Leão critica religião e falta de profissionalismo no futebol
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Ricardo Nogueira/Folhapress |
RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO
THIAGO BRAGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O treinador, 62, os últimos 47 vividos nos gramado, considera que vaidade, apatia, deslumbramento e falta de comprometimento são problemas que atingem o futebol brasileiro como um todo e que ameaçam seu futuro.
Leia a entrevista completa na FOLHA.
DE SÃO PAULO
THIAGO BRAGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O treinador, 62, os últimos 47 vividos nos gramado, considera que vaidade, apatia, deslumbramento e falta de comprometimento são problemas que atingem o futebol brasileiro como um todo e que ameaçam seu futuro.
À Folha, Leão fez duras críticas a toda uma geração de atletas.
Sobrou até para Neymar, que levou bronca pela recente aparição em um
iate.
Folha - Após tanto tempo, você ainda leva os problemas do futebol para fora do campo?
Emerson Leão - Quem trabalha com o futebol e não tem emoção
deixou de trabalhar com futebol. O stress é muito mais fora do que
dentro. Quando você está dando treino é um deleite, mamão com açúcar. O
duro é o resto. As pessoas que são pagas para dizer sim e não envelhecem
primeiro, são mais solitárias e se desgastam mais. É só a ver a foto do
Barack Obama antes da eleição e agora. É cansativo.
Mas a derrota é algo que você ainda não aprendeu a digerir?
Depende da derrota. Essa de sábado [virada por 4 a 3 contra o Bahia], eu
não conseguiu digerir, não. Continuo falando para eles, tentando fazer
eles captarem minha mensagem. Mas estou satisfeito com o que estou
fazendo. Mas já dei um prazo para mim: quando eu fizer 50 anos de
gramado, vou tentar deixar os gramados. Eu tenho prazo de validade, como
uns imbecis falaram. Com 47 anos de carreira, você acha que já viu de
tudo. Mas cada geração que aparece tem novidades. Tem o social, que
invadiu a vida dos jogadores, o promocional. Hoje tem que se cuidar,
você lida com celebridades, com patrimônios. Tem que saber como você
caminha. Nesta minha parada [ficou 14 meses sem trabalhar até aceitar
convite do São Paulo], deu para entender bem esta nova geração.
E falta a esta nova geração um pouco do sentimento de não digerir derrotas? É uma safra de jogadores que se importam menos?
Acho que é uma geração que não está tão compromissada com o
profissionalismo e o dever. Tem alguns que ainda acham que estão jogando
sem compromisso, que não perceberam o que gera a indústria do futebol.
Por isso que continuamos assistindo a alguma irresponsabilidades. O que
falta é a competição com os outros. O cara joga a hora que quer porque
sabe que é melhor do que os outros. Se tivesse um cara colocando na
bunda dele, junto com ele, se ele fosse para o banco de reservas, quero
ver se ele não mudava.
Logo que chegou ao São Paulo, você falou com o Casemiro, viu que ele
tinha dois brincos e disse: 'Não'. É difícil colocar na cabeça dos
jogadores que o foco deve ser a vitória?
A nova geração de homens usa brinco e tatuagem. Porque é a geração da
noite, do funk, do piercing. Não é a geração da liberdade, da
constestação, como foram os hippies. É a geração da vaidade, da
autoafirmação. Mas eles, artistas, dançarinas de bunda de fora,
jogadores, foram capturados [pela indústria da fama]. Todo time tem uma
ou duas exceções, e elas são tratadas como bibelôs. Eu tenho um Picasso
em casa e ninguém pode ver.
Isso estraga os jogadores?
Está contribuindo. Cada vez dão liberdade maior, porque você fica com
medo de repreendê-los, de orientá-los porque ele são os fulaninhos.
Essa vaidade atrapalha a competitividade?
Atrapalha em qualquer profissão, atrapalha ele. Em curto prazo, é
maravilhoso. Mas quantos começaram assim e ficaram pelo meio do caminho?
Aparecem muitos, mas poucos se consolidam.
A culpa é de quem: clubes, empresários ou sociedade?
As três coisas. O dirigente sabe que ele é um patrimônio. O empresário,
quanto mais o jogador mudar de time, melhor para ele. Ele só ganha nas
transferências e nas publicidades. E a sociedade abraçou isso. É só você
ver o que aconteceu na USP. Os caras estão sendo presos por causa de um
delito, se revoltam com a polícia, invadem um departamento, explodem
tudo o que veem pela frente e querem sair aplaudidos. É sinal dos
tempos. Tem exemplos que não dá para aceitar.
O fanatismo religioso de alguns jogadores é problema?
Eu já dirigi time que, de 20, 16 eram de uma comunidade. Você falava
aqui, e o pastor mudava tudo de lá. Eu falei: 'presidente, vamos tomar
uma atitude?'. Ele disse: 'mas Leão, aí vamos ficar sem jogadores para
jogar". Lógico que tem os que te ajudam, mas tem os aproveitadores. Isso
vale também para os empresários. Se eles apresentam um negócio, devem
ganhar dinheiro com isso. Mas eles não estão satisfeitos: querem ser os
donos. O jogador religioso perde um pênalti, perde outro e fala: 'Deus
quis assim'. Pô, colabora com ele. Todo mundo pede coisa para ele. 'Mas
no futuro ele vai me reservar coisa melhor'. Sério, já cansei de escutar
isso.
Aceitaria que um jogador seu fizesse o que você fez quando era jogador e posasse para uma propaganda de cuecas?
Não vejo problema nenhum. Você precisa saber o que vai fazer e a conduta
que vai ter. Quando eu era goleiro, fiz uma propaganda do frango Sadia.
Imagina a responsabilidade que isso me trouxe. Cobrei mais cachê, mas
me dediquei mais. Podiam até falar que era filho da puta, mas não que eu
era relapso. Se você tem muito oferecimento, toma cuidado com ele. Pode
ser prejudicial. Quando eu era jogador, sempre dormia cedo. Eu dependia
do meu corpo, do meu reflexo. Se você treina sem condições, seu
treinador percebe. Lógico, ficou sem dormir, estava cheirando.
O consumo de drogas no futebol está aumentando?
Infelizmente, o atleta profissional é muito vigiado por traficantes e
oferecedores. Às vezes, o ópio não está na maconha ou na cocaína, está
no oferecimento. Daqui a pouco, um atleta mal preparado se ilude. Se cai
na mão dele alguma coisa que ele não está acostumado, ele se apaixona.
Mas ele não é obrigado. Todo dia recebe cinco convites diferentes para
festa. Mas você vai se quiser. É lógico que fiz tudo isso [curtir a
noite], mas tem tempo para tudo. Agora, parece que eles gostam de fazer e
aparecer.
Precisam dos holofotes?
O atleta é holofote. As pessoas se aproximam dele para aparecerem nos
holofotes. O que você viu na internet hoje [ontem]? O maior craque que
nós temos [antes da entrevista, Leão havia criticado a festa dada por
Neymar em um iate e o fato de ele ter sido fotografado ao lado de
mulheres de biquíni, o que, na visão do treinador, seria um desrespeito
com a mãe do filho de menos três meses do atacante]. Há folgas e folgas.
Parte do treinamento você faz quando está fora dos campos.
Te incomoda ser sempre chamado de duro e polêmico?
Não. Só vai me incomodar quando me chamarem de desonesto, vagabundo, mau
caráter. Aí, vão estar entrando em uma particularidade. Não tenho de
dar explicações.
Leia a entrevista completa na FOLHA.
Leão está certo.
ResponderExcluirFanatismo religioso só não é ruim para os líderes das seitas autodenominadas evangélicas, que tem gangrenado a instituição religiosa.
Faltou dar nomes aos bois. Mas sabe como é, amanhã ainda vai estar ainda no meio, depender de A, B ou C para ainda continuar trabalhando, etc., etc..
ResponderExcluirOs atletas supostamente evangélicos deveriam sim dar o exemplo de profissionalismo e compromentimento, pois a bíblia recomenda e também dando testemunho de vida correta, sendo sal da terra.
Lí a seguinte declaração de um atleta de Cristo sério : - Deus abençoa, mas não joga.