O que vale a pena lembrar
http://genizah-virtual.blogspot.com/2010/03/o-que-vale-pena-lembrar.html
Zé Luís
Muitas vezes, as coisas não saem do jeito que desejamos que fosse.
O tempo passa, e descobrimos que as pessoas não são bem aquele belo retrato inicial, aquele sorriso feliz, aquele abraço emocionado. Começando por mim...
Vejo-me e já não sou o exemplo moral que pensei que fosse. Já não sou a resposta dos problemas de meu gueto.
O tal velho Adão que imaginei ter dominado está todo de fora, e em algum lugar do cômodo, tenho a certeza que uma gargalhada abafada ri de minha angustia, como se vingasse de minhas antigas vanglórias contra o inferno.
Os amigos se foram, e parece que toda esta solidão sempre esteve com seus braços frios abertos, esperando para seu abraço no dia de minha derradeira derrota.
Repenso minhas tristezas e busco imagens de minhas vitórias que mofam na estante de minha fraca memória. Inevitável não perguntar:
- Vale a pena? - penso eu, em meio a indiferença em qualquer assunto. Toda a luta altruísta, toda as intenções e conquistas... Para quê?
Daí, lembro de que não sou pioneiro nesta cansativa labuta, nesta caótica sucessão de coisas sem sentido.
Imagino a poeirenta e pedregosa ladeira que é riscada por um tronco, melado de suor e sangue do ofegante condenado. Inocente, entre gemidos e lágrimas, com as carnes das costas expostas pelo chicote, ainda enfrentará seis horas desta sexta-feira agonizando nu, entre cravos enferrujados, ridicularizações e muitas dores.
Sozinho, abandonado, traído, escarnecido, insiste em ir até o fim e cumprir seu estranho plano: morrer em lugar daquele que quer viver.
Não há explicações válidas.
Não há ninguém digno que valha tamanho sacrifício.
Sorrio então.
Sou um dos inválidos que aceita esta morte.
Não é por que valho algo que ele se sacrifica. É por que Ele vale.
Aquela gargalhada parece ser engolida, e vejo, pelo canto do olho, o vulto nojento bater em retirada, rabo entre as pernas, ouvindo agora a minha gargalhada.
O telefone toca, alguém pede ajuda.
É alguém que não sabe o que fazer, também esqueceu da cruz, como eu.
Tenho o que dizer e fico feliz por isso.
E mais um dia se põe, e sinto as mãos Dele me acalentarem.
E durmo, como dormem os justos, mesmo sabendo que não sou digno de seu sacrifício, mas tendo um Deus incompreensivelmente amoroso.
O que comentar? Só posso parabenizar!
ResponderExcluirCoração rasgado... Quase molhei o teclado...
Parabéns!
Fica com Ele
Fantástica reflexão!
ResponderExcluirDeus continue abençoando-te.
Com certeza.
ResponderExcluirSempre ele pra nos amar inexplicavelmente, mas com um propósito.
Show de bola o texto.
Tamo junto.
Paz aí.
A paz do Senhor!
ResponderExcluirQuão grande é este amor!
Quão indignos somos, e mesmo assim Ele nos ama. Que o nome dEle seja eternamente glorificado!
Que Deus o abençõe por este texto tão edificante.
NEle, o Sumo Sacerdote, Rei dos reis e Senhor dos senhores,
Cícero Leandro Júnior.
oh Zé este texto é uma prova que Deus nos olha com crianças barulhentas, egocentricas mas amadas e sendo fustigadas por Ele, como bom Papai. Ontem "liberei" (acho que este termo e meio pentenca)todo tipo de improperio raivoso pela minha pequena tribulaçao, segundo a biblia, mas imensa para meu ego ferido e amado e alimentado.(que Deus me ajude a mata-lo de fome). Hoje este artigo mostrou mais uma vez, e nao é a primeira, de muitas palavras de alento do meu Papai. Obrigado Senhor e a ti toda a gloria e poder.
ResponderExcluirObrigado meu caro Zé