O trágico assassinato da mãe de Martin Luther King
https://genizah-virtual.blogspot.com/2015/03/o-tragico-assassinato-da-mae-de-martin.html
Por Ash M. Richter, no All Day
Com tradução livre, adaptação, enxertos e introdução
de Danilo Fernandes
Neste dia internacional da mulher, Genizah aproveita a efeméride dos 50 anos dos acontecimentos de Selma, episódio marcante da luta pelos direitos humanos, para contar uma história que poucos conhecem relativamente às circunstâncias trágicas da morte do Rev. Martin Luther King e de outros membros de sua família.
Com tradução livre, adaptação, enxertos e introdução
de Danilo Fernandes
Neste dia internacional da mulher, Genizah aproveita a efeméride dos 50 anos dos acontecimentos de Selma, episódio marcante da luta pelos direitos humanos, para contar uma história que poucos conhecem relativamente às circunstâncias trágicas da morte do Rev. Martin Luther King e de outros membros de sua família.
Há 50 anos Dr. King comandou na cidade de Selma, no Sul dos Estados Unidos, a primeira grande marcha em prol dos direitos civis e pelo fim da segregação dos negros estadunidenses.
O episódio já é bem conhecido e é o tema central de um festejado filme, atualmente em cartaz. Para além da sua importância na historia dos direitos civis americanos, Selma é uma lembrança constante não apenas do quanto temos ainda que caminhar a fim de nos tornarmos uma sociedade mais justa e igualitária mas e, principalmente, do quanto é importante que cada cidadão comum tenha a consciência (e assuma) o seu papel individual na conquista dos direitos fundamentais de todos.
Nestes dias de desesperança com os rumos da nação brasileira, Selma é uma lembrança a incomodar o nosso conformismo e a nossa habitual comodidade cívica. Selma nos lembra que não são os políticos (de governo ou oposição) que estarão à frente na luta por nossos direitos e, muito menos, serão estes que irão estabelecer o padrão da nossa ética e da justiça. Somos nós, os cidadãos, com o nosso voto, protesto, manifestação e indignação. Na ordem do dia. No passo dos acontecimentos. Somos nós os que iremos decidir a hora de mudar, o rumo à seguir e o agir na história.
A família King, em especial D. Alberta Williams King, uma dama que dedicou a sua vida à Igreja e a sua comunidade, pagaram preço muito alto na luta pelos direitos civis. O contexto geral de sua tragédia, para além da morte de seu filho mais famoso, Rev. Dr. Martim Luther King merece ser lembrado.
O assassinato de Martin Luther King é um dos eventos mais conhecidos da história americana. Mas poucas pessoas sabem que mãe do pastor King também foi assassinada alguns anos após a tragédia na vida de seu filho.
Martin Luther King, Jr. foi assassinado 04 de abril de 1968 em uma sacada de hotel em Memphis, Tenesse (US) por criminoso branco segregacionista, James Earl Ray.
Um ano depois, o irmão mais novo do Rev. Martin Luther King, Alfred Daniel Williams King também faleceu. Foi encontrado misteriosa e "acidentalmente" afogado na piscina do seu quintal.
Mal sabia a família enlutada perceber que apenas alguns anos mais tarde, eles também estavam prestes a perder a sua matriarca, Alberta Williams King.
O domingo de 30 de junho de 1974 começou como qualquer outro para a família King. Mais um Dia do Senhor na Igreja Batista Ebenezer, em Atlanta, Georgia.
A cidade de Atlanta vivia uma semana complicada. A polícia matara um jovem negro em violação de liberdade condicional. Maynard Jackson havia sido recentemente eleito o primeiro prefeito negro da cidade. Um dos primeiros de todo o país. Até então, com este crédito, Jackson conseguiu evitar a escalada de protestos. As coisas estavam relativamente calmas, mas o clima era muito tenso.
Martin Luther King, Sr., o pai do Dr King, era o pastor da Igreja Batista Ebenezer, e, sem dúvida, estava iria abordar os recentes episódios em seu sermão dominical. Contudo, ele nunca chegou a fazê-lo.
O serviço daquela manhã começou com a oração ao Senhor acompanhada por um hino executado pela própria D. Alberta King no órgão.
Mas, no meio da oração começou, um jovem negro ficou de pé, gritando: "Você tem que parar com isso! Estou cansado de tudo isso! Eu vou acabar com isto hoje!"
Marcus Wayne Chenault um jovem mentalmente instável de 21 anos, anti-cristão, que acreditava que os pastores negros não eram bons para a sociedade negra americana, sacou duas pistolas e gritou: "Eu vou matar todos na aqui! - Eles me fizeram isso na guerra."
Alguns paroquianos que estavam próximos a ele, incluindo um neto de D. King, pularam à frente e tentaram segurar Chenault, mas era tarde demais.
Em menos de 90 segundos disparando contra os mais de 400 crentes na igreja, as balas atingiram três vítimas: Alberta Williams King, de 69 anos, o diácono da igreja Edward Boykin, também de 69 anos e uma mulher mais velha cuja identidade foi preservada.
A multidão manteve o assassino subjugado até que a chegada da polícia e paramédicos.
A terceira mulher e Alberta Williams King foram imediatamente levados para o hospital. Edward Boykin foi declarado morto no local.
A terceira mulher sobreviveu, e para preservar o seu anonimato o nome dela jamais foi publicado.
Já Alberta Williams King estava quase morta quando os paramédicos a levaram para o Hospital Memorial Grady. Ela não sobreviveu.
O demente Marcus Wayne Chenault se declarou muito orgulhoso do que havia tinha feito e, em nenhum momento, não fez qualquer movimento para negar as acusações criminais contra ele imputadas.
Em algumas semanas, ele foi indiciado em uma acusação de porte ilegal de arma, uma acusação por agressão e duas acusações de assassinato.
A Lei da Geórgia da época determinava que Chenault seria condenado à morte.
Contudo, os advogados da família King entraram com um recurso em favor do assassino para que a sua pena fosse comutada em prisão.
Apensar de tudo o que Chenault fez à família, a crença dos King na não-violência foi mais profunda do que qualquer eventual desejo de vingança.
Martin Luther King Sr. o esposo, viveu mais dez anos. Seguiu pastor desta mesma igreja por mais um ano, quando então se aposentou, provavelmente, em função das muitas lembranças dolorosas. Ele continuou defendendo a causa dos direitos civis até a sua morte.
Da família King original, apenas a filha de Martin Luther King, a irmã de Jr., Christine King Farris viveu para ver os Estados Unidos elegerem o seu primeiro presidente negro e a ampliação dos direitos civis do povo, independente de raça, gênero e orientação sexual.
Muitos da terceira geração da família King, incluindo as crianças de MLK, se unem na Fundação King, que segue na luta pelos direitos civis campeão dos desprivilegiados e, ao lado, Christine, testemunharam a mudança na sociedade pela qual a sua família lutou e morreu.
Genizah e All Day