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Hora de apagar as velas!


Hermes C. Fernandes


Jesus introduz uma perspectiva revolucionária capaz de sacudir os alicerces sobre os quais nossa sociedade foi erigida. Ele substitui o antigo mandamento do amor por um novo e subversivo mandamento, onde a referência já não é o amor próprio, mas o amor de Cristo.

O amor próprio nos serviu como uma vela acesa durante uma noite longa e escura. Mas com o raiar do dia, já não faz sentido manter a vela acesa.

É sobre isso que João fala em sua primeira epístola:

“Amados, não vos escrevo novo, mas um mandamento antigo, que desde o princípio tivestes. Este mandamento antigo é a palavra que ouvistes. Contudo vos escrevo novo mandamento, que é verdadeiro nele e em vós, porque as trevas vão passando, e já brilha a verdadeira luz” (1 Jo.2:7-8).

O que João diz aqui pode parecer contraditório. Afinal de contas, trata-se de um ‘novo’ ou um ‘antigo’ mandamento? Veja, o mandamento é o mesmo: amar ao próximo. Entretanto, o referencial é que mudou. Em vez de amá-lo como a si mesmo, deve-se amá-lo como Jesus nos amou.

A chegada do novo dia faz desnecessária outra referência de amor que não seja aquela demonstrada na Cruz. Qualquer outra referência é ofuscada pela a maior e mais contundente prova de amor de que se tem notícia. E é este amor que nos constrange para que deixemos de viver para nós mesmos, e vivamos em função d’Ele e do bem-estar dos nossos semelhantes. Paulo diz que “o amor de Cristo nos constrange (...) E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si” (2 Co.5:14a,15a).

Diferente da luz proporcionada pela vela, que alumia apenas em um pequeno raio, a luz solar é capaz de dissipar todas as trevas, tornando noite em dia.

Quando arrebatados do império das trevas para o reino do Filho do Amor de Deus, somos batizados, imersos em Seu amor. No dizer de Paulo, “o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm.5:5). É um caminho sem volta. O sol que acaba de nascer, jamais se porá novamente. Deixamos de viver para nós mesmos, para viver em função do objeto amado, nesse caso, Deus e nossos semelhantes.

O amor próprio deve ser dissipado. O vento do Espírito deve apagá-lo, para que em seu lugar possa arder o genuíno amor de Deus.

Ora, se deixamos de nos amar, por que razão deveríamos cuidar de nossa saúde, aparência, finanças e tudo o que diz respeito ao nosso bem-estar particular? Será que deveríamos nos tornar pessoas relaxadas? Isso glorificaria a Deus? Não! Absolutamente. Só que agora, nossas motivações são outras.

Deixar de amar a si mesmo para amar a Deus e a seus semelhantes não significa deixar de viver, ou mesmo preferir morrer. O que nos motiva agora é a busca pela glória de Deus e pelo bem comum.

Vejamos o exemplo de Paulo, registrado em sua carta aos Filipenses:

“A minha ardente expectativa e esperança é de em nada ser confundido, mas ter muita coragem para que agora e sempre, Cristo seja engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte. Pois para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp.1:20-21).

Repare nisso: a única coisa de que Paulo fazia a mais absoluta questão era que Cristo fosse engrandecido através dele, não importava se pela sua vida ou pela sua morte. Paulo não temia a morte. Ela tinha consciência de que a deixar este mundo era lucro.

Ora, se morrer é lucro, por que não devemos todos desejar a morte? Porque não buscamos por lucro. Viver em função daquilo que nos é vantajoso é guiar-se pelo amor próprio, e não pelo amor à Deus e aos nossos semelhantes.

Paulo prossegue em seu raciocínio:

“Mas, se o viver na carne trouxer fruto para a minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, o que é muito melhor; mas julgo mais necessário, POR AMOR DE VÓS, permanecer na carne. E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para o vosso progresso e gozo na fé” (Fp.1:22-25).

À luz desta perspectiva, podemos concluir que todo bem que procuramos para nós mesmos, deve ser motivado pelo bem que isso vá causar aos nossos semelhantes.

Por exemplo: sou pai de três lindos filhos. Eu poderia pensar: se não devo amar a minha própria vida, então, por que não posso fumar? Que mal haveria nisso? Isso apressaria minha passagem para o mundo porvir. Porém, pensando assim, eu estaria me suicidando à prestações, e dando um péssimo exemplos aos meus filhos a quem devo amar incondicionalmente. Portanto, é por amor a eles que devo me cuidar. Eles precisam de mim por muito tempo nesta vida.

Se pretendo ficar muito tempo neste mundo, para poder servir aos meus semelhantes, devo me cuidar, praticar exercícios, alimentar-me bem, abandonar qualquer vício prejudicial à saúde, etc.

E quanto à busca por estabilidade financeira? Haveria alguma justificativa plausível à parte do amor próprio? Óbvio que sim! É Paulo quem de novo nos oferece uma razão em linha com o novo mandamento:

“Aquele que furtava, não furte mais, antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o necessitado” (Ef.4:28).

Eis a razão porque devemos trabalhar e buscar estabilidade financeira: ter o que repartir com quem precisa. Não é pecado ser rico. Pecado é fazer da riqueza um fim em si mesmo. Lembre-se que “o amor do dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Tm.6:10a). As coisas estão aí para serem usadas, e não amadas. As pessoas que devem ser amadas! Usemos as coisas para beneficiar as pessoas, e não usemos as pessoas para adquirir as coisas.

Vale aqui a advertência paulina:

“Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as cosias para delas gozarmos; que façam o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir, que acumulem para si mesmos um bom fundamento para o futuro” (1 Tm.6:17-19a).

Se quisermos garantir um futuro promissor para nós e para o resto da humanidade, temos que mudar nosso paradigma, apagar a vela do amor próprio, e receber com gratidão o raiar do Sol da Justiça e do Amor trazendo o novo dia.

Embora novo dia já tenha raiado, estamos aguardando o momento em que ele atingirá o seu apogeu, o que costumo chama de meio-dia profético, quando já não haverá mais sombras.

Urge despertarmos do nosso sono indolente e aprendermos a praticar o novo mandamento do amor. Não basta dizer que ama, tem que expressar esse amor em gestos e atitudes. Temos que aprender a repartir nosso pão, a viver em função do nosso semelhante, e não em função de nosso aprazimento pessoal.

Trata-se da prática do jejum prescrito em Isaías 58. Quando repartirmos nosso pão com o faminto, recolhermos em casa os sem-teto, vestirmos o nu, e deixarmos de nos esconder do nosso próximo, cumprir-se-á a promessa: “Então romperá a tua luz como a alva (...) se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita, então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia” (Is.58:8a,10).

O novo dia começou na Cruz, com a maior demonstração de amor de todas as Eras. A Igreja Primitiva vivenciou, durante o tempo de tribulação, a madrugada do novo dia, quando Jesus lhes parecia como a Estrela da Manhã. Somos convidados a vivenciar a alvorada desse Dia chamado Hoje, e aguardar pelo momento em que o Sol se posicionará no centro do Céu, dissipando as sombras, e trazendo avaliação e juízo a todas as obras. Quando isso se der, não apenas nossas obras serão julgadas, mas também as motivações que as produziram.


Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah

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  1. Meu Deus... O post é tocante e impressionante. Que Deus nos ajude a deixarmos o amor próprio (tão em moda hoje em dia) e nos ocncentrarmos no amor de Jesus (que é a parte mais difícil do evangelho, não vou negar). Abraços a todos.

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  2. Este foi um dos textos q mais falou ao meu coração.

    Sem dúvida alguma foi um dos melhores já postados aki.

    Que Deus continue dando graça ao Hermes para ele continuar a nos trazer estas mensagens tão edificantes. E q possamos através do poder de Deus e das nossas motivações por em prática tudo quanto foi ensinado nesse texto, texto esse q merece ser chamado de poema de tão belo q é.

    Abraço a todos.

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  3. Graça e paz!

    “Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?” (João 12:38)

    Excelente palavras, belo texto. A multidão o suportará?

    “E quando Jesus ouviu isto, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; vem, e segue-me.” (Lucas 18:22)

    Parece um paradoxo como Deus amou o mundo enviando Seu Filho Unigênito para nos salvar. Como Ele foi capaz de entregar Ele? Ele por outro? Ainda quando éramos pecadores. O Pai nunca deixou de amar o Filho e nem o Filho de amar o Pai.

    Na verdade nosso culto deve ser racional. Sempre racional!

    “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo.“ (1Pedro 2:2)

    Amar nossa parentela não é difícil. Até mesmo atormentado em chama alguém pode lembrar dos seus entes queridos. LUCAS 16!

    “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” (Mateus 5:20)

    A maioria anda perdido porque não sabe o que é lucro, segue sem Futuro no seu próprio amar. Pessoas que pensam serem ricas mas não passam de desgraçadas, miseráveis, pobres, cegas e nuas. Porém, os verdadeiros ricos são constrangidos pelo verdadeiro amor. O verdadeiro não teme perder a sua vida.

    “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.” (1João 4:18)

    “Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.” (João 12:35)

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  4. Graça e paz irmão.
    Muito bem, parabéns o texto é realmente inspiradíssimo. O Espírito Santo te usou maravilhosamente, é muito edificante, uma lição a ser seguida. Apesar de estar apenas engatinhando na fé em Cristo, desde sempre tive o amor como leme de minha vida, agora, depois que o Senhor me chamou, venho estudando e procurando conhecimento sobre o amor que Jesus nos ensinou. Esta postagem sem duvida acrescentou muito ao que tenho buscado. Criei um blog com o nome de Ágape que fala só sobre amor, convido-os para uma visita, e se alguém quiser seguir, me sentirei muito honrado.
    WWW.amarildorocha.blogspot.com
    Em Cristo:
    Amarildo.

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  5. alexandre-peixoto27@hotamil.com22 de março de 2010 às 01:31

    muito bom ,parabens pelo blog,gostaria de saber como faço pra postar na revista o lançamento do meu cd.....

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