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O deus do Alcorão é o mesmo Deus da Bíblia?

Magno Paganelli


No post anterior tratei a questão da confusão entre os nomes dados por árabes e judeus a quem chamam “Deus”. Jeová (Yahweh) é o Deus judaico-cristão e árabes e muçulmanos têm Allah como expressão da maior divindade. A questão equacionou a confusão que não interessa aos cristãos, de confundir a adoração devida a Jeová. Ao profeta do Islã, Mohammad, interessava aproximar-se de judeus e cristãos, pois se conseguisse convencê-los teria muitos possíveis seguidores. Mas Jeová e Allah são essencialmente distintos.

E como podemos saber? Lendo a Bíblia e o Alcorão e comparando. Os teólogos e sábios muçulmanos insistem em que judeus e cristãos coromperam as Escrituras e Mohammad foi enviado por Allah a fim de corrigir isso (é possível ver uma possível contradição nas Suras 4.136 e 10.94, versão Challita). Se fosse o mesmo ser, por que houve descontinuidade da Bíblia para o Alcorão, escrito 600 anos depois de Cristo?

Allah é radicalmente oposto a Jeová. O discurso islâmico quando os imigrantes chegam a uma nação sempre foi de paz. Assista a uma entrevista, leia um edital, procure uma manifestação oficial e verá alguém preocupado com o desenvolvimento social, com a educação, com os pobres e devotado às orações, jejuns e espiritualidade. Seria muito bom se o espírito do Islã fosse esse.

A repetida alegação de que o deus do Islã seja o mesmo Deus cristão com nomes diferentes não é verdade. Se um muçulmano pensa assim, está enganado sobre Jeová. Essa afirmação pode ser conferida, pois o Alcorão registra o que estou afirmando. Allah insistentemente ameaça de sofrimento eterno no inferno ou sofrimentos e castigos, julgamento e perdição uma vez a cada 7,9 versos. Em contraste, no Antigo Testamento isso ocorre uma a cada 774 versos e no Novo Testamento uma a cada 120 versos. No Antigo Testamento, que os muçulmanos acusam de também promover a guerra e a vingança, os castigos representam a menor parte de todo o texto. Sem contar que esses textos precisam ser avaliados à luz de uma exegese séria, que não é feita por eles quando citam a Bíblia. Nem mesmo no estudo do Alcorão se mostram fiéis aos critérios de estudo de textos antigos ou sagrados (hermenêutica). Veja isto:

... a tendência crê na possibilidade do ijtihad (livre) nos demais domínios da vida, e por conseguinte na legitimidade de trocar ou modificar o Texto Religioso [Alcorão e hadiths] em seu sentido interpretativo, segundo os interesses do momento e as circunstâncias da situação.(1) (ênfases acrescentadas)

Que “verdade” é essa que pode ser mudada em função de “interesses do momento e circunstâncias da situação”?

O Alcorão não tem uma sequência de 100 versos sem uma ameaça de perdição no inferno. Dos seus 6.151 versos, 109 deles são versos de guerra, isto é, um a cada 55 versos estimula a guerra.(2) Por esse motivo é preciso entender que se trata de dois seres divergentes.

O Deus judaico-cristão, embora rigoroso com os seus, não tem prazer na morte do ímpio (Ez 33.11), e corrige como qualquer um de nós faria com seus filhos, mas ama, protege, orienta e, principalmente, dá graça, salva generosamente (Ef 2.8,9). Allah não dá garantias de salvação, salvo ao mártir, aquele que “morre pela causa”. Aos demais, é preciso contar com a boa sorte após a morte.

O Islã não comporta a crença da salvação como obra de Deus em favor do pecador. O deus do Islã não salva, mas é rápido e eficiente para enviar os infiéis para o fogo. O hadith 24 diz que o Islã é uma religião que não crê no Salvador vindo de Deus, e apoia a salvação pelas obras:

Ó servos meus, são as vossas obras que computo. E logo vos compensarei por elas.

No comentário de abertura de Os Quarenta Hadiths, o libanês muçulmano Samir El Hayek afirma:

Todas as pessoas nascem sem pecado, e nobres, sendo que não há necessidade de um Salvador. Elas são responsáveis pelo que têm ganho, de bom ou de mal.(3)

Tem devoção e temos a Deus, onde quer que estejas. E depois de haveres cometido uma falta, apressa-te em contrabalançá-la com uma boa obra, pois esta a extirpará. Ademais, convive bondosamente com as pessoas.(4) (tradição Tirmizi)

O professor Hayek afirma não haver Salvador nem a necessidade de um. Os Ditos (5) asseguram ser preciso “lutar contra os idólatras, até que prestem testemunho de que não há outra divindade”.(6) O raciocínio lógico que se obtém da junção desse ensino é o seguinte:

1. Não há Salvador
2. Minhas obras levam-me à salvação
3. Lutar contra os infiéis (judeus e cristãos) é uma obra desejável
4. Para salvar-me, vou combatê-los
Embora o Alcorão chame Allah de “clemente e misericordioso” exaustivamente, o Deus cristão não promove esse pensamento. Paulo diz como cristãos devem encarar todo e qualquer conflito:

... pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais (Ef 6.12).

Em qualquer situação os cristãos verão as divergências nesta perspectiva; não lutamos no campo físico, pessoal e material, mesmo sabendo que a consequência natural do mundo espiritual ocorra no mundo físico.



NOTAS

(1) ASSAYED, Ayatullah Al-Odhma & ASSADR, Mohammad Baquer. Estudos islâmicos sobre Al-Wilayah e Al Mahdi. São Paulo: Centro Islâmico no Brasil, 2006, p.63. (2) RICHARDSON, Don. Segredos do Alcorão. Camanducaia: Missão Horizontes América Latina, 2007. (3) HAYEK, Samir. Os quarenta hadith (ditos), p. 2. (4) Ibidem, p. 6. (5) Os Ditos (hadiths ou ahadiths são comentários dos ditos do profeta Mohammad (Maomé) preservados oralmente por seus companheiros e pelos primeiros líderes do Islã. (6) O Dito 8 diz: “Deus me ordenou lutar contra os idólatras, até que prestem testemunho de que não há outra divindade além do Deus único, e de que Mohammad é o Mensageiro de Deus... Se cumprirem isso, terão salvaguardado suas vidas e seus bens de mim... Deus os fará prestar contas” (Bukhari e Muslin). Ibidem, p. 4.


(*) Este artigo foi extraído e adaptado do livro Islamismo e Apocalipse, de Magno Paganelli (Arte Editorial, 2012). É usado com autorização e pode ser reproduzido desde que citada a fonte. http://arteeditorial.net.br/web/







 

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  1. O povo indonésio que antes tinha uma tradição pacífica tem sido influenciado por forças muçulmanas radicais árabes. Tem-se observado, nas últimas décadas, uma radicalização da sociedade indonésia em que muçulmanos que tinham nomes hindus abdicam do seu nome de tradição hindu para assumirem nomes árabes, e ANIQUILAM indígenas de Papua, transplantando muçulmanos para esta região,seguindo a política de colonos como faz a China no Tibet. É preocupante observar como tradições culturais de zonas geográficas amenas abdicam da sua alma afável para adquirirem a aspereza cultural nómada do deserto. Por todo o mundo muçulmano se tem observado uma contínua radicalização. A Arábia Saudita, o Irão, o Paquistão e o Afeganistão têm sido os maiores incrementadores do extremismo árabe. São tendências que a História corrige mas a custo de grande tributo. Segundo previsões do CBN, no ano 2030, a maioria da população de Bruxelas será muçulmana. Aber Imran, chefe do grupo “Sharia 4 Belgium” afirma: “Democracia é contrária ao Islão” e Allah é quem diz “o que é proibido e o que é permitido”. Grupos moderados muçulmanos não se levantam contra os salafistas nem contra terroristas muçulmanos porque estes se fundamentam no Corão e para os contradizerem entrariam em contradição com o Corão. Os salafistas no Egipto (“Partido da Luz”) conseguiram 30% dos votos. Todo o norte de África se encontra a caminho duma radicalização nunca vista. As diferentes civilizações ainda se encontram muito subdesenvolvidas e primitivas no que toca ao seu estádio espiritual. Só uma atitude de respeito de todo o Homem e de toda a cultura para com o Homem e para com a natureza poderão levar à paz. De momento, o extremismo ideológico político-religioso e o extremismo económico dominam os povos. António da Cunha Duarte Justo

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