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É absurdo, mas não é mudo



Wilson Toniolli


Toda vez que ocorre uma tragédia verdadeira, - como essa da chacina na Escola do Realengo, no Rio - a reboque vem os questionamentos. Alguém precisa explicar. Deve de ter uma razão. O que dizem os especialistas... Inventam-se mil coisas. Inúteis. O absurdo ri das teorias.

A dor da tragédia reside aí mesmo. Não há explicação. Não há como se livrar: o absurdo existe e devemos arcar com ele. É absurdo, mas não é mudo. É gritante. E é meu e é seu, é de todos nós. Não tente se livrar dele. Ao invés, renda-se. A natureza humana é nossa roupa da qual não conseguimos nos despir.

A tragédia existe para afirmar a totalidade da vida. Não adianta orar, rezar, acender vela, buscar passe, meditar, se benzer, tornar-se um sujeito melhor... Absolutamente nada vai te proteger. Nem pense que você terá um livramento especial. Só a morte nos protege da vida.

Agora eu pergunto: quem chorou no dia seguinte? Quem passou mal o dia inteiro, como se tivesse engolido uma bolinha de gude, e o peito fosse estourar? Quem usou alguma vestimenta preta no dia seguinte? Quem fez um jejum de sorrisos? Quem rezou pelas famílias envolvidas? Quem transformou a indignação em ação física?

Como no Mito de Sísifo, que vivia de empurrar uma enorme pedra morro acima só para vê-la despencar, também sofremos dessa maldição, de ter que voltar sempre às mesmas tarefas, não importa o que aconteça ao nosso redor, e dizemos: a vida continua... Assim, o sem-sentido do absurdo nos domina e ainda chamamos a isso de vida.

Já que temos que suportar o absurdo, por que não o fazemos juntos? Quem sabe uma dor sentida que é espalhada para um raio enorme de outros seres humanos, não torne a dor lancinante do núcleo mais branda? Lembre-se que a fera do absurdo se alimenta da carniça do egoísmo.

Responda à voz do absurdo, não com ar prepotente e cínico, fazendo que não é com você e que está no controle de tudo. Responda à voz causticante do absurdo com lágrima e gestos. 



O blog dele é o Verticontes






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  1. De fato temos em nossas vidas doses alternadas de fatos bons e outros nem tão bons assim. Mas ou cremos em Deus ou cremos em coincidência. Não tem como acreditar nas duas coisas ao mesmo tempo. Portanto, mesmo no meio das tragédias, precisamos nos perguntar: O que Deus quer me ensinar com isso?

    http://paravocepensar.com/2011/05/03/eclesiastes-31-8/

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  2. Wilson Tonioli e os demais comentaristas,

    Achar que devemos aceitar viver num mundo de tragédias e que não adiantar "orar" ou fazer qualquer outra coisa, estaremos no mesmo barco do "Onde está Deus?" de Chico Anysio e Arnaldo Jabor.
    Ele é tão grande, mas nós o fazemos tão pequeno, quando não O trazemos para dentro das nossas casas, das nossas escolas.....

    Ministério Igeja Sem Fronteiras
    http://igrejasemfronteirasdf.blogspot.com

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  3. Paz seja com todos

    A vida recheada de tragédias pessoais e coletivas são como núvens nos trazendo ora chuvas pesadas, ora enchentes, ora derrubando tudo o que tinhamos por sólido e real.

    Graças a Deus por Jesus Cristo que é o nosso "Sol da Justiça"

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