A controvertida prática do jejum
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Hermes C. Fernandes
A palavra chave do cristianismo é “comunhão” (grego: koinonia). O pecado causou uma ruptura entre o Criador e a criatura. Mas o amor divino exigiu que esta comunhão fosse reatada, sem que a Sua justiça fosse abrandada. Através do sacrifício de Jesus, o pecado humano foi devidamente castigado, e o acesso do homem a Deus foi finalmente restaurado, possibilitando assim a comunhão entre eles. Esta comunhão, porém, deve ser vertical e horizontal.
A propósito, o que é comunhão? O termo grego koinonia significa “compartilhar o que se tem”. Deus Se dispõe a compartilhar o que possui com o homem, inclusive a Sua própria Vida, e deseja que o homem compartilhe tudo o que possui com o seu próximo. “O que vimos e ouvimos” escreve João, “isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo (...) se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros” (1 Jo.1:3,7).
Eis a diferença entre as religiões humanas, e a proposta do cristianismo original. Enquanto a palavra chave do cristianismo é comunhão, a palavra chave das religiões é privação. Desde o hinduísmo o islamismo, o budismo, até o catolicismo, atribui-se valor especial à privação espontânea de bens materiais. Faz-se voto de pobreza, pratica-se abstinência de alimentos, e ainda por cima, em alguns casos, estimula-se o autoflagelo, como se o sofrimento auto-impingido tivesse algum valor expiatório. À luz das Escrituras Sagradas, não há qualquer valor intrínseco na abstinência do que quer que seja. Deixar de comer, de possuir bens no mundo, de casar, ou coisa parecida, não acrescenta nada em nossa comunhão com Deus. Aliás, o Apóstolo Paulo chama isso de “doutrinas de demônios”. Paulo denuncia tal prática, atribuindo sua inspiração a espíritos enganadores, que se aproveitam da “hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças; pois tudo que Deus criou é bom, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças”(1 Tm.4:2-4).
Enquanto a religião valoriza o ascetismo, a privação, o cristianismo valoriza a partilha, a comunhão. A virtude não está em privar-se de um bem, e sim o abrir mão de parte dele em favor do próximo. Tomemos por exemplo o jejum. A maioria das religiões do mundo o adota como parte dos seus ritos. Para uns, trata-se de um método que tem como finalidade promover o sacrifício dos apetites carnais, enfraquecendo assim a natureza pecaminosa residente no ser humano. Para outros, como os judeus, a prática do jejum está relacionada ao luto. Além desses conceitos clássicos, há também uma ideia que predomina nos círculos evangélicos de hoje. Pra muitos cristãos sinceros, o jejum não passaria de um meio de chamar a atenção de Deus para as suas necessidades, sensibilizando-O e pressionando-O a satisfazê-las.
Não queremos aqui questionar a prática do jejum em si, e sim as motivações pelas quais muitos o têm praticado. Veremos um pouco adiante, que há boas motivações pelas quais o crente pode jejuar. Infelizmente, transformaram o jejum em moeda corrente no Reino de Deus. Se alguém deseja alcançar alguma dádiva, basta ficar algumas horas sem comer, e Deus será obrigado a atendê-lo. Isso é um absurdo! Isso não é jejum, e sim, greve de fome! Somando a isso o fato das pessoas reivindicarem seus direitos perante Deus, parece-nos que estão mantendo uma espécie de relação sindical com o Criador. Desta maneira, Ele passa a ser visto como patrão em vez de Pai, e nós, como empregados sindicalizados em vez de filhos.
A questão que desejamos levantar é: De que adianta jejuarmos, ou praticarmos qualquer outro rito religioso, se não atentarmos para as necessidades e os direitos dos nossos semelhantes? O jejum que Deus prescreve é “que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo, e que deixes livres os quebrantados, e despedaces todo jugo”, e mais: “que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desterrados”, e ainda: “vendo o nu, o cubras, e não te escondas do teu próximo” (Is.58:6-7). É este o jejum que temos praticado? À luz deste texto, aquilo que os crentes têm praticado hoje em dia não tem nada a ver com o jejum prescrito por Deus em Sua Palavra.
O que Deus espera não é que a pessoa se prive de alimento por algumas horas, sabendo que o mesmo alimento está guardado na geladeira ou na dispensa para ser consumido depois do tempo predeterminado. Em vez de privar-nos por algumas horas (geralmente, da hora em que acordamos ao meio-dia) do nosso pão, que tal se o repartíssemos com o que nada tem para comer? Não estaríamos nos privando de todo o pão por um pouco de tempo, e sim, de parte dele para sempre em favor de quem está faminto.
Quando Cristo vier julgar o mundo, Ele vai perguntar o que fizemos com o nosso pão. Ele quer saber se o guardamos para consumi-lo um pouco mais tarde, ou se o repartimos com o faminto. “Tive fome, e não me deste o que comer” dirá Jesus. “Apartai-vos de mim!” será a sentença (Mt.25:41-42).
O melhor jejum é o da partilha, e não o da privação momentânea por interesses particulares. Quando nos propomos a partilhar o pão, não somente o material, mas, sobretudo o espiritual, que é o Evangelho, a sua luz começa a romper e a dissipar as trevas. Confira se não é esta a promessa contida em Isaías 58:
"Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante da tua face, e a glória do Senhor será a tua retaguarda. Então clamarás, e o Senhor te responderá: gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente, e se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita, então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia”. Isaías 58:8-10.
O alvorecer do Dia do Senhor está chegando! Deus está despertando o Seu povo em todo o mundo para a prática da verdadeira religião (Tg.1:27) e do jejum da partilha! Nossa luz vai se romper, e a nova aurora vai surgir, quando tirarmos do meio de nós o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente. Creio que o jugo que precisa ser tirado do meio de nós é o jugo dos homens, das tradições legalistas, das doutrinas e preceitos humanos. Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade (2 Co.3:17)! Ninguém aguenta mais tanto jugo! “Não pode isto, não pode aquilo outro...” Paulo nos aconselha a termos cuidado, para que ninguém nos faça presa sua, usando de sutilezas, de acordo com a tradição dos homens. Se estamos mortos com Cristo, arrazoa Paulo, então, por que temos de nos sujeitar a ordenanças do tipo: não toques, não proves, não manuseies? De acordo com o apóstolo, tais regras até possuem a aparência de sabedoria, de culto voluntário, mas não passa de humildade fingida, e “não tem valor algum contra a satisfação da carne” (Col.2:8,20-23).
Além de nos livrarmos de todo jugo, precisamos abrir nossa alma ao faminto. Enquanto o mundo ao redor está faminto do Pão da Vida, nós o temos armazenado em grande quantidade. Isso é a maior prova de nosso egoísmo. Os crentes precisam aprender a compartilhar do Pão da Vida com aqueles que nada têm.
Jesus só multiplicou os pães quando alguém se prontificou a compartilhar o seu próprio pão. Se ninguém se dispusesse a partilhar seu pão, o milagre da multiplicação não aconteceria. Afinal, zero vezes zero é zero. Talvez isso explique a escassez de revelação da Palavra de Deus que predomina nos círculos cristãos de hoje em dia. O conhecimento só se multiplica, quando nos dispomos a compartilhá-lo com os que estão famintos da Palavra de Deus. Aí, sim, a revelação flui. É sobre isso que o livro de Daniel fala em seu último capítulo. Ali se diz que “os que forem sábios RESPLANDECERÃO como o fulgor do firmamento, e os que a muitos ENSINAM a justiça refulgirão como as estrelas sempre e eternamente (...) Muitos CORRERÃO de uma parte para outra, e o CONHECIMENTO SE MULTIPLICARÁ” (Dn.12:3,4b). Repare bem na ordem: A Igreja vai trazer o resplendor do Novo Dia, quando ela se dispuser a ENSINAR a justiça. E Deus tem pressa! Cabe a Igreja correr de uma parte para outra, a fim de que o conhecimento se multiplique. Eis o segredo: O que recebemos do Senhor será multiplicado na medida em que o compartilharmos com o maior número de pessoas.
Vai ser dessa maneira que vai se cumprir a profecia de Habacuque que diz: “Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar” (2:14). Mas para que isso aconteça, a ordem de Deus a Habacuque era que a visão fosse escrita de forma bem legível, para que aquele que a lesse, corresse com ela (v.2). Não há tempo a perder! Nosso pão precisa ser partilhado com quem está faminto. Precisamos correr! Pregar a tempo e fora de tempo (2 Tm.4:2). Vale aqui a famosa frase do sociólogo Betinho: Quem tem fome tem pressa.
Quando Neemias e Esdras reuniram o povo de Jerusalém para a leitura da Lei, todos começaram a chorar e a lamentar, convencidos do fato de que haviam sido cativos por setenta anos, devido aos seus pecados. Foi realmente uma grande demonstração de arrependimento. Mas diante daquele quadro, Neemias, Esdras e os levitas disseram ao povo penitente: “Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, pelo que não vos lamenteis, nem choreis. Pois todo povo chorava, ouvindo as palavras da lei. Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e ENVIAI PORÇÕES AOS QUE NÃO TEM NADA PREPARADO PARA SI. Este dia é consagrado ao nosso Senhor. Não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força (...) Então todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar porções e a celebrar com grande alegria, porque AGORA entendiam as palavras que lhes foram comunicadas” (Ne.8:9b-10,12).
Um povo triste, faminto, não pode expressar a alegria do Senhor. Aquela gente havia trabalhado na restauração de Jerusalém, e agora, após tê-la concluída, estava deprimida diante das palavras da Lei. De fato, eles ainda não compreendiam o que lhes estava sendo comunicado. Aquele era um dia consagrado ao Senhor, razão suficiente para que eles não se entregassem à tristeza. Aquele dia era apenas uma figura do Dia do Senhor no qual vivemos hoje. É neste santo dia, iniciado na manhã da ressurreição, que adentramos o Reino de Deus, e encontramos o nosso Sabath. Lembremo-nos de que o Reino de Deus é alegria! Sem alegria, sem entusiasmo, ninguém pode mover uma palha. Se almejamos cooperar com Deus na reconstrução deste mundo, precisamos aprender o sentido da alegria.
Em vez de privar-se de comida, a ordem do dia era enviar porções aos que nada tinham para si. Este é o espírito do jejum da partilha! Em vez de privar-me do todo, por algum tempo, privo-me de uma parte, a fim de que outro tenha o que comer também. Era este o espírito que imperava na igreja primitiva. Lucas testifica disso em Atos. Ele diz que os crentes primitivos “perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações (...) Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo a necessidade de cada um. Perseverando unânimes todos os dias no templo, e PARTINDO O PÃO em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração” (At.2:42,44-46). “Isso é utopia!”, alguém pode objetar. Mas se foi possível nos dias de Neemias, e nos dias da igreja primitiva, por quê não, hoje? Este é o caminho da restauração. Será deste modo, e não de outro, que vamos trazer o alvorecer do novo aión. Porém, isso não pode ser feito através de coação. Lucas diz que isso acontecia na igreja primitiva porque “era um o coração e alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns (...) em todos eles havia abundante graça” (At.4:32,33b). Não se tratava de ascetismo, mas de comunhão.
Tal disposição só era possível, porque “havia abundante graça”. Somente a Graça pode produzir em nós essa disposição. A Graça nos faz uma unidade em Cristo Jesus. Jamais o Evangelho sugeriu que o cristão deveria viver como um asceta. Quando Cristo confrontou o jovem rico que se ufanava de cumprir toda a Lei, não ordenou que ele lançasse sua fortuna no fundo do mar, mas que a dividisse com os pobres. De acordo com o Evangelho, os ricos deste mundo têm um papel social fundamental a cumprir no Reino de Deus. Em vez de abrir mão de sua riqueza, e tornar-se um eremita, o rico deve dispor-se a usar de sua riqueza em benefício daqueles que nada possuem. Paulo escreve a Timóteo: “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir” (1 Tm.6:17-18). Isto é comunhão e não abstinência. Este é o espírito da verdadeira religião.
Temos que estar dispostos a partilhar tanto os bens espirituais, quanto os materiais (1 Co.9:11). Tiago encarou este problema com muita propriedade. Ele havia encabeçado a igreja em Jerusalém durante um período de muita carestia. Ele escreve em sua epístola: “Se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhe disser: Ide em paz; aquentai-vos e fartai-vos, mas não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso?” (Tg.2:15-16). Em outras palavras: de nada adianta dizer “Deus te abençoe” se não nos oferecermos para sermos bênção para o nosso próximo. Versos como este são uma punhalada na teologia da prosperidade tão em voga em nossos dias. De acordo com os seus expoentes, quando um irmão está atravessando dificuldades financeiras, deve-se provavelmente à sua falta de fé, ou à sua infidelidade a Deus. Que paranoia! No pensar de Tiago, a necessidade de um irmão nada mais era do que a oportunidade que a Igreja tinha de manifestar seu amor, não apenas em palavras, mas também em obras. Tiago não diz que se deveria quebrar qualquer tipo de maldição que houvesse sobre ele, ou submetê-lo a uma sessão de exorcismo, ou mesmo profetizar meia dúzia de palavras positivas sobre ele. Em vez disso, a Igreja deveria acolher e buscar suprir as suas necessidades. Tiago não era um apóstolo legalista como afirmam alguns. O que ele pregava não era uma salvação pelas obras, e sim, uma salvação pela fé, mas uma fé operante. Ele foi capaz de confrontar os ricos do seu tempo, por não estarem andando em conformidade com o Evangelho. O problema não era o fato de serem ricos, mas de não se disporem a jejuar com os que nada tinham, e ainda explorarem os trabalhadores, dando-lhes um salário indigno. Repare em sua veemência:
"Agora, vós, ricos, chorai, e pranteai, por causa das misérias que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas de traça. O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram. A sua ferrugem dará testemunho contra vós, e devorará a vossa carne como fogo. Entesourastes nos últimos dias. Vede! O salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, e que por vós foi retido com fraude, está clamando. Os clamores dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor Todo-Poderoso”. Tiago 5:1-4.
Pessoas que agem desta maneira não ficarão impunes nas mãos do Juiz de toda a terra (Ver Lv.19:13; Dt.24:15; Jr.22:13; Ml.3:5; Cl.4:1). Não importa o valor de suas contribuições na igreja, se não se dispuserem a agir com equidade para com os seus subordinados. Talvez alguém diga que o que sugerimos é uma reforma social que comece pela Igreja, e que, por fim, abranja todos os seguimentos da sociedade. Bem, a meu ver, esta é a proposta do Evangelho. Trata-se de um Evangelho que abrange o homem em sua integralidade, corpo e alma. O Evangelho, como temos entendido, não se preocupa apenas com questões espirituais do ser humano, como por exemplo, onde ele passará a eternidade. O Evangelho compreende o homem integral, incluindo os aspectos sociais, morais, culturais, e etc. Qualquer coisa menos que isso, não deveria ser chamado de Evangelho. Quando a Igreja experimentar esta reforma integral, tirando do seu seio todo jugo, e praticando o jejum da partilha, terá chegado a aurora do Novo Aión inaugurado por Cristo na Terra. Para que isso aconteça, há que se levantar pessoas dispostas a darem a sua quota de participação rumo às mudanças que urgem. Não podemos nos aquietar, e aceitar passivamente o que temos visto em nosso meio. Infelizmente, a igreja adequou-se ao espírito do mundo. Ninguém se incomoda mais com o que está errado. Somos uma geração apática, que não ousa sonhar, e que se nega a manifestar-se contrária ao comodismo que impera nas igrejas. Precisamos experimentar a inquietação que Isaías viveu em seu tempo: “Por amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não me aquietarei, até que brilhe a sua retidão como a aurora, e a sua salvação como uma tocha acesa. As nações verão a tua retidão, e todos os reis a tua glória; chamar-te-ão por um nome novo, que a boca do Senhor nomeará. Serás uma coroa de glória na mão do Senhor, e u diadema real na mão do teu Deus (...) Passai, passai pelas portas! Preparai o caminho ao povo. Aplanai, aplanai a estrada! Limpai-a das pedras. Arvorai a bandeira aos povos” (Is.62:1-4,10). Quando a Igreja levantar-se como a Nação Santa, onde as relações sociais se desenvolvem com equidade, ela se tornará o paradigma para as nações da Terra. Precisamos aplanar o caminho para que as nações venham a Sião, e busquem ali a Lei do Senhor. Aplanar o caminho, tirar as pedras, expressam a necessidade que temos de avaliarmos a nossa situação enquanto Igreja de Deus. Durante o primeiro século da era cristã, a Igreja era conhecida como a seita do Caminho. As pedras que precisam ser removidas são os desajustes, as contendas, e tudo aquilo que nos faz parecer mais com o mundo do que com Cristo.
Mahatma Ghandi, o grande líder indiano, afirmou ser um admirador da mensagem de Cristo, porém, segundo ele, o que o decepcionava no cristianismo era a maneira como os cristãos vivem.
Muita gente tem dificuldade em aceitar o cristianismo por causa da maneira como os cristãos vivem. Isto é uma vergonha para nós. Nós mesmos estamos dificultando o acesso das pessoas à Cidade de Deus.
Lembre-se de que somos nós, a Igreja, que traremos a aurora do Novo Dia. É através de nós que Cristo será admirado pelas nações. Ele mesmo diz que somos uma Cidade edificada no Monte, e que não pode ser escondida, e assim como uma lâmpada deve ser colocada em lugar alto para que todos sejam por ela iluminados, “assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt.5:14-16). Cristo voltará quando Ele for o Desejado das Nações (Ag.2:7). Compete-nos, na força do Espírito Santo, fazer com que todos os povos da terra O desejem. E será através de nossa vida que nós O faremos desejável a todas as nações. É a Igreja, que através do seu testemunho, diz aos povos: “Ele é totalmente desejável” (Ct.5:16). Enquanto a Igreja dá testemunho de Cristo, é Ele Quem dela dá testemunho. Ele diz:
"Quem é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, brilhante como o sol, imponente como um exército com bandeiras?” Cantares 6:10.
O propósito de Deus para a Igreja é que ela seja uma bênção para todas as nações (Zc.8:13). Mas para isso, diz o Senhor, “são estas coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo, e executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas; nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo, nem ame o juramento falso. Eu aborreço a todas estas coisas, diz o Senhor (...) O jejum do quarto mês, e o jejum do quinto, e o jejum do sétimo, e o jejum do décimo mês será para a casa de Judá (a Igreja), gozo, e alegria, e festas alegres. Portanto, amai a verdade e a paz” (Zc.8:16-17,19). Neste texto profético, Deus mostra que na Nova Aliança e no Novo Aión, o jejum já não seria com saco, cinza e lamentação, e sim um jejum de alegria e grande gozo. O jejum do Novo Aión não implica em calar-se, mas em falar a verdade cada um com o seu próximo; não implica em enclausurar-se, e sim em uma vida comunitária. Em vez de cinzas, uma coroa; em vez de tristeza, óleo de alegria; em vez de espírito angustiado e pano de saco, vestes de louvor (Is.61:3)! Somente quando incorporarmos isto é que estaremos prontos a reedificar as ruínas antigas, e restaurar os lugares devastados (v.4).
No próximo post, falaremos sobre a prática do jejum no Novo Testamento. É verdade que há demônios que só saem mediante privação de alimento? Não perca e ajude-nos a divulgar.
Hermes Fernandes é colaborador do Genizah
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