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Revelando a Química do Coração



Hermes Fernandes

Por que Deus prova nossos corações?

No mesmo salmo em que Davi afirma que “de longe” Deus entendia seus pensamentos, ele pede: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos” (Sl.139:2,23). Ora, se Ele nos conhece tão bem, a ponto de saber o que pensamos, mesmo antes que a palavra nos chegue à boca, por que deveria nos provar? Não há nada que façamos que Lhe passe despercebido. Ele esquadrinha nosso andar e o nosso deitar; conhece todos os nossos caminhos. Ele criou o nosso interior, moldando-nos no ventre materno. Os Seus olhos viram nosso corpo ainda informe. Portanto, conhece profundamente nossa composição orgânica e psíquica. Todos os nossos dias foram previamente ordenados por Ele. Quem nos conhece tão bem quanto Ele? Então, por que nos provar?

Uma das razões pelas quais Deus nos prova é revelar-nos o estado do nosso coração. Ao nos provar, Deus deseja nos conduzir pelas sendas do autoconhecimento. Não é Ele quem precisa nos conhecer, mas nós que necessitamos nos conhecer mais. Tornamo-nos estranhos a nós mesmos. Achamos que nos conhecemos, porém somos sempre surpreendidos com facetas desconhecidas de nossa personalidade.

Que diagnóstico as Escrituras fazem do coração humano?

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e incorrigível. Quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, e provo a mente, para dar a cada um segundo os seus caminhos, e segundo o fruto das suas ações.” Jeremias 17:9-10

O pior dos enganos é o auto-engano! Nosso coração sempre nos prega peças. Seu grau de corrupção chegou a tal ponto que se tornou incorrigível. Em outras palavras, não tem jeito.

Uma das razões que levou o coração humano a chegar a tal estado é explicado por Salomão:

“Visto que não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto à prática do mal.” Eclesiastes 8:11

Deus não admite impunidade. Sua justiça requer que todo erro seja devidamente tratado. Porém, a aplicação de Sua disciplina sempre visa o bem e a restauração de quem errou.
Entretanto, às vezes, tal disciplina parece retardar-se. E a razão desse retardamento proposital está explícita nas Escrituras: “Ele é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pe.3:9). É a Sua misericórdia que suspende temporariamente o juízo, dando-nos tempo para que nos arrependamos (Ap.2:21). Mas o homem, em seu estado pecaminoso, entende isso como uma licença para pecar. Por isso, seu coração fica inteiramente disposto à prática do mal. Ele não percebe a justiça de Deus tarda, porém não falha (Na.1:3).

Podemos crer em nossa própria avaliação?

Dado o estado lastimável do coração humano, dá pra acreditar em sua capacidade de avaliação? Seríamos aptos a julgar com isenção?

De acordo com o sábio Salomão, “o que confia no seu próprio coração é insensato” (Pv. 28:26a).
Quando julgamos os outros, geralmente somos severos em nossos critérios de avaliação.
Mas quando julgamos a nós mesmos, somos sempre condescendentes. Como bem disse Salomão,“todos os caminhos do homem são inocentes aos seus olhos, mas o Senhor pesa os motivos” (Pv. 16:2). Há, portanto, uma instância que só Deus pode julgar: nossas motivações.

Deus não Se deixa impressionar por nossas atitudes. Ele avalia aquilo que as motivou. Pode-se fazer a coisa certa, mas pelos motivos errados. Aos olhos dos homens, somos santos e irrepreensíveis, porém, aos olhos de Deus estamos deixando a desejar.

Quando olhamos para dentro de nós, deparamo-nos com motivações inconfessáveis. E para tranqüilizarmos nossa consciência, sempre buscamos justificativas. Em vez de buscar reconciliar-nos com Deus, buscamos nos reconciliar com o travesseiro.

Nossa avaliação só é válida quando concorda com a avaliação do próprio Deus. Não temos o direito de nos opor aos critérios apresentados na Sua Palavra. Se disser que algo é mal, não há o que se discutir.

Vale aqui a admoestação de Isaías:

“Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal, que fazem da escuridade luz, e da luz escuridade, que põem o amargo por doce, e o doce por amargo.” Isaías 5:20

Entre confiar em meu próprio paladar e confiar no que Deus diz, prefiro confiar cegamente em Sua Palavra. Meus sentidos não são inteiramente confiáveis. Devemos viver por fé, e não por vista. E viver por fé nada mais é do que submeter-se inteiramente à avaliação de Deus.

Achamos que somos profundos conhecedores de nós mesmos. Além de nossa típica condescendência, somos muito superficiais. Temos medo de nos aprofundar.

Alguns dos nossos erros são patentes, porém outros nos são ocultos.

“Quem pode entender os próprios erros? Purifica-me dos que me são ocultos.” Salmos 19:12

Para sermos restaurados temos que trilhar o caminho do arrependimento e da confissão. Arrepender-se é concordar com a avaliação de Deus, sem tentar justificar-se. Confessar é expor a ferida para que seja tratada. Mas como podemos nos arrepender e confessar aquilo que nos é oculto?

Seria como se automedicar, sem saber de que enfermidade está acometido. Temos que passar por exames médicos, que vão diagnosticar com precisão a doença que precisa ser tratada.

Davi, sabendo disso, orava ao Senhor: “Sonda-me, ó Deus...” (Sl. 139:23).

Não é Ele que necessita nos sondar pra ver quem realmente somos. Esta sondagem visa nos fazer conhecer as facetas ocultas do nosso ser.

Ele nos sonda para nos revelar o que está oculto, e assim, nos possibilitar o arrependimento.

“Disse eu no meu coração: Isso é por causa dos filhos dos homens, para que Deus possa prová-los, e eles possam ver que são em si mesmos como animais.” Eclesiastes 3:18

“A luz que a tudo manifesta” é acesa nos recôndidos mais escuros do ser, possibilitando-nos enxergar toda a poeira acumulada na mobília da nossa alma (Ef.5:13).

Ora, ninguém pode fazer uma faxina na casa com as luzes apagadas.


Continua...

***
Hermes Fernandes é um dos mentores desta subversão aqui no Genizah

Postar um comentário

  1. Ele não percebe a justiça de Deus tarda, porém não falha (Na.1:3).

    Gosto do ditado popular que diz que quanto mais eu rezo mais assombração aparece.

    Parafraseando: Quando mais eu oro mais pecado aparece.

    Tem que aparecer mesmo, para ser confessado, e assim ainda encontrar perdão em tempo oportuno.

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