PARASITAS
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Guerra Junqueiro (1850-1923)
Filósofo e poeta português, dos mais famosos.
Também se notabilizou por sua crítica à hipocrisia e ao fausto da igreja católica romana. Fico a imaginar o seu espanto ao saber dos nossos apóstolos modernos.
PARASITAS (1886)
No meio duma feira, uns poucos de palhaços
Andavam a mostrar, em cima dum jumento
Um aborto infeliz, sem mãos, sem pés, sem braços,
...
Aborto que lhes dava um grande rendimento.
Os magros histriões, hipócritas, devassos,
Exploravam assim a flor do sentimento,
E o monstro arregalava os grandes olhos baços,
Uns olhos sem calor e sem entendimento.
E toda a gente deu esmola aos tais ciganos:
Deram esmola até mendigos quase nus.
E eu, ao ver este quadro, apóstolos romanos,
Eu lembrei-me de vós, funâmbulos da Cruz,
Que andais pelo universo há mil e tantos anos,
Exibindo, explorando o corpo de Jesus.
Dica da Cláudia Noveti
Genizah também é Cultura. Valeu!
ResponderExcluirComo vemos, não lidamos com algo novo, muito pelo contrário.
ResponderExcluirVelhos problemas, novas soluções? No lo creo, señor...
O problema é que tem um povo que gosta de abraçar o espinheiro.É triste mas é verdade!
ResponderExcluirVai mais um texto do Guerra que esclarece bem a atual conjuntura.
UM POVO IMBECILIZADO E RESIGNADO...
"Um povo imbecilizado e resignado,
humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo,
burro de carga,
besta de nora,
aguentando pauladas,
sacos de vergonhas,
feixes de misérias,
sem uma rebelião,
um mostrar de dentes,
a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas
é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante,
não se lembrando nem donde vem,
nem onde está,
nem para onde vai;
um povo, enfim,...
É mole!
Bonani