Uma Nova Igreja para um Novo Tempo
https://genizah-virtual.blogspot.com/2013/06/uma-nova-igreja-para-um-novo-tempo.html
Carlos Moreira
O dia 20 de junho de 2013 entrará para a história do Brasil. Gerações que nos sucederão lembrarão esta data como o dia em que a maior das arquibancadas foi as ruas das metrópoles e cidades do interior, e não os assentos dos campos de futebol.
De norte a sul o país se uniu numa só voz e foi protestar
contra os descalabros dos políticos e os desmandos dos governos, independente
de afiliações partidárias e de ideologias. Hoje se sabe que a manifestação já
está para bem além dos problemas nos transportes. Reflete, na verdade, uma indignação
generalizada contra as questões mais graves da nação.
Ao contrário do que sempre se viu, não estamos diante de um
ato político-partidário, orquestrado pelo oportunismo dos “insatisfeitos” com
os que estão circunstancialmente no poder. Não! Foi uma explosão da indignação do
povo – jovens, velhos, estudantes, famílias, trabalhadores e donas de casa –
todos foram às ruas para manifestar uma nova consciência prevalente, um
sentimento pulsante alimentando a batida de um novo coração. E na voz desta
gente há uma só canção: "tem que mudar!".
De tudo o que presenciei, todavia, o que mais me animou foi
ver a igreja nas ruas. Em pleno século XXI, surge uma nova igreja, com novas
características, e ela está para além das denominações, dos condicionamentos
escravizantes, da alienação do pensar, das amarras do agir, da petrificação do
coração.
A igreja foi às ruas! Enfim, saiu de dentro dos templos! Uniu
a oração com a ação, fez o jejum que interessa a Deus, que é aquele que solta as
ligaduras dos oprimidos. Deixou de olhar apenas para as demandas espirituais e
percebeu que existem questões prementes ligadas ao social. Entendeu que o Reino
de Deus não é só feito de “língua estranha”, santificação e estudo bíblico, mas
também de justiça, paz e alegria no Espírito Santo! Rm. 14:17.
A igreja está nas ruas, não como uma facção esquartejada,
mas como a união de muitos cidadãos. Ela percebeu que a religião que agrada a
Deus tem a ver com as “demandas da Terra”, e não apenas com uma busca alienante
pela vida eterna. Ontem, através de atitudes, tornou possível a união de duas lindas
canções: “podes reinar, Senhor Jesus, oh sim!” e também “vem, vamos embora... quem
sabe faz a hora, não espera acontecer!”.
Eu creio que a igreja que a sociedade brasileira deseja ver
é sensível à injustiça, aos problemas éticos, às questões ambientais, ao
diferente, à má distribuição de renda. A igreja que melhor representa Jesus é
aquela que faz o que ele fez, acolhendo ao caído, libertando o oprimido,
sensibilizando-se com os encarcerados sociais e também com os que estão algemados pelo
pecado.
É tempo de mudança! Quem não for capaz de entender este
momento, quem não discernir o que “o Espírito diz às igrejas”, ficará definitivamente
preso a uma espiritualidade oca, que apenas produz entorpecimento de mente e
cauterização de coração.
Fiquem todos atentos, pois o Deus de toda a Terra está nos convocando para “pregar boas novas aos
quebrantados”, para “livrar todos os cativos”, “consolar os que choram”, afim de que possamos ser chamados “carvalhos
de justiça, plantados pelo Senhor, para sua glória”.
Carlos Moreira é editor do Genizah e também escreve para a Nova Cristandade.
Persiga o @genizahvirtual no Twitter