A guerra dos presépios nos Estados Unidos.

Os moradores da cidade ficaram na dúvida se era Halloween, Páscoa ou Natal, quando viram esta imagem 'festiva' em frente ao prédio do governo municipal  de Leesburg, Virgínia (E.U.A)

Nesta semana, um esqueleto "crucificado" vestido de papai noel foi colocado no gramado em frente ao edifício municipal em que se reúne o conselho da cidade (equivalente a nossa câmara de vereadores). A exibição não durou muito tempo, algumas horas mais tarde já estava derrubada. Aproveitando os restos do primeiro protesto, outra exposição foi montada no lugar: Uma carta endereçada aos cristãos, assinada por “Jesus”, supostamente colocada ali por ateistas.

O Natal sempre foi uma época controversa em Loudoun County desde que grupos ateístas decidiram questionar a constitucionalidade da exposição de presépios em locais públicos, sejam os patrocinados pelo estado, ou mesmo financiados com a receita particular de pessoas e igrejas. A principio, a conselho da cidade decidiu proibir todos os presépios, mas em vista do clamor popular, ficou decidido que seriam emitidas algumas licenças a cada ano para exibições em locais públicos, de caráter religioso, ou não.

Ateistas aproveitam a exibição derrubada e montam o seu próprio protesto.

E foi assim que, com uma licença da câmara municipal, Jeff Heflin Jr, morador local, montou a sua exibição-protesto com o “esqueleto de Noel”, exatamente em frente ao local onde os funcionários do município passaram a decidir acerca das licenças de exibição em locais públicos. Na petição de exibição de Heflin, devidamente aprovada e arquivada na prefeitura, a sua instalação seria um protesto contra o materialismo do Natal e, pelo visto, passou batida pelos olhares desatentos do conselho municipal.

Polêmica instalação de Na Columbia, o artista Jimmy Wright

Obviamente, depois da confusão e da derrubada, o comitê que aprova as exibições alegou não saber que a mesma seria de tão péssimo gosto, mas a esta altura, a montagem já estava no chão e os ateístas aproveitaram o fato para protestar “em cima” do protesto original.

Vale dizer que esta “guerra cultural” acontece em todos os Estados Unidos e os cristãos (de todas as origens) vem enfrentando dificuldades de levar adiante suas manifestações e iniciativas artísticas em locais públicos. Portanto, este episódio é parte de uma batalha maior entre ateístas e religiosos.

A opinião sobre a exibição macabra ficou dividida. Rick Wingrove, diretor da “Ateus Americanos”, disse: "Você não pode querer defender a liberdade de expressão e, em seguida, derrubar a exibição de alguém." Brooke Rogers, morador local disse ao canal de TV WJLA: 'Estou feliz que esta porcaria tenha sido derrubada e espero que nenhuma criança a tenha visto da forma como estava. Já Jonathan Weintraub, do grupo de ateus NOVA disse: "Para mim, a mensagem é clara: o significado do Natal, que é sobre a fé e família, está morto e foi substituído pelo mercantilismo". 

Protestos ganha adeptos em todo o país.

A maioria dos cristãos, mesmo que alguns tenham se escandalizado com imagem escolhida para o protesto concordam com a mensagem: O Natal virou comércio e o Senhor foi trocado por um ator de propaganda velho barbado e bonachão. Outros, mais “rasos”, preferiram focar no aspecto iconoclástico do protesto, obviamente detestando-o. Há ainda quem tenham dito que Papai Noel é ungido e não é para ser tocado, risos. Enfim, a repercussão e a orientação depende de quem dá a notícia. Se alguém decidir conferir a matéria na FOX NEWS, o canal de TV da direita estadunidense, vai ter a plena certeza que alguém fez uma fogueira com Bíblias e depois apagou com agua benta! Mas deixa isto pra lá. 

Sites de humor norte-americanos aderem ao protesto.

O fato é que protestos do gênero têm acontecido em diversas partes do país. Na Columbia, o artista Jimmy Wright fez a sua “instalação” e tomou chumbo de todos os lados. A mídia fez a festa. Ainda assim, muitos estão fazendo o mesmo nos gramados de suas casas. Também em sites cristãos, ateístas e de humor, como o FreakNews.com, surgiram outras versões, cada qual “puxando a causa” para a sua agenda. No Japão, o cartão de natal ilustrando a matéria faz muito sucesso. 

Cartão de natal japonês.

Nós aqui do Genizah já fizemos uma destas. Nosso genial Rubinho Pirola foi percursor da ideia e botou o coelhinho de páscoa na cruz. Ui! 

Danilo Fernandes, com informações do Mail Online, Metro e NYT para o Genizah.