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Star Trek gospel, a nova geração

Digão

Admito que sou um nerd. Gosto bastante de ficção científica, de assistir a seriados de desenhos animados, cujos enredos discuto animadamente com gente do meu nível intelectual, o que no caso são minhas filhas de 5 e 8 anos. Não leio tanto gibi quanto gostaria, mesmo porque aqui em Rondônia não chegam essas coisas do capeta e, quando chegam, ou são muito defasadas ou muito caras, quando não são as duas coisas ao mesmo tempo.

Uma série que gosto muito de assistir é Star Trek. Série, não. Séries. Jornada nas Estrelas já pariu onze filmes, uma série de desenhos animados e 4 séries derivadas dentro do universo da Federação Unida dos Planetas (A Nova Geração, Deep Space 9, Voyager e Enterprise), além de livros e revistas em quadrinhos. E já assisti a todos, sem exceção.

Mas uma coisa que gosto também é de teologia. Lembro-me que, ao assistir a uma das séries, ficava me perguntando sobre o alcance do sacrifício da cruz no universo: seriam também os alienígenas pecadores necessitados do perdão de Deus, ou será que eles ainda não experimentaram a desgraça do pecado? Bom, depois a gente volta no assunto.

Mas estive pensando nesse nosso mundinho gospel comparado ao mundinho trekker. Sei que Gene Roddenberry, criador da série, era ateu e avesso ao cristianismo. Mas, ainda assim, quem sabe, podemos fazer um exercício de imaginação com os personagens da série original, que é a mais conhecida. Como seria se eles fossem membros de igrejas evangélicas?

Capitão Kirk: charmosão, sempre dava um vôo rasante em cima da mulherada. Sempre se dá bem, apesar de apanhar um bocado. E gosta de comandar, de um jeito bem “apostólico”, ou mesmo “patriarcal”. Acho que é um modelo de neopentecostal.

Spock: sempre lógico, o vulcano não apresenta emoções, que são contrárias à sua natureza, apesar de ser meio humano. Sempre resolve tudo na base da racionalidade. Tenho pra mim que Spock era calvinista.

McCoy: sempre reclamão, brigava o tempo todo com Spock. Sempre discutia também com o capitão. Surtou certa vez ao aplicar em si mesmo, acidentalmente, um composto medicinal (nem me perguntem o nome) no episódio A cidade à beira da eternidade (um dos melhores do seriado original, por sinal). Possivelmente um crente “alternativo”, desses que abominam igreja (mas que formaram uma só para si mesmos), e que estão sempre no caminho, mas ainda não chegaram à casa do Pai, ou mesmo a alguma conclusão lógica isenta de sofismas.

Uhura: a primeira negra a protagonizar um seriado sem estar no papel de empregada ou escrava. Tratava das comunicações. Não falava muito, mas era eficiente no que fazia. Um tipo de batistão.

Chekov: o garotão da turma. Sempre empolgadão, dizendo que todas as invenções importantes da humanidade eram, na verdade, de gente da Rússia, seu país natal. Como sempre dizia coisas do passado, mas ninguém dava bola para o que ele falava, talvez ele fosse presbiteriano independente mesmo.

Scott: o engenheiro chefe da Enterprise. Eficiente, gostava de conhecer a fundo a parte técnica da nave, mas não tinha muito tempo para curtir a viagem. De vez em quando ficava de porre com os uísques que tomava lembrando a Escócia natal. Talvez um membro de alguma igreja liberal.

Sulu: tentei pensar em alguma coisa pra ele, mas não consegui. Talvez por ele entrar mudo e sair calado dos episódios, ou por recentemente assumir a homossexualidade (o ator, não o personagem), ele seria algum GG (gospel gay). 



Digão é colaborador de Genizah, mas no momento se ocupa de construir uma nave enterprise pra gente fugir deste pesadelo...












 

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