A Cidade Genital e a Graça
https://genizah-virtual.blogspot.com/2011/04/cidade-genital-e-graca.html
Braulia Ribeiro
Descemos a estrada que termina em barranco na beira do rio Negro.
Estávamos indo para Manacapuru, cidadezinha do outro lado do vértice da
união entre o Negro e o Solimões. A balsa enferrujada carrega muitos
caminhões e ônibus e um número ainda maior de pedestres levando isopores
de água e picolés, bicicletas, fardos de farinha. Os cabocos
amazonenses me comovem com sua tenacidade. As mulheres que se espremem
na fila, vestidas em shortinhos e tops minúsculos de lycra revelam
gorduras fora do lugar, grandes barrigas pensas em cima da cintura, o
suor crescendo indelicadamente nas partes impensáveis. Os homens também
usam combinações coloridas de calções e camisetas de times de futebol de
tecido sintético contrastando com sua pele escura, marcada de picadas
de insetos, um couro de réptil reluzente.
Procuro assento e o único prazer que antevejo para meu dia é olhar o rio com sua negritude e majestosa embaixo de nós. Deixar Manaus também foi bom, o caos o calor, a ilogi-cidade. Gostei daqui no passado, mas como uma criança linda que se torna em adulto feio, Manaus ficou torta, suja, uma cidade-genitália procurando sua razão de ser em rebolados sensuais. Os crentes antes escassos agora estão em todo lugar, possuindo a terra com templos fálicos.
Vou traduzir um casal de americanos em um templo pentecostal em
Manacapuru. Conheço o casal apenas por sua história, um adultério
perdoado que se tornou em testemunho de graça. A mulher loira, cáqui e
chapéu se senta ao meu lado. Tédio e cansaço me impedem de levar a
conversa à fundo. O outro barranco chega, saímos da balsa, prosseguimos
numa van.
Chega a noite e lá vamos nós fantasiados de pentecostais para a
igreja. Com praxe em missões chegamos com grandes sorrisos e mãos
estendidas apertando todos, pretendendo admiração e respeito. Minha
sandália doada aperta o pé, o vestido fora de moda combina com o
descombinar de tudo com as flores kitsch e as figuras e letras que
cobrem todas as paredes.
Começa o louvor, um rapaz com trejeitos homossexuais assume o púlpito
e canta. Canta músicas da moda evangélica, odes às minhas emoções
saciadas por um Deus de amor quase erótico pela humanidade. Na segunda
canção pra minha surpresa meu tédio se dissolve. Comecei a sentí-Lo
perto de mim, o Deus bailarino me convidando pra dançar na lindeza
daquela igreja caboca. Vejo o rapaz à frente e seu sorriso resgatado,
pleno de amor e graça e os crentes a deixá-lo guiar-lhes na mais
improvável das construções sociais: prefeito, o pastor nascido na
barranqueira, estudado em Manaus, a universitária, o ex-ladrão, a
ex-rameira, as donas de casa, as mulheres da seringa e da sorva dos
beiradões, todos ali cantam juntos o Zaqueu.
Os americanos começam, eu como a voz brasileira da mulher, grito na
igreja: – Eu cometi o pecado do adultério… O pastor como a voz do
marido traído enfileira ensinos sobre o poder da graça e do amor para
reconstruir famílias… As diferenças culturais se dissolvem na realidade
de um drama familiar repetido desde que o mundo é mundo. As dores da
família, a cornisse do marido tentado a mostrar a macheza mas cedendo à
graça de Deus para continuar amando-a, cobrindo-a em sua vergonha,
finalmente aprendendo a ser homem… Tudo isto era novo e velho ao mesmo
tempo. É a graça sai da cabeça e se faz carne e osso na história de
alguém.
Saímos dali para comer peixe, ouvindo as risadas dos crentes
amazonenses. Na manhã seguinte volta a troupe para uma Manaus que já não
me pareceu tão impossível. Os próprios templos faraônicos agora eram
ainda fúteis, mas também abrigo de perdão, esperança e vida. Tudo o que a
cidade-genital precisa é de amor… Em meus novos olhos as pessoas todas
tinham uma beleza única, cada ruga contando uma história de amor. O sol
já não castigava tanto, os suores das gentes não eram mais tão
deselegantes e a chuva que caía abundante vinha direto dos olhos do Pai
do Céu.
Braulia Ribeiro é colaboradora do Genizah
Braulia, acredito que faltou objetividade no texto e tenha isso como uma crítica construtiva, um abraço.
ResponderExcluirEita,isso foi uma aventura ou uma provação de Deus na sua vida....rs
ResponderExcluirwww.doidosporcristo.org
Fantástico!
ResponderExcluirAlguém poderia traduzir o que a irmã quis dizer com o texto acima?
ResponderExcluirParabéns pelo texto!
ResponderExcluirRealidade narrada com incrível precisão e riqueza de detalhes. Morei na Região Norte por 29 anos, e convivi com o jeito de ser desse povo sofrido e escravo da sensualidade.
Oremos para que o povo de Deus faça diferença lá.
ps. Faltou mencionar as coreografias gospel que fazem qualquer um morrer de vergonha.
que preconceito hein?ainda bem que não sou de Manaus,mas a graça é bela linda mesmo,faz a gente olhar o mundo de outra maneira!
ResponderExcluirnunca mais vou a manaus andar de balsa depois de uma descrição dessa paecia ser sodoma ou gomorra! hahahah!
paz!
Sou da bola de neve e quero deixar alguns aspectos.
ResponderExcluirConcordo com tudo, principalmente o primeiro comentário exatamente tudo o que acontece na IBN.
Outros que indicaram na fase eleitoral da igreja foi o apóstolo Léo nos induzindo a votar nele tinham cartazes pela igreja toda faziam os obreiros entregarem santinhos na saída da igreja e tudo mais além disso um dia meu querido pastor tirou um domingo de igreja lotada para falar "mal" do PT teve gente que levantou do culto e nos induzindo a não votar na Dilma, e tudo mais pq ela era quase um anticristo, ta bom passando dois meses a Dilma ganhou e veio uma pastora da IBN de outra cidade e pregou tudo ao contrário dizendo que que Deus tinha mudado de direção em relação a Dilma e que devíamos abenco-lá, a pregação durou o culto inteiro sobre a vitória da Dilma...
Sem dizer que no dia das eleições o ano passado o 2 turno caiu no dia das bruxas 31 de outubro um domingo o pastor falou que seria tática d diabo para ela ganhar, jejuaram fizeram 24 horas de adoração mas parece que Deus mudou de direção infelizmente né
a política ja entrou, o pecado tb, as mentiras tb, os falsos profetas tb, e agora falta mais o que
mandaram os mebros da igreja pararem de ler o genizah!!!pq são hereges e vão nos deixar tb
e olha que é verdade ja me mandaram...
e outra nunca ir contra a liderança senão e pecado re rebeldia e é igual a feitiçaria...
O que voce prefere , uma cidade que se fala de Deus , que as pessoas aceitam Jesus, ou uma cidade idolatra ,espirita e cheia de outras religioes sra Brualia Godim ? ( rsrs) como reclama ein ...
ResponderExcluiras igrejas que voces frequentam ou pastoreiam são as melhores né ? cheias do poder , palavra e sabedoria ...
Lucas....
gostei da descrição, dos detalhes da viagem, mas não entendi onde a Braulia quis chegar com este texto. aliás, o comentário contra a roupa dos pentecostais foi de muito mau gosto. Manaus é uma cidade que necessita da pregação do evangelho como toda e qualquer cidade do mundo.
ResponderExcluirEsse foi o pior texto que já li neste site....
Cara, antigamente já visitei mantos e lugares muito suspeitos onde se pregava um "presento evangelho" só para conhecer, mas nada que se compare a essa experiência vivida acima. Muito interessante.
ResponderExcluirAbração pra vc Danilo, atualizei meu site, passa lá.
www.paulocheng.com
Olha Braulia,
ResponderExcluirSão os manaus, as cracolandias, as favelas, as samarias que não queremos estar!
Mas quando temos a visao mudada, experiencia essa que teve, conseguimos enxegar essa graça tão presente!
Parabens pelo texto, alguns não entenderam outros sim...
para esse que não entenderam fica o pedido : comecem a enxergar Deus fora da igreja e sua graça..comecem a enxergar o Reino! :)
Abraços
Braulia não quis dizer nada de tão específicico, nada além da tragetória de sua ida a cidadezinha e volta.
ResponderExcluirOlá, Bom dia,
ResponderExcluirGostaria de enviar uma cópia de e-mail.
E-mail trocados com o Ap Rina.
Neste e-mails ele fala sobre essas práticas realizadas na igreja.
Os guardo a quase cinco anos, pois até hoje relendo-os não consigo acreditar.
Para onde devo enviar?
Grata.
O que a Braulia que demonstrar, é que esta gente é insignificante, somente, como se ela gozasse de privilegio divino em relação a este povo, sim, porque o privilégio social ficou claro, mas não vem ao caso.
ResponderExcluirQuerida, mostre todo seu potencial intelectual em defesa deste povo, ele não precisa que você os humilhe mais.
E assim caminhamos, de graça em graça.
ResponderExcluirNão sei se não entendi bem, mas achei preconceituoso e sem nexo
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirGraça e Paz!!
ResponderExcluirComo manauense, manauara, gostaria que a visão acerca de minha querida Manaós fosse mais entendível por parte da autora da postagem.
Ficou um ar de que Manaus é no mínimo, ridícula, lascíva, sodomita.
Pelos comentários, pude verificar que a palavra mais citada foi preconceito.
Aliás, quem se preza em postar, publicar matérias, tem que no mínimo, expôr de forma simples, prática, direta o que está em sua mente. Acerca da Graça, percebe-se o objetivo, mas, acerca de minha Manaós, fica uma observação: o que ela sabe de fato acerca de Manaus e o Amazonas? Parece o moço do Restart quando em sua triste observação acerca do Amazonas. Como diz o Sr. Omar: TRÁGICO!!!
Na fonte de toda a Graça,
Ir.Márcio Cruz.
digo uma coisa pra vcs no seu lugar teria JESUS ágido assim? feito tal comentário como esse pura infelicidade!
ResponderExcluirPessoas que se dizem missionários não podem ter preconceito, infelizmente tive que ler este texto que mais parece que foi escrito por alguem beirando um surto de depressão. Você não está preparada para fazer missões e levar pessoas ao reino.
ResponderExcluirFique na Paz! quando vier novamente à Manaus vou te levar em uns trabalhos de oração para você conhecer o poder de Deus.