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Canonização de João Paulo II e João XXIII objetiva acelerar processo de absorção do protestantismo



por Johnny Bernardo

A canonização é um processo pelo o qual um beato é reconhecido santo, e teve inicio em 993, com a canonização de Ulrich, bispo de Augsburg, pelo papa João XV. O recente anúncio de que os papas João Paulo II e João XXIII serão canonizados parece indicar que há um alinhamento em desenvolvimento no sentido de se aprofundar as discussões em torno do ecumenismo, discussão está proposta pelo papa João XXIII que, em dezembro de 1961, convocou o Concílio Vaticano II com o objetivo de adaptação da liturgia “aos tempos modernos” e a abertura de um canal de comunicação com as comunidades cristãs. João Paulo II, apesar de conservador em alguns aspectos, era um ferrenho defensor do Concilio Vaticano II e do ecumenismo.

Tais características ecumênicas foram tomadas como base para as indicações ao processo da canonização, seguindo uma lógica romana encabeçada pelo papa Francisco, outro defensor da ampliação do diálogo com as várias ramificações do protestantismo. Portanto, o que pesou na escolha dos antecessores de Francisco não foram, por si só, os supostos “milagres” ou “virtudes” a eles atribuídos, mas a propensão destes ao ecumenismo. Na verdade, a escolha de Francisco como sucessor de Bento XVI teve como base o fato de que o referido possui um histórico de diálogo com grupos protestantes da América Latina e, também, pela sua proximidade com o Brasil, pais este recentemente descrito pelo New York Times como “um laboratório para reverter o declínio do catolicismo romano”.

O objetivo, portanto, por trás das indicações é fortalecer a estratégia romana de absorção do protestantismo brasileiro e mundial por meio do ecumenismo. Em outras palavras, a Igreja pretende reverter o declínio por meio do diálogo ecumênico, e não, propriamente, por um confronto direto com as várias ramificações do protestantismo. O fato de João XXIII ter realizado um único “milagre” e haver sérias contestações à suposta cura da freira Marie Simon-Pierre – segundo declaração de um jornal polonês, publicada à época da indicação de João Paulo II a beato, Marie não sofria do Mal de Parkinson, mas de uma desordem nervosa cuja recuperação é medicamente possível – por João Paulo II, parece sugerir que as escolhas seguiram, de fato, outros objetivos que não a de milagreiros ou virtuosos, mas de articuladores. Finalmente, são os evangélicos latino-americanos os principais alvos da manobra da Santa Sé, iniciada com a escolha do cardeal e jesuíta, Jorge Mario Bergoglio.



Johnny Bernardo é jornalista, pesquisador da 
religiosidade brasileira e colaborador do Genizah





 

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