Conversões, perversões e reconversões
https://genizah-virtual.blogspot.com/2010/07/conversoes-perversoes-e-reconversoes.html

Digão
O que é conversão? Segundo os estudiosos em teologia sistemática, especialmente os que se dedicam ao estudo da soteriologia (a parte da teologia que estuda a questão da salvação), a conversão é um evento único na vida de uma pessoa, distinguindo-se da santificação, que é um processo que leva toda a vida. A conversão é um impacto que faz o sujeito mudar sua rota, através do arrependimento e da fé. Bom, foi isso que estudei lendo Berkhof (para a tristeza dos liberais), apesar de não ter concordado com tudo o que esse teólogo escreveu (para a tristeza dos fundamentalistas).
Conversão, portanto, é um processo individual, nunca coletivo. Mas, através da conversão, o cristão é chamado a viver uma vida coletiva (a igreja), abandonando seu individualismo. Cada conversão é única, assim como é única a história de vida de cada um.
Alguns, porém, se cansam do caminho da conversão, e se pervertem no caminho, ou seja, partem para o arrependimento (do arrependimento anterior) e para a incredulidade. Alguns retornam (que teólogos chamam de reconversão), outros não, apostatando publicamente da fé um dia professada (Richard Dawkins é, talvez, o apóstata mais conhecido da atualidade).
Mas, o que dizer das instituições eclesiásticas, que muitos chamam de “Igrejas”, mas que prefiro chama-las de instituições mesmo, ou denominações, ou ainda, segundo Howard Snyder em Vinho novo, odres novos, entidades paraeclesiásticas? Será que, por carregarem pessoas cristãs, são, automaticamente, cristãs?
Penso que as instituições estão em séria crise de identidade. Apesar de nominalmente carregarem o nome do Crucificado, na prática muitas se esmeram em posicionamentos que mais se aproximam da turma de Anás e Caifás. Temos paulatinamente nos distanciado da simplicidade e objetividade do Senhor, que ensinava copiarmos os modelos das crianças e das donas de casa que acham moedas perdidas, e que tinha menos problemas com a pecaminosidade explícita de uma mulher moralmente torta que com a pecaminosidade recolhida dos religiosamente retos. Em vez disso, temos tentado emular o Grande Templo, com seus paramentos, seus pensamentos únicos e suas muitas e inúmeras regras. Tivemos a Inquisição no ramo católico do cristianismo, assim como a Bíblia nos mostra a Inquisição judaica contra Jesus e os primeiros cristãos; infelizmente temos pequenas inquisições veladas no seio protestante.
Aliás, não sei porque temos ainda esse nome. O protestantismo, de fato, nunca foi implantado aqui em toda a sua plenitude. O que veio foi uma diluição estadunidense do já diluído protestantismo que lhes foi ensinado da Europa, juntamente com usos e costumes que perduram até hoje. Muitos não usamos batina, mas o terno e a gravata cumprem a mesma função. Mas, contra o que mesmo protestamos? Contra a corrupção na política, especialmente lembrando dos panetones de Brasília? E a corrupção de nossa política interna, sem panetones mas com muitos manjares do rei? Será que temos protestado contra procedimentos escusos de gente de fora que se diz pertencer ao rebanho de Deus, quando muitos dos nossos tem apresentado os mesmos procedimentos? Por que será que o que o outro faz é condenável, enquanto que o que um dos nossos faz é palatável?
Entendo que o pecado é uma mácula individual. Mas também entendo que existe o pecado estrutural, ou seja, as estruturas, por serem feitas por gente pecadora, também padecem desse mal que desumaniza a criação de Deus. Entre outras conseqüências, o pecado estrutural estimula pastores a abandonarem suas vocações, transformando-se em meros gerentes, pois assim o mercado demanda. Também o pecado estrutural metamorfoseia o crente, fazendo-o um cliente exigente e chorão.
Enfim, é hora de conversão, ou reconversão. Não espero que as instituições se convertam. Mas espero que as pessoas de dentro dessas estruturas, incluindo aí eu e você, persigam o modelo de Jesus, tão desgastado em nosso tempo mercantilista, vil e apóstata.
Conversão, portanto, é um processo individual, nunca coletivo. Mas, através da conversão, o cristão é chamado a viver uma vida coletiva (a igreja), abandonando seu individualismo. Cada conversão é única, assim como é única a história de vida de cada um.
Alguns, porém, se cansam do caminho da conversão, e se pervertem no caminho, ou seja, partem para o arrependimento (do arrependimento anterior) e para a incredulidade. Alguns retornam (que teólogos chamam de reconversão), outros não, apostatando publicamente da fé um dia professada (Richard Dawkins é, talvez, o apóstata mais conhecido da atualidade).
Mas, o que dizer das instituições eclesiásticas, que muitos chamam de “Igrejas”, mas que prefiro chama-las de instituições mesmo, ou denominações, ou ainda, segundo Howard Snyder em Vinho novo, odres novos, entidades paraeclesiásticas? Será que, por carregarem pessoas cristãs, são, automaticamente, cristãs?
Penso que as instituições estão em séria crise de identidade. Apesar de nominalmente carregarem o nome do Crucificado, na prática muitas se esmeram em posicionamentos que mais se aproximam da turma de Anás e Caifás. Temos paulatinamente nos distanciado da simplicidade e objetividade do Senhor, que ensinava copiarmos os modelos das crianças e das donas de casa que acham moedas perdidas, e que tinha menos problemas com a pecaminosidade explícita de uma mulher moralmente torta que com a pecaminosidade recolhida dos religiosamente retos. Em vez disso, temos tentado emular o Grande Templo, com seus paramentos, seus pensamentos únicos e suas muitas e inúmeras regras. Tivemos a Inquisição no ramo católico do cristianismo, assim como a Bíblia nos mostra a Inquisição judaica contra Jesus e os primeiros cristãos; infelizmente temos pequenas inquisições veladas no seio protestante.
Aliás, não sei porque temos ainda esse nome. O protestantismo, de fato, nunca foi implantado aqui em toda a sua plenitude. O que veio foi uma diluição estadunidense do já diluído protestantismo que lhes foi ensinado da Europa, juntamente com usos e costumes que perduram até hoje. Muitos não usamos batina, mas o terno e a gravata cumprem a mesma função. Mas, contra o que mesmo protestamos? Contra a corrupção na política, especialmente lembrando dos panetones de Brasília? E a corrupção de nossa política interna, sem panetones mas com muitos manjares do rei? Será que temos protestado contra procedimentos escusos de gente de fora que se diz pertencer ao rebanho de Deus, quando muitos dos nossos tem apresentado os mesmos procedimentos? Por que será que o que o outro faz é condenável, enquanto que o que um dos nossos faz é palatável?
Entendo que o pecado é uma mácula individual. Mas também entendo que existe o pecado estrutural, ou seja, as estruturas, por serem feitas por gente pecadora, também padecem desse mal que desumaniza a criação de Deus. Entre outras conseqüências, o pecado estrutural estimula pastores a abandonarem suas vocações, transformando-se em meros gerentes, pois assim o mercado demanda. Também o pecado estrutural metamorfoseia o crente, fazendo-o um cliente exigente e chorão.
Enfim, é hora de conversão, ou reconversão. Não espero que as instituições se convertam. Mas espero que as pessoas de dentro dessas estruturas, incluindo aí eu e você, persigam o modelo de Jesus, tão desgastado em nosso tempo mercantilista, vil e apóstata.
Digão está ficando cada vez mais angustiado com a igreja, e divide a angústia aqui no Genizah
Pois é Digão, existem ainda 7000 "digões" que não dobraram o pensamento diante dos "baalins" do presente século, que não assumiram a forma farisáica nem a saducênica da religião dominante do pedaço - seja fora e/ou dentro das "denominações" que deveriam ser "protestantes"...
ResponderExcluirEnfim, Jesus, volta logo... tá ficando cada mais mais sem "graça" as coisas por aqui....
Como os demais textos publiclado neste blog, qualifica-se relevante este texto e a temática proposta. Digo que concordo com o autor Digão, e completo tecendo meu comentário, a seguir: a forma de viver como o Cristo nos deixou registrado é muito simples, tão simples que na mente de muitos tornou-se difícil. Confesso que realmente amar a si e o próximo, não falar de forma deturpada do seu semelhante, é díficil, amar, pois é um sentimento que exige simplicidade e prática diária, e falar mal dos outros está fortemente dentro de nós isso. Digo que se todos praticassem a real vida cristã não precisaríamos nem mesmo de sistemas governamentais, não haveria "empresa-igreja", tudo seria mais simples e pacífico de viver. Ser de Cristo não é fácil dentro das "coisas" já impostas pela nossa sociedade, porém sempre é tempo de mudar, e finalizo citando Romanos 8.31"(...) Se Deus é por nós, quem será contra nós?"
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