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Batalhando pela vitoria!

Por Marcelo Lemos

Escrevemos anteriormente sobre apologia cristã não ser uma pessimista batalha para não dar o braço a torcer, mas uma expectação da fé por ver a Cruz erguer-se triunfante acima do “deus deste século” (leia aqui). Porém, manter a esperança quando o mundo a nossa volta desmorona só é possível confiando integralmente nas promessas de Cristo; promessas que, para os que creem, asseguram que os Planos de Deus não podem ser frustrados.

A saga da fé é aparentemente paradoxal; trata-se de um “ser” e um “ainda não”, a caminharem lado a lado na expectativa do porvir. Mas, se transformamos o “ainda não” no “ser”, nos tornamos estéreis, infrutíferos, ressentidos e não poucas vezes saudosistas também. Um saudosismo bem descrito nas confissões do Ateneu, de Raul Pompeia: “saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe e enfiada das decepções que nos ultrajam”.

Bem dito! Estamos cheios de saudades, de um tempo que não existiu, e no qual não vivemos. Sim, pois nunca houve um tempo no qual o servir a Cristo não fosse uma batalha jurássica contra o “príncipe deste século”. Poderíamos começar com a narrativa do Gênesis, por exemplo. Um sublime “no princípio criou Deus os céus e a terra” dá inicio a narração, mas é um melancólico “o colocaram num caixão no Egito”, que aparentemente a encerra... aparentemente!

Quantos nunca alimentaram o desejo de terem vivido nos dias da Igreja Primitiva? Quantos já se deram conta que os pecados contra os quais lutamos, eles lutaram também? Quantos já perceberam que a espada da perseguição que nos ameaça, esteve primeiro contra eles? Não é um mundo mais difícil, somos somente uma geração cristã mais incrédula e, consequentemente, menos fiel.

O problema não é o poder do mundo ou a impotência do Evangelho: o problema é você e sou eu. Se há alguma diferença entre o Ontem e o Hoje, reside apenas nisso: que não enfrentamos Nero e seus leões na fé de servimos “o Príncipe dos Reis da terra” (Apoc. 1.7).

E assim caminhamos, lutando apenas para defender nosso pequeno território de ortodoxia. Somos como o Papagaio que meu sogro mantém na gaiola: soberano dentro de sua minúscula jaula de ferro, na qual ninguém ousaria meter o dedo, a menos que queira ser mutilado por seu fiel guardião. Transformamos o “ainda não” no “ser” - assinamos nossa carta de rendição, e ficamos contentes se conseguimos manter do lado de fora as ameças que nos rodeiam.

Charles Spurgeon, ministro batista reconhecido como príncipe dos pregadores, sabia que a única coisa que impediria o avanço cultural da Igreja era o medo que a engessava. Ao lermos sua biografia, podemos ser tentados a pensar que ele descobriu alguma fórmula mágica, ou que a gente de seus dias era mais dócil a Mensagem da Cruz. No entanto, basta ler seus sermões para constatar que enfrentou as mesmas lutas e ameaças que enfrentamos. A diferença estava em lutar com esperança
 
“Mas não precisamos ter medo deles, devemos perceber que eles possuem medo de nós! Seus gritos e escárnios contantes são indício de medo real. Aqueles que pregam a Cruz de nosso Senhor Jesus são o terror dos hereges modernos. No fundo de seus corações temem a pregação do Evangelho feita a moda antiga, e odeiam aquilo que temem. Em suas camas enfrentam pesadelos sobre a vinda de algum evangelista ao seu bairro... Irmãos, desde que o Evangelho seja anunciado nos campos da Inglaterra, sempre haverá a esperança de que tais mercenários fujam, e a Igreja fique livre deles... todos eles cairão em breve, se um claro e decidido grito 'Espada do Senhor, e de Gideão' for mais uma vez ouvido!” (SPURGEON, ; no sermão 'The Dream of the Bakery Cake', tradução e adaptação livre).

Ao contrário disso, vivemos com medo, conformados com a derrota previamente anunciada. O diagnóstico feito pelo saudoso David Chilton é lamentavelmente exato: “Há muito tempo que os cristãos se caracterizam pela falta de esperança, a derrota e a fuga. Os cristãos estão dando ouvidos a falsa doutrina de que estamos condenados ao fracasso, e que os cristãos não podem vencer. Trata-se da ideia de que até que Cristo regresse, os cristãos irão constantemente perder terreno para seus inimigos. Nos é dito que o futuro da Igreja será marcado por um constante deslize rumo a apostasia!” (CHILTON, David; 'Paradise Restored').

Apenas defender terreno não é o coração da apologia ordenada nas Escrituras, o apóstolo S. Paulo, por exemplo, tem algo muito maior a nos dizer – ele fala de domínio, de subjugar, e destruir “os conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo (II Cor. 10.5).

Precisamos de universitários cristãos que usem a mente cristã dentro de nossas Universidades, e de professores universitários, cristãos, que façam a mesma coisa. O mesmo é necessário nas artes, nas ciências, na política, nos projetos sociais,e acima de tudo, em nossas Igrejas. Falo de uma mente cristã corajosa, que não mais e acanhe diante da pseudo sabedoria deste século, e não se divida mais entre “sagrado” e “profano”, mas empunhe orgulhosa e confiante a bandeira do Mandato Cultural que Deus nos confiou: “frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai” (Gen. 1.28).

Triste perceber que até mesmo nossa exegese do 'Ide' parte da contemplação da nossa infidelidade e impotência, transformando o esforço missionário num “talvez”, quando o correto seria sair a campo pelo mesmo motivo apresentado por Cristo, a garantia de vitória. “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: é me dado todo o poder no céu e na terra. POR ISSO IDE, fazei discípulos de todas as nações” (S. Mateus 28.18,19). Quando compreendermos isso, não há mais qualquer sentido em fazer apologia, ou qualquer outro serviço a Cristo, se não for com a deliberada intenção de vencer!


O autor edita o blog Olhar Reformado, e colabora na subsersão do Genizah.
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  1. Citando Elias: só eu fiquei, ou noutro lugar não há quem faça o bem, não há quem tema a Deus. Penso que a partir do momento que aquele que se chama pelo nome do Senhor estiver realmente revestido do caráter de Cristo, deixará de levar em consideração se vai ter exito ou não quando da pregação da verdade.
    Na conciencia de que o viver é Cristo e o morrer é lucro.
    Geraldo J Pinheiro
    Curitiba

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  2. Caro Anonimo, as frases que o irmão citou, extraídas das Escrituras, foram ditas no contexto da Igreja Primitiva, que chegou a dar a vida de muitos de seus membros pela Causa de Cristo. Eles morreram, e o Cristianismo venceu, destruindo o paganismo, tornando obsoleta a cosmovisão grega do mundo, e se chega a dizer que foram uma das causas da Queda do Império Romano. Aliás, o Livro do Apocalipse foi escrito para dizer a eles justamente isso: alguns de voces podem até perecer, mas a vitória final é garantida, e aos que vencerem "darei poder sobre as nações".

    Outro problema nosso, hoje, é o individualismo, a megalomania das empreitadas denominacionais e personalistas; nada disso existe isso no Reino de Deus. No Reino de Deus não importa se eu vivo ou morro, se minha geração experimenta avivamento ou a apostasia - importa em trabalharmos para construir o Reino de Cristo, ainda que somente os filhos de nossos filhos possam experimentá-lo mais concretamente.

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  3. Sempre encorajador atentar para o poder da obra de Cristo já consumada, cujos desdobramentos vão sendo manifestos. Levantemos ousadamente!
    Heitor

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  4. Oi , Marcelo.
    Não sei se ao anônimo a quem o rimão teve a delicadeza de se reportar sou eu. Entendi que sim e coonfesso, me senti satisfeito em chamar sua atençã, a qual agradeço de coração.
    Quero dizer o seguinte: a mensagem que me conduziu a Cristo foi a de que eu precisava de um Salvador. Por ter saido de um meio dado a supertições, não me conformo com estye evangelho falsificado que se pregaatualmente. POr muito tempo pensava , como citei anteriormente, da mesma forma que Elias "só eu fiquei". . Concluindo a cada dia descubro com prazer que muitos ainda não dobraram seus joelhos diante de Baal ou Mamom ou....

    Grato por seu cuidado para comigo e sua atenção.

    NNa Paz do Senhor Jesus


    Geraldo J Pinheiro

    Curitiba - Pr

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