Será que eu realmente amo a Deus?
http://genizah-virtual.blogspot.com/2014/08/sera-que-eu-realmente-amo-deus.html
“Deus, eu não te amo; nem mesmo quero amar-te. O que quero é querer amar-te” (Teresa de Ávila)
Hoje tomei coragem para abrir uma das gavetas fechadas da assim chamada minha teologia: a gaveta das relações. Nela encontrei uma questão intrigante: eu realmente amo a Deus? Como humano que sou, engatinhando no chão sedutor do amor, posso oferecer a Deus aquilo que é parte constituinte de seu próprio ser?
Como é essa coisa de amar a Deus? É troca de afetos? É espiritualidade de absorção? É uma espécie mascarada de desejo? Amo a Deus como teólogo reagindo à ideia/Deus? Como filósofo vasculhando o território convidativo do mistério? Como os poetas sentem...
É possível amar a Deus mesmo sabendo que meu amor é aprisionado à tendência de enxergá-lo no perigoso campo da imaginação? O que eu amo é Deus ou o rosto ocidentalizado que a arte insiste em pintar barbudo, branco e senil? Ou seu avatar louro e de olhos azuis, na tentação europeia? Amo o Deus das representações africanas, às vezes chocantes ao imaginário misturado dessas bandas de cá do mundo?
Não tenho respostas – nem as quero – elas não podem amar também. Talvez essa seja justamente minha estranha forma de amar a Deus: tateando na escuridão, procurando sinais de rosto oculto na tela confusa do cotidiano. Talvez isso seja amar...
Amo a Deus como amo meu filho? Como amo minha mulher? Será que alguém consegue amar a Deus no nível agigantado do triunfalismo das religiões? Admito certa relutância com gente que bate no peito e, infectado pelo vírus de todas as certezas, grita aos quatro ventos: “Eu te amo, ó Deus!” Será?
Procuro amar. Busco um amor realista. Simples. Amável. Parecido com o amor de um poeta japonês ao escrever para sua esposa em suas “bodas de ouro”: “Cinquenta anos casado com a mesma mulher: o amor é horrível!”
Não amo, ainda, mas sigo...
Alan Brizotti, pensando alto aqui no Genizah
Ótimo texto. Mas eu resumiria com a seguinte citação:
ResponderExcluir"Porque nisto consiste o amor a Deus: obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados" (I João 5:3)
Joab Farias
Simplismente DEMAIS!
ResponderExcluirParabéns é tudo que os que se dizem "amantes de Cristo" precisam ler.
Amo sim. E é a única certeza que tenho nessa vida.
ResponderExcluirAbs
Lene
Nossa...tirou a questão de dentro do meu coração! Quantas vezes me questiono se realmente amo a Deus...como Ele me vê? Eu amo Ele de verdade ou amo condicionalmente?
ResponderExcluirSerá que eu posso dizer COM CERTEZA NO CORAÇÃO E SEM MEDO aquela frase conhecidíssima, de Rabia Al Adawiya: "SE EU TE ADORAR POR MEDO DO INFERNO, QUEIMA-ME NO INFERNO. SE EU TE ADORAR PELO PARAÍSO, EXCLUA-ME DO PARAÍSO. MAS SE EU TE ADORAR PELO QUE TU ÉS, NÃO ESCONDA DE MIM A TUA FACE!"? Posso dizer essa frase hoje? Posso ter certeza que amo a Deus só por Ele ser quem é, simplesmente??
Dúvidas...incertezas...como saber?
Leka-BH/MG
Pelo menos sabemos pela bíblia que é isso que ele quer de nós...que o amemos!!! Difícil!???, Eu sei, também tô na luta, mas nada no cristianismo é fácil, alias...
ResponderExcluir"...Não existe cristianismo fácil. Se é fácil, não é cristianismo; se é cristianismo, não é fácil."
frase de J. Blanchard
É isso, sem tirar nem por, meu amigo querido. Amamos o privilégio, os benefícios... e dizemos ser amor a Deus. Basta nos vir o fogo e somos como a oferta com mel sobre o altar, que rapidinho perde a doçura e deixa vir o amargo. Melhor seria dizermos a Deus - Pai, quero amar-Te, como bem o disse Teresa de Ávila.
ResponderExcluirBelo texto, Alan.
Um abraço. A você e aos seus!
Grande Rubinho!!!
ResponderExcluirObrigado pelas palavras.
Abração
Pensei que esse sentimento era só meu...
ResponderExcluirGrato pelo encorajamento do seu texto!!