GOSPELÂNDIA: O LAR DOS CAMPEÕES DE HALTEROLINGUISMO!

Fernando Galli

Imagine a seguinte cena: 

- Irmão, não é que eu queira falar mal do pastor, mas ultimamente tenho observado que ele está de cara virada com a esposa.
- Bom, também não quero falar mal dela, mas ela tem um gênio ruim, não?
- Sei lá, a irmã Miriam, aquela cujo marido a traiu umas três vezes, inclusive uma delas com a filha daquele diácono da segunda Igreja, também observou isso e veio me falar que a esposa do pastor e ele brigaram no supermercado do irmão João, aquele que vive recebendo carta de cobrança. Mas como a irmã Míriam tem tendências a ser fofoqueira, não acreditei piamente no relato dela. Então o que fiz? Perguntei a quatorze irmãos de nossa igreja se eles estão sabendo disso, pois se for verdade, precisamos orar pelo pastor e por aquela esposa brava que ele tem.
- E você não sabe da maior! Você ficou sabendo que a irmã dela foi demitida do Carrefour porque roubava itens pequenos e os vendia para sustentar os vícios do seu esposo, o Anacleto, aquele que se desviou porque discordava da liderança?
- Sério! Estamos de fato nos últimos dias. Tem acontecido cada coisa, irmão! E eu tenho orado por essas pessoas. Nosso pastor, por exemplo, bem que merecia uma esposa melhor. Aliás, ela está engordando, e ele é tão bonito!
- Bom, vamos parar de falar da vida dos outros, senão a gente acaba entristecendo a Deus. Quero falar de mim, agora. Passei no concurso para professor municipal. A irmã Betânia e a irmã Laura estão morrendo de inveja de mim. Elas não passaram e eu passei. E sabe por que elas não passaram? Porque elas ficam falando mal da vida dos outros em vez de estudar. Interessante que esses dias eu estava lendo a Bíblia, inclusive eu até anotei o texto. É, deixe-me ver...ah, sim, é 1 Timóteo 5:13: "Além do mais, aprendem também a viver ociosas, andando de casa em casa; e não somente ociosas, mas ainda tagarelas e intrigantes, falando o que não devem."
- Elas são terríveis. Eu as amo em Cristo Jesus, mas falam pelos cotovelos, irmão. Esses dias, elas estavam lavando o templo, quando de repente eu cheguei e as flagrei falando dos maridos delas. Um deles é impotente.
- Misericórdia!
- Assim que saí do templo, Deus pôs no meu coração orar por esse casal. Deve ser difícil, né? Então, quando chegou à noite, era quarta-feira, na reunião de oração, levei o caso da irmã Laura, e pedi que os irmãos orassem pela vida sexual deles, e que o marido dela precisava de orações pois não conseguia mais ter ereção. Espero que as sessenta pessoas que estavam ali presentes não tenham se esquecido de orar.
- Deus é maravilhoso!
- Bom, já está na hora de eu ir. Tenho que visitar o irmão Flávio, nosso diácono querido. Ele sofreu um acidente de carro. Mas ó! Não conta para ninguém. Disseram-me que ele estava em alta velocidade e foi até multado.
- Eu sempre digo: temos que obedecer às autoridades, conforme Romanos 13:1.
- Vou lá então.
- Ei, espere! Aqueles dois que estão indo na direção da parede do hospital não são a irmã Dália e o filho dela, o Rubens - aquele que foi batizado, mas não quer saber de ir aos cultos?
- Que será que ele está aprontando?"

Posso pensar? Até eu, que escrevi o texto, estou com raiva dessa personagem. Diz a Bíblia: "Ora, a língua é fogo; é mundo de iniqüidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno." (Tiago 3:6) Vamos confessar um fato? Quem nunca falou além do que deveria e o que nem deveria? Uma igreja com pessoas assim tende a cair no fracasso. Por isso, em vez de fazer o mesmo com essa pessoa, detonando-a como forma de se livrar dela, procure entendê-la, saber porque ela age assim, e ofereça-se para discipulá-la. Mas que é difícil conviver com pessoas assim, não há dúvida.

Fernando Galli publicou em IACS e Genizah divulgou.