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O Neopentecostalismo e a ética cristã






por Johnny T. Bernardo


“Crédito ou débito? - Quem pergunta é o pastor da Igreja Internacional da Graça de Deus que recolhe o dízimo e outras doações munido da máquina para registrar operação com cartão de crédito."


O trecho acima introduz a matéria Templo é dinheiro, da jornalista Sarah Corazza, da revista paranaense Ideias. A matéria é resultado de um mês de visitas a templos neopentecostais de Curitiba, quando a autora constatou que os “neopentecostais fazem sucesso de público e de bilheteria.” Segundo Corazza, houve um tempo em que Curitiba era conhecida como a “cidade das farmácias”, dada a quantidade de farmácias por metro quadro. Hoje a realidade é outra: são os templos neopentecostais que chamam atenção.

Presentes na capital paranaense desde pelo menos o começo dos anos 80, uma das que mais se destacam é a IURD, que, segundo a reportagem, adquiriu a antiga fábrica Matte Leão para abrigar o seu rebanho que não para de crescer. A jornalista atribuí tal façanha ao crescimento desenfreado e ambicioso dos cofres da instituição.

“Logo se vê que as neopentecostais fazem sucesso não apenas de público, mas também de bilheteria. É incalculável o que arrecadam diariamente. O suficiente para abrir templos e também para financiar o proselitismo eletrônico que ocupa boa parte do horário televisivo e radiofônico. Isso custa dinheiro. Muito dinheiro. Tanto que a Universal do Reino de Deus, do financista e bispo Edir Macedo, comprou a sua própria rede de televisão.” [1]

O que vemos em Curitiba se perpetua por todo o país e atravessa as fronteiras, com adeptos nos EUA, Europa e também nos países abaixo do Saara. Não apenas a IURD, mas também boa parte das igrejas neopentecostais vivem o bom da ignorância de milhares de brasileiros que diariamente peregrinam para seus templos em busca de cura e prosperidade. São massas sem doutrina que orbitam em torno de crendices populares e sessões de descarrego da Igreja Universal, passando pelas campanhas do sabonete ungido da Graça de Deus e do lenço abençoado do Valdomiro. Isaltino Gomes Coelho completa.

“As igrejas neopentecostais, e a IURD é o maior exemplo, não são compostas de pessoas envolvidas em uma Koiononia cristã. A maior parte não se conhece. Não há um projeto eclesiástico comum aos frequentadores, que são apenas clientes que buscam uma resposta mágica para seus problemas”. [2]

Essas igrejas, diria Antonio Gouveia Mendonça em sua obra “O Neopentecostalismo, Excerto de Estudos da Religião”, são controladas por pessoas ou por grupos sem dever para com os clientes, a não ser passar-lhes um produto, normalmente sob contribuição financeira. São usuários sem os direitos e sem um procon ao qual recorrerem. Consomem o produto, mas não têm poder de ingerir no sistema.

De acordo com o sociólogo Ricardo Marinho, autor de “Neopentecostais – Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil” -, “a preocupação dos neopentecostais é com esta vida. O que interessa é o aqui e o agora”. Essa citação consta da matéria “Evangélicos, quem são eles, por que crescem tanto e o que essa expansão significa para o Brasil e para o mundo”, publicada em fevereiro de 2004 pela revista Super Interessante. Nela, o jornalista Sérgio Gwevman faz uma análise do crescimento dos evangélicos brasileiros e atribui ao Neopentecostalismo um papel central nessa expansão. Uma das características do proselitismo praticado pela IURD, segundo Gwevman, é a atribuição aos demônios boa parte dos males que atingem os fieis.

“Para os neopentecostais, os homens não são responsáveis pelos atos de maldade que cometem: é o Diabo que os leva a pecar. Numa sessão de descarrego da Igreja Universal, o pastor explicou que, se o fiel enfrenta um problema há mais de três meses, é provável que esteja carregando um encosto. ‘Se a dificuldade completar um ano, daí não há dúvida: a culpa é do demônio’, disse a congregação. Ele não se referia só a entraves financeiros ou comportamentais. A receita vale para tudo, inclusive para doenças incuráveis. Assim, expulsar o demônio do corpo é a receita única para todos os males, de casamento infeliz até câncer no pulmão”. [3]

Wemerson Marinho, em sua análise “Pontos Discutíveis do Movimento Neopentecostal” levanta estas e outras questões relacionadas ao sistema litúrgico e isolamento espiritual que são submetidos os frequentadores das igrejas neopentecostais. Ele cita, entre outras coisas, a falta de uma liturgia eclesiástica e a pouca atenção dada às Escrituras Sagradas como a única regra de fé e conduta.

“Os neopentecostais afirmam que a Bíblia é a Palavra de Deus e, com isto, nós concordamos. Mas para eles, a palavra dos “profetas”, dos visionários, também é a Palavra de Deus. E, por isto, baseiam suas vidas e suas doutrinas também em visões, ‘novas revelações’ e em experiências místicas.” [4]

Esse é o ponto “x” da questão colocada pela maioria dos estudiosos do movimento, ou seja, a falta de uma doutrina sólida acompanhada de um discipulado sistêmico e bíblico. Há casos de indivíduos que se deixam batizar por mais de cinco vezes nos templos da IURD por acreditar que tal prática irá “purificá-lo por completo” (sic) como se as águas batismais possuíssem qualquer poder a não ser o simbolismo que proporciona aos verdadeiros nascidos da água e do Espírito.

É a falta de uma hermenêutica sadia a causa da maioria das crenças e práticas impuras praticadas pela liderança da IURD, segundo conclui o dossiê “Análise da Teologia e Práxis da Igreja Universal do Reino de Deus” publicado pela Igreja Presbiteriana do Brasil e que se encontra disponível no livro “Igreja Universal do Reino de Deus – Sua doutrina e prática” (S. Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997 p. 28). O documento faz a seguinte afirmação com relação à maneira como os líderes da IURD interpretam as Escrituras.

“O método de interpretação das Escrituras utilizado por bispos e pastores da IURD consiste em geral numa atualização ou transposição das experiências religiosas de personagens bíblicas para os dias atuais. Isto ocorre em virtude do que entendem ser a Bíblia. Macedo não parece ver a Bíblia como a revelação proporcional de Deus, mas como um livro de experiências religiosas, que começa com Israel no Velho Testamento e termina com a humanidade em Apocalipse, experiências estas que podem ser repetidas nos mesmos moldes, nos dias atuais.


Assim, a repetição ou re-encenação de episódios e eventos bíblicos é utilizada como ferramenta que lhes permite usar as Escrituras como base de sua prática... Por exemplo, assim como Noé fez uma aliança com Deus, podemos nós também fazê-la. Assim como Josué cercou as muralhas de Jericó e ao som de trombetas elas caíram, assim podemos cercar as muralhas das dificuldades e problemas e derrubá-los em nome de Jesus (usando uma trombeta de plástico e uma muralha de isopor). A vara que Moisés usou, o cajado de Jacó, os aventais de Paulo – todas estas coisas, e muitas outras tiradas das histórias bíblicas, se tornam tipos da utilização de apetrechos semelhantes, aos quais é atribuída (apesar das negações em contrário) algum valor espiritual na resolução de problemas”. [5]

Leonildo Campos, usado como referência pelo dossiê, faz coro ao dizer que a Bíblia é muito mais que um depósito de símbolos, alegorias e de cenas dramáticas ou até um amuleto para exorcizar demônios e curar enfermos do que a Palavra de Deus, encarada por outros protestantes como “regra de fé e prática”, e para os fundamentais, a “regra infalível”. Campos é autor do livro “Teatro, Templo e Mercado” (S. Paulo: Simpósio Editora, 1999, p. 82) onde faz uma análise do uso da fé como instrumento de riqueza pelas igrejas neopentecostais e demais grupos positivistas.

Superficialidade e engodo psicológico

Devido à ênfase na liturgia envolvente, curas e exorcismos, os neopentecostais são na sua maioria superficiais na fé e no conhecimento das Escrituras, segundo expõe Marinho em “Pontos Discutíveis do Movimento Neopentecostal”. Não somente isso, mas também a falta de uma doutrina bíblica e discipulado fazem com que os indivíduos que recorrem aos templos neopentecostais permaneçam ignorantes em suas crendices e continuem a praticá-las. Nesse ponto, a IURD se assemelha ao catolicismo ao incorporar todo tipo de religiosidade oferecendo-lhe valores cristãos, ao mesmo tempo em que libera seus dizimistas para que frequentem outros locais de culto e não tenham que se submeter aos princípios bíblicos e cristãos.

Por outro lado, existe uma tentativa de “isolamento” desses indivíduos, tirando-lhes sua capacidade de discernimento e/ou compreensão dos fatos que ocorrem em seu entorno. Um exemplo disso é o uso da psicanálise nas reuniões da IURD, como revela o artigo A ciência dos transes (Época, 28 de abril, 2003) que compara as práticas neopetencostais aos princípios psicológicos defendidos por Emile Durkhein (autor do estudo sobre a função dos transes nas sociedades primitivas) e o neurologista Jean-Martin Charcot (que mostrou como as técnicas de hipnose induzem as incorporações de “espíritos”). Na matéria, a revista cita uma declaração de uma ex-fiel da Igreja Universal que revela como os bispos e seus auxiliares aprendem a induzir o transe.

“Quando a pessoa está tonta, fica mais aberta para manifestar os demônios”, diz a obreira Aparecida Santos, ex-fiel da Igreja Universal, atualmente na Igreja Internacional da Graça de deus. Ela costuma pôr a mão na cabeça dos fieis e fazê-la rodar. Outro recurso que funciona é tocar músicas altas no teclado, com acordes bem tenebrosos. ‘Porque o demônio não gosta de silêncio’, explica a obreira. Aparecida aprendeu as técnicas do exorcismo na Universal, onde passou cinco anos como auxiliar de pastores.” [6]

Outro recurso utilizado pela IURD é o chamado “Jejum dos 21 dias” período em que os fieis devem se concentrar nos discursos da igreja e se isolar do mundo externo, sendo proibidas de ter acesso a qualquer tipo de informação, seja por meio de jornais, sites, rádio ou televisão. “O Bispo Romualdo e os pastores têm sugerido acessar apenas o blog do Bispo Macedo onde haverá textos para meditação nesse período de Jejum”, revela o frequentador Alexandre Fernandes em uma página da web.

O objetivo do “jejum da separação”, segundo os líderes da IURD, é a busca de uma vida espiritual equilibrada. No site IURD.pt encontramos a seguinte afirmação.

“O jejum, para muitos, indica apenas o abster-se da bebida e da comida, e esse é o jejum normal. Já o santo jejum não está relacionado só com isso. E o que é que o/a impede de estar em espírito? Por exemplo, ler livros ou revistas que não falem de Deus, ouvir músicas ou notícias que não falem de Deus, ou seja, que não o/a conectem a Ele e não alimentem o seu espírito.


Iremos fazer um jejum que inclui não assistir televisão, não usar a Internet, não ler revistas e livros, etc. Vamos orar três vezes por dia, de manhã, à tarde e à noite, e você vai fazê-lo e vai-se santificar, fortalecer e investir no seu espírito, para que seja cheia d’Ele”

Apesar do objetivo aparentemente louvável da Igreja Universal, existe por trás um engodo psicológico perigo e que nos remete aos grupos conhecidos como “seitas destrutivas”. Tais segmentos recrutam novos discípulos com promessas de cura, prosperidade e encontro com Deus. Uma vez fisgado, o indivíduo é convidado a se juntar à igreja e se afastar de tudo que possa impedi-lo de desenvolver sua espiritualidade, como familiares e amigos próximos. A partir de então ele passa a pertencer à comunidade, isolando-se física e psicologicamente do mundo exterior. Nestas condições, a manipulação ou lavagem cerebral torna-se fácil, fazendo com que o novo discípulo concorde em entregar suas economias e se dedicar exclusivamente à comunidade religiosa, desenvolvendo atividades que beiram ao “escravismo”. É o caso da Seita do Rev. Moon, a Família (antiga Meninos de Deus), o Templo dos Povos etc.

A Igreja Deus é Amor, com toda sua ritualística e imposição doutrinária, promove algo semelhante ao submeter seus membros a um fanatismo cego e quase doentio, proibindo-lhes de assistir televisão, participar de festas ou mesmo ir à praia. O motivo pelo qual não há uma modernização nos padrões doutrinários da Igreja deve-se ao fato de que submetidos ao manto do fanatismo seus membros continuaram a ofertar e seguir fielmente os desmandos de seu líder máximo, o missionário David Miranda.

Na IURD, apesar da não-obrigatoriedade de se desenvolver uma vida religiosa pautada em usos e costumes, há problemas sérios relacionados às campanhas de prosperidade, como a fogueira santa que todos os anos arrecada milhões de reais e deixa famílias desamparadas, com a entrega quase que total de suas propriedades. Sendo não poucos os casos de ex-fieis que recorrem à justiça para reaver seus bens, com a alegação de indução ao erro.

Ausência da ética cristã

O maior problema relacionado às igrejas neopentecostais, e a IURD é o principal exemplo, é a ausência da ética cristã. Ela compreende diversos aspectos, desde a questão doutrinária até princípios morais defendidos pelo cristianismo bíblico. Augustus Nicodemos define a ética cristã nos seguintes termos:

“A ética cristã, em resumo, é o conjunto de valores morais total e unicamente baseado nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta neste mundo, diante de Deus, do próximo e de si mesmo. Não é um conjunto de regras pelas quais os homens poderão chegar a Deus – mas é a norma de conduta pela qual poderá agradar a Deus que já o redimiu. Por ser baseada na revelação divina, acredita em valores morais absolutos, que são à vontade de Deus para todos os homens, de todas as culturas e em todas as épocas.”

A ética cristã pressupõe defesa dos bons costumes, da moral e de uma vida pautada nas Escrituras Sagradas. Aí temos a questão da defesa da vida, da família e da sociedade como pertencentes a Deus. Questões como o casamento e o aborto são uma das problemáticas quando comparamos a IURD a outras denominações cristãs. Com base em fatos puramente comerciais (digo “comerciais” no sentido literal da expressão), a IURD deixou de ver a vida como elemento máximo das decisões humanas, para transformá-la em uma oportunidade de negócio. A defesa do aborto nada mais é do que uma estratégia, um meio encontrado pela igreja para atrair católicos descontentes com sua religião. É com base em tais parâmetros que a Igreja Universal se define, delineando para o mundo que tipo de indivíduos frequentam seus templos.

São esses mesmos indivíduos que traem seus cônjuges, segundo pesquisa realizada pelo BEPEC – Bureau de Pesquisa e Estatística Cristã. De acordo com o estudo, a porcentagem de neopentecostais que afirmam terem alguma vez praticado infidelidade conjugal é de 26,51%, contra os 21,43% de pentecostais. Os dados revelados pela pesquisa comprovam que a ausência de um discipulado eficiente e ética cristã nas igrejas neopentecostais, resultam em uma massa crua e sem vida composta por indivíduos das mais diferentes confissões religiosas que procuram seus templos atraídos pela propaganda de prosperidade e cura divina. Uma nova reforma se faz mais que urgente.


Notas

1. CORAZZA, S. Templo é Dinheiro, Curitiba. Revista Ideias, maio de 2011

2. COELHO, I.G. Neopentecostalismo, Campinas – SP. Palestra ministrada em abril de 2004 na Faculdade Teológica de Campinas.

3. MARINHO, R. Evangélicos, quem são eles, por que crescem tanto e o que essa expansão significa para o Brasil e para o mundo. São Paulo – SP. Revista Super Interessante, fevereiro de 2004, pág. 55

4. MARINHO. W. Pontos Discutíveis do Movimento Neopentecosta. Ipatinga – MG.

5. Comissão Permanente de Doutrina da Igreja Presbiteriana do Brasil. Igreja Universal do Reino de Deus – Sua Teologia e Sua Prática. S. Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997, p. 28

6. A Ciência dos Transes. São Paulo – SP. Época, abril de 2003 págs. 73 e 74
7. NICODEMOS A. Ética Cristã. São Paulo – SP. O Tempora, O Moraes, 2010.




Johnny T. Bernardo é jornalista e colaborador do Genizah





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  1. Danilo e demais irmãos,

    faço uma sugestão ao Genizah de tema para postagem. Tava verificando no YouTube vídeos sobre o significado do Evangelho e encontrei vários de ensinavam, de fato, a verdade sobre essa boa notícia.

    No entanto, este é digno de ser divulgado (ainda mais por vocês, que gostam de um humor apologético):

    http://www.youtube.com/watch?v=cYhA5dK2xGs

    Abraço a todos!

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  2. Nada fez tanto mal para a Igreja de Cristo no mundo quanto o chamado movimento pentecostal (que de apostólico e pentecostes não tem nada). Fui um e falo com conhecimento, é difícil saber quem está mais fora do Evangelho se os papistas ou os pentecostalistas. A melhor coisa que fariam era "retornar às veredas antigas" e parar com essa coisa vergonhosa e asquerosa.

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  3. Danilo,

    Já publicamos este. Obrigado assim mesmo :)

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  4. O negócio não e pentecostais ou geladeiras é sim
    nascidos de novo !!!

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  5. [prezados amigos,

    antes de qualquer coisa, permita-me fazer um recorte no fim da matéria, especificamente na remitência que se faz àquela pesquisa do BEPEC. Transacionar a relação de infiéis no matrimônio, de maneira tão reducionista e direta, às questões de identidade religiosa, beira à inércia intelectual. Desprovidos do referencial teórico-doutrinário do protestantismo clássico, tudo bem, procede.

    Aliás, amigos, no caminho tem uma pedra; tem uma pedra no caminho: estudos já apontam uma pentecostalização do protestantismo (Ricardo MARIANO, 1996, Dossiê USP)(enrustida, mas existe - às vezes até no 'revival' de certos cultos, inclusive presbiterianos - mas a luterana parece manter intactas, à vista, suas características de compromisso com a reforma). Qualquer pesquisa de teor notadamente militante pode ser desconsiderada para fins antropossociológicos, até porque é necessário a busca de pelo menos um mínimo de isenção possível, com vistas a não transformar a fé dos outros em refugo espiritual, generalizando à revelia um contexto muito mais amplo que apenas rituais mágicos dentro de um dos ramos/segmentos do protestantismo.

    O próprio Antônio Gouvêa assinalou, através de vários artigos da Mackenzie, o enfraquecimento cultural nascido da fragilização intelectual no pais; no entanto, não ladrou nem alardeou ser culpa dos pentecostais nem dos neopentecostais a fragmentação ordinariamente vista dos evangélicos brasileiros. Um posicionamento de defesa faz-se necessário (Cecília Mariz, UFRJ, 1997), em contraposição às críticas generalizadamente infectantes, que promovem a introjeção de ideias preconceitusas com qualquer tipo de culto, principalmente esses de caráter mágico - ou que utilizam simbolismos mágicos - como o caso da IURD, entre outras.

    Um dos perigos reside no esquecimento de que o campo religioso é um espaço de confronto e guerras de poder (Pierre Bourdieu, 'any book from him'), e isto mostra evidente nesses casos. A magia protagonizada pelos neopentecostais das 'grandes empresas religiosas' só é objeto de estudo graças á visibilidade alcançada no cenário econômico; as pessoas se esquecem do animal simbólico que o homem representa (Rui Magalhães), e de que as muitas ações de cunho deliberamente protestante absorvem na sub-realidade de de um pensamento mágico, obscurecido pelas cortinas teológicas de uma historicidade reconhecida - o refinamento doutrinário, posturas 'moralmente' reconhecidas, o esmero pela instrução eclesiástica (que em nada serve para defender o sujeito nos muros e porões e/ou gabinetes onde o adultério arremeda mais as cenas dos filmes épicos onde os bispos dormiam à companhia de 10 garotas do que qualquer outra coisa) de lideranças eclesiásticas.

    É preciso dar um stop no falso moralismo. É preciso limpar a própria casa e fazê-la exemplo aos potenciais energúmenos que serão criticados pela invalidez de sua prática. É preciso rever conceitos há muito sobrepujados pela fragmentação globalizante, num ambiente de individualismo exacerbado, onde o amor ao próximo virou 'fairy tale'. É preciso deixar de lado a hipocrisia, audácia e arrogância de enxergar nos outros o oposto daquilo que acreditamos ser - e muitas vezes não somos.

    A matéria é bacana, promove a reflexão. Mas não pode ser lida por qualquer um. Porque ela, também ela, contém um 'que' de "superficialidade e engodo psicológico", na medida em que omite, por impossibilidade temporal e espacial, admita-se - prós e contras no universo da experiência humana e social. Eu tenho medo na hora de citar cidadãos como Durkheim para fins de ajustamento às minhas opiniões. Durkheim mesmo disse que "não existe religião falsa; todas respondem, às sua maneira, às condições da natureza humana" (As formas Elementares, 1989, Paulinas). Mas aqi trata-se de militância, e isso é notório. E é também louvável, em parte, porque demonstra valoração por parte de quem escreve. E valoração maior ainda por parte de que lê e aplaude.


    Forte abraço, muta paz a todos.]

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  6. o negócio está tão bagunçado que teremos que criar o código do crente consumidor...

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  7. [prezados amigos,

    antes de qualquer coisa, permita-me fazer um recorte no fim da matéria, especificamente na remitência que se faz àquela pesquisa do BEPEC. Transacionar a relação de infiéis no matrimônio, de maneira tão reducionista e direta, às questões de identidade religiosa, beira à inércia intelectual. Desprovidos do referencial teórico-doutrinário do protestantismo clássico, tudo bem, procede.

    Aliás, amigos, no caminho tem uma pedra; tem uma pedra no caminho: estudos já apontam uma pentecostalização do protestantismo (Ricardo MARIANO, 1996, Dossiê USP)(enrustida, mas existe - às vezes até no 'revival' de certos cultos, inclusive presbiterianos - mas a luterana parece manter intactas, à vista, suas características de compromisso com a reforma). Qualquer pesquisa de teor notadamente militante pode ser desconsiderada para fins antropossociológicos, até porque é necessário a busca de pelo menos um mínimo de isenção possível, com vistas a não transformar a fé dos outros em refugo espiritual, generalizando à revelia um contexto muito mais amplo que apenas rituais mágicos dentro de um dos ramos/segmentos do protestantismo.

    O próprio Antônio Gouvêa assinalou, através de vários artigos da Mackenzie, o enfraquecimento cultural nascido da fragilização intelectual no pais; no entanto, não ladrou nem alardeou ser culpa dos pentecostais nem dos neopentecostais a fragmentação ordinariamente vista dos evangélicos brasileiros. Um posicionamento de defesa faz-se necessário (Cecília Mariz, UFRJ, 1997), em contraposição às críticas generalizadamente infectantes, que promovem a introjeção de ideias preconceitusas com qualquer tipo de culto, principalmente esses de caráter mágico - ou que utilizam simbolismos mágicos - como o caso da IURD, entre outras.

    Um dos perigos reside no esquecimento de que o campo religioso é um espaço de confronto e guerras de poder (Pierre Bourdieu, 'any book from him'), e isto mostra evidente nesses casos. A magia protagonizada pelos neopentecostais das 'grandes empresas religiosas' só é objeto de estudo graças á visibilidade alcançada no cenário econômico; as pessoas se esquecem do animal simbólico que o homem representa (Rui Magalhães), e de que as muitas ações de cunho deliberamente protestante absorvem na sub-realidade de de um pensamento mágico, obscurecido pelas cortinas teológicas de uma historicidade reconhecida - o refinamento doutrinário, posturas 'moralmente' reconhecidas, o esmero pela instrução eclesiástica (que em nada serve para defender o sujeito nos muros e porões e/ou gabinetes onde o adultério arremeda mais as cenas dos filmes épicos onde os bispos dormiam à companhia de 10 garotas do que qualquer outra coisa) de lideranças eclesiásticas.

    É preciso dar um stop no falso moralismo. É preciso limpar a própria casa e fazê-la exemplo aos potenciais energúmenos que serão criticados pela invalidez de sua prática. É preciso rever conceitos há muito sobrepujados pela fragmentação globalizante, num ambiente de individualismo exacerbado, onde o amor ao próximo virou 'fairy tale'. É preciso deixar de lado a hipocrisia, audácia e arrogância de enxergar nos outros o oposto daquilo que acreditamos ser - e muitas vezes não somos.

    A matéria é bacana, promove a reflexão. Mas não pode ser lida por qualquer um. Porque ela, também ela, contém um 'que' de "superficialidade e engodo psicológico", na medida em que omite, por impossibilidade temporal e espacial, admita-se - prós e contras no universo da experiência humana e social. Eu tenho medo na hora de citar cidadãos como Durkheim para fins de ajustamento às minhas opiniões. Durkheim mesmo disse que "não existe religião falsa; todas respondem, às sua maneira, às condições da natureza humana" (As formas Elementares, 1989, Paulinas). Mas aqi trata-se de militância, e isso é notório. E é também louvável, em parte, porque demonstra valoração por parte de quem escreve. E valoração maior ainda por parte de que lê e aplaude.


    Forte abraço, muta paz a todos.]

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  8. Vlw! Segue uma lista, Danilo, de alguns vídeos de teologia reformada que gosto quando mostram o Evangelho de Deus:

    http://www.youtube.com/watch?v=DixOEPHvhO8 (Mark Dever)

    http://www.youtube.com/watch?v=N-ZzlRlZoI8 (John Piper)

    http://www.youtube.com/watch?v=8A1I7Asz8cU (Mark Driscoll)

    http://www.youtube.com/watch?v=JnyO6Q7breA (Greg Gilbert)

    http://www.youtube.com/watch?v=IUuuYtSaJZA (Mike McKinley)

    http://www.youtube.com/watch?v=MpOcowt2m1o (Joshua Harris, ao final do vídeo ele define evangelho)

    http://www.youtube.com/watch?v=qbHM0xHou6Y

    http://www.youtube.com/watch?v=VnlSXRlZ1yU


    Abraço!

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  9. Tem cada uma por aqui....esse NELSON ai de cima...no comentário...num tem o que fazer e ocupa o espaço pra falar besteiras ....tu sabe o que é movimento pentecostal ? tu entrou na igreja e saiu pior foi? quem ta fora do evangelho é vc so pode...tais aonde agora? no G12 ? na Umbanda ? ou so mais um que não é nada e ainda é usado pra falar mal da doutrina do evangelho de Cristo ?.... quem deveria voltar as veredas antigas era vc...então na sua sábia opinião o pentecostes é invenção ? não existe nada disso? e vc depois de se enganar na igreja acordou e agora vive um novo evangelho ? home melhore...e se converta.

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  10. O Neopentecostalismo é uma praga!

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  11. ué voceis não podem usar a imagem do macedo? faz um post dedicado á IURD e coloca a foto de outro, que foi tem medo do macedão comprades?
    ou é rabo preso mesmo!
    huahuhuhuhauhauhauhauahuahauhauhauahuahuahtomanocuhuahuahauhauhauah

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  12. O verdadeiro nome dessa teologia abominável é MAMONISMO e sua principal característica é disfarçar-se de cristianismo, sendo uma das piores formas de ESTELIONATO.

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  13. A MAFIA UNIVERSAL é uma seita do diabo !!!

    Fiz parte desta maloca espiritual de Mamom por cinco anos, 3 anos e meio como membro e 1 ano e meio como obreiro, sei MUITA coisa.

    Serei rapido...

    O negocio todo funciona como uma empresa, os "pastores" devem bater metas de arrecadação estipuladas por "pastores superiores e bispos" na venda de produtos, para atingirem tais metas financeiras, eles utilizam de tudo que é tipo de MACUMBA disfarçada, e as VENDEM aos seus clientes igualmente PAGÃOS, NA REALIDADE ELES SÃO ATE SATANISTAS POR CAUSA DESTAS CRENÇAS, mas se os "pastores" não alcançarem a meta de vendas, posteriormente serão enviados a "igrejas" menores e distantes das areas urbanas, isto diminui mais ainda sua arrecadação e consequentemente a comissão que ganha em cima do total, sem falar que é humilhado pelos demais COMPARSAS, sendo tachado de DERROTADO E FRACO NA FÉ, mas caso irem bem nas vendas, recebem bonificações e premiações, casas, chacras, ferias em hoteis 5 estrelas, notebooks carissimos, ternos carrissimos, perfumes italianos, gravatas muito caras, e babação de ovo dos membros ALIENADOS E IDIOTADOS, inflando ainda mais o seu ego CORRUPTO E SATANICO.

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  14. É o show dos crentes calouros...
    Valdemiro Santiago é coisa nossa, Valdemiro Santiago é coisa nossa, mas o que vai, vai; mas o que vai, vem. E o RR Soares é coisa nossa, e o RR Soares é coisa nossa...
    Oiiiii

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  15. eu sugiro que façamos a REFORMA DA REFORMA, pois o negocio ta danado!!!! deve-se ter sim uma separação desses descristianizados dos verdadeiros cristãos.

    vai ai a proposta.

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  16. Matéria sobre o Neopentecostalismo e a ética cristã é usada como fonte de notícia pelo The Christian Post. Confira - http://portuguese.christianpost.com/noticias/20110816/igrejas-neopentecostais-credito-ou-debito/

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  17. Como uma pessoa que, em um artigo de sua lavra, se limita a transcrever palavras de um conhecido mentiroso, disfarçado de parapsicólogo, pode pretender criticar a ética dos seguimentos neopentecostais, hoje existentes? Deixo essa indagação no ar, em virtude dele ter dito duas mentiras em um artigo publicado em vários sites evangélicos, inclusive neste. É só seguir o link para ver em http://www.genizahvirtual.com/2011/02/uma-farsa-chamada-chico-xavier.html?commentPage=2, os dois comentários por mim postados em 31 de março de 2011 15:09 e em 16 de junho de 2011 16:38, sem resposta até hoje, em ambos sugerindo ao senhor Coordenador deste site para ele ir até http://wn.com/Chico_Xavier,_apresenta%C3%A7%C3%A3o,_caso_David_Nasser, para ver e ouvir de viva voz, a partir dos 9 minutos, o que o David Nasser disse sobre a sua reportagem na revista O Cruzeiro, e ao http://www.imagick.org.br/pagmag/turma2/xavier5.html, para ler sobre a mentira de que a mãe do senhor Guignone estava viva, quando, na realidade, ela já estava morta.
    E o autor deste artigo ainda tem o desplante de dizer que a imparcialidade faz parte do seu vocabulário, conforme ele mesmo afirma em http://www.genizahvirtual.com/2010/12/mais-para-quadrilha-do-genizah-o.html; pode?!...
    Abraços. Frazão

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