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IGREJA-GINCANA: Não quero jamais pertencer a essa igreja!


MANOEL dC


Ocorre à minha mente, que a sociedade é como uma grande gincana onde seus membros competem até à axaustão, culminando em alguns poucos “gatos pingados” que serão reconhecidos e premiados no final, para logo serem esquecidos e abandonados.

Desde muito cedo entramos no mundo competitivo, em um clima de concorrência além dos limites que conseguimos suportar. Isso acontece no jardim de infância, no colégio, na faculdade, na especialização, nos esportes, nos relacionamentos, na música e em todos os espaços da vida.

O mundo em que vivemos produz uma cultura opressiva, que extrai de nós multifacetados sentimentos ruins, o medo inconsciente de perder, e a ansiedade de não correspondermos às suas pressões e exigências inatingíveis de estética, fama, capacidade, competência e habilidade.

Delineia-se nitidamnte em nós o medo de não sermos reconhecidos, de não nos sentir plenamente adequados aos padrões impostos. Recrudesce impetuosamente esse sentimento latente de não sermos valorizados o suficiente pelo que fizemos, por mais que nos esforcemos para fazer o melhor, sempre aflora o medo de não sermos, no meio do qual estamos inseridos, o suficientemente capazes, engraçados, populares, ricos, interessantes, inteligentes, cultos, espirituosos, magros, musculosos, chiques, etc.

Não percebemos nem de longe o quanto somos marionetados por poderosos fios invísiveis que “querem fazer nossa cabeça” a qualquer preço.

A gigantesca mola propulsora dessa engrenagem chama-se consumismo. O consumismo por sua vez é retroalimentado pela força irresistível da propaganda que nos teleguia para comprar e obter mais e mais, apetrechos eletrônicos e bugingangas tecnológicas que jamais precisaremos e que, no fim das contas, não vão somar nem acrescentar nada de útil à vida.

PIOR QUE TUDO ISSO, É QUANDO ESSES CONCEITOS ESCOAM SUTILMENTE PELAS BRECHAS ABERTAS NA IGREJA E SE INSTALAM NO SEU MODO DE SER, SÓ QUE REVESTIDOS DAS MAIS SUBLIMES CAPAS DE ESPIRITUALIDADE, E COM RÓTULOS ATRATIVOS PINTADOS DA MAIS PURA SANTIDADE.

Entramos na igreja pensando em amar cada vez mais nosso querido Mestre, em crescer cada vez mais no relacionamento com Jesus e com os irmãos, em nos tornar cada vez mais livres dos vícios e pecados que nos escravizavam, mas quão cedo nos decepcionamos!

Porque é na igreja que vemos o imperativo do ter e poder, sobrepujando o simplesmente ser.

É na igreja que desmascaramos lobos vorazes disfarçados de ovelhas santificadas.

É na igreja que vemos proliferar como praga as ervas daninhas da fofoca, da maledicência e da suspeita.

É na igreja que vemos também existir a mesma concorrência asquerosa que existe na sociedade lá fora, “irmãos” competindo com “irmãos”, uns atropelando os outros, na conquista de mais reconhecimento e aplausos.

É na igreja onde a gincana é mais acirrada, no afã de se alcançar o prêmio de maior espiritualidade,de se ter maior quantidade de dons (principalmente aqueles que aparecem e promovem espetáculo).

É nessa Igreja-Gincana, que se vê a concorrência desigual por obter status perante a liderança, o desespero de irmãos que frequëntam vigílias com o intuito de serem vistos com mais “poder do alto”, no mais alto padrão de legalismo asfixiante.

Infelizmente ainda existem outras gicanas instituídas mais , como a corrida de saco de quem prega mais, a torta na cara de quem evangeliza mais, o futebol de sabão de quem ora mais, a briga de galo por obter mais discípulos aos quais possa mandar mais, a guerra de travesseiros de quem tem mais grupos, e a caça ao tesouro de quem tem a igreja maior, mais poderosa e mais rica.

E quem são os possíveis ganhadores dessa Igreja-Gincana? Certamente aqueles que se queixam de ser “filhos do Rei”, que reinvidicam “diante do trono” não terem nenhum tipo de crise, doença ou decréscimo financeiro, mas que também são os que mais vestem o disfarce da hipocrisia oficializada.

É por essa razão que muitos crentes/jogadores dessa Igreja-Gincana se cansam e ficam prostrados pelo caminho afora. São os que se sentem lesados, enganados, roubados, desclassificados e perdedores. São pessoas preciosas aos olhos de Deus que ficaram queimadas e agora remoem todo tipo de desilusão, fracasso e decepção.

Esses soldados feridos deixados pelo caminho, são os milhões de “crentes desviados” (é assim que a Igreja-Gincana os considera) e que se tornaram totalmente refratários a qualquer tipo de religiosidade que lembre, mesmo de forma distante, a igreja da qual saíram.

De onde menos se espera, é de onde se propaga com força de mandamento a venda de imagem. Nesse tipo de igreja, ao modo da sociedade, somos exigidos a sermos bonitos, bem vestidos (no mais requintado modelo burguês americano e europeu), espirituais, inerrantes (se só se suspeitar que pisou na bola, você está frito!), e mais enquadrados na visão de competição e concorrência conforme o mundo , não o Evangelho de Cristo.

NA VERDADE, A MAIORIA DAS IGREJAS DESSA GERAÇÃO PARECE QUE ESQUECEU DA VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE SEGUNDO O EVANGELHO DE CRISTO.

O Evangelho de Cristo que desmantela de uma vez para sempre esse arremedo de igreja, a Igreja Competidora, a Igreja-Gincana, para erguer do meio dos escombros, a Igreja da Liberdade Consciente, que como Jesus, abraça com entusiasmado carinho os segundos, terceiros e enésimos lugares, e que vai gerar o exercício pleno da individualidade e desembocar na multiforme diversidade de dons, habilidades, caras, modos, jeitos, estilos e mentes, fruto da multiforme graça de Deus, tudo isso a serviço do mundo!

Termino aqui, lembrando do hino antigo que dizia:

“NÃO É DOS FORTES A VITÓRIA, NEM DOS QUE CORREM MELHOR;
MAS DOS FIÉS E SINCEROS QUE SEGUEM JUNTO AO SENHOR!




Manoel do Carmo é colaborador do Genizah







 

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