nossos dias! NÃO deixe de ler. Parabéns pelo blog, vocês têm feito um ótimo trabalho. Grande abraço, fiquem na paz!

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  3. A razão de ser do evangelho é revelar a verdadeira natureza humana em sua mais total depravação e conduzir o homem à sua identidade original, imagem e semelhança de Deus.
    Mas, hoje, muitos teimam em quererem ser melhores que Deus. Oferecem um evangelho calcado na ilusão que se pode ser o melhor sem deixar de ser o naturalmente somos sem Jesus, o pior de todos!

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  4. Paz!
    Estou muito precisando divulgar meu blog de downloads de músicas e livros. Tenho necessidades reais que os irmãos visitem e entendam minha necessidade. Favor me linkar em seu Site/blog.

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  5. Muito bom texto, mas só uma observação sobre os versos do Caio Fabio: ELE NÃO "ERA" ISSO QUE ELE RELATA NOS VERSOS... ELE AINDA É!

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  6. Prezado Pr. Juliio, com todo respeito ao Sr., não sei como lhe é possível fazer juízo sobre a alma e o coração de um homem, olhá-lo por dentro, discernir suas motivações, perscrutar sua consciência, avaliar suas obras. Sempre entendi ser este papel do Espírito Santo e que O Senhor de toda a Terra, naquele último dia, trará a juízo as obras dos homens e, tanto eu, quanto o Sr. quanto muitos e muitos poderão ser surpreendidos quando Jesus, o Cristo, olhar nos olhos de Caio Fábio e disser, vinde a mim bendito de Meu Pai. Quer saber o que acho, acho que será assim mesmo... Com respeito e reverência, Moreira

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  7. Em suma...
    misto de inveja com falso heroísmo evangelico... afff....

    Seu Sr. Complexo por quer tanto relativisar o Evangelho auto -suficiente... com besteiras de...
    Nietzche...tanto faz... Heiddejer.. clarice lispector...
    suas complxibilidades lhe sobem a cabeça e junto com a sua idolatria a C. fábio , CS lewis e o0 diabo a sete .. rsrsr te levam a lugar algum. Presimos do evangelho simples... e não um porcaria que so critica o Apostolo (pastor) Valdemiro ou qualquer outro que aparece na Tv.
    Falsão alguma coisa que preste seus pervertidos... vcs não são donod de nada... vcs possuem uma perigosa relatividade hahahah....
    Eu desconfio muito de vocês.
    Antes aqui era divertido pelo fato que satirizar algumas heresias, mas depois que alguns autores como ser. Moreira Complex publicou alguns artigos pseudo-intelectuaias aqui o pessoal ficou se achando comendo e falando muita bosta...
    se liguem....
    O Que é isso? evangelho critico,.... isto é azedo é totalmente desconfiavel...
    Aposto que vcs não Oram.

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  8. Quantas citações humanas, e só uma divina, e de relance.
    O senhor é um humanista, no pior sentido da palavra.

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  9. Eu peço algo a Deus, de todo o coração, gostaria de terminar os meus dias sendo confundido com ele, tendo o mesmo falar, o mesmo agir, amando o pecador e detestando o pecado, o mesmo apego às escrituras quando dizia "está escrito" e nunca deixando as circunstâncias e o humanismo ditarem a minha fé, pelo contrário, a fé em Cristo ditando o ritmo da minha vida, a despeito das circunstâncias.

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  10. Prezado Anônimo,
    em primeiro lugar, você devia ter vergonha de publica algo com tantos erros de português. Volte para a escola e aprenda a escrever. Em segundo lugar, você deveria ter vergonha de publicar uma crítica sem se identificar, isto mostra o quão covarde você é, pois o anônimo virtual é aquele que tem medo até de dizer o que pensa num blog de internet. Em terceiro lugar, você usa em sua crítica de 5a categoria palavras de baixo calão, compatíveis com o ser indizível e mesquinho que você é. Em quarto lugar, se você tivesse lido alguns dos autores que cites teria aprendido mais sobre o evangelho do que na sua igrejola forma de paipostolos, bispolatras, sanguessugas, traficantes do sagrado, feiticeiros do divino, gente que consegue ter seguidores da sua estirpe e da sua laia. Em último lugar, meu texto é para gente que pensa, que tem condições de articular idéias, de interligar saberes, e que não isolou as Escrituras do resto de toda a revelação, pois o cristianismo não é a autenticação de tudo de Deus na terra, mas apenas fragmentos de Suas verdades. De fato, meu texto não é para gente que nem você, que não entende, não tem educação, e ainda termina falando de oração. Tome vergonha na sua cara, vá se converter, peça perdão a Deus pelos seus pecados, livre-se de sua religião de fariseu, pois talvez ainda haja esperança para uma alma sebosa que nem a sua. Dito tudo isto, mas com verdade, respeito e reverência. Não retiro nem um ponto. Se você está achando ruim, tem milhares e milhares que são edificados. Leia os comentários e você verá... Moreira

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