Filho de ateu, ateuzinho é?
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Nem sempre os filhos seguem a religião dos pais. E quando os pais não têm religião, a coisa não é diferente
Jaqueline Li, especial para o iG
Jaqueline Li, especial para o iG
Larissa Queiroz recebe uma carta de uma instituição filantrópica e,
dentro do envelope, descobre um terço de plástico de brinde. A filha
Beatriz, de sete anos, adora a novidade e coloca no pescoço na mesma
hora. “Expliquei que aquilo não era um colar, disse do que se tratava e
me parece que ela ficou ainda mais interessada”, conta a mãe recifense
que vive em São Paulo. Desde então, a pequena pede para rezar toda
noite. Outro dia, convenceu o pai a levá-la a uma missa pela primeira
vez.
As novas gerações de céticos, agnósticos e ateus não casam na igreja,
não batizam seus filhos, nem têm religião ou falam de fé. Eles
simplesmente desconsideram a existência de Deus. “Esse assunto jamais
foi tocado aqui casa, inclusive escolhemos a escola com base nisso.
Descartamos todas aquelas com qualquer enfoque religioso”, completa
Larissa.
Mas isso não impede que, em alguns casos, seus filhos sintam a
necessidade e até cobrem uma discussão sobre fé e religião. De acordo
com Eduardo Rodrigues da Cruz, professor do Programa de pós-graduação em
Ciências da Religião da PUC de São Paulo, os psicólogos cognitivos tem
estudado o assunto com crianças de várias faixas etárias. “Suas
conclusões: todos somos naturalmente teístas, e, à medida que crescemos,
vamos diversificando nossas posturas”, afirma o doutor em teologia,
que também é mestre em física. Ou seja, para ele, a fé é uma postura
“natural”, que é racionalizada conforme amadurecemos.
Crente por natureza
O polêmico cientista britânico Richard Dawkins também defende essa
ideia. Conhecido como ‘devoto de Darwin’, em seu bestseller “Deus, um
delírio”, o autor sugere que todas as crianças são dualistas (aceitam
que corpo e alma sejam duas coisas distintas) e teleológicas (demandam
designição de um propósito para tudo) por natureza. Assim, o darwinista
dá conta de explicar o que poderíamos chamar de hereditariedade
religiosa na qual, inevitavelmente, acabamos por seguir a opção de fé de
nossos pais. Só que nem sempre é assim.
Em uma noite de mais de uma hora de apagão, escuro total e absoluto,
Beatriz, a filha de Larissa, teve uma ideia: “vamos rezar para a luz
voltar”. “Eu lógico, relutante, tentei explicar que não adiantaria, mas
ela insistiu, insistiu e rezamos. Um minuto depois, a luz voltou”,
descreve. Em seu blog, Larissa desabafa: “será que temos como evitar
isso? Estou achando que não”.
Marina de Oliveira Pais (foto), carioca, é filha de pai ateu. Sua
mãe, assim como muitos brasileiros, foi batizada, mas não pratica
nenhuma religião. “Minha mãe não sabe dizer de que doutrina é, por isso
também nunca soube muito bem no que acreditar. Eu tinha fé na ‘força
do pensamento’, que se pensássemos positivo atrairíamos coisas
positivas e se pensássemos negativo atrairíamos coisas negativas”, diz a
jovem de 22 anos.
Quando decidiu morar sozinha pela primeira vez, Marina conheceu
Bernardo Nogueira, de 20 anos. Apaixonada, ela conseguiu resistir aos
convites da família do namorado para ir a uma igreja evangélica só por
alguns meses. Mas relata que, já na primeira vez que assistiu ao culto,
teve certeza de que estava no lugar certo. “Fiquei maravilhada”,
descreve.
Ela então mudou drasticamente seu estilo de vida. “Cortei a bebida,
as baladas e os palavrões. Hoje meus pais respeitam minha situação de
convertida justamente por essas minhas mudanças comportamentais”,
afirma.
Sentir-se acolhida em uma doutrina que se baseia na Bíblia é
justamente o que importa hoje para Jaqueline Slongo, de 23 anos. Depois
de um tempo separados, ela voltou a viver na cidade natal de Curitiba
com o pai ateu. Ironicamente, por conta de uma bolsa de estudos, a
então adolescente foi estudar em um colégio católico. O retorno à
cidade grande, onde as desigualdades sociais são mais gritantes, o
descobrimento da Bíblia e a fase de mudanças, levantaram muitos
questionamentos. “Comecei a me questionar sobre a existência de Deus,
fazia perguntas para as freiras do colégio, mas as respostas não me
saciavam”, lembra.
Black out
Jaqueline começou a achar que havia alguma coisa errada entre o que lia e
o que pregavam suas ‘instrutoras espirituais’. “Elas me mandavam
rezar, mas eu não curtia”, confessa. Seu pai viajava muito e, como não
acreditava em Deus, a filha preferia não falar sobre o assunto com ele.
O processo foi sofrido, e aconteceu em meio às transformações da
adolescência, à ausência dos pais, e à angústia causada por sintomas de
depressão. “Eu era muito agressiva, rebelde, intolerante. Não tinha
amigos e sempre me isolava”, conta.
Ela então buscou alívio e conforto na religião. Hoje, a estudante se
considera protestante, mas passou por diversas comunidades cristãs
diferentes. Diz que não se importa com rótulos, mas sente que é preciso
estar em grupo. “Acho importante a vivência em comunidade, pois é no
relacionamento com outros que seu caráter se constrói”, afirma.
Com o pai, ficou cinco anos sem poder comentar nada sobre sua fé. Até
que, há três meses, consciente da mudança espiritual da filha, ele lhe
pediu que comentasse, ‘de forma sucinta’, no que exatamente ela
acreditava. A partir de então, ela diz, ele tem pedido que também reze
por ele.
Paz seja com todos
ResponderExcluirCrentes por natureza..... Ótima definição que nos remete a aquilo que esta escrito na bíblia.
somos criação de Deus e para ELE fomos criados.
Deste modo a consequencia é que nós ao sermos postos neste mundo logo queremos encontrar nosso lugar de origem, onde nos sintamos completos e plenos.
Quanto ao desafio dos ateus eles deveriam é ficar envergonhados por terem de aprender de crianças, adolescentes aquilo que ja deveriam as ter ensinado. E tambem ficar muitos agradecidos a Deus por dar mais uma oportunidade a suas famílias por meio dos pequeninos.
Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus. Mateus 18:10
ResponderExcluir“Tu nos fizeste para Ti, Senhor, e nosso coração não sossega enquanto não repousar novamente em Ti!” Santo Agostinho
Que bom saber disso...
ResponderExcluirQuer dizer q ainda há esperança pro pequeno Malafaia Jr., pro Macedinho Filho e o T. N. Jr.?
Haja gróoooria !!!