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BRIGAS EM FAMÍLIA, COMO RESOLVER?


Oi Daniela, sou de Manaus e acompanho seu blog faz algum tempo. Quero lhe dar os parabéns por abordar temas que só ficam "na surdina" do meio cristão, quase como que intocáveis. O motivo do meu email é a sua opinião sobre o limite da tolerância e do perdão em questões familiares no qual a pessoa ofensora sempre se acha na razão. Sabemos que toda família sempre tem alguma rusga ou algum comportamento "já conhecido" e sempre tolerado porque "não adianta falar". Tenho certeza que você e seu esposo já passaram por isso entre si ou com suas respectivas famílias. Resumindo, tenho o dever de amar este familiar (como cristão), mas é uma relação que me traz bastante incômodo e muitas culpas falsas. Não foram raras as vezes em que eu fui a parte ofendida mas isto era invertido. Nestes casos eu sempre entendi que não deveria pedir desculpas por algo que eu não fiz ou não tenho a culpa, mas se eu não tomasse nenhuma atitude, a situação não seria resolvida. Sentar, conversar e me expressar não adiantaria, pois cada um só defenderia seu ponto e não haveria um acordo (acredite, já tentei isso algumas vezes).

Sei que não precisamos ter razão pra pedir perdão. Concordo com isso pois perdão é algo que recebemos de graça e devemos estender mas até que ponto estamos estendendo perdão e até que ponto estamos tolerando situações que devem ser corrigidas ao invés de toleradas? Pedir perdão por algo do qual você não tem culpa não seria alimentar ainda mais o orgulho e ego da pessoa que me ofendeu?

Na realidade o que acontece é que a parte ofensora sempre repete o mesmo processo e nunca há uma mudança na situação. Humanamente falando, isso cansa e nos acostumamos com a mediocridade pois a parte ofendida sempre está lá tentando apaziguar. As crianças recebem disciplina quando transgridem uma regra e elas são instruídas a pedir perdão após os pais explicarem a transgressão, e a mesma disciplina não deveria ser aplicada quando se trata de familiares? Não deveríamos dar um gelo e evitar as relações que nos destroem?

Recentemente passamos situação bastante parecida com alguns familiares. Houve um conflito de interesses, algumas atitudes ríspidas e inconvenientes e a parte ofendida espera que a parte ofensora peça desculpas, o que sabemos que não irá acontecer. Porém, por ser família, ambas as partes se devem amor e respeito mas, se ninguém tomar nenhuma atitude, o tempo vai passar, ninguém vai tocar no assunto e depois de um tempo tudo volta a um ritmo normal e aceitável (não entendo isso como perdão, apenas como uma resignação em nome da família). Semelhante situação aconteceu comigo muitas vezes. Como você procederia?"



Resposta de Dani Marques

Bom, sendo uma família de não cristãos, fica mais fácil de entender. Não digo que a situação seja menos dolorida, mas é de melhor compreensão. Sim, sei o que é isso e já passamos por situações parecidas. Bom, primeiro é preciso entender que perdoar não é sinônimo de esquecer e nem de conviver. Você não é obrigado a forçar uma convivência com pessoas que fazem mal a você e sua esposa. Deve sim tratá-los com respeito, tendo Cristo como seu referencial e modelo. Faça o bem sempre que necessário, seja manso nas palavras e não alimente pensamentos ruins. Eles virão a sua mente a todo tempo, e se permitir, tomarão conta de sua alma e se alastrarão como um câncer (amargura e rancor). Está em suas mãos o dizer NÃO para qualquer pensamento ou comentário negativo contra essas pessoas. É um exercício diário!

Se a situação estiver muito complicada, esteja com eles apenas nos momentos de necessidade. Você não tem a obrigação de sentar no cacto, mas regue-o sempre que surgir uma oportunidade. Sobre a questão do "colocar as cartas na mesa", se você sabe que eles não são maduros o suficiente pra isso, esqueça. Cristo, quando perdoou a mulher adultera não pediu explicações do fato e nem a questionou se voltaria ou não para os braços do amante. O pai do filho pródigo agiu da mesma forma. Apenas ame, faça a sua parte e confie que Cristo fará o restante. Alguém maduro espiritualmente é capaz de não reter as ofensas recebidas. Ele as escuta, mas não permite que caiam em seu coração e criem raiz de amargura. O seu sentimento deve ser de misericórdia e não raiva ou desejo de vingança, portanto, ore pela vida dessas pessoas:

"Abençoem aqueles que os perseguem; abençoem, e não os amaldiçoem." Romanos 12:14

"Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos. Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa receberão? Até os publicanos fazem isso! E se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês". Mateus 5:44-48

Peça ao Senhor que preencha seu coração com sentimentos de misericórdia e retire qualquer resquício de sentimentos ruins. Orem juntos todos os dias por essa questão. E se na caminhada houver algum momento de ofensa grave, calúnia ou mentiras, converse com a pessoa em amor, sendo cuidadoso com as palavras. A Bíblia nos ensina que a palavra mansa desvia o furor:

"A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira." Provérbios 15:1

"O homem irritável provoca dissensão, mas quem é paciente acalma a discussão." Provérbios 15:18

Se a pessoa em questão se recusar a assumir o erro e pedir perdão, diga que mesmo assim a perdoa e peça perdão por alguma coisa que tenha feito sem perceber. Na grande maioria das vezes somos rápidos em enxergar a falha do próximo, mas temos grande dificuldade em exergar as nossas. Digo por experiência própria. Lembre-se: vocês são os cristãos da história. A palavra cristãos vem de "pequenos Cristos". Conheça a vida de Jesus profundamente pela leitura dos Evangelhos e permita que o caráter Dele seja forjado em vocês.

Vou lhe contar uma pequena história: "Um nora tinha sérios problemas com a sogra. Certo dia ela procurou um velho conhecido na cidade que tinha fama de acabar com problemas familiares. Ele entregou à ela um pó e disse: "Coloque um pouquinho numa xícara de chá e sirva uma vez ao dia. Ao final de um mês, seu problema estará resolvido e sem vestígio algum!" A moça fez conforme o velho havia ordenado. Todas as tarde colocava o pó numa xícara de chá e oferecia com torradas para sua sogra. Passado vinte dias, a nora percebeu uma mudança drástica no comportamento da sogra. Não parecia mais a mesma pessoa... Ela se desesperou! Então correu até o velho perguntando se havia a possibilidade de reverter a situação, e ele respondeu: "Este pó é inofensivo, fique tranquila. O seu esforço diário de oferecer uma xícara de chá à sua sogra foi o responsável pela transformação de seu comportamento. Perceba que não precisou nem de palavras ou argumentos. Atitudes de amor são capazes de curar qualquer relacionamento infeccionado!"

Muitas coisas não entendemos pela razão, a é aí que entra a fé: crer em algo que pela razão humana não faz sentido algum. O Espírito Santo o fortalecerá na caminhada. A sua única obrigação como cristão é a de servir xícaras de chá aos que te fazem mal. O resto é com Deus. Apenas confie.


Dani Marques é colunista do Genizah




 

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