SALVE A BLACK FRIDAY...
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Fabricio Santos
É do humano se submeter a comportamentos desumanos. Pior, inventar alguns deles.
Hoje é um dia de se “celebrar” um desses comportamentos, instigando o consumo exagerado daquilo que não se precisa, alimentando, como disse o André Trigueiro, os “apetites mais vorazes por meio de um tipo de ‘magia negra’”.
Também é do humano subverter comportamentos sociais ruins, por meio de atitudes criativas e simples.
Vamos subverter a “black friday” do consumo de coisas, consumindo “não”-coisas.
Proponho trocarmos o material pelo imaterial. Agora.
Engraçado que os bens imateriais são mais duráveis que os “bens duráveis”.
Todos temos algo imaterial pra “comprar”. Compremos.
O bom é que o imaterial não tem preço, mas tem valor. Não se compra com dinheiro. Não há dinheiro que pague. E não se vende. Eternidades não estão a venda.
Quanto custa um abraço apertado?
E um pôr do Sol a dois?
E um banho de cachoeira, ou de mangueira.
E um passeio de mãos dadas.
E olhar as crianças brincando na praça.
A mesa com os amigos.
As fotos da infância.
As mesmas histórias.
O picolé de frutas.
O clássico “casados X solteiros”.
A intimidade do silêncio entre amantes.
O beijo roubado.
O carinho exagerado.
O “eu te amo” bem dito.
Um soninho depois do almoço.
Um banquinho e um violão.
Poesia do Leminsky.
Frase do Caio.
Ensaio da Clarice.
Foto da Ester.
Fim de tarde de verão.
Sextas-feiras.
Andar de bermuda e descalço.
Ter onde chorar.
Ter pelo que sorrir.
A oração secreta.
A gargalhada frouxa.
Quanto custa um amor?
Qual o preço de um dia?
Quanto custa um fôlego?
Quanto se paga no tempo?
Quanto vale a vida?
Consumamos, amigos.
Consumamos a vida nessa sexta, como nunca antes.
Invistamos nossas vidas em eternidades...
Salve a “black friday”, a “green friday”, a “yellow friday” e todas as outras cores de fridays possíveis, amigos.
Hoje é dia de consumir amor, um bem inesgotável.
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