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Crente "Lady Kate": "Tô Pagano!"

Carlos Moreira

A Revolução Francesa foi sem dúvida um dos eventos mais significativos do mundo ocidental e da sociedade moderna. A França do século XVIII era um país marcado por profundas injustiças sociais. O arcabouço histórico da revolta se construiu em meio a um regime político absolutista, onde a camada inferior da população, formada por trabalhadores urbanos, camponeses e a pequena burguesia comercial, era obrigada a pagar pesados impostos para manter o luxo das classes privilegiadas.

No topo daquela pirâmide estava o clero que, dentre outras prerrogativas, não pagava impostos. Abaixo dele estava à nobreza, formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres. O rei era absoluto; controlava a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos. Qualquer tipo de oposição era punida duramente, pois o "contraventor", além de ser enviado a prisão da Bastilha, era, em seguida, guilhotinado.

A insatisfação com aquela situação chegou ao limite em 1789. Vivendo em extrema miséria, a população saiu às ruas com o objetivo de tomar o poder. Avançaram primeiramente para derrubar a Bastilha e, em seguida, invadiram os palácios e as terras da nobreza em busca de tomar o controle do país. Muitos conseguiram escapar, mas a família real foi capturada, e o rei Luis XVI, juntamente com sua esposa Maria Antonieta, foi julgado e guilhotinado em 1793. Nem o clero foi poupado, pois os bens da igreja foram todos confiscados.

Os contornos estruturais que marcaram o desencadeamento da Revolução Francesa são muito parecidos com a situação da Igreja em nossos dias. Como bem disse o sábio do Eclesiastes, as gerações mudam, mas o “espírito” humano permanece o mesmo. Olho para o que está aí e surpreendo-me com tamanha semelhança. Os fatos são arquetípicos além de fenomenológicos.  

Se não, vejamos: o que temos em nossos dias que não uma elite espiritual privilegiada, supostamente dotada de pedigree sacerdotal, vivendo no luxo e na benesse, com seus “líderes” – não seria melhor dizer gestores? – e seus cantores – não seria melhor dizer atores? – refestelados em mansões, andando com carros de grife importada, voando em jatinhos e helicópteros, vestindo ternos italianos e comendo das “iguarias da corte”, enquanto a grande massa da população vive na pobreza ou na miséria?

O que temos hoje senão o tráfico de influência religiosa, o conluio político para a concessão de rádios e canais de TV que, supostamente, divulgam o “reino” de Deus, mas que, na prática, apenas aumentam o poder e a riqueza do “reino dos homens”? O que temos hoje senão a prática de se efetuar barganhas com o sagrado operacionalizadas através da cobrança perversa de “impostos celestes” que têm como único alvo o espólio desmedido de gente incauta e desesperada?

Posso continuar? O que temos hoje senão a pregação fraudulenta de doutrinas bíblicas aberrantemente distorcidas, aplicadas de forma maliciosa, com vistas a estimular a crença em promessas absurdas que, supostamente, trarão a solução para problemas financeiros, conjugais, físicos, espirituais e de toda e qualquer outra sorte? O que temos hoje senão a alienação da consciência, o esvaziamento dos valores éticos, o anestesiamento dos “sentidos” do coração e tudo em favor da catarse cultual, da serialização da “vida” e da commoditização da doutrina?

Vou lhe dizer o que penso. O que temos hoje é a anatomia de uma tragédia anunciada se desenhando silenciosamente debaixo de nossos olhos! O que temos hoje é uma multidão de milhões de pessoas sendo pressionadas, roubadas e enganadas por uma gangue de feiticeiros do sagrado. É gente que, iludida, está em busca de um “Deus performático”, uma divindade que está obrigada a satisfazer as demandas de seus “clientes” a qualquer custo.

Eis o maior dos absurdos: Deus colocado contra a parede tendo que cumprir o que, supostamente, está dito em Sua palavra! O Todo-Poderoso sendo vítima de extorsão para realizar milagres de prateleira: é o problema da falta de emprego, da restauração do casamento falido, do pagamento da dívida do aluguel, da eliminação da ação de despejo, do destravamento do processo judicial, da limpeza do nome no SPC, da libertação do encosto encomendado na macumba, e por aí vai... É tanta bizarrice que eu poderia encher um livro com estas loucuras.      

Olho para a cristandade e vejo uma multidão de “crentes Lady Kate”. Você sabe de quem estou falando? Trata-se de uma personagem interpretada pela atriz Katiuscia Canoro no programa humorístico Zorra Total da Rede Globo. Lady Kate é uma aspirante a socialite que vive a todo custo tentando entrar para o High Society. Apesar da origem humilde, Kate herdou a fortuna deixada pelo marido, um senador rico, que, desgraçadamente, "bateu a caçuleta". Enfeitiçada com as novas possibilidades que o dinheiro lhe proporciona, Lady Kate vai em busca do "gramour, causo de que grana ela já tem".   

O “crente Lady Kate” é aquele ser que quer por que quer que a vida se transforme num passe de mágica e, para tal, está disposto a pagar o “pedágio religioso” para que “seu milagre” se materialize. Minha questão é bem simples: até onde isso vai? Até quando as pessoas que estão sendo iludidas continuarão pagando esta conta? Sim, porque assim como Lady Kate, que usa o bordão “que que é? Tô pagano”, essa “moçada” também vai querer receber o seu bocado, pois, sem dúvida alguma, eles estão pagando, e pagando muito caro!

Quer saber no que eu acredito: acredito que em muito pouco tempo toda esta farsa vai cair! Acredito que esta multidão de gente espoliada e enganada vai se revoltar, assim como aconteceu na Revolução Francesa, pois eles estarão exaustos de pagar tanto “imposto” travestido de dízimo, e não ver nada acontecer. Estarão fartos de ver “pastores”, “bispos”, “apóstolos”, e outras “divindades” enriquecendo a custa de sua inocência, de seu desespero e, não raro, de suas excentricidades.    

Espero firmemente que a farsa termine e que a farra acabe! No que depender de mim, como profeta do Senhor, continuarei a denunciar este estelionato, este anti-Evangelho, esta deformação de fé em Jesus Cristo. Estarei incansavelmente pregando, escrevendo, e fazendo tudo o que estiver ao meu alcance para que este engodo seja, em fim, revelado aos olhos de todos.

Minhas orações estão centradas para que Deus, no zelo que tem por Sua palavra e pelo Seu povo, interfira com justiça e juízo sob tudo o que está sendo feito. Meu desejo é que Ele haja logo, antes que venhamos a experimentar o que hoje acontece na Europa, onde as catedrais viraram boates e o povo nada quer saber sobre Jesus.

Na Revolução Francesa, o destino da família real não poderia ser pior: a guilhotina. Fico pensando que destino espera aqueles que estão profanando a Palavra do Senhor e enganando o povo que foi comprado pelo Sangue do Cordeiro? Não desejo nenhum mal a ninguém, mas se esta moçada for parar no inferno, poderá, usando outro bordão da Lady Kate, fazer a seguinte barganha com o capeta: “que que é ô seu diabo! Descola aí um lugarzinho meior pra nós, causo de que grana nós tem; o que só nos falta-nos é o gramour”. Pois é, se isso acontecesse, sabe o que eu acho que o “tinhoso” responderia: “tá amarrado!”.


Carlos Moreira é culpado por tudo o que escreve. Julgado, tornou-se réu do Genizah. Seus textos podem ser lidos em A Nova Cristandade.
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  1. BOM DIA!
    gostei desse blog, um pastor leu o meu e disse que me identifico com esse blog, vim aqui conferir e gostei. É sempre bom ver que existem pessoas que não são igual aos "normais" que se dizem evangélicos nos dias de hoje. Mas que existem "hereges" como vocês mesmos dizem, que lutam pelo velho simples e bom evangelho.
    Qaulquer coisa visitem meu blog, sempre tem algo de polemico por lá ahuauhuhauha

    abraços e continuem assim

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  2. Não concordo com irmão quando diz "o que há senão pregação fraudulenta?" e etc,.
    Apesar de existirem muitos pregadores pregando um evangelho estranho à Palavra de Deus, não creio que haja apenas isto.
    Na igreja onde eu congrego, há muita preocupação com as almas, com a edificação dos irmãos e com o conteúdo dos cultos e da pregação que é pregada. Lá, o dinheiros dos dízimos e ofertas é utilizado com responsabilidade, e todos os membros têm o direito de, a qualquer momento, verificar os livros caixas para ver como o dinheiro é administrado.
    Mais do que uma "Revolução Francesa", nascida da irracionalidade do populacho contra as injustiças sociais, que levou a uma carnificina, seguida da adoração à deusa "Razão", que posteriormente nos levou as Guerras Mundiais, precisamos de uma Revolução do Espírito Santo na vida de muitas pessoas que se dizem servos de Deus, mas que, na verdade, são servos de Mamom.

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  3. Concordo em número, gênero e grau!!!!!!!!
    Oro a DEUS O TODO PODEROSO, para que ELE guarde e preserve não somente a mim e minha casa, mas a todos aqueles que o amam e o servem sinceramente.

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  4. puxa Q texto mais lúcido ,e´exatamente isto que esta´acontecendo,EIS AI OS CAFETÕES DA PROSPERIDADE enganando a massa grrrr!!!

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  5. Clap!Clap!Clap!PARABÉNS!FALOU O PROFETA DO SENHOR?Venha cá Profeta do Senhor?Que Senhor?Há sim!O Senhor generalização?Conheço isso por aqui!As matérias que o Genizah publica, muitas são muito boas, mas a maioria é generalização pura!Como a sua Profeta do Senhor!No final somente o Senhor é quem presta né?Somente o Senhor é perfeito né?Sabemos que existem Bispos bandidos, pastores ladrões, corruptos, Igrejas gdes e pequenas cantores "gospels" que só pensam em grana, grana e mais grana, mas se olharmos por outro ângulo existe muitos gente boa no meio deste jôio imperpretrado pelo seu artigo PROFETA DO SENHOR!O que está lhe faltando?Uma Igreja?Muitos membros?Ou o Senhor sair nas ruas pregando o Evangelho a toda a criatura ao invés de ficar assistindo Zorra total?Te converte Profeta do Senhor!O senhor, não o SENHOR, está muito revoltadinho!

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  6. Prezado Paulo César Cândido,
    como pôde se ver, você não entendeu nada do artigo. Não há nele nenhuma generalização, mas apenas a constatação do "modus operandis" da maioria... Sei que existem igrejas sérias, até mesmo porque sou pastor de uma. Não disse em nenhum momento que só eu presto, mas falo como parte integrante do Corpo de Cristo com voz de denúncia para alertar aqueles que, diferentemente de você, não estão podendo discernir. E mais, quando fizer uma crítica, critique o conteúdo, nunca a pessoa, não faça desdém de quem não conhece a vida e e história, não ridicularize, não faça bricadeirinhas, isto pega mal para você que estampou seu nome no blog. Quando quiser criticar critique idéias, com argumentos, não com achismos bobos, pois no meu texto você não vai achar alusão a nome de ninguém mas ao Zeithgeist deste tempo. Você sabe o que é isto? Com todo respeito, Carlos Moreira

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  7. Só há um culpado para que esses pastores, bispos, apóstolos, paipóstolos e afins continuem reinando...O POVO!! "Meu povo perece por falta de conhecimento!"
    A preguiça do povo em ler a Palavra, faz com que se aceite tudo o que esses homens "pregam". Como vão contestar, se não conhecem a Verdade!
    Temos que orar para a venda dos olhos do povo cair, só aí o reinado deles termina! O povo paga pedágio por preguiça, preferem fazer campanhas de 7 semanas, passar em vale de sal, rosa ungida, se secar com lenço apostólico, 5 passos pra lá, 8 passos prá cá...Só Jesus!!

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  8. Este espaço está de parabéns pela qualidade dos textos publicados e por trazer até nós uma religiosidade leve e agradável. A maioria das Igrejas e seus representantes são monocórdicos, com um discurso passional e interpretsções superficiais da palavra de Deus. Esta postura afasta aqueles que buscam o "algo mais" na religião que esperam textos mais instigantes e cultos como este. Até concordo que assistir Zorra Total não é a melhor forma de diversão mas a inspiração, senhor Cândido, vem dessas coisas pequenas, algumas medíocres mas que carrega o viés cultural da maior parte de nosso povodele. É o preço que pessoas como o articulista deste texto tem que pagar para poder compreender melhor o "estar no mundo" de seus semelhantes e receber de forma delicada e modesta, as críticas e os elogios dos que o leem. Excelente, muito bom mesmo!!!!
    Fátima Viana

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  9. Muito pertinente seu texto! Mas não é único. Assim como Deus mostrou a Elias no AT, saiba (digo isso retoricamente) que ainda há muitos cristãos que não se prostraram diante desse discurso dos pequenos papas evangélicos e continuam lutando pelo Evangelho genuíno expresso na Bíblia. Fico contente por saber que há protestantes protestando contra esse neoprotestantismo herético. Obrigado por você existir e que Deus o abençoe grandemente.

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