Inveja: A monstruosidade do íntimo.
http://genizah-virtual.blogspot.com/2010/08/inveja-monstruosidade-do-intimo.html
Alan Brizotti
Alguém disse que "o ódio é assinado, mas a inveja é anônima". Essa clandestinidade, esse caráter oculto, acaba por criar uma armadilha mortal, pois não conseguimos perceber que nossos atos e palavras, às vezes, são motivados pela mesma inveja que facilmente diagnosticamos na conduta do outro. Como disse William Hazlitt, "nós facilmente convertemos nossos vícios em virtudes, e as virtudes dos outros em vícios".
A inveja sempre foi um assunto estranho. Sempre gerou reações. É difícil falar ou ler sobre ela sem ser atingido pelo assunto. A inveja tem a capacidade de esconder-se, agir sem despertar aplausos. Zuenir Ventura escreveu: "O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde". O professor Gabriel Perissé acertou em cheio quando escreveu o que pensa um invejoso: "que ninguém veja a minha inveja... nem eu".
O invejoso vive ruminando angústias, mastigando amarguras. Nunca confessa sua inveja, pois é humilhante demais reconhecer que inveja o outro. É uma verdadeira tortura. O cúmulo da inveja é quando o invejoso passa a invejar os que conseguiram livra-se da inveja! É um ciclo do mal. Uma praga que habita a intimidade. Uma espécie de diabolização que faz com que tudo que o outro possuir despertará a dor da alma. Uma frase antiga diz: "Não grite alto a tua vitória, pois a inveja tem o sono leve!"
Ivonne Bordelois definiu que do ponto de vista etimológico, a inveja é cegueira em diversos sentidos. Um primeiro sentido possível de "in" + "videre" (ver): a partícula "in" tem aqui a ideia de oposição, ou seja, ver invejosamente é ver "contra". Ver torcendo contra. É alegrar-se discretamente quando a pessoa invejada perde os bens que possuía. Em alemão, a alegria de ver o fracasso alheio tem um nome: schadenfreud - numa tradução livre, "o amigo-da-onça".
A cada vez que o invejado faz sucesso, o invejoso morre um pouco, mas também renasce quando a desgraça se abate sobre o outro. Esse é outro sentido para a palavra inveja. Atribuindo à partícula "in" a ideia de penetração. O olhar invejoso perfura o invejado, quer matá-lo, perfurá-lo, ferí-lo com esse olhar-faca, olhar do rancor, olhar doente. Esse é o legítimo "olho gordo", o olho descomunal, inchado por sua doença secreta.
Um terceiro sentido, é quando atribuímos à partícula "in" a negação: inveja é in-visão, o não-ver, a cegueira! Perissé escreveu que "quanto maior a inveja, menor o coração". É a cegueira da alma. Giovanni Papini, escritor italiano, disse que "a inveja é a sombra obrigatória do gênio e da glória". Não é fácil desempenhar uma missão quando estamos sob a mira fria dos invejosos.
A monstruosidade do íntimo ainda atinge muita gente. Portanto, costumo brincar dizendo que se você estiver olhando para o sucesso de alguém usando óculos escuros, cuidado, a inveja pode ter cravado suas garras em você, pois como definiu Plutarco: "a inveja é como os olhos que se irritam diante de tudo que tem brilho".
Alan Brizotti, encarando monstros da alma aqui no Genizah
Passei aqui para deixar esse video de um herege que tem penetrado em nossas igrejas trasvestido de ovelha sendo lobo.
ResponderExcluirVeja o video: http://www.youtube.com/watch?v=tTuwpYRYue4&playnext=1&videos=BoNJmmVaI-U&feature=sub
Muito bom este texto sobre a inveja! vou deixar uma frase de Flávio Gikovate: O AMOR E A INVEJA DERIVAM DA MESMA FONTE: A ADMIRAÇÃO! Não precisa dizer mais nada não é mesmo? abraços
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