Justiça autoriza hospital a usar a força para fazer transfusão em testemunha de Jeová
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GAZETA ONLINE
A paciente é da religião testemunha de Jeová, cujos membros não aceitam receber sangue em transfusões
Decisão judicial determina que a maternidade Pró Matre faça transfusão de sangue em paciente que se recusa fazer o procedimentoA professora Elaine Amorim dos Santos Lopes, 35 anos, decidiu não receber transfusão de sangue, apesar da gravidade de seu quadro clínico. Ela está internada na Maternidade Pró-Matre desde a última segunda-feira, após a realização de um parto. Mas sua decisão poderá não ser respeitada, já que o hospital conta com autorização judicial para realizar o procedimento, adiado para a próxima segunda-feira (05).
Elaine segue a denominação religiosa Testemunha de Jeová, que não aceita este tipo de tratamento médico. A transfusão, segundo o médico e diretor técnico da Pró-Matre, é necessária para esta paciente, que antes de ser internada para ter o filho já apresentava um quadro de anemia. Uma situação que se agravou com o parto.
Diante da recusa da paciente, o hospital decidiu recorrer à Justiça, com laudos e atestados que comprovam a necessidade do procedimento. Pedido que foi aceito na última terça-feira pela juíza Raquel de Almeida Valinho, que autorizou não só o procedimento, mas até o “auxílio de força policial, se necessário”.
Vitória - Decisão judicial determina que a maternidade Pró Matre faça transfusão de sangue em paciente que se recusa fazer o procedimento
“Com a perda de sangue causada pelo parto, a paciente começa a ter falhas no cérebro e os órgãos podem parar a qualquer momento”, explicou o médico.
Os médicos reuniram laudos e atestados para instruir o pedido judicial e convencer o judiciário a autorizar o procedimento. Segundo Couto, em seus 37 anos de profissão, esta é a primeira vez que ele se depara com um caso assim.
Vitória - Decisão judicial determina que a maternidade Pró Matre faça transfusão de sangue em paciente que se recusa fazer o procedimento“Procuramos a Justiça porque somos a favor da vida. Eu não aprendi a deixar ninguém morrer. Eu aprendi a lutar pela vida”, afirmou o médico.
A transfusão seria realizada nesta sexta-feira (02) mas, como a paciente apresentou uma pequena melhora no quadro, os médicos decidiram aguardar até a próxima segunda-feira.
Mas nada disso convence Elaine: “Tomei a minha decisão com embasamento bíblico. Sou cristã nas horas boas e ruins, e sigo o que a Bíblia diz em todos os momentos”, explicou.
A família de Elaine, que também é Testemunha de Jeová, diz não ser contra o procedimento, mas garante que vai apoiar a professora em qualquer decisão.
Religião
Márcio de Moraes Freitas, representante de notícias dos Testemunha de Jeová no Estado explica que os fiéis que seguem a denominação evitam passar por este tipo de tratamento, já que o sangue não é uma garantia de “salvar a vida”.
Uma decisão, acrescenta Moraes, que se baseia em trechos da Bíblia presentes no Antigo e no Novo Testamento. Na avaliação dele, existem outras alternativas de tratamento comum entre os fiéis, citando como exemplo a ingestão de medicamentos – prescritos por médicos – para estimular a produção de sangue.
"Estou tranquila", afirma paciente
A professora Eliane Amorim dos Santos Lopes, 35 anos, está internada desde a última segunda-feira e precisa passar por uma tranfusão de sangue, mas ela se nega a se submeter ao procedimento. Mesmo hospitalizada ela passa bem e conversou com a equipe de reportagem.
Por que você não quer fazer a transfusão de sangue?
Não vou me sentir bem fazendo a transfusão, porque não é uma coisa que eu acredito. Essa é uma decisão minha, baseada em fundamentos bíblicos. Levo minha vida direcionada pela bíblia e vou continuar levando. Estou muito bem com a minha decisão.
Como a sua família vê isso?
Eles estão me apoiando. Eles vão me apoiar em qualquer decisão que eu tomar.
Você teve filho há menos de uma semana. Como está a sua relação com ele?
Eu não posso amamentá-lo porque tenho que poupar as minha energias. Fora isso, está tudo bem. Ele é um menino saudável, eu cuido dele normalmente e também dou a mamadeira de leite para ele. Graças a Deus está tudo bem.
E como você tem se sentido nos últimos dias?
Ontem me senti melhor. Não estou sedada nem com aparelhos. Acredito que estou no hospital por que preciso me resguardar e não fazer esforço físico. Fora isso, me sinto bem e estou muito tranquila.