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Colateral


Hermes Fernandes

Ultimamente, a Igreja cristã tem procurado resgatar sua relevância na sociedade, manifestando-se contra algumas tendências e comportamentos. Manifestos contrários à Lei de Homofobia, ao aborto, à pesquisa com célula-tronco extraída de embriões humanos, à corrupção, à violência e outros. Não questionamos a motivação que tem levado a Igreja a posicionar-se perante a sociedade com relação a esses assuntos. Contudo, cremos que devemos avaliar a eficácia de tais manifestos.

Antes de buscarmos respostas nas Escrituras Sagradas, devo expor minha insatisfação ao perceber que a Igreja cristã contemporânea parece tão preocupada com questões de cunho moral, ao passo que deixa de dar a devida importância a questões relacionadas à justiça social, tais como, a má distribuição de renda, a reforma agrária, a política econômica, os juros altos, etc.

Cremos piamente que a Igreja faz bem em envolver-se com qualquer questão que diga respeito ao ser humano. Não podemos ser um povo alienado, indiferente aos problemas deste mundo. Temos o dever cristão de participar, arregaçar as mangas e trabalhar por um mundo mais justo, e, conseqüentemente, mais seguro e próspero.

Como devemos posicionar-nos quanto a temas importantes como esses?

Quando a Igreja Primitiva dava seus primeiros passos, uma das instituições mais antigas e perversas da sociedade estava em pleno vigor. Trata-se da escravidão.

Como os crentes deveriam reagir diante da injustiça da escravidão?

Não vemos os apóstolos promovendo manifestos públicos para denunciar a escravidão, nem mesmo comparecendo perante as autoridades para reivindicar o seu fim.

Todas as sociedades da época eram constituídas de classes, das quais os escravos eram a base. Se a escravidão fosse abolida repentinamente, o mundo ruiria.

Mesmo sabendo que tal instituição era contrária à justiça do Reino, os cristãos preferiram conviver com ela por algum tempo, até que ela se definhasse por completo, através da proclamação do Evangelho. À medida que a mensagem libertária de Cristo era pregada, e a sociedade obtinha a consciência de que todos os homens eram iguais, a escravidão ia perdendo sua força.

A carta de Paulo a Filemom nos revela a maneira como o maior evangelista da época tratou deste assunto.

Filemom era um novo convertido, que devido à sua privilegiada situação econômica, possuía escravos.

Paulo não começa sua epístola criticando-o por isso. Pelo contrário, ele dá testemunho de que o que ouvira falar de Filemom, revelava um homem íntegro, cheio de “amor e fé” para com Cristo e todos os santos (v.5).

De maneira discreta, o apóstolo revela sua preocupação através de uma oração:

“Oro para que a comunicação da tua fé seja eficaz no conhecimento de todo o bem que em nós há para com Cristo” (v.6).

Como podemos comunicar a nossa fé de maneira eficaz? Como podemos tornar conhecido todo o bem de que Cristo nos tem feito participantes?

Eis a questão principal dessa epístola! E eis a questão sobre a qual quero me debruçar nos próximos artigos.

Continua...

***
Hermes Fernandes é réu confesso no Genizah

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  1. Hermes! Mais um belissimo texto!

    "À medida que a mensagem libertária de Cristo era pregada, e a sociedade obtinha a consciência de que todos os homens eram iguais, a escravidão ia perdendo sua força."

    Sobre este trecho, indico o filme Amazing Grace - conta a história do autor do mais belo hino cristão e sua luta contra a escravidão, momento em que a instituição não mais podia conviver com o pensamento cristão. Estas mesmas questões são levantadas e a responta é identica à sua!

    Bom fim de domingo!

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  2. Ontem também estava lendo a epístola a Filemon e percebi que a única coisa que se toma 'na marra' é o reino dos céus, pois todas as outras coisas Cristo nos ensinou que devemos ter paciência e mansidão, vencendo pelo amor e pela argumentação, à luz da Palavra. Um exemplo vale mais que um discurso inteiro. Abraços.

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  3. meu irmão, concordo e é válida sua insatisfação sobre o posicionamento da igreja em assuntos conteporâneos, porém é interessante ressaltar que a igreja esteve por muito tempo alheia a esses assuntos da sociedae onde ela estava implantada, vendo apenas com sua visão dicotomica, o que é sagrado nós dicutimos e vivemos, o secular é do mundo( do diabo) e quem se mete nesses assuntos é igual ou pior dos que estão envolvidos, portanto, pesquisas, corrupção, política, não era coisa de crente, porém nós como igreja percebemos que etavamos errados nessa dicotomia, e que Deus colocou-nos aqui nessa terra para ser sal e luz, ora o sal só tempera depois que é imcorporado no que necessita de tempero, assim como a luz só ilumina onde tem trevas.
    mas nós precisamos nesse momento de um direcionamento de Deus para por onde recomeçar, e não sair por aí arvorando qualquer bandeira.
    onde o reino de Deus chega a sociedade é modificada e é a bandeira do reino de Deus que deve ser arvorada, primeiramente nas nossas vidas que irão temperar e iluminar nossa sociedade. um forte abraço irmão...
    Daqui de Manaus que tá maior calor!
    Que venha o seu Reino!

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  4. Temos que ter consciência de que o sistema é maligno, e que sempre diante de uma transformação suposta da realidade, ele vai se amalgamando até deixá-lo como era antes, com uma nova roupagem.

    Foi assim desde tempos remotos, por mais que haja luta para as transformações humanas, sejam elas de cunho social ou religioso filosófico científico, o sistema maligno sempre entra, interfere, e tudo continua como era antes.

    Só JESUS é que entrou nesta humanidade e fez a diferença; e até hoje o sistema maligno continua a engendrar planos maquiavélico para deturpar o evangelho e mostrar um outro Jesus.

    Nem que para isso eles tenham que encontrar os cravos que prenderam JESUS na cruz, daí peguem restos do sangue que ficou nos cravos e façam um clone dele, se isso fosse possível; já assisti a um filme a respeito.

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