O Picareta de Tarso, pregador de navio próprio e carnê de gideão!
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PARÁBOLAS PARABÓLICAS II - A HISTÓRIA SEGUNDO A CONTEMPORANEIDADE
Rubinho Pirola e
Danilo Fernandes
“Vamos chegando! Vamô embora rapidinho, antes que reparem e eu perca a moral nas paradas!”, disse a Timóteo, seu camaradinha. E foi se aprumando, se espichando, disfarçando malandramente a manqueja, camuflada por uma sandália de um salto mais alto que o outro par e por uma túnica com a barra mais comprida do que a moda exigia na época.
- "Num é mole não, Timóteo! Um curador manco e cheio de dor no lombo é praticamente um atestado de 171 ambulante! "
Já era a terceira – e derradeira vez, segundo afirmou mais tarde – que esperava pelo livramento da seqüela de um tombo de cavalo, de alguns anos antes, quando cegado repentinamente por uma inexplicável claridade, topara com o galho de uma árvore na estrada de Damasco.
Desde aquele tombo, ficara com uma perna mais curta do que a outra o que lhe trazia dores insuportáveis de coluna. Mas o mais dolorido era, nas suas muitas andanças, convencer a todos por quem costumava orar por cura e milagres que não havia com ele problema nenhum, nem pecado escondido ou alguma outra falta na sua folha corrida a justificar sua doença renitente...
- “Cansei, Tima, cansei mesmo. Já fiz caridade, até aguentei firme as provocações dos judaizantes e nada. Já fiz tanto jejum e o único prêmio que ganhei foi essa úlcera maldita e por último, ofertei toda a minha poupança naquela campanha de ‘restituição e sacrifício’ daquele pregador grego o Silésios Bag Money e não fiquei livre desse espinho na carne. Chega de pagar mico!!!” Confidenciou Paulo ao seu companheiro.
Dizem que à partir dai ele foi outro homem.
Já era a terceira – e derradeira vez, segundo afirmou mais tarde – que esperava pelo livramento da seqüela de um tombo de cavalo, de alguns anos antes, quando cegado repentinamente por uma inexplicável claridade, topara com o galho de uma árvore na estrada de Damasco.
Desde aquele tombo, ficara com uma perna mais curta do que a outra o que lhe trazia dores insuportáveis de coluna. Mas o mais dolorido era, nas suas muitas andanças, convencer a todos por quem costumava orar por cura e milagres que não havia com ele problema nenhum, nem pecado escondido ou alguma outra falta na sua folha corrida a justificar sua doença renitente...
- “Cansei, Tima, cansei mesmo. Já fiz caridade, até aguentei firme as provocações dos judaizantes e nada. Já fiz tanto jejum e o único prêmio que ganhei foi essa úlcera maldita e por último, ofertei toda a minha poupança naquela campanha de ‘restituição e sacrifício’ daquele pregador grego o Silésios Bag Money e não fiquei livre desse espinho na carne. Chega de pagar mico!!!” Confidenciou Paulo ao seu companheiro.
Dizem que à partir dai ele foi outro homem.
Por decisão própria, deixara de viver de maneira regrada esse Apóstolo que se convertera e mudara o próprio nome, como tempos depois, imitou-o um pastor coreano.
O seu caso ficou conhecido. Tremenda virada de casaca! De perseguidor da igreja cristã, para apóstolo. Uma conversão muito polêmica que causara muito “diz-que-me-diz” isto num tempo em que, pelo crescimento da comunidade cristã, muitos trocavam de camisa em busca de ganhos fáceis. Era ex-leproso, ex-morto, ex-samaritano… até, imaginem, já existia ex-mulher, virando pregador gospel, de bigode e tudo o mais.
Do começo comedido e muito (mas muito) cheio de pudores, foi fazendo fama, não sem antes convencer com maestria a pequena comunidade que crescia, com o nome de “cristãos”, de que já não era o inimigo implacável que os atormentara em tempos idos.
Da vida simples, apesar de nobre formação e cidadania, Paulo foi ficando rico. Apesar de judeu, também, sabe-se-lá como, tinha nas mãos o Green Card romano, preciosidade na época.
Apesar da fama de ter estudado nas melhores escolas particulares de Tarso, Paulo chegou a conseguir vários diplomas e adquirir títulos de doutorado (Divindades, Aconselhamento Pastoral, Psicologia Bíblica e Contabilidade...) numa escolinha "meia boca", sem qualquer credibilidade científica ou reconhecimento oficial que tanto matava de rir os sábios de Atenas que o conheciam bem e com isso faziam piadas sobre “como maravilhar a pobre e iletrada comunidade da fé”.
De início, tocando uma pequena fábrica de barracas de camping. Depois faturando forte com as contribuições cada vez mais generosas vindas das novas comunidades que abria por todo o continente. Logo, cresciam os convites para pregar aqui e acolá e o cachê só ia crescendo inflacionado à medida que crescia a fama do pregador de fogo puro que curava e fazia cair a platéia com seu manto santo e suas sandálias de fogo reteté.
Era visagem, profetada, unção disto e daquilo. Paulo, vez por outra caia de quatro e imitava em transe um bicho qualquer e o povo ia ao delírio!
Foi ficando rico. Marcava já duas pregações por noite, na primeira chegava rápido, derrubava meia dúzia com o manto, dizia pra o povo berrar e se soltar e, enquanto a turma dançava no fogo puro, ele pegava a oferta rapidinho e se mandava para a outra comunidade. Nesta, já chegava atrasado, culpava o cão pelo atraso da caravana, chamava uns 30 anjos para tomar conta das cercanias e faturava o seu. Das duas comunidades ainda cobrava o camelo e a estalagem, que ele não era leso nem nada...
Como todo judeu e árabe – deve ser o ar da região – tinha um jeito danado pra negócios: O pregador prosperou. Logo a sua fábrica de tendas passou a patrocinar uma equipe de corrida de camêlos beduínos, “A tenda praise do Paulão”. E para fazer uma média com a comunidade pobre local, tratou de bancar uma escola de shofares para meninos saduceus carentes, iniciativa que, anos mais tarde se transformou na famosa Escola de Samba Unidos do Kibe Cru.
E como malandro é vendilhão e fariseu é mané, Paulinho tratou de aproveitar sua intimidade com Jesus para vender consórcio da tenda própria em nome do Salvador, a quem fez de garoto propaganda, sem autorização... Misericredo!
De protestos zelosos e de esclarecimento em esclarecimento contra o uso e a procura, inicialmente – Paulo começa enfim, a faturar muito com o fornecimento de vidrinhos de “genuíno Suor do Apóstolo”, que juravam, tirava de tudo – de dor de cabeça, calo e unha encravada a espinhela caída, câncer, caspa e hemorróidas.
Foi sucesso imediato, e isso num tempo em que não existiam ainda nem Washington Olivetto, nem a DM9!
Paulo relutou, resistiu, mas quando a contas aumentaram-lhe muito, bem como a qualidade das roupas, das sandálias (dizem que italianas!) e do que o dinheiro pode comprar… o homem finalmente cedeu. E virou celebridade, com direito à uma renovação no seu visual que incluiu até alisamento de cabelo da Gália e base grega nas unhas. Foi o precursor de uma categoria de comportamento que, pouco depois veio a se chamar “côvadosexual”.
Passou a vender as suas famosas cartas à 900 talentos cada. Um sucesso na Grécia e na Judéia!
Filas se faziam às portas das igrejas - para ouvir de começo - as pregações do “Homem que viu Jesus”, depois, para comprar, fosse o que fosse que tivesse sido usado ou tocado pelo “Homem de Deus”, apóstolo por quem Deus fazia milagres e maravilhas, quase com contrato de exclusividade. Bastava pagar direitinho o carnê do gideão!
Às portas das igrejas, já havia o lugar reservado, demarcado e guardado com unhas e dentes por fiéis guarda-costas para o camelo “chapa-branca” de Paulo, “Pai de todos os Apóstolos”. Assim como a melhor mesa, o melhor cardápio e o melhor vinho para o “Maior de Todos”. Era ele o cara do “sede meus imitadores”, lembram-se? Pelo menos, tentavam…
Chegou a ser preso na época. Na realidade, por duas vezes, ao que tudo indica. Na primeira, em Filipos, chegou a arrebentar o presídio, para se ver livre, com uma nova invenção vinda da China, embora tenha circulado na imprensa da época que tudo deveu-se a um tremor de terra, embora essa, tivesse abalado só o quarteirão. A segunda, aconteceu ao chegar a Roma, por coisas que até hoje ficaram meio obscuras. É lógico que os seus “fiéis”, ensandecidos, esbravejavam ser obra e campanha da imprensa judia ou romana, não se sabe ao certo.
- Mentiras, Timóteo! Mentiras desta gente do cão que disse que eu escondi uns talentos romanos de ouro, de origem não declarada, no meio dos pergaminhos sagrados. Imagina se eu ia dar um mole destes justo na alfândega de César! Em plena Via Ápia!
Depois da libertação – vigiada por um Centurião – pois naquela época não existiam ainda tornozeleiras eletrônicas, voltou em glória aos que nunca duvidaram da sua “versão oficial”.
E por falar em oficial, já saiu da cana direto para uma ceia de oficiais amigos, gente ainda crente no homem, que prontamente restituiu tudo o que o cão do César tomou!
Diz a história, que viajou muito: Judeia, Samaria, Macedônia, Panfília, Selêucia, Roma,… e até a Ilha de Creta (onde dizem, tinha casa de veraneio com direito a praia particular e tudo, maior que a casa de muito maratonista milionário). Só não conseguiu visitar Társis* porque naquela época ainda não tinham inventado o Real Madrid versus o Barcelona para que assistisse o clássico e valesse o esforço!
Naqueles dias, Paulo já não viajava de navios de passageiros, já não ficava em filas, à espera nos portos,… nem em camarotes especiais, não senhor. Tinha a sua própria galera! Ultimo tipo com os melhores escravos africanos para remar e escravas suecas no camarote! Ou seria o contrário? Hum... Deixa quieto!
Afirmava sempre, sem disfarçar o orgulho, que nem na “lista dos 50 mais de Jerusalém” existia alguém com navio maior e mais luxuoso que o seu, comprado, segundo afirmava incessantemente o ilustre, às custas de ofertas e mais ofertas – antes destinadas a socorrer e a amparar órfãos e viúvas – de todo tipo de gente, pobre ou rica.
A justificação, mais justa impossível, era que milhares ao redor do Mediterrâneo esperavam pela salvação e a igreja, de quem lhe promovesse a unidade e o barco era-lhe imprescindível. Mesmo que essa grana toda tivesse sido desviada de missões e do sustento de gente que, como Paulo, pregava e espalhava a semente da fé.
Todo mundo se convenceu. Afinal, dom de oratória e bula de remédio, convencem a qualquer um, crente ou descrente.
Foi uma época de glória e fausto para Paulo a quem não lhe faltavam amigos, colaboradores, puxa-sacos, nem senadores a quem pedir favor. Mas era, sem dúvida, um homem de muitos talentos. Tantos que já tinha milhares deles depositados numa tal Confederação Helvética, um paraíso para quem desejasse fugir aos olhos atentos do publicanos do fisco Romano.
Sem que se tivesse notícia que algum dia se casara, certo é que após ele, vieram muitos outros, como que numa sucessão monárquica, a assentarem-se sobre o trono Paulino. Tinham o mesmo timbre de voz, a mesma entonação e até a mesma cara, a governar as igrejas que foram surgindo.
Até que, séculos depois, um obscuro sucessor, acho que “Paulo de Tarso MMIX**”, vendeu todas as ações e passou o controle da sua Holding de igrejas, à uma grande organização religiosa, bem maior e mais eficientemente organizada, dirigida por uns que se diziam sucessores de Pedro, contemporâneo de Paulo e com quem se desentendera lá no início da carreira.
Acabou, pelo que se soube, comprando com a fortuna amealhada em cassino em Las Vegas.
O seu caso ficou conhecido. Tremenda virada de casaca! De perseguidor da igreja cristã, para apóstolo. Uma conversão muito polêmica que causara muito “diz-que-me-diz” isto num tempo em que, pelo crescimento da comunidade cristã, muitos trocavam de camisa em busca de ganhos fáceis. Era ex-leproso, ex-morto, ex-samaritano… até, imaginem, já existia ex-mulher, virando pregador gospel, de bigode e tudo o mais.
Do começo comedido e muito (mas muito) cheio de pudores, foi fazendo fama, não sem antes convencer com maestria a pequena comunidade que crescia, com o nome de “cristãos”, de que já não era o inimigo implacável que os atormentara em tempos idos.
Da vida simples, apesar de nobre formação e cidadania, Paulo foi ficando rico. Apesar de judeu, também, sabe-se-lá como, tinha nas mãos o Green Card romano, preciosidade na época.
Apesar da fama de ter estudado nas melhores escolas particulares de Tarso, Paulo chegou a conseguir vários diplomas e adquirir títulos de doutorado (Divindades, Aconselhamento Pastoral, Psicologia Bíblica e Contabilidade...) numa escolinha "meia boca", sem qualquer credibilidade científica ou reconhecimento oficial que tanto matava de rir os sábios de Atenas que o conheciam bem e com isso faziam piadas sobre “como maravilhar a pobre e iletrada comunidade da fé”.
De início, tocando uma pequena fábrica de barracas de camping. Depois faturando forte com as contribuições cada vez mais generosas vindas das novas comunidades que abria por todo o continente. Logo, cresciam os convites para pregar aqui e acolá e o cachê só ia crescendo inflacionado à medida que crescia a fama do pregador de fogo puro que curava e fazia cair a platéia com seu manto santo e suas sandálias de fogo reteté.
Era visagem, profetada, unção disto e daquilo. Paulo, vez por outra caia de quatro e imitava em transe um bicho qualquer e o povo ia ao delírio!
Foi ficando rico. Marcava já duas pregações por noite, na primeira chegava rápido, derrubava meia dúzia com o manto, dizia pra o povo berrar e se soltar e, enquanto a turma dançava no fogo puro, ele pegava a oferta rapidinho e se mandava para a outra comunidade. Nesta, já chegava atrasado, culpava o cão pelo atraso da caravana, chamava uns 30 anjos para tomar conta das cercanias e faturava o seu. Das duas comunidades ainda cobrava o camelo e a estalagem, que ele não era leso nem nada...
Como todo judeu e árabe – deve ser o ar da região – tinha um jeito danado pra negócios: O pregador prosperou. Logo a sua fábrica de tendas passou a patrocinar uma equipe de corrida de camêlos beduínos, “A tenda praise do Paulão”. E para fazer uma média com a comunidade pobre local, tratou de bancar uma escola de shofares para meninos saduceus carentes, iniciativa que, anos mais tarde se transformou na famosa Escola de Samba Unidos do Kibe Cru.
E como malandro é vendilhão e fariseu é mané, Paulinho tratou de aproveitar sua intimidade com Jesus para vender consórcio da tenda própria em nome do Salvador, a quem fez de garoto propaganda, sem autorização... Misericredo!
De protestos zelosos e de esclarecimento em esclarecimento contra o uso e a procura, inicialmente – Paulo começa enfim, a faturar muito com o fornecimento de vidrinhos de “genuíno Suor do Apóstolo”, que juravam, tirava de tudo – de dor de cabeça, calo e unha encravada a espinhela caída, câncer, caspa e hemorróidas.
Foi sucesso imediato, e isso num tempo em que não existiam ainda nem Washington Olivetto, nem a DM9!
Paulo relutou, resistiu, mas quando a contas aumentaram-lhe muito, bem como a qualidade das roupas, das sandálias (dizem que italianas!) e do que o dinheiro pode comprar… o homem finalmente cedeu. E virou celebridade, com direito à uma renovação no seu visual que incluiu até alisamento de cabelo da Gália e base grega nas unhas. Foi o precursor de uma categoria de comportamento que, pouco depois veio a se chamar “côvadosexual”.
Passou a vender as suas famosas cartas à 900 talentos cada. Um sucesso na Grécia e na Judéia!
Filas se faziam às portas das igrejas - para ouvir de começo - as pregações do “Homem que viu Jesus”, depois, para comprar, fosse o que fosse que tivesse sido usado ou tocado pelo “Homem de Deus”, apóstolo por quem Deus fazia milagres e maravilhas, quase com contrato de exclusividade. Bastava pagar direitinho o carnê do gideão!
Às portas das igrejas, já havia o lugar reservado, demarcado e guardado com unhas e dentes por fiéis guarda-costas para o camelo “chapa-branca” de Paulo, “Pai de todos os Apóstolos”. Assim como a melhor mesa, o melhor cardápio e o melhor vinho para o “Maior de Todos”. Era ele o cara do “sede meus imitadores”, lembram-se? Pelo menos, tentavam…
Chegou a ser preso na época. Na realidade, por duas vezes, ao que tudo indica. Na primeira, em Filipos, chegou a arrebentar o presídio, para se ver livre, com uma nova invenção vinda da China, embora tenha circulado na imprensa da época que tudo deveu-se a um tremor de terra, embora essa, tivesse abalado só o quarteirão. A segunda, aconteceu ao chegar a Roma, por coisas que até hoje ficaram meio obscuras. É lógico que os seus “fiéis”, ensandecidos, esbravejavam ser obra e campanha da imprensa judia ou romana, não se sabe ao certo.
- Mentiras, Timóteo! Mentiras desta gente do cão que disse que eu escondi uns talentos romanos de ouro, de origem não declarada, no meio dos pergaminhos sagrados. Imagina se eu ia dar um mole destes justo na alfândega de César! Em plena Via Ápia!
Depois da libertação – vigiada por um Centurião – pois naquela época não existiam ainda tornozeleiras eletrônicas, voltou em glória aos que nunca duvidaram da sua “versão oficial”.
E por falar em oficial, já saiu da cana direto para uma ceia de oficiais amigos, gente ainda crente no homem, que prontamente restituiu tudo o que o cão do César tomou!
Diz a história, que viajou muito: Judeia, Samaria, Macedônia, Panfília, Selêucia, Roma,… e até a Ilha de Creta (onde dizem, tinha casa de veraneio com direito a praia particular e tudo, maior que a casa de muito maratonista milionário). Só não conseguiu visitar Társis* porque naquela época ainda não tinham inventado o Real Madrid versus o Barcelona para que assistisse o clássico e valesse o esforço!
Naqueles dias, Paulo já não viajava de navios de passageiros, já não ficava em filas, à espera nos portos,… nem em camarotes especiais, não senhor. Tinha a sua própria galera! Ultimo tipo com os melhores escravos africanos para remar e escravas suecas no camarote! Ou seria o contrário? Hum... Deixa quieto!
Afirmava sempre, sem disfarçar o orgulho, que nem na “lista dos 50 mais de Jerusalém” existia alguém com navio maior e mais luxuoso que o seu, comprado, segundo afirmava incessantemente o ilustre, às custas de ofertas e mais ofertas – antes destinadas a socorrer e a amparar órfãos e viúvas – de todo tipo de gente, pobre ou rica.
A justificação, mais justa impossível, era que milhares ao redor do Mediterrâneo esperavam pela salvação e a igreja, de quem lhe promovesse a unidade e o barco era-lhe imprescindível. Mesmo que essa grana toda tivesse sido desviada de missões e do sustento de gente que, como Paulo, pregava e espalhava a semente da fé.
Todo mundo se convenceu. Afinal, dom de oratória e bula de remédio, convencem a qualquer um, crente ou descrente.
Foi uma época de glória e fausto para Paulo a quem não lhe faltavam amigos, colaboradores, puxa-sacos, nem senadores a quem pedir favor. Mas era, sem dúvida, um homem de muitos talentos. Tantos que já tinha milhares deles depositados numa tal Confederação Helvética, um paraíso para quem desejasse fugir aos olhos atentos do publicanos do fisco Romano.
Sem que se tivesse notícia que algum dia se casara, certo é que após ele, vieram muitos outros, como que numa sucessão monárquica, a assentarem-se sobre o trono Paulino. Tinham o mesmo timbre de voz, a mesma entonação e até a mesma cara, a governar as igrejas que foram surgindo.
Até que, séculos depois, um obscuro sucessor, acho que “Paulo de Tarso MMIX**”, vendeu todas as ações e passou o controle da sua Holding de igrejas, à uma grande organização religiosa, bem maior e mais eficientemente organizada, dirigida por uns que se diziam sucessores de Pedro, contemporâneo de Paulo e com quem se desentendera lá no início da carreira.
Acabou, pelo que se soube, comprando com a fortuna amealhada em cassino em Las Vegas.
Notas:
* Espanha, como era conhecida na época paulina ** 2009, em algarismos romanos
* Espanha, como era conhecida na época paulina ** 2009, em algarismos romanos
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