Deus de rupturas ou de transições?
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Hermes C. Fernandes
A maioria dos cristãos crê que haverá um tempo de justiça e paz no mundo. Uns crêem que isso se dará através da cristianização do mundo, pela agência da igreja. Mas a maioria prefere acreditar que isso se dará subitamente, quando Cristo vier em glória e aqui estabelecer o Seu reino.
Para nutrirmos uma esperança bem fundamentada, precisamos recorrer às Escrituras, em busca do modus operandi de Deus. Como Deus tem trabalhado ao longo da História? A questão que surge é: Deus prefere trabalhar com rupturas ou transições? Se Ele trabalha com rupturas, é justo esperar que a qualquer momento a História sofrerá uma intervenção radical por parte de Deus, seja através de um vultuoso avivamento repentino, ou através da volta iminente de Cristo para o estabelecimento do Seu reino de paz e justiça. Mas se for comprovado que o método usado por Deus é caracterizado por transições em vez de rupturas, é plausível esperar que Ele trabalhe de maneira gradativa na expansão do Seu reino entre os homens.
Será que encontramos na natureza algum indício de como Deus trabalha? Em Gênesis 8:22 lemos: “Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite”.
Verão e inverno são dois extremos dentre as estações. Foram as duas primeiras estações a serem nomeadas pelos humanos. O verão é caracterizado pelo calor, enquanto o inverno, pelo frio. Com o passar do tempo, os homens observaram que entre um extremo e outro, havia uma período de transição. O calor do verão não cede ao frio do inverno de um dia para o outro. Antes que o inverno chegue, o verão tem que ceder lugar ao outono. E antes que o verão volte, o inverno cede sua vez à primavera. Hoje entendemos que o ano é dividido em quatro estações, e não apenas duas.
Da mesma maneira, o dia é dividido em duas partes de doze horas cada: o dia e a noite. O dia não vira noite de um minuto para o outro. Não se acende o sol como quem aperta um interruptor. Para que a noite vire dia, há um período extenso de transição que chamamos de “madrugada”. E para que o dia se torne noite, há um período chamado de “tarde”, ou “entardecer”. Da madrugada para a manhã há um breve momento chamado de “aurora”, ou “alvorada”. Da tarde para a noite há um breve momento chamado de “crepúsculo” (pôr-do-sol). Nada acontece abruptamente. Tudo obedece a uma ordem, a uma seqüência.
Podemos observar algo parecido no desenvolvimento da vida humana. Entre a infância e a vida adulta, há um período intermediário chamado “adolescência”. Neste período o indivíduo se adapta às novas dimensões do seu corpo, bem como às novas responsabilidades sociais da fase adulta. Ora se comporta como criança, ora como adulto. Alguns chamam esta fase de “aborrecência”, devido aos aborrecimentos sofridos pelos pais. Mas até isso é uma maneira de preparar os pais para “perder” seus filhos, atenuando o sofrimento por sua partida. Da fase adulta à velhice, há um período intermediário que chamamos de “meia-idade”. Aos poucos, nossas forças diminuem, e nos habituamos às limitações da terceira-idade. Já a velhice nos prepara para o grande salto, o momento da morte. O fato de sermos relegados a um segundo plano, nos dá a consciência de que a vida segue sem nós, de que não somos indispensáveis. O maior sofrimento que a morte trás se deve ao fato de não admitirmos que somos dispensáveis. Rubens Alves disse certa vez, quando perguntado se tinha medo da morte: “Não tenho medo da morte, tenho pena”. A gente tem dificuldade de aceitar que o mundo continua em sua trajetória, mesmo em nossa ausência. Não somos indispensáveis. E a velhice é o período que nos dá essa lição.
Imagine se dormíssemos crianças, e acordássemos adultos? E se no outro dia, amanhecêssemos idosos? O filme “De repente trinta” fala sobre uma adolescente que acorda com trinta anos. Sem ter tido tempo pra se adaptar, ela passa pelas situações mais inusitadas e cômicas.
Cada fase do desenvolvimento humano traz seus próprios desafios, e nos prepara para a próxima. O próprio Cristo teve de passar por cada fase. Ele poderia ter descido do céu já adulto. Mas em vez disso, experimentou ser um espermatozóide, depois um feto, um embrião, um bebê, uma criança, um adolescente, até chegar à maturidade, quando teve Sua trajetória interrompida pela morte, e por isso, não teve oportunidade de envelhecer. Por que Ele não apareceu já adulto, oferecendo-Se para morrer por nossos pecados? Pra quê ter que passar por tudo aquilo? Ter que aprender a engatinhar, a falar, a andar?
Tudo isso indica que Deus usualmente trabalha através de transições, e não de rupturas. Vejamos, agora, através da História, a maneira preferível de Deus trabalhar.
Na criação, por exemplo, Ele poderia ter feito todas as coisas instantaneamente. Bastava um estalar de dedos, e tudo surgiria do nada. Ninguém duvida que teria poder para isso. Entretanto, preferiu seguir uma seqüência. Tenha sido de 6 dias literais, como crêem alguns, ou em bilhões de anos, como advogam os cientistas, o fato é que Deus criou todas as coisas gradativamente, sem pressa.
Ao tirar o povo Hebreu do Egito, Deus poderia tê-los arrebatados até a Terra Prometida. Isso não constituiria qualquer dificuldade para Deus. Se Ele foi capaz de arrebatar Filipe, levando-o de um lugar ao outro em segundos, por que não poderia arrebatar todos os hebreus de uma só vez, poupando tanto trabalho? Mas em vez disso, permitiu que eles peregrinassem por 40 anos no deserto, até que estivessem prontos para herdar a Terra da Promessa. Já foi dito que o mais difícil não foi tirá-los do Egito, mas tirar o Egito do coração deles. O deserto representa o período de transição entre o cativeiro e a promessa.
Quando chegaram à Terra que manava leite e mel, Deus poderia ter instituído um reino imediatamente. Mas antes que Israel estivesse pronto para ser governado por um monarca escolhido por Deus, teve que viver debaixo da autoridade dos juízes por muitos anos. Homens como Gideão, Sansão, Samuel, e até uma mulher, Débora, ajudaram a preparar o povo israelita para viver sob a autoridade de um rei ungido por Deus.
Quando Jesus inaugurou a era da Graça, Ele sabia que a igreja necessitaria de um período de adaptação. O livro de Atos narra essa fase de transição. Por isso, não pode tomar o livro de Atos como normativo para igreja nos dias de hoje. A igreja primitiva não nos serve de modelo. Nela, encontramos situações atípicas, como a que Paulo tomou a Timóteo, que era filho de pai grego, e o circuncidou “por causa dos judeus” (At.16:3). Mais tarde, o próprio Paulo advertiu: “Escutai! Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará” (Gl.5:2).
Atos nos apresenta uma igreja adolescente, que ainda não se acostumara à realidade da Graça, e por isso, insistia em manter alguns resquícios da Lei. O livro de Atos equivale, no Novo Testamento, ao livro de Êxodos no Antigo Testamento. Ele narra a peregrinação do Novo Israel, da escravidão da Lei, para a liberdade da Graça.
Por isso, nenhuma doutrina pode se fundamentar unicamente no livro de Atos dos Apóstolos. Entre a remoção da Antiga Aliança, e a implementação da Nova, houve um período de transição. Foram necessários cerca de 40 anos, o equivalente a uma geração, para que a igreja tivesse o seu cordão umbilical cortado, rompendo de vez com o judaísmo. Isso se deu quando Jerusalém foi sitiada pelos romanos, e seu templo destruído, conforme previsto por Jesus.
A antiga Jerusalém teve que dar lugar à nova Jerusalém, a igreja de Cristo.
E quanto ao Reino de Deus? De que maneira ele se estabelecerá no mundo? Será por uma intervenção abrupta, ou gradativamente? Deixemos que o próprio Jesus nos diga:
“A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei? É semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e plantou na sua horta. Cresceu e fez-se árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu. Perguntou mais: A que compararei o reino de Deus? É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou” (Lc.13:18-21).
Ambas as parábolas indicam claramente que a implantação do Reino de Deus é gradual, e não abrupta.
É comum vermos crentes sinceros esperando por uma manifestação espetacular do Reino de Deus no mundo. Mas o modus operandi de Deus é outro. Ele prefere a discrição, em vez do espetáculo. Jesus deixa isso bem claro ao declarar que “o reino de Deus não vem com aparência visível. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque o reino de Deus está dentro de vós”(Lc.17:20-21).
Se Ele quisesse, poderia simplesmente aparecer para todos os homens, em um glorioso espetáculo, e dizer: Eu sou Deus! Tratem de obedecer aos meus mandamentos! Mas, pelo que tudo indica, não é isso que Ele pretende fazer. A semente de mostarda já foi plantada. O Filho de Deus já estabeleceu Seu Reino entre os homens em Seu primeiro advento. E o fermento já começa a levedar!
Estamos vivendo em um período de transição. Em breve, aquela pequena semente terá se espalhado em toda a Terra, e justiça do Reino brotará.
Não é à toa que Jesus Se apresenta como a “Estrela da Manhã”, aquela que anuncia que o dia já está amanhecendo. O caminho proposto por Deus à igreja é a vereda dos justos, que “é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv.4:18). Estamos a caminho do dia perfeito, quando o Sol da Justiça brilhará em todo o Seu resplendor. João dá testemunho de que “as trevas vão passando, e já brilha a verdadeira luz” (1 Jo.2:8).
Paulo também parece concordar com a afirmação joanina, ao declarar: “A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz”(Rm.13:12). Podemos dizer que estamos vivenciando a aurora do Novo Dia. Já podemos contemplar o dégradé, resultado dos primeiros raios solares que despontam no horizonte celeste.
Cabem aqui as palavras proféticas proferidas por Isaías: “Levanta-te, resplandece, pois já vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti. As trevas cobrem a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor vem surgindo, e a sua glória se vê sobre ti” (Is.60:1-2).
Repare no uso do gerúndio, demonstrando claramente que se trata de uma transição, e não de algo abrupto: “A glória do Senhor vai nascendo sobre ti (...) Sobre ti o Senhor vem surgindo”. Portanto, é hora de levantar, de despertar de nosso sono letárgico, e assumirmos uma postura de vanguarda neste mundo. Esta é a ordem do dia para igreja de Cristo espalhada no mundo:“Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará” (Ef.5:14). Em vez de ficarmos aguardando uma manifestação repentina do Reino de Deus, arregacemos as mangas e trabalhemos por sua expansão.
Já, já, poderemos fazer coro com Salomão: “Vê! Já passou o inverno; as chuvas cessaram, e se foram. Aparecem as flores na terra; o tempo de cantar chegou, e a voz das rolas ouve-se em nossa terra. A figueira já deu os seus figos, e as vides em flor exalam o seu aroma” (Ct.2:11-13a).
Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah
Prezado Danilo,
ResponderExcluirmuito bom o texto do Hermes. Gostaria de fazer algumas considerações: 1 - Afirmar que o livro de Atos não pode ser normativo é afirmar além do que está escrito. Se não é normativo temos que aceitar que o diaconato não tem constituição histórica e mesmo perderemos duas de suas caracterícas, ou seja, os diáconos devem homens cheios do Espírito Santo e Fé. Dizer que Atos não pode ser normativo, pois, se trata da fase da Adolescência da igreja é o mesmo que afirmar as experiências de Atos são descartáveis como as experiências de nossa adolescência, o que seria perder a transição da vida como o texto tentou apresentar. Em momento algum encontramos tal afirmativa por parte dos escritores bíblicos. Talvez queiramos enquadrar Atos dentro de nossa visão teológica. Daí com essa tentativa queiramos afirmar que ser revestido com o Espirito Santo é algo do passado ou que não precisemos mais dos dons do Espírito Santo para nossos dias, como se pudessemos operar o Reino de Deus sem essas ferramentas. Os mesmos dons de Atos foram normatizados por Paulo em I Coríntios. Paulo não escreveu sobre os dons em Corintios para falar sobre suas existências, mas para regulamentar o que já era vivido e praticado comumente naquela comunidade.
2 - O texto leva à conclusão que Deus opera somente com transição e nunca com rupturas. Isso é diminuir a ação de Deus. Deus opera também com rupturas, pois, entre judaismo e cristianismo há sim é ruptura e das grandes. Por exemplo: A própria doutrina da Trindade é uma tremenda ruptura com o conceito judáico de monoteismo. O monoteísmo cristão não é igual ao judaíco. Com o advento de Cristo a doutrina da Trindade ganhou forma e expressão. Na mentalidade judaíca não existia a manifestação de Deus em três pessoas pertecentes à mesma essência.
3 - O rompimento com o sistema de salvação pretendido pelos judeus não foi uma transição, mas uma ruptura.
4 - Quando Paulo diz em II Cor. 5:17 que: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo", não está falando de uma experiência de conversão somente como alguns entendem e pregam, mas está afirmando que um novo tempo (aionos) se manifestou e que uma era passou. Que estamos debaixo de um novo tempo que expressa ruptura total com o tempo passado. Que estávamos vivendo em uma era e que agora esta era passou e uma totalmente nova chegou.
E dai poderíamos seguir por muito tempo.
Um grande abraço.
Muito bom este artigo. Vou retwittar no mãesqueoram.Go ahead!
ResponderExcluirPrezado Pr. Luiz Fernando,
ResponderExcluirObrigado pelo comentário.Embora discordando de algumas de minhas colocações, manteve o tom de respeito, que infelizmente está cada vez mais raro em nossos dias.
Se considerarmos Atos um livro normativo, então, estaremos justificando a distribuição de lenços ungidos pelos apóstolos modernos, uma vez que Paulo assim o fez. Também justificaremos os votos judaizantes que alguns crentes insistem em fazer, respaldados no voto de Paulo, que raspou a cabeça.
O que há de normativo em Atos é o que ecoa nas Epístolas. A instituição do diaconato, por exemplo.
Também não acho que as experiências da adolescência devam ser descartadas. Muito daquilo que aprendemos nessa fase vão nos acompanhar pelo resto da vida.
Aproveito pra deixar registrado que não sou cessacionista. Creio na contemporaneidade dos carismas do Espírito, mas não subscrevo as meninices que têm sido praticadas sob esta capa.
Quanto à questão do modus operandi de Deus, preferindo transições em vez de rupturas, esclareço que em momento algum afirmei que Deus só aja através de transições. Mas acredito que tem predileção pela transição, evitando assim efeitos colaterais desnecessários. O que é a santificação senão uma transição? Falo da santificação experencial, e não da posicional.
A doutrina da Trindade foi desenvolvida ao longo de três séculos. Foi uma compreensão adquirada pela igreja paulatinamente.
Durante os primeiros anos de cristianismo, os discípulos continuaram a frequentar o templo e as sinagogas. O rompimento com o judaísmo só foi completo quando o templo foi derrubado em 70 d.C.
Excelente artigo. Vou recomendar a sua leitura aos pastores da igreja que pastoreio. Ele é, preferencialmente, um Deus de transições!
ResponderExcluirSempre interessantes as discussões levantada no Genizah. Nos levam a reflexão e ao entendimento. Os comentários de alto nível, revelam um povo que deseja avidamente crescer na graça e no conhecimento.
ResponderExcluirEu, fico por aqui de aprendiz, só bebendo da fonte.
Parabéns a toda a equipe do Genizah. Além de excelentes "réus", ótimos "coniventes".
O dilúvio não foi uma ruptura?
ResponderExcluirPrincipalmente para aqueles que não eram do convívio pessoal de Noé?
A confusão de línguas em Babel não foi uma ruptura?
Desculpe, mas discordo do autor. Deus atua da forma que bem entende.
Texto muito bem escrito. Hoje em dia é difícil um artigo longo na internet prender o leitor até o fim (pelo menos para mim), mas este conseguiu.
ResponderExcluirNão concordo com algumas coisas, mas me ajudou a repensar alguns conceitos.
Só destaco algo que acredito que você vai concordar comigo: acho perigoso dizer que Jesus, algum dia, foi um espermatozódio. Talvez seja melhor trocar por óvulo!
Abraços a todos e conheçam o meu site (http://baudecronicas.wordpress.com)
Thiago André Monteiro
Prezado Hermes,
ResponderExcluircomo sempre você é muito ponderado. Quando falei que Atos pode ser normativo, fiz menção principalmente a questão cessacionista. Porque as discussões teológicas giram em torno disso e os irmãos cessacionista utilizam está afirmativa de Atos não ser normativo para esse fim, o que respeito embora não concorde. Quanto a doutrina da Trindade, realmente o discernimento veio com o tempo, mas não podemos esquecer que a doutrina já estava explícita no Novo Testamento e isso antes do ano 70. Assim como toda a teologia estava explícita no N. Testamento e veio a ser sistematizada ao longo dos anos. Quanto ao rompimento completo com o judaismo ele se deu bem antes do ano 70, haja vista, as afirmações de Paulo em Atos. Quando ele voluntariamente deu as costas aos judeus e passou a evangelizar os gentios. A data do ano 70 é aceita, como o irmão bem lembrou, como o tempo do rompimento por causa do grande evento da queda do templo, o mesmo que dizemos que a queda do socialismo moderno se deu em 1989 com a queda do muro de Berlin. Sua exposição foi precisa e meus comentário foram somente para continuar o esforço mental empreendido pelo irmão.
Um abraço
Em Cristo
Eliéser Ribeiro
ResponderExcluirPaulo circuncidou Timóteo pq ele seria líder entre os judeus e isso poderia causar algum constrangimento nos judaizantes. Enquanto que para os gentios que iam se convertendo a circuncisão não era imposta.