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Por que há tanta competição destrutiva na igreja evangélica? Um diagnóstico de gestão.



Dia destes, em animada conversa com meu amigo e pastor Davi Charles Gomes, em minha igreja local, concluímos, com base nos episódios que vivemos e testemunhamos que não existe meio mais competitivo do que o eclesiástico e o paraeclesiástico. Supera tudo: mercado financeiro, propaganda, política, magistratura, negócios em geral. Somos superlativos em traição, vaidade, competitividade, disfunção de propósito, fofoca, politicagem, falsidade, ciúmes...

É evidente a dor e o desencorajamento que estes males causam no Corpo de Cristo.

Ficamos a discutir as razões disto tudo e os meios de seguirmos em frente com alegria e motivação. Claro, Cristo é a nossa alegria e motivação e nos basta. Concordamos que todo este aperto que se sente no coração quando nos confrontamos com estas situações difíceis fazem parte da nossa vida cristã. É nosso desafio. Mas a fenômeno incomoda. Por que alimentamos tanta competição destrutiva? Seria tudo fruto apenas de vaidade, o pecado favorito do “inimigo”?

Fui para casa caminhando e me veio um insight de uma mente que pensa teologicamente, mas foi torneada nas teorias de administração e marketing. Um olhar de um MBA “convertido” se debruça sobre o comportamento organizacional das igrejas locais e a cultura evangélica brasileira acendendo esta ideia de uma perspectiva comparada dos ambientes competitivos das denominações e congregações vis a vis o meio empresarial.

Análise competitiva


As práticas dos mercados, a análise competitiva são matérias da microeconomia que explicam como os recursos são distribuídos para a consecução dos resultados econômicos. Incrivelmente, são ferramentas que ajudam a explicar muitos dos resultados vistos na igreja evangélica de hoje. São princípios que não explicam e nem constroem os resultados do Reino e, nem sempre, seguem os princípios preconizados do “Regulador”, Jesus, mas explicam muito o resultado da prática humana no meio religioso. Está tudo lá! Em especial, quando vemos como as denominações e as congregações aplicam os seus recursos para atrair mais clientes e expandir o seu mercado e como, sob muitos aspectos, as decisões tomadas pelos seus líderes seguem a ótica de mercado e, por consequência, produzem resultados econômicos, mas não necessariamente em prol do Reino. Basta lembrar dos exemplos relacionados a: teologia da prosperidade, indústria de entretenimento religioso, roleta de milagres, prática moderna da simonia, etc.




Da mesma forma, no ambiente interno, na maioria das congregações identificamos uma cultura organizacional calcada na prática das empresas, promovendo um ambiente competitivo e hostil, cujo resultado menos evidente é a produção de feridos espirituais e emocionais e o resultado mais óbvio, nem por isto menos deletério, é a produção em massa de novos prosélitos, a quase totalidade dos quais, “convencidos”, captados pela cultura evangélica, raramente efetivamente convertidos, recuperados da morte. Até porque, o Espírito sopra para onde quer e como quer e não faz parte deste “esquema”.

A opressão do negócio religioso perpetrada pelos inimigos da Cruz é o veneno evidente, mas há outras vertentes na natureza caída do homem explorados pelo “inimigo” de nossas almas a fim de colocar obstáculos à Igreja. Alguns dizem -e eu concordo- que a precariedade e a imaturidade das estruturas institucionais evangélicas explicam muitos dos problemas enfrentados no dia-a-dia das igrejas locais. Fato é que a maior parte das congregações evangélicas emerge autonomamente sem qualquer peso e tradição institucional, seja no ensino, na administração eclesiástica, sem história, praticamente uma tábula rasa eclesiológica. Carentes de um DNA organizacional apurado em séculos de prática religiosa, diferentemente dos católicos, os nossos líderes evangélicos, na sua maioria, adotam práticas organizacionais de empresa. Os resultados, obviamente, são mais conectados com o que se vê no mercado do que com uma instituição com gravitas, peso, para dar suporte a uma missão religiosa. Qual seja, um instituto com a vocação para reunir, apoiar, formar e promover uma conexão transcendental: o Corpo de Cristo e Sua missão.

Chegamos ao ponto.

E por que a competividade no ambiente eclesiástico e paraeclesiástico produz tantos feridos graves?


Porque a despeito de vivermos em um mundo em que a competição descontrolada (e a ganância) produzem a grande encruzilhada civilizatória, a questão que constrói ideologias e sustenta utopias e estarmos, cada um de nós, em constante processo de endurecimento das nossas armaduras pessoais, em preparo para um mundo competitivo, estamos, em geral, despreparados para a competitividade predatória dentro da Igreja. Idealizamos a comunhão dos santos como um ambiente protegido e fraterno. Deixamos as armaduras na porta. Por isto é tão comum saber de irmãos reclamando que foram lesados em negócios com outros irmãos de fé por terem agido sem a devida, e normal, cautela. Outros tantos, se dizem usados e traídos por terem sido excepcionalmente ingênuos. Muitos dizem ter sido alvejados em um momento de fragilidade por líderes de quem esperavam acolhimento. Tantos outros, testemunham terem sido enganados (ou se deixado enganar) ao depositar esperança em devaneios construídos em meio a situações de desespero.

Nas congregações vemos todos se portando como cordeiros inocentes e até nos rendemos, nós mesmos à nossa cota de hipocrisia. Para muitos, é só a influencia da cultura da organização, que sem geral não produz nada além de alguma decepção em algum momento adiante. Mas há também os lobos...


Sim, Irmãos! É tão bom estar com os irmãos, na “casa de Deus, mas vigiem! A imagem é um espelho turvo, estamos mais para hospital do que para paraíso. Há trigo, mas há muito mais joio!

Na teoria, deveríamos estar acastelados, livres da peleja de todo o dia... mas não é bem assim. O Senhor está no controle da nossa vida, estejamos em casa, na rua, na igreja ou no trabalho, mas isto não significa que não teremos aflições, sofreremos perseguições... E basta uma leitura rápida das cartas paulinas para constatar que desde sempre o ambiente dos santos nunca esteve livre das intrigas, das fofocas, das traições e altercações. Apesar disto, a nossa cultura evangelística cria certas utopias infantis. Vende “comunidades de amor”, “refúgios da família”, “apriscos de ovelhas”, adoração de excelência”, etc. Está na Palavra o vislumbre de um reino de amor, em que a vitória não é pessoal, mas com Cristo. De uma alegria, por excelência, comunitária. Reino onde a hierarquia faz do menor, o maior; Do serviçal, o mestre. Mas será que é assim mesmo, nesta nossa vida presente? São as nossas comunidades lugares onde os santos só produzem o bem? Há muito crente sério vivendo neste propósito, mas a realidade decepciona. A idealização do ambiente da igreja desarma as pessoas e produz muitos feridos de morte, gente vitimada por golpes de canivetes, quando em qualquer outro lugar as vítimas estariam prontas a se defender e enfrentar espadas e lanças.

O meio evangélico e o meio empresarial


Mesmo em uma grande empresa supercompetitiva há, no limite, a percepção da missão da corporação, da "cor da camisa" e as coisas acontecem. É incrível que no nosso meio sejam maiores as dificuldades provocadas pela competição, tanto mais se temos tão clara e comum Missão. É certo que Deus está no controle e, a despeito da nossa vontade e de toda a confusão e dos enganos no nosso meio a Obra acontece. Mas poderia ser tão mais fácil! E como sofrem os que estão verdadeiramente na Obra. Em geral, comem a carne do pescoço enquanto os vendilhões se refastelam no filé!



Muitas coisas levam a esta deformação no nosso meio. Os católicos vaticinaram, já por ocasião da reforma, que o nosso espirito sectário, divisionista e nossa recusa em seguir a liderança patriarcal nos levariam a esta maldição. Mas, deixemos isto de lado (risos!) e, desta feita, vamos nos concentramos nos aspectos organizacionais do problema.

Na teoria da Administração, chamamos de comportamento organizacional o estudo dos comportamentos dos indivíduos e seus impactos no ambiente de uma empresa. É um tipo de “psicologia das organizações", vamos simplificar assim. Toda empresa tem a sua cultura própria, a sua estrutura, suas políticas, plano de carreira, sistema de remuneração, etc. Todos fatores internos que afetam como as pessoas se comportam na organização e como este capital humano movimenta a firma na direção de seus objetivos e como esta dinâmica afeta a sociedade à sua volta. Nossas igrejas locais são organizações, muitas delas, parte de organizações maiores (denominações) e todas, ao menos na teoria (risos!) parte da Igreja de Cristo. Peças do Reino já presente entre nós.

Um rápido olhar com a lente do “comportamento organizacional“ identifica no nosso meio evangélico traços e características culturais, incluindo ai: valores, práticas, políticas, sistemas de liderança e de recompensa (de todos os tipos, tangíveis e intangíveis) e na dinâmica das nossas organizações diversas especificidades que explicam muitos dos problemas que constatamos no início deste artigo.




Em termos organizacionais, o que se desejaria para as nossas congregações seriam estruturas proporcionando a maior sinergia possível de todos os esforços na direção da Missão dada por Cristo. E, como preferem alguns, na missão integral, incluindo, portanto a persecução da justiça na vida do próximo, dos irmãos, da nação, do planeta. Contudo, é assim que acontece ou há deformações prejudicando o resultado?

Plano de carreira evangélico

Com certeza, temos traços culturais, padrões de liderança, valores endógenos (incutidos por processos históricos, não promovidos pelo Noivo) causando transtornos diversos no comportamento organizacional do Corpo. Nesta direção, a primeira coisa que nos veio a mente foi esta cultura de carreirismo eclesiástico absolutamente exacerbada entre os evangélicos. Obviamente, todos nós protestantes somos chamados a reconhecer o sacerdócio universal e, nas boas comunidades, somos instados a levar muito à sério o apoio às missões, pelo reconhecimento do IDE e coisa e tal... Mas não é disto que estamos tratando. Há esta cultura, muito impulsionada pelas denominações pentecostais no Brasil, mas que está disseminada em toda parte, que leva o fiel comum a pensar em termos de um “plano de carreira para o crente”. Ou seja, na sua vida de comunhão cristã em termos de um projeto de existência,” em que as etapas rumo ao “Alvo” são representadas por cargos, ministérios, lideranças e títulos. Na busca desenfreada de galardões espirituais a serem exibidos aqui nesta vida mesmo, chegamos a deformações diversas. Em certas paróquias, imaginem vocês, ficar “no banco” é praticamente uma maldição. Crente comum, sem medalha ou pedigree é crente de segunda linha, mesmo que se trate de um irmão de oração, servo dedicado à intercessão. Estranho, não? Mas é assim!


No plano de carreira do crente os postos de grande prestígio seguem uma lógica dissociada da Palavra e da prática comunitária dos primeiros crentes. Todos querem ser cabeças. Ninguém quer ser cauda. Muitos se esquecem ou desconhecem que minister é a tradução para o latim – na Bíblia Vulgata- do grego diácono (diakonos), que significa serviçal. De maneira que ter um ministério não faz ninguém “glamouroso” como são os ministros da Esplanada em Brasília, mas servos, os menores entre os demais. Mas vá dizer isto aos que competem por lugares de honra! E quanto desgaste a vaidade produz nas igrejas!

Os modelos de liderança também estimulam muito a competitividade entre os membros e limitam a cooperação unicamente àquela obtida a partir da orientação direta e pontual do líder carismático. Se o pastor não está presente, não vai ficar sabendo, não der tapinha nas costas, não agradecer de púlpito, não prestigiar de alguma forma pública... Não vai nada pra frente na congregação. Há muito pouco espaço para a cooperação anônima e autônoma nas igrejas em prol do Reino. Tudo completamente diferente do que ensinou o próprio Cristo que nos mandou que até as nossas orações fossem privadas, tanto mais os jejuns, a caridade, o serviço ou o fazer o bem, seja este qual for, em prol do Seu Reino ou da intimidade com Ele. Mas não é assim que funciona na igreja. O fermento dos fariseus está entre nós. De quem é a culpa? Da liderança! E de todo este modelo que está ai estimulando o individualismo, premiando com honras os que ofertam mais, aparecem mais, possuem mais!


Outra deformação organizacional promovida pela liderança -vamos usar esta expressão forte- é o chamado clientelismo. O clientelismo se manifesta no favorecimento dos indivíduos do rebanho em troca das doações para sustentação da organização e dos objetivos do líder (em geral coisas que o Espirito Santo, #SQN, colocou no coração do líder: programa de rádio, caminhão, placa de neon, etc.). No limite, o clientelismo promove a simonia que é a venda de favores divinos, bênçãos, cargos eclesiásticos, prosperidade material, bens espirituais, coisas sagradas, perdões, objetos ungidos, aos patrocinadores do “ministério” e por ai vai.

Defraudações


Seguindo o exercício, vamos pensar no que seria um “sistema de remuneração” da “empresa” igreja local e como este é inadequado, suscitador de sérios problemas aos membros da organização, que não são apenas os líderes e servidores, recebendo seus salários e ofertas, mas também os fiéis. Os membros sustentam a organização e usufruem do serviço, mas também buscam a sua remuneração social, que se traduz naquele do carreirismo evangélico que mencionamos antes, fruto de toda esta cultura “do galardão” sustentada pela imaturidade da fé, em especial pela eterna questão da culpa advinda da incompreensão da Graça que faz com que se acredite que obras sustentam a salvação. Mas não só isto. Está presente toda a questão da fragilidade emocional, da imaturidade psicológica posta diante da presença de um líder carismático, cheio de poder. O fenômeno da “transferência” emocional na direção da figura do líder se exacerba pela questão espiritual. No plano coletivo, a fórmula perfeita para um ambiente de muita ciumeira, intriga, fofoca, etc.. Se não há cuidado, eventualmente, testemunhamos a exploração e o domínio do líder sobre os indivíduos, chegando a extremos de defraudações as mais diversas, incluindo o abuso financeiro, sexual, etc.

Mercado competitivo


Muitas questões também emergem nas relações dos líderes com a sociedade e com os líderes de outras organizações no mesmo meio (mercado?). Diferentemente do que nos ensinou Cristo, e como me fez ver o amigo +Bill Mikler, impera entre nós este entendimento distorcido de que a salvação é um projeto individual. Fugindo das controvérsias teológicas, pois não é este o nosso objetivo aqui, temos, claro, um Deus pessoal, que nos salva individualmente, mas a salvação, como resultado, reúne um coletivo. A Assembleia dos Santos não são muitas pessoas salvas protegidas por guarda-chuvas individuais, mas uma comunidade separada sob uma grande tenda proposta por Cristo. Na tenda, deveríamos cooperar, como membros de um só Corpo, em prol do Reino. Contudo, tendemos a nos distrair com o que nos divide. Criamos guarda-chuvas denominacionais e, eventualmente, as pontas de um e outro furam os nossos olhos. A competitividade está no DNA protestante, nas querelas teológicas e na vaidade manipulada pelo inimigo de nossas almas de forma poderosa em dois flancos, os quais chamo de: “o mercado das igrejas” e a “cultura do legado”.

Separo a “cultura do legado líder” porque não é só fruto da vaidade, mas também tem todo este traço cultural carreirista que tratamos anteriormente no âmbito da membresia. O veneno do legado do líder supera a simples diferenciação de mercado entre igrejas porque pretende estabelecer uma marca reconhecida, diferenciada para o líder. Muito mais do que promover o “ministério A ou B” no mercado religioso, há o desejo ególatra dos líderes de fazer história, deixar uma marca, um legado para além da própria geração. Some-se à questão da recompensa da honra, da “unção especial” , de que tratamos antes, temos a natureza idólatra do legado. Nosso coração é, como disse João Calvino, uma fábrica de ídolos e, entre tantos já no nosso altar, queremos nos colocar no panteão da nossa comunidade. Buscamos a segunda imortalidade na mente das futuras gerações. Queremos nossos nomes e fotografias em placas nos corredores das instituições, na entrada dos templos. Queremos construir espaços sagrados e nos imortalizar em placas. Perturba a noite de sono de nossos líderes um certo comichão pela grandeza, um certo ímpeto patrimonialista, ególatra, que os levam a ansiar construir uma marca própria, a erigir catedrais. O “evangelho” do cimento, do carpete, do data-show, do estacionamento próprio, do berçário, das classes escolares, dos seminários, das universidades. Líderes são tentados a atribuir ao Espirito Santo o seu próprio desejo expansionista. E, não se sabe o porquê, “deus” parece insistir em colocar no coração dos pastores projetos grandiosos envolvendo tijolos, cimento e ofertas especiais! Seria uma transcendentalidade cimentada, envidraçada, pintada? O espirito de porco “mercantilista” não nos larga e, se o diabo correr solto, haveremos de construir templos salomônicos e colocar nestes os nossos mausoléus e estátuas.


E, claro, há o mercado.

O mercado também promove o “evangelho” patrimonialista, não é só a vaidade dos líderes. Juntos, vaidade coletiva (mercado) e vaidade pessoal são uma força que só Jesus na causa para segurar!

Você já foi a um encontro, um congresso de pastores? É um exercício de maturidade da fé. A observação cautelosa pode balançar a sua estrutura. Quem tem fundamento, pode ir observar como as coisas são de fato, especialmente nos eventos supradenominacionais. Ali não se irá encontrar diferença alguma com o que se vê numa feira empresarial. As pessoas se encontram e logo “trocam” credenciais. São de uma igreja de tantos membros, tantas filiais, tanto faturamento por culto, com isto e aquilo... etc. A cultura da competição é fortíssima. Recomendo que o jovem na fé não passe nem perto da porta destes encontros!

No meio dos líderes religiosos o “pau come”. A concorrência é imensa. Tem todo o tipo de torpeza que se possa imaginar. E no meio pentecostal então, e que me desculpem alguns de meus amigos, se sabe de casos arremedando práticas mafiosas! Pastores que perdem os seus púlpitos a gangs de outros “pastores” na ponta da faca. Comunidades que são vendidas de porteira fechada, tal como empresas. Extorsão, chantagem, concorrência predatória, crimes imobiliários. Coisa de máfia. Traições entre pais e filhos, fraudes eleitorais, práticas criminosas, reservas de território. E se tudo isto é exceção, a regra, contudo, está bem longe dos padrões que se esperaria de cristãos. E eu não estou aqui afirmando que os católicos com suas ordens, sucessões e conclaves sejam muito melhores, mas a ausência de um poder central entre os evangélicos e o divisionismo já natural criam um ambiente competitivo inóspito, agentes perniciosos (picaretas da fé) e sucessões problemáticas.

Seria positivo contar com um órgão supradenominacional moderador, um conselho de auto-regulamentação, como fazem os publicitários para coibir abusos. Sabemos que, ao menos, nas denominações históricas o sistema de governo estruturado e em níveis ajuda muito. Longe destas denominações, contudo, na miscelânea das igrejas independentes e nas denominações sem muita história, o espirito do cada-um-por-si promove uma verdadeira briga de navalha em quarto escuro.

Evangelismo ou disputa de mercado?

Na prática, os esforços reais de evangelização em novos campos é mínimo, o que acontece no dia-a-dia é a pesca no lago alheio e toda a mesmíssima estratégia de marketing que se vê em qualquer empresa. Localização e comodidade da igreja, mensagem segmentada e motivacional para determinado público-alvo, entretenimento, etc. E como todo mundo é medido e avaliado pelo tamanho da igreja, o número de membros, a localização, filiais, louvor, famosos, etc... A briga é feia e o resultado nada espiritual.

Nem mesmo as causas comuns juntam os crentes por muito tempo. É difícil, mesmo, juntar alguns líderes seja para que causa for... Nem para marchar por Jesus! Já se vê até neste segmento que há a Marcha para Jesus do Fulano, a do Cicrano e a do Beltrano. Juntar líderes diferentes para alguma coisa útil? Quase impossível. Só a Graça. Uma plataforma política, uma candidatura, um desagravo coletivo diante de algum tipo de “perseguição”, uma agenda comum... Coisa pontual. Logo cada qual busca o seu esforço pessoal, junto ao seu rebanho. Vamos ajudar a Cracolândia? Beleza. Vamos. Você vai lá e já encontra cinco missões fazendo a mesma coisa. Vamos nos juntar a alguma delas e buscar a sinergia de recursos? Nem pensar! Temos a nossa visão! Volte ao mesmo lugar em alguns meses e você vai descobrir que o ponto virou moda missional. Toda comunidade quer fazer uma obra ali. Vais encontrar 100 missões diferentes, uniformizadas com a sua marca, sua visão, seu slogan... A maioria irrelevante. Se as mais capacitadas juntassem esforços, com uma parcela do investimento feito resolveriam o problema daquela Cracolândia e de todas as outras da cidade. No ano seguinte a moda será o lixão, no outro a reciclagem social, etc... Dezenas de ações diferentes, descoordenadas, muitas competindo entre si, desfalcando a mordomia do recursos do Reino. O missão de ser Sal para mundo se perde num resultado quase insipido, no projeto de saleiros de múltiplas marcas. Vistosos ministérios.
Muitas lâmpadas debaixo do alqueire. Nenhuma no velador.

É preciso repensar a forma como nos organizamos como igreja. Estamos desperdiçando recursos preciosos por conta de nossas muitas vaidades. Um dia haveremos de dar conta disto tudo ao nosso Senhor. A igreja tem bons servos da Palavra. Precisa de bons diáconos também. Gestores de diáconos. Servos sábios e fiéis.






DANILO FERNANDES É EDITOR DO


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