Haverá animais no céu?
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Será que seremos a única espécie que desfrutará dos novos céus e nova
terra profetizados pelas Escrituras? O que será das inúmeras espécies
animais e vegetais, frutos do gênio divino? Terá Deus criado todas elas
apenas como figurantes da trama cujo protagonista é o ser humano?
Recuso-me a crer nesta hipótese.
Se Deus não se importasse com os animais, por que os teria poupado no dilúvio?
Não somos melhores do que os bichos!
E não sou eu quem diz isso, mas o sábio Salomão:
“Disse eu no meu coração: Isso é por causa dos filhos dos homens, para que Deus possa prová-los, e eles possam ver que são em si mesmos como os animais. Porque o que acontece aos filhos dos homens, isso mesmo também acontece aos animais; a mesma coisa lhes acontece. Como morre um, assim morre o outro. Todos têm o mesmo fôlego, e nenhuma vantagem têm os homens sobre os animais…” (Ec.3:18-19).
Alguém poderá objetar: Os seres humanos temos espírito, os animais não.
Será? Então, Salomão errou ao dizer que não temos qualquer vantagem
sobre eles. E veja o que ele diz mais:
“Todos vão para o mesmo lugar; todos são pó, e todos ao pó tornarão. Quem sabe se o espírito dos filhos dos homens vai para cima, e se o espírito dos animais desce pra terra?” (vv.20-21).
Então, os animais também têm espírito, certo? Corretíssimo! Pelo menos é
o que acabamos de ler. O amor de Deus não se limita ao ser humano. Deus
ama a todas as Suas criaturas, racionais e irracionais. Ele é quem “dá mantimento a toda a criatura, porque o seu amor dura para sempre” (Sl.136:25).
Davi entendia isso perfeitamente, e declara de maneira poética em seu
salmo de número 104. Como que em êxtase, o rei salmista declara: “Ó
Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com
sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas. Há o mar, vasto e
espaçoso, onde se movem seres inumeráveis, animais pequenos e grandes
(…) Todos esperam de ti que lhe dê o seu sustento em tempo oportuno” (v.24-25,27). Até os leõezinhos “de Deus buscam o seu sustento” (v.21). Era como se Davi mergulhasse no fundo do oceano e se maravilhasse com o que visse ali.
Tive uma sensação de deslumbramento semelhante ao visitar o maior aquário do mundo no SeaWorld em
Orlando. É de cair o queixo! Foi deveras emocionante poder tocar nos
golfinhos, assistir aos espetáculos com as baleias, adentrar o ambiente
artificial reproduzindo o ártico e ver onde descansa o urso polar,
assistir ao balé dos pingüins como no filme Happy Feet. Minha
mulher e eu fomos literalmente às lágrimas. Disse aos meus filhos que
aquele entrosamento entre o homem e os animais era uma amostra grátis do que será na Terra restaurada.
Seria um desperdício enorme de espaço se somente nós, humanos,
habitássemos a Nova Criação. Engana-se quem pensa que nosso destino
final será vivermos num céu etéreo, como fantasminhas angelicais tocando
suas harpas. Não! Seremos seres humanos completos, dotados de todas as
nossas faculdades originais.
A hostilidade que o reino animal nutre contra o homem se deve ao pecado.
Deixamos de ser os guardiões do jardim de Deus para sermos sua maior
ameaça. Toda a natureza geme na expectativa de ser libertada do
cativeiro imposto pela vaidade humana. Quando os filhos de Deus se
manifestarem, a natureza será finalmente livre (Rom.8). A Terra não
caminha para uma catástrofe final, mas para a libertação. Quando isso
ocorrer, a hostilidade terminará, e o homem voltará a integrar-se à
criação.
Enquanto não chega o grande dia, devemos zelar pela vida de todos os
seres com os quais compartilhamos a Terra. Deus no-los confiou. Tanto os
selvagens quanto os domésticos.
Hoje, depois de minha caminhada diária, parei à margem de um lago para
fotografar alguns animais (tartarugas, pássaros e patos). Recentemente
descobri este novo hobby: fotografar a natureza. Um rapaz americano
chamado John me abordou. Ele estava acompanhado de um cão branco a quem
chamava carinhosamente de pig (porco). Conversa vai, conversa vem… ele
me contou de um acidente automobilístico que sofreu há dois anos, me
disse que perdera seus amigos, e que estava perdendo sua casa (por
sinal, uma linda casa à beira do lago). A única coisa que lhe restara
era seu cão. Mas pra completar seu sofrimento, seu cão, agora com doze
anos, estava prestes a morrer. Teria que gastar 8 mil dólares para
tentar salvar-lhe a vida numa cirurgia. Por estar financeiramente
quebrado, não lhe restou alternativa senão deixá-lo partir.
Embora não fosse cristão, e de ter-me confideciado sua ojeriza a
religião, John demonstrava um grande amor por seu bicho. O que me remete
ao que diz Salomão: “O justo olha pela vida dos seus animais” (Pv.12:10a).
Desejei do fundo d’alma que Deus restaurasse a saúde daquele animal. Lembrei-me de Franscisco de Assis que tinha o hábito de orar pelos animais.
Desejei do fundo d’alma que Deus restaurasse a saúde daquele animal. Lembrei-me de Franscisco de Assis que tinha o hábito de orar pelos animais.
Recentemente o SeaWorld foi cenário de uma tragédia envolvendo
uma Orca e sua treinadora. Apesar do entrosamento entre eles, a
treinadora veio a falecer afogada, depois de ter sido arremessada pelos
cabelos num ato aparentemente de fúria do animal.
A AFA (American Family Association), criada pelo reverendo Donald
Wildmon defendeu o apedrejamento até a morte da orca. A influente
entidade cristã cita passagens da Bíblia para justificar a morte do
animal, cuja carne, diz, não deve ser consumida por ninguém.
Organizações de defesa de animais de todo mundo reagiram à proposta do apedrejamento. Se depender da AFA, até o proprietário do parque aquático deve ser morto a pedradas, também de acordo com o que manda a Bíblia, argumenta a entidade.
Organizações de defesa de animais de todo mundo reagiram à proposta do apedrejamento. Se depender da AFA, até o proprietário do parque aquático deve ser morto a pedradas, também de acordo com o que manda a Bíblia, argumenta a entidade.
Este é um tipo de fundamentalismo que deve ser rechaçado por cristãos
conscientes, que entendem que vivemos sob a égide da Graça e não da Lei.
Uma das mais impressionantes imagens pintadas no livro de Apocalipse está registrada no capítulo 5, do verso 11 ao 14:
“Então olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos seres viventes, e dos anciãos; e o número deles era milhões de milhões e milhares de milhares, proclamando com grande voz: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor. Então ouvi a TODA CRIATURA QUE ESTÁ NO CÉU, E NA TERRA, E DEBAIXO DA TERRA, E NO MAR, e a todas as coisas que neles há, dizerem: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o poder para todo sempre. E os quatro seres viventes diziam: Amém. E os anciãos prostraram-se e adoraram.”
Repare a forma como o céu e a terra são apresentados unindo-se para
formar um enorme coral em adoração ao Cordeiro. Gradativamente, todas as
coisas vão sujeitando-se a Cristo. Não só as invisíveis, mas também as
visíveis, não só as pertencentes ao mundo espiritual (anjos, querubins e
cia), mas também as do mundo animal.
Aos poucos o caos vai se tornando em harmonia; o barulho se transforma
numa fenomenal orquestra! Cada evento vai encontrando o seu lugar na
majestosa sinfonia composta pelo Cordeiro. Nada fica de fora de escopo
desta restauração! O reino animal, o reino vegetal, e o reino mineral se
unem para saudar o Rei dos Reis.
No capítulo anterior, João diz que viu um trono, e Alguém assentado sobre ele, e “ao redor do trono havia um arco-íris” (4:3).
Este arco-íris nos remete ao episódio em que Deus fez uma aliança com
Noé, e estabeleceu o arco-íris como símbolo dessa aliança. O que poucos
observam é que aquela aliança de preservação não se limita ao ser
humano, mas abrange toda a criação. Assim afirmou o Senhor: “Agora
estabeleço a minha aliança convosco e com a vossa descendência depois de
vós, e com TODOS OS SERES VIVENTES que convosco estão; assim as aves,
os animais domésticos e os animais selvagens que saíram da arca, como
todos os animais da terra (...) Este é o sinal da aliança que ponho
entre mim e vós e entre todos os seres viventes que estão convosco, POR
GERAÇÕES PERPÉTUAS; O meu arco tenho posto nas nuvens, e ele será por
sinal de haver uma aliança entre mim e a terra (...) O arco estará nas
nuvens, e eu o verei, para me lembrar da ALIANÇA ETERNA entre Deus e
todos os seres viventes de todas as espécies, que estão sobre a terra” (Gn.9:9-10,12-13,16).
Esta aliança jamais vai caducar. Não tem prazo de validade a ser
vencido. Por ser eterna, ela não perdeu a validade com o lançamento da
Nova Aliança, antes foi confirmada. Oséias, profetizando acerca da Nova
Aliança, disse: “Naquele dia farei por eles aliança com os animais do campo, com as aves do céu e com os répteis da terra” (2:18).
A Nova Aliança diz respeito à salvação do homem, e, por conseguinte, à
restauração da ordem criada. O coral só estará completo quando as vozes
angelicais, e as vozes humanas unirem-se às vozes de toda criatura,
incluindo os pássaros, os répteis, os mamíferos e os peixes."Tudo o que tem fôlego louve ao Senhor!" (Sl.150:6).
Publicado em Hermes Fernandes