681818171876702
Loading...

PARASITAS

Guerra Junqueiro (1850-1923)

Filósofo e poeta português, dos mais famosos. Também se notabilizou por sua crítica à hipocrisia e ao fausto da igreja católica romana. Fico a imaginar o seu espanto ao saber dos nossos apóstolos modernos.




PARASITAS (1886)

No meio duma feira, uns poucos de palhaços 
Andavam a mostrar, em cima dum jumento
Um aborto infeliz, sem mãos, sem pés, sem braços, ...
Aborto que lhes dava um grande rendimento.

Os magros histriões, hipócritas, devassos,
Exploravam assim a flor do sentimento, 
E o monstro arregalava os grandes olhos baços, 
Uns olhos sem calor e sem entendimento.

E toda a gente deu esmola aos tais ciganos:
Deram esmola até mendigos quase nus.

E eu, ao ver este quadro, apóstolos romanos, 
Eu lembrei-me de vós, funâmbulos da Cruz, 
Que andais pelo universo há mil e tantos anos, 
Exibindo, explorando o corpo de Jesus.



Dica da Cláudia Noveti


Cultura 6632885485483061784

Postar um comentário

  1. Como vemos, não lidamos com algo novo, muito pelo contrário.

    Velhos problemas, novas soluções? No lo creo, señor...

    ResponderExcluir
  2. O problema é que tem um povo que gosta de abraçar o espinheiro.É triste mas é verdade!
    Vai mais um texto do Guerra que esclarece bem a atual conjuntura.

    UM POVO IMBECILIZADO E RESIGNADO...
    "Um povo imbecilizado e resignado,
    humilde e macambúzio,
    fatalista e sonâmbulo,
    burro de carga,
    besta de nora,
    aguentando pauladas,
    sacos de vergonhas,
    feixes de misérias,
    sem uma rebelião,
    um mostrar de dentes,
    a energia dum coice,
    pois que nem já com as orelhas
    é capaz de sacudir as moscas;
    um povo em catalepsia ambulante,
    não se lembrando nem donde vem,
    nem onde está,
    nem para onde vai;
    um povo, enfim,...

    É mole!

    Bonani

    ResponderExcluir

ATENÇÃO: Comente usando a sua conta Google ou use a outra aba e comente com o perfil do Facebook

emo-but-icon

Página inicial item