CARNAVAL: O que merece aplausos e vaias
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"Examinai tudo. Retende o bem." 1 Tessalonicenses 5:21
O que significa "examinar"? De acordo com o dicionário, examinar é ponderar, observar, analisar atentamente, minuciosamente. Considerando a sugestão de Paulo, que tal se examinássemos o Carnaval? Em vez de simplesmente bater o martelo e condenar a maior festa popular do mundo, prefiro desembrulhar o pacote e averiguar item por item.
Como sou do Rio de Janeiro, apresentarei abaixo as razões que me levariam a aplaudir e a vaiar o carnaval carioca:
Primeiro, o que eu aplaudiria sem o menor constrangimento:
• A criatividade dos carnavalescos e compositores expressada nas fantasias, no show de cores, nos carros alegóricos, e, principalmente, no samba-enredo, muitos dos quais retratam a história, o folclore e a cultura do povo brasileiro, enquanto outros denunciam o descalabro do preconceito, da devastação ambiental e outras mazelas que assolam a sociedade. Também é de se admirar a homenagem feita a alguns ícones populares.
• O empenho e a empolgação contagiosa do povo brasileiro, cantando, dançando e desfilando pela avenida, sempre com um sorriso nos lábios, mesmo com os pés sangrando de tanto sambar.
• A união de pessoas de camadas sociais diferentes. Morro e asfalto se unem em defesa do estandarte da escola de samba.
• O encontro de gerações. É bonito de se ver a honra dada à chamada velha guarda, bem como a integração e participação das crianças.
O que deveria nos envergonhar, e que, portanto, merece minhas vaias:
• A política de pão e circo descaradamente usada e abusada pela classe política para distrair o foco da população dos assuntos importantes. Enquanto o povo festeja, a roubalheira prossegue. Não foi à toa que os mensaleiros foram absolvidos da acusação de formação de quadrilha na semana do Carnaval. Se fosse em outra época do ano, talvez o mesmo povo teria saído às ruas para protestar.
• A promiscuidade do poder público. Dos 51 vereadores do RJ, somente 5 se recusaram a usufruir de ingressos para o camarote patrocinado pelos contraventores do jogo de bicho, como pode ser constatado aqui.
• A lavagem de dinheiro do crime organizado e da contravenção com a anuência do poder público.
• A imagem da cidade associada ao turismo sexual e explorada à exaustão pelo mundo afora. O principal cartão postal que atrai turistas ao Rio de Janeiro não é o Corcovado, nem o Pão de Açúcar, mas os glúteos de nossas mulatas.
• A atmosfera de permissividade e licenciosidade, responsável pela gravidez precoce de muitas adolescentes, e pela destruição de muitas famílias através do sexo casual irresponsável e pelo uso de álcool e entorpecentes.
• O aumento drástico de acidentes nas estradas e da violência urbana que ceifam a vida de milhares de pessoas.
Cuidemos para não jogar fora a criança juntamente com a água do banho. O que for bom e belo deve ter seu sabor realçado pelo sal, mas o que for reprovável deve ser manifesto pela luz. Devemos, portanto, evitar dois extremos: o legalismo que a tudo condena sem se dar o trabalho de examinar e a licenciosidade que nos faz aceitar tudo, tornando-nos "cúmplices das obras infrutuosas das trevas" (Ef.5:11).
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