Nem “kit gay”, nem “kit crente"
http://genizah-virtual.blogspot.com/2011/05/nem-kit-gay-nem-kit-crente.html
Norma Braga
Vivemos em um país democrático. Apesar dos mandos e desmandos do partido trabalhista no poder, não podemos sequer por um segundo comparar o Brasil com a China comunista (onde ainda hoje o acesso à internet écontrolado), com a Cuba socialista (onde se prendem e matam dissidentespolíticos), com países em que o islamismo é a religião dominante (onde gays e cristãos são assassinados com a conivência do governo e do povo).
De modo geral, os brasileiros têm asseguradas suas liberdades fundamentais.
No entanto, há aqui uma perseguição não-violenta, que com raras exceções é informal, subjetiva e dispersa — umaperseguição que não vem com força de lei, mas é exercida de acordo com preferências pessoais, acentuadas segundo as circunstâncias. Não juntei à toa “gays e cristãos” no parágrafo acima: assim como são igualmente visados nos países muçulmanos, acredito que, no Brasil, ambos os grupos
se assemelham no modo de perseguição sofrida. Chocante a ideia? Explico.
Nas universidades públicas, onde caminhões de literatura “libertária”anticristã são despejados há décadas, os perseguidos da vez são os cristãos, associados a um conservadorismo rançoso e a estreiteza mental. O estudante cristão precisa aguentar calado em sala de aula umaquantidade impressionante de bobagens sobre o cristianismo, quando nãose depara com insultos diretos, tanto do professor quanto das obras que precisa ler. Deve cuidar para não sentir-se desmotivado ao ouvir, vezes
sem conta, que o conteúdo das matérias que estuda “é incompatível com a fé cristã” ou que a abertura de espírito necessária à investigação científica é inversamente proporcional a sua lealdade religiosa. Se
teima em proclamar o que crê em alto e bom som no ambiente universitário, ou se apenas decide integrar o cristianismo a seus horizontes como um dado a mais, o aluno é tolhido em seus trabalhos e
vigiado em sua trajetória. Caso escolha a carreira acadêmica, se não for barrado pelos professores da bancas, será considerado pela maioria um outsider, indigno de apreciação intelectual verdadeira. E o mesmo banimento dos cristãos pode ser verificado na quase totalidade dos veículos de produção cultural do país.
E onde os gays são mais perseguidos? Não é na família em primeiro lugar: hoje, pai e mãe aceitam com cada vez mais naturalidade a “opção” dos filhos. Não é no ambiente escolar eacadêmico: professores gays que se assumem são até considerados maisdivertidos. Em funções associadas a moda, beleza e artes em geral, o gay que sai do armário é recebido com palmas. Talvez o profissional encontre alguma dificuldade em meios que exigem maior sisudez, como o do direito. Mas creio que a discriminação mais pesada se dá nas vias públicas, nos ajuntamentos, onde se suscita muitas ocasiões para a perda das boas maneiras. Já presenciei uma espécie de bullying insistente sofrido por um homossexual bem feminino que caminhava pelas calçadas do centro de Niterói. As provocações duraram o trajeto de uma rua inteira e os machões que as proferiam se sentiam totalmente à vontade. Abomino esse tipo de coisa e não queria estar na pele dele/dela naquele momento. Quanto à violência, a história é outra: quem surra e mata homossexuais também surra e mata índios, mendigos, mulheres,
estrangeiros ou qualquer outra pessoa em situação de vulnerabilidade.
Estou falando de perseguidores, gente que até pode ser imbecil, mas que é normal; não de psicopatas.
Como na universidade tanto alunoscomo professores gostam de mostrar-se liberais (dá status), não há muita ocasião para manifestações contra gays. Pelo contrário: na Letras, por exemplo, há uma linha de estudos todinha dedicada a eles. (Não há, que eu conheça, uma linha de estudos que seja cristã.) Por outro lado, os cristãos não estão livres do bullying, nem em suas próprias famílias, nem entre amigos. Quando me converti, aguentei inúmeras piadas e expressões de desagrado. E também perdi amigos. Há quem tenha perdido o afeto de toda a família, sobretudo quando seus membros eram muito apegados a outras religiões. Sei que gays passam pelas mesmas tristezas.
Nem sempre essa faceta difícil é revelada em público pelos crentes, pois preferimos falar de Jesus (o objeto de nossa fé) em vez de insistir em nossas desventuras (que são ínfimas se comparadas à alegria da salvação).
E aqui chego a meu ponto. Sim, somos perseguidos de modo semelhante. Mas há uma diferença, ou melhor, duas. A primeira épolítica: no Brasil de hoje, a simpatia generalizada pelo homossexualismo se tornou uma conquista prioritária para o governo. A midia e instituições de ensino (debaixo de um controle estatal grandedemais para nossa condição de país democrático) têm refletido várias estratégias massivas para ganhar essa simpatia (a última delas foi o tal “kit gay”). Quanto aos cristãos, o normal e aceitável há muito tempo é a antipatia generalizada: falar mal de padres e pastores, inventar
personagens “evangélicos” caricatos e histriônicos para as novelas, fazer piadas sobre o Deus da Bíblia, ridicularizar a fé, tudo isso é até “bonito” aos olhos dos formadores de opinião. Assim, podemos afirmar que os dois grupos estão em condições bastante desiguais: as consequências da perseguição anticristã são mais graves, pois não temos o governo como parceiros no fomento de uma imagem mais aceitável — e nem queremos: do governo, só esperamos que trate a todos com verdadeira igualdade, sem favorecimentos injustos (nem “kit gay”, nem “kit crente”: ao governo não cabe doutrinar nossas crianças, e um governo laico não deve impor uma religião disfarçada, como nos tempos do paganismo).
A segunda diferença é mais profunda, psicológica e espiritual: como se reage à perseguição? Se são fiéis às orientações de Jesus, os cristãosoram por seus perseguidores e os tratam com bondade, de acordo com Mateus 5.24. Já os gays se juntam em lobby para instaurar leis opressivas contra quem os persegue. Sei que pareço cometer uma injustiça quando generalizo, usando o termo “os gays”. Mas me pergunto: onde estão os homossexuais que não querem seus nomes associados a coações jurídicas? Onde estão seus blogs, suas petições, suas passeatas? Peço a vocês, homossexuais que não concordam com nada disso: levantem-se e clamem, por favor, antes que, caso aprovem o PLC 122, seja fomentada no país uma verdadeira cultura da imposição gay. A pecha de “autoritário”, em nossos dias, não é nada agradável. Vocês realmente acham que a opinião pública ficará a seu favor quando começarem a punir
indiscriminadamente, subjetivamente, os ofensores “homofóbicos”? (E se puníssemos os “cristofóbicos” da universidade, como seria?) Por que não estimulam que se reaja com mais nobreza aos ataques não-violentos? (Contra os ataques violentos já existe lei.) Se vocês não são religiosos, precisam concordar, pelo menos, que o exemplo de Jesus é inspirador.
Quanto aos cristãos, há décadas ninguém dá a mínima por eles. Continuaremos sofrendo zombarias, desprezo, ameaças. O que faremos? Elaboraremos leis para calar à força e mandar para a prisão quem nos persegue? Não, de modo algum. Que Jesus nos ajude a cumprir a vontade do Senhor: “Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus.”
Título original: Últimas palavras sobre o PLC 122
Ótimo texto! Tenho acompanhado a enorme pressão que tem se feito no país para a imposição desta nova casta. Logo teremos cotas em universidades para gays e daqui a pouco vamos ter de respeitar os pedófilos por sua "opção sexual". O triste é ver que o Brasil, como nação, está deixando de ser uma país de pecado, para ser um país de iniquidade e assim como foi com Sodoma e Gomorra, não resta outra coisa se não o Juízo de Deus e mais triste ainda é ver uma Igreja desunida, tão preocupada com o individual e com as "bença" do que com o Reino de Deus.
ResponderExcluirMaranata, vem oh Rei Jesus!
Parabéns pelo texto.
Tudo bem que "neguinho, branquinho, amarelinho" mete o malho no Malha&Fala. Mas, tirem o Silas da TV é só vai sobrar o Bolsonaro sendo caricaturizado pela "mídia progressista" e os evangélicos vão perder espaço nesse debate. Por mais complicado que seja o Malafaia, eu quero que ele permaneça na tv para que pelo menos a gente possa ter alguém em rede nacional bradando contra a "crentofobia" sofisticada e evolutiva da sociedade ultra-humanista que, a exemplo do passado, mira em Deus pra atingir a Igreja.
ResponderExcluirGostei de tudo que li. Concordo com tudo que li, só não "aplaudo" a parte em que a autora do artigo pede sensatez e aos gays se sensibilizem quanto a nós pobres cristãos, também injustiçados pela imposição e intolerância do mundo.
ResponderExcluirSe estivermos mesmo no prenúncio do fim dos tempos, no sentido literal, nada impedirá que esse documento anticonstitucional seja aceito e assinado. Com pressão da mídia através da propagação de uma cultura extremamente permissiva e nociva ao que Deus instituiu como dom (família e adorar a Ele acima de todas as coisas), não me espantaria com a aprovação geral deste documento (PLC 122).
A única coisa pela qual oro, atualmente, é que Deus use esse episódio, marcante em nossas histórias, para que homens e mulheres (independente da idade) adquiram um caráter de verdadeiros discípulos de Cristo. É chegada a hora de não sermos mais seguidores e sim discípulos. Precisamos estar prontos, isso se o mundo e seu falso senso de justiça assim decidirem, para sermos mandados presos em favor do evangelho de igual modo aos nossos irmãos em Cristo da igreja primitiva!
Paz a todos.
Que texto fantástico!
ResponderExcluira autora tá de parabéns... uma vez já escrevi sobre isso no nosso blog (http://iconoclastasdoevangelho.blogspot.com).
e o autoritarismo homossexual está chegando no seu apogeu! mt cuidado heterossexuais! a heterofobia tá chegando!
Amém!!!
ResponderExcluirUma analise cristã muito bonita, diferente da empregada em outros meios. Parabéns ao Genizah por postar e a Norma pela sensatez.
ResponderExcluirNão gostei ! Esse texto fica em cima do muro, não chega a lugar nenhum em termos de posição Cristã, simplesmente tenta de forma superficial dizer ao leitor: "Ei, você, gay, nós também somos sofredores, estamos juntos nessa, igualzinho a vocês". Pra mim, ser cristão é tomar posição, RESPEITAR SIM, mas se posicionar e botar a cara a tapa. Ficar nessa de "Sou um bom cristão, sou inteligente, sou descolado, portannto fico em cima do muro e tudo fica numa boa", ledo engano, não fica! Ou assume a identidade ou seja conivente e sofra as consequências dessa homossexualização do Brasil nas próximas gerações.
ResponderExcluirEh piada? 'Anonimo' mandando a autora 'botar a cara a tapa'? lol
ResponderExcluirO texto mostra exatamente o que esta acontecendo atualmente! parabens!!
Concordo com a autora e tb com o [M]. Atahualpa... Esse é mais um dos textos do Genizah que recomendo para os meus irmãos e irmãs.
ResponderExcluirCada vez mais tenho atentado para o fato que em breve teremos que assumir nossas posiçoes explicita e publicamente. E aí?
"Só existo para vc - Jesus - não sou do mundo não!"
Ótima palavra e uma forma de pensar muito bem ajustada com a realidade. Afinal, é disso que necessitam as pessoas mudar a forma de pensar e agir em relação ao próximo, isso, não implica aceitar tudo que o outro faz e sim respeitá-lo.
ResponderExcluirAs vezes penso que Deus em sua soberania irá usar esse "levante homo" para separar o joio. Com esse cenário, quero ver os "evangélicos" se dizendo Cristã e indo presa por não concordar com o homossexualismo.
ResponderExcluirQuero ver os participantes da "fogueira santa" ou da "terapia do amor", ou do "congresso empresarial Iurdiano" se posicionando contra os ataques aos princípios bíblicos.
Quero ver Marcelinho Carioca, Perla, Carla Perez ... lá na cadeia por eles terem passado para os seus filhos que Jesus disse que no príncipio, Deus criou macho e fêmea, e que esse é o ideal.
Será essa uma forma de podar a videira ?
Que Jesus nos abençõe....
Até uma certa altura eu concordei com o texto da Norma Braga. É boa a idéia de colocar em paralelo crentes e gays e as perseguições que sofrem, muitas vezes.
ResponderExcluirContudo, eu creio que para os cristãos isso, de perseguição, é coisa que encontramos talvez na universidade (e olhe lá, pois cada vez é maior o número de cristãos nos bancos da academia ou à frente das salas de aulas como professores), mas, mais onde?! É "moda" ser crente! Tenho 37 anos de vida e apenas 4 deles fora do meio eclesiástico cristão, quando vivi uma grande crise existencial e jamais vi a explosão numérica do povo evangélico como agora. Temos parlamentares crentes, médicos crentes, juízes crentes, professores crentes (como tem professor crente, não é?)...
Norma, por favor, não use o termo "kit gay", não compre as falácias do Jair Bolsonaro, aquele mentecapto!
Quero lembrar que na rede estadual fluminense de ensino, temos aula de religião e aula confessional! Claro que acho isso um absurdo, mas olha ai a Igreja (católica e evangélica) dentro das escolas!
Você fala de simpatia dos que estão no poder pelos gays, ora, o PT está no poder quantos anos mesmo? E qtas leis foram aprovadas por este governo em prol do povo LGBT? NENHUMA, Norma! Lembra do rolo compressor do Lula? Pois então, este rolo compressor não funcionou quando o assunto era o avanço da cidadania do povo LGBT.
Vejo gente falando do kit "escola sem homofobia", esse é seu nome verdadeiro, e me pergunto quantos que estão se colocando contra já analisaram o kit em mãos, como eu. Você já teve acesso ao kit, Norma?
Você como eu, é educadora. Nunca viu bullying contra LGBT na escola? O que tem de ser feito?
Outra: homossexualidade não é "opção", é orientação sexual. Mas sei que isso é difícil admitir, ainda mais com o Malafaia, aquele pseudo psicólogo diz por ai ou a Rozângela Justino, nossa conterrânea que deseja ver os gays todos curados e libertos com suas "terapias de reversão".
É preciso, urgentemente, sentar e conversar. De uma lado, os crentes. Do outro, o movimento LGBT. Jean Wyllys é um nome que pode nos ajudar neste encontro de diálogo. Você se habilita, Norma?
Eu me habilito.