Mark Driscoll decide pedir demissão e encerra processo desgastante na Igreja que fundou
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Em agosto, diante do grande atoleiro vivido pela comunidade Mars Hill Church por conta de sérias acusações levantadas contra o seu pastor fundador, o badalado pastor Mark Driscoll, o conselho da igreja decidiu, em conjunto com Driscoll, estabelecer um período de afastamento de seis a doze meses do seu líder e fundador, durante o qual as denuncias contra ele seriam investigadas.
- Confira AQUI as denúncias.
Neste curto período, pouco menos de dois meses, a comunidade sofreu rapidamente um grande esvaziamento e a membresia em torno de 15 mil pessoas em 13 localidades em cinco estados caiu para menos da metade. Não que as coisas antes estivessem bem. Em julho, antes do afastamento, portanto, diversos projetos de expansão já haviam sido congelados e algumas unidades abertas já se encontravam em grande declínio. Tudo em função das polemicas em torno do pastor na mídia internacional.
Logo após a sua saída foram fechadas unidades e, entre estas, uma comunidade aberta em um localidade histórica de Seatle. (confira AQUI).
Desde então, a Mars Hill não conseguiu captar nem 20% dos recursos necessários para fazer frente as suas despesas e o endividamento entrou em preocupante aceleração.
Demissão definitiva
Nesta segunda-feira à noite, o pastor Driscoll enviou uma carta de demissão ao Conselho da Mars Hill. Entre outros aspectos, Driscoll apontou o desgaste que a corrente investigação estaria causando à comunidade que ele fundou. Na opinião do pastor, quando a comissão apontada pelo Conselho da Mars Hill decidiu estender as audições de investigação a pessoas sequer envolvidas diretamente nas questões tratadas, no intuito de dar transparência ao processo, acabou contribuindo para criar um clima difícil de ser recuperado. Por outro lado, a comissão encontrou dificuldades para ouvir muitas das pessoas realmente envolvidas nas acusações feitas ao pastor, muitas das quais, se recusaram a participar do processo e esclarecer os fatos. Em vista disto, Driscoll concluiu que a sua permanência na MH em caráter revisional seria uma perigosa distração para comunidade em um momento de dificuldade exigindo ação da liderança e compromisso dos membros. Para ele, o melhor seria encerrar o ciclo e se despedir.
Ao divulgar a decisão do pastor, o conselho de anciãos da Mars Hill Church, deixou claro que não incentivou, de forma alguma, a decisão do pastor e também confirmou não ter encontrado qualquer indicio de heresia, imoralidade ou malversação dos recursos da igreja. Se houve um momento em que a capacidade do pastor Driscoll de prosseguir com sua vida ministerial, foi questionada externamente por suspeitas desta ordem, este não era mais o caso. Nada desta gravidade foi apurado.
Na carta divulgada, o conselho de anciãos da Mars Hill Church concorda com as acusações referentes aos abusos midiáticos do pastor, as denuncias de plágio e o uso dos recursos da comunidade para a promoção da sua imagem pessoal e de seus livros, contudo reafirma que sobre estas questões o pastor já havia pedido perdão a sua comunidade. O conselho lamenta a saída do líder e reduz o escopo do que foi apurado a aspectos comportamentais:
“Concluímos que o Pastor Mark , muitas vezes, foi achado culpado de arrogância. Sua tendência tem sido entrar em conflito, quando contrariado. De temperamento explosivo, não foi incomum que o pastor tenha feito uso de linguagem grosseira, ou tentando impor um estilo dominador no trato com a sua equipe pastoral e o conselho de anciãos. Mesmo acreditando que o pastor Mark precise seguir tratando estas questões em sua vida particular, nós não acreditamos, de forma alguma que ele esteja desqualificado para o ministério pastoral ".
É importante ressaltar que o pastor embora tenha concordado com o período sabático imposto pelo conselho este foi um processo desgastante. Entre os signatários do documento pertencentes ao conselho local da comunidade quase todos acabaram se afastando ou foram demitidos.
Com esta decisão, Driscoll fecha um ciclo de sua vida. O pastor não divulgou as suas intenções para o futuro, mas se disse consolado por não ter sido julgado inapto para o ministério pastoral.
Vaidade, Arrogância e Ambição
"Ele foi muito importante na era da Internet. Mark Driscoll, definitivamente, contribuiu enormemente para o movimento evangélico", disse Timothy Keller, pastor sênior da Igreja Presbiteriana Redeemer em Nova York. "Mas a arrogância e a grosseria nas relações pessoais, as quais, ele mesmo, confessou várias vezes – e era óbvia para muitos, desde os primeiros dias- acabou desiludindo bastante um monte de gente."
Há quem encontre na ambição motivada pela vaidade as causas dos problemas do pastor.
“Eu sou um cara altamente competitivo”; Disse Driscoll em um sermão de 2006. “Todos os anos eu quero ver a minha comunidade crescer; Eu quero que o meu conhecimento cresça. Eu quero que a minha influencia cresça. Eu quero que a minha equipe de auxiliares cresça. Eu quero que as nossas igrejas cresçam em espaço. Eu quero sempre mais em tudo — porque eu quero vencer.”
A arrogância e a vaidade caminham na mesma trilha do sucesso, mas, invariavelmente, andam sempre mais depressa. Por isto, chegam primeiro. E nem precisa ser uma grande conquista. Observem por ai os quase-famosos e os quase-brilhantes da nossa igreja evangélica. Sempre à frente, a arrogância cega as pessoas antes mesmo que elas colham um louro sequer da coroa que pensam ter direito.
E tem muita buchada pagando de caviar na Igreja! Entre os mais iguais do que os outros e entre os mais ungidos do que a maioria , a grandeza pode até ser pura fantasia, mas a arrogância do indivíduo, está, é sempre real.
Vaidade é o mal rondando os pastores. Entre os maiores líderes, a luta parece perdida. Poucos escapam. Segue em frente em santidade quem vive em vigilância profunda e exercita a humildade. Sim. Exercita. Humildade é como musculação. Se puxar peso todos os dias, o resultado aparece, e sem dor. Quem não treina sempre, quando treina sente (e causa) dor.
E Deus seguirá sendo exaltado nos grandes sermões dos pastores mais humildes. Por causalidade, também os mais bem preparados e esforçados. Afinal, a humildade é o canal em que trafega a unção de todas as virtudes e dons do ministro a serviço do Rei.
Danilo Fernandes para o Genizah