681818171876702

Dois lados da mesma moeda


Zé Luís

Geralmente, se tem direito a partilhas quando o o dono da herança já é morto. Este, no entanto, pede sua parte antes. Não queria esperar o pai morrer para por a mão na grana: “Vamos ao que interessa” era seu lema.

Mas o filho, o que ficou, fiel companheiro, trabalhador , testemunha das tristezas que o pai sentiu enquanto ele aguardava noticias do caçula, este sim era bom...

Será?

O filho mais velho se recusa a fazer parte da alegria daquele dia. O anel do pai está na mão do filho, as roupas do pai estão vestindo o gastador moleque que, por ter gasto tudo nas farras, não tinha o que por. A melhor refeição da grande casa foi servida. Tudo para um sujeito que não vale nada.

O pai então, questiona a reação de seu primogênito, esta é a resposta que se tem:

Você nunca me deu um novilho para gastar com meus amigos! Você nunca deu-me tanto, embora eu valha muito mais que este cabra safado! Eu mereço mais por viver com você, por nunca ter saído do seu lado! Eu tenho direito de não aceitar sua tola bondade por nunca ter te decepcionado!

Mal sabia ele que, naquele momento, sua máscara estava caindo. O real motivo de sua estadia não estava em querer ficar com o Pai por amor. Ele também almejava a herança, mas cinicamente, pensava ser melhor que o outro por manter todas as suas maldades e instintos debaixo da roupagem de bom filho e “esperar o tempo certo”.

O pródigo não queria que o pai morresse. Queria o dinheiro para saciar sua sede de carne.

O mais velho também. Só que nunca teve coragem de pensar que isso pudesse ser perdoado. Ele não aceitava a misericórdia que emana do Pai.

O caçula veio, buscando vaga nas fileiras de trabalho de seu pai. Nem conseguiu completar seu discurso previamente decorado. O pai o aceitou como filho, beijando-o, abraçando-o.
O mais velho não aceitou: o irmão, a atitude de seu pai. Mostrou ao pai, boquiaberto, sua verdadeira face. Não era por viver com Ele que o filho era como ele. Para isso, o Pai teria que viver “nele”.

Por isso o plano de Jesus, que sejamos um, parece não acontecer. Ser como Jesus é se alegrar – como Ele - quando gente que assume viver sem máscara decide – mesmo assim – estar com o Pai. Não importa para Ele quais os motivos que te trazem de volta. E isso aborrece os que ficaram, com suas máscaras de boa pessoa.
Se Deus é Amor, mas não se aceita o Amor do Pai, então: não se aceita o Pai em sua essência.
Dois filhos distantes do Pai, um no mundo dos sentidos egocêntricos, outro, na Igreja, esperando a oportunidade de viver algo que só existe no mundo dos desejos egocêntricos.

Postou Zé Luís, que se esforça para entender o Mestre, e expõe isso no Genizah

Postar um comentário

  1. Venho seguindo o blog a algum tempo e agora vou colocar um banner de vocês em meu blog se quiserem fazer o mesmo ficarei grato. Fiquem com Deus, um abraço! parabêns pelo blog!

    http://interatividadecrista.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  2. Muito bacana o ponto de vista, show.
    Podes crer né?
    O mais velho, ficou na bola quando o pai o aceitou.
    Mas sabe conforme o texto explana muito bem, as vezes agimos sob as regras que criamos no decorrer da vida, mas sem saber se essas mesmas regras são as das pessoas que nos cercam.
    Aí é que rola o confronto ou como o filho mais velho, caem as máscaras.
    Temos a todo o instante, renovar nosso entendimento para não agirmos com mesquinhez.
    Um forte abraço e Paz.

    ResponderExcluir
  3. é isso aí, Zé, excelente abordagem!

    Segundo o excelente livro do respeitado teólogo católico Henri Nouwen - A Volta do Filho Pródigo - os dois estavam perdidos, só que o mais novo sabia que sim e outro religiosamente tinha certeza que não. As perguntas que ele faz também são agudas: Qual estava perdido?
    E nós? Somos o pródigo? Ou somos o filho que fica?

    No Amado,

    Ielton Isorro

    ResponderExcluir
  4. Que beleza de texto, meu irmão. Exatamente o que penso. Veja as semelhanças de analise hermeneuticas e exegeticas em um texto sobre campanhas (convocação) de jejuns:

    http://gilson-contraheresias.blogspot.com/2010/02/espiritualizar-o-jejum-ou-coloca-lo-em.html

    O unico perigo é gostar.

    ResponderExcluir

ATENÇÃO: Comente usando a sua conta Google ou use a outra aba e comente com o perfil do Facebook

emo-but-icon
:noprob:
:smile:
:shy:
:trope:
:sneered:
:happy:
:escort:
:rapt:
:love:
:heart:
:angry:
:hate:
:sad:
:sigh:
:disappointed:
:cry:
:fear:
:surprise:
:unbelieve:
:shit:
:like:
:dislike:
:clap:
:cuff:
:fist:
:ok:
:file:
:link:
:place:
:contact:

Postagem mais recenteVamos ter senso de humor!
Página inicial item