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O Papa é um fofo

Fernando Khoury



O Papa é um fofo. Essa é a frase que mais tenho lido e escutado nos últimos dias, desde que Jorge Mario Bergoglio aterrissou em solo brasileiro. Seja católico, evangélico, muçulmano, judeu, ateu, espírita, umbandista; seja hetero ou homossexual; seja mídia impressa ou televisiva; seja argentino ou brasileiro – enfim, seja quem for – essa é a frase que está na boca e no coração do povo: “o Papa Francisco é um fofo”.

E realmente é. Um Papa sorridente, carismático, humilde, que pede ao povo que reze por ele, realmente é um Papa fofo. Ou pelo menos continuará sendo “um fofo” até que os filhos dessa terra dourada e mãe gentil chamada Brasil percebam que a mensagem anunciada por Bergoglio não é tão áurea e amável assim, e tampouco agradável e conveniente aos interesses de todos.

Minha dúvida é se esse mesmo povo – que hoje considera o Papa um fofo – continuará nele enxergando as mesmas fofurices que diz hoje existirem quando atentar para a profundeza da mensagem anunciada e perceber que ela não é tão fofa e interessante quanto parece.

“Ide e fazei discípulos” é o lema da Jornada Mundial da Juventude 2013. Ir, fazer discípulos, batizar, ensinar as pessoas a guardarem as coisas que Jesus ensinou é a ordenança que o Deus encarnado, morto e ressurreto deixou para os seus. Anunciar o escândalo que a mensagem da cruz representa, do amor constrangedor de um Deus que não mede esforços ou limites para trazer o ser humano de volta para Si. Isso é anunciar o evangelho.

A verdade, na maioria das vezes, não é fofa nem agradável. Costuma ser dura, costuma nos confrontar e fazer refletir. A verdade nos leva a quebrar paradigmas, preconceitos; nos leva ao arrependimento. Se a mensagem da cruz não tem o poder de causar nenhuma dessas reações em nós, uma de duas coisas está errada: ou o mensageiro está adulterando a verdade bíblica para agradar os ouvintes, ou o destinatário da mensagem está recortando seu conteúdo para apenas absorver o que interessa e jogar fora o que para si não convém. Acredito que, nesse momento, estamos vivendo o segundo erro. Preste atenção no que o Papa Francisco tem dito:

“Hoje, mais ou menos todas as pessoas, e também os nossos jovens, experimentam o fascínio de tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus e parecem dar esperança: o dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer. Frequentemente, uma sensação de solidão e de vazio entra no coração de muitos e conduz à busca de compensações, destes ídolos passageiros.”

“O casamento gay é uma manobra do diabo para destruir a família.”

"Se nós não professarmos Jesus Cristo, nos converteremos em uma ONG piedosa, não em uma noiva do Senhor."

“A fé em Jesus Cristo não é enrolação, é algo muito sério. É um escândalo que Deus se tenha feito um de nós, é um escândalo, e que tenha morrido numa cruz, é um escândalo. O escândalo da cruz. A cruz segue sendo um escândalo, mas é o único caminho seguro, aquele da cruz, aquele de Jesus, a encarnação de Jesus."

"A fé é inteira e não se liquefaz. É a fé em Jesus. É a fé no Filho de Deus feito homem, que amou e morreu por mim.”

A igreja de Cristo não pode – e não deve – almejar agradar a todo o mundo. A verdade de Cristo deve ser anunciada em sua inteireza, sem nunca visar o que o povo quer ouvir, mas sim o que precisa ser ouvido, mesmo que contrário às conveniências humanas – e isso o Papa está fazendo. Jesus não foi um fofo. O Papa também não está sendo. Preste atenção na forma como você está absorvendo a mensagem. Não ouça apenas o que quer ouvir. Não faça recortes. Você precisa ouvir a mensagem da cruz. Como ela é. E a mensagem é esta: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).



Fernando é amigo do Genizah




 
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