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Uma compreensão da teologia mariana


por Luis A R Branco

No contexto cristão português e não só, mas em todos os contextos católicos romanos, há o ícone de Maria, a mãe de Jesus, como um marco fundamental da fé católica. Em Portugal, o aparecimento de Maria na atual Cidade de Fátima, em Leiria, fortaleceu ainda mais a mariologia católica romana em Portugal. A história de Fátima está associada a três crianças (os pastorinhos de Fátima): Lúcia e os seus primos, Francisco Marto e Jacinta Marto, que em 13 de maio de 1917, foram testemunhas da aparição de Maria na Cova da Iria, onde pastoreavam seus rebanhos. Desde então Cidade de Fátima tornou-se um dos grandes centros de peregrinação católica.

A experiência da peregrinação à Fátima é um evento significativo na vida religiosa dos católicos portugueses. A singularidade desta experiência mística atrai inclusive aqueles que são católicos apenas nominalmente. O que torna a Doutrina de Maria uma das fundamentais doutrinas do catolicismo romano. A mariologia em alguns aspectos se sobrepõe a teologia bíblica, estabelecendo-se na tradição e na experiência mística deste reencontro com Maria através das peregrinações ao sítios dedicados à sua veneração. Esta experiência serve de conforto, consolo e esperança para os peregrinos que encontram nesta prática religiosa aquilo que buscam, pelo menos na experiência mística de cada um.

Em contraste com os cristãos reformados, para os quais a mariologia é uma contradição aos mandamentos bíblicos, este será sempre um fator de separação entre reformados e católicos. A experiência cristã reformada vivência o testemunho deixado por Maria descrito nos Evangelhos. A fé reformada reconhece o valor histórico e o valor espiritual de Maria, entretanto, sem venerá-la. Tanto católicos como reformados concordam com o fato de que Maria tem uma posição especial na história da redenção, entretanto, enquanto a visão católica romana de Maria seja a de una pessoa espiritual com ações no passado, presente e futuro da humanidade, a fé reformada reconhece a obra de Maria apenas no pretérito.

Um outro fator de divisão está no entendimento da nomenclatura “mãe de Deus”, que no catolicismo eleva Maria a um nível quase tão importante quanto o da Santíssima Trindade, já na fé reformada busca-se compreender esta nomenclatura conforme a mesma surgiu pela primeira vez. Embora a terminologia não apareça explicita no texto bíblico, ela é uma realidade implícita. Os católicos utilizam-se da expressão sem qualquer dificuldade, tendo em vista a teologia mariana, já alguns cristãos reformados demonstram dificuldades com o termo, por discordarem que Maria tenha sido a mãe de Deus, mas sim a mãe de Jesus, em seu estado humano.

O Credo de Chalcedon (ou Chalcedon da Fé), que surgiu em 451d.C., e que tratou entre outras coisas, da natureza divina e humana de Jesus, foi onde surgiu pela primeira vez o termo “Maria, a mãe de Deus”. Se desejamos compreender a frase precisamos entender o que foi tratado naquele concílio a este respeito. Em primeiro lugar, é importante entender que o Concílio de Chalcedon usou a frase não em uma honra especial à Maria, mas para enfatizar a divindade de Jesus. O sentido original em que este termo surgiu, tinha por propósito mostrar que Maria foi a mãe de Deus, porque a natureza humana de Cristo estava tão unida a sua natureza divina que era praticamente impossível traçar uma linha divisória entre estas naturezas. Elas foram milagrosamente unidas no útero de Maria. Portanto, dentro deste contexto, a frase, “Maria, a mãe de Deus”, não é contraditório.

O importante é compreender que a teologia mariana é uma realidade estimada em Portugal e outros rincões do mundo, desta forma, não é possível ignorar esta experiência mística com Maria na tradição cristã em Portugal. O poeta Teixeira de Pascoaes nos deixou os seguintes versos:


Senhora dos Milagres, um romeiroDe pés descalços, de cabeça ao vento,Quer entregar-te o coração inteiroDe crença, mas partido de tormento.Dantes, quando era vivo o sentimento,Criou-se a tua lenda neste outeiro.Às horas do crepúsculo cinzento,Encontravam-se o pobre e o pegureiro.Venho entregar-te agora o coração,Velhinha imagem, sobre um velho altar,




Genizah


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