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Se Malafaia levou e o gay pagou, Malafaia gostou, aprovou e apoiou

Malafaia inaugura a temporada do “voto do cabresto gospel”





Vera Siqueira

No último sábado (11), no programa do Pr. Silas Malafaia, houve um bloco especial enaltecendo a extinção do PLC 122, que foi bastante criticado por supostamente dar direitos exclusivos aos homossexuais. Por anos, denominações evangélicas (capitaneadas pelo Malafaia) e a Igreja Católica fizeram atos com o fim de acabar com tal projeto de lei complementar.

O vídeo da fala do Pr. Malafaia pode ser assistido a seguir:



Apesar de, aparentemente, tal vídeo parecer uma “vitória dos evangélicos”, é preciso fazer algumas considerações.

Vemos que a grande luta do Malafaia nos últimos anos foi contra o tal projeto, sendo, conforme ele mesmo relata, inclusive alvo dos ativistas gays. Porém, ao mesmo tempo em que ele defende fervorosamente o fim do PLC 122, tal pastor apoia o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes, em cuja gestão foi produzido um vídeo mostrando a Cidade Maravilhosa como a capital gay do Brasil, ou seja, incentivando a vinda de gringos interessados nesse tipo de turismo sexual.

Ora, nesse caso não é contraditório que o Malafaia apoiasse o prefeito Eduardo Paes? Como, num instante, o pastor pode ser contra um projeto de lei favorável aos homossexuais, mas ao mesmo tempo ser aliado de um prefeito que incentiva o turismo sexual gay? (apenas deixando claro que somos contrários ao incentivo de todo e qualquer tipo de turismo sexual, seja gay, hétero, pedófilo, etc. Que os gringos venham conhecer o Brasil, mas não venham cometer exploração sexual de qualquer espécie, por favor.)

E como explicar que o pastor apoia um candidato que incentiva o turismo sexual gay, mas é contra outro (Fernando Haddad, prefeito de São Paulo) acusado de produzir o “kit gay” (material que não chegou a ser distribuído nas escolas)?

A contradição da aliança Malafaia-Eduardo Paes se explica quando vemos tal prefeito investindo pesado em eventos liderados pelo pastor, como a Marcha para Jesus no Rio de Janeiro, onde, por conta do investimento, tem a vantagem de subir no palco, influenciando assim os milhares de fiéis que lá se encontram.





No vídeo acima vemos, no palco da Marcha para Jesus RJ 2012, o prefeito Eduardo Paes e o senador Lindebergh Farias. Esse senador é citado pelo Malafaia como um dos que votaram pela extinção do PLC 122, sendo alguém “indicado” para o voto evangélico. Mas essa aliança já vem de tempos.

“O senador Lindbergh Farias está disposto a conquistar o eleitorado evangélico do Rio de Janeiro. Além de visitar diversas igrejas do estado, ele recentemente [dezembro de 2013] enviou 8.000 cartas para pastores desejando Feliz Natal.

Assessor de Malafaia no gabinete de petista


De acordo com o jornalista Lauro Jardim, o petista escreveu para líderes religiosos selecionados pelo pastor Sóstenes Cavalcante, indicado por Silas Malafaia para trabalhar ao lado de Lindbergh.

O colunista da revista Veja diz que o conteúdo da carta falava sobre seu mandato como senador e no final desejava feliz Natal aos pastores e pede oração. “Feliz Natal e que Deus abençoe a sua família. Peço oração para a minha família”, escreveu.

Farias tem apoio de um dos principais líderes evangélicos do país, o pastor Silas Malafaia. Em outubro ele participou de dois cultos da igreja sede Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) sendo chamado à frente da igreja para receber uma oração.

A participação do senador no culto rendeu diversas críticas ao senador e ao pastor Malafaia que chegaram a ser denunciados pelo Ministério Público Eleitoral que considerou a participação como propaganda eleitoral antecipada.”

Pois é, tem um pastor amigo do Malafaia trabalhando com o senador Lindebergh Farias. Mas voltemos ao prefeito Eduardo Paes:

“Eduardo Paes tenta seduzir Silas Malafaia a apoiar Luiz Fernando Pezão nas eleições de 2014. Os três combinaram de almoçar em breve no Rio de Janeiro.

Malafaia hoje diz que pretende apoiar Lindbergh Farias na disputa. – Por Lauro Jardim” – Fonte: Veja Radar On-line

Ou seja, tudo são negócios, inclusive políticos. Por isso o Malafaia pode se dar o direito de sutilmente indicar criaturas como Renan Calheiros e Jader Barbalho (assista ao primeiro vídeo deste artigo), que foram favoráveis à extinção do PLC 122 mas têm uma ficha política de dar arrepios. A questão não é a pessoa ser um bom político, é fazer aquilo que o Malafaia quer que ela faça.

Malafaia: Se for bem pago, sai do armário
A propósito, só lembrando, o Malafaia diz que não quer ser político. E nem precisa, já que costuma colocar familiares para cumprir essa função (fora os políticos com quem ele negocia apoio, que deve estar mais caro agora por conta da vitória sobre a PLC 122): seu irmão, Samuel Malafaia, é deputado estadual no Rio.

Uma leitura interessante sobre o Malafaia e seus apoios políticos nas eleições de 2012: Pastor Silas Malafaia se consolida nas eleições como líder político nacional.

Está claro que o que move politicamente o Pr. Silas Malafaia não é a defesa da doutrina cristã, mas dos seus próprios interesses! Como uma pessoa engajada na defesa da fé indica sutilmente candidatos acusados de violência e corrupção? Como ter dois pesos e duas medidas em relação a políticos que apoiam os homossexuais, a bandeira de campanha do próprio Malafaia?

Na política tudo são negócios que nem sempre envolvem dinheiro, mas apoio na votação de projetos, na liberação de terrenos para construção de igrejas, na concessão de emissoras de rádio e tv, na indicação de pessoas próximas para cargos no governo, etc. Enfim, é para isso que as denominações querem ter alguém que as represente junto ao Poder. Assim, não só o Malafaia, mas o Edir Macedo, o Valdemiro Santiago, o R. R. Soares, o Samuel Câmara, o Samuel Ferreira, o Renê Terranova, o Robson Rodovalho, os Hernandes e tantos outros líderes gospel trabalharão duro para que seus rebanhos ajudem a eleger um ou mais candidatos que possibilitem o ganho de benefícios para a denominação e/ou suas lideranças.

Porém, como são políticos com objetivos nada espirituais, veremos mais uma vez a formação de uma bancada evangélica que envergonha o Evangelho de Jesus Cristo com conchavos e acordos escusos de bastidores.

O cristão precisa conhecer mais da política, precisa se interessar pela política, precisa aprender a votar. Mas votar segundo sua consciência e discernimento, não segundo a vontade do seu líder espiritual. Somos rebanho de Deus, não gado ou massa de manobra de homens ditos “ungidos”.



Matéria completa no blog da AUTORA



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