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Tragédia em Santa Maria e os urubus parasitas


Digão

Como todos sabem, na madrugada do último domingo houve um incêndio em uma boate na cidade gaúcha de Santa Maria. Neste fato morreram mais de duzentas e quarenta pessoas, sufocadas com a fumaça tóxica que saía do material do forro do local, incendiado após um sinalizador, espécie de rojão, ter sido lançado ali.

Não vou dizer que imagino o que seja a dor dos parentes que perderam alguém nessa tragédia. Afinal, nunca perdi alguém nessas condições. Ainda assim, temo que essa dor sirva de alimento para urubus parasitas que se alegram com a desgraça alheia, talvez para encobrir a desgraça da própria existência. Gente doente, moral e espiritualmente falando, que foi capaz de se alegrar com o terremoto no Haiti e com o assassinato de d. Robinson Cavalcanti. Gente que acha que ter a opinião vencedora vale mais que demonstrar misericórdia. Se bem que é muito difícil demonstrar algo que não é realidade na vida...

Afinal, esses urubus à solta no Brasil e no mundo vão dizer asneiras capazes de machucar ainda mais os sentimentos doloridos. Podem dizer que foi bem feito, afinal, estavam em uma boate, e não em uma igreja – obviamente esquecendo-se daquele grave acidente na sede da Renascer em São Paulo, bem no horário do culto. Nessa lógica perversa, a esquizofrenia entre as “coisas do mundo” e as “coisas de Deus” faz sentido. Como a ideia de um Deus soberanamente gracioso e amoroso e que tem a audácia de chamar pecadores de filhos amados lhes é terrível demais, preferem apregoar e viver a ideia de um Deus talibã, que pune, com igual prazer, justos e injustos. Essas pessoas sinceramente acham que Fred Phelps e sua matilha de Westboro são exemplos de virtude, consideram Olavo de Carvalho um filósofo relevante e temem a ameaça comunista da agenda da Dilma.

Porém, a lógica da Palavra nada tem a ver com esses “fasci-fariseus”. Jesus fez considerações contrárias ao pensamento dessa turba: uma tragédia não faz de suas vítimas mais pecadoras que qualquer outra pessoa (Lc 13.4), rejeitou o pensamento de causa e efeito fatalista (Jo 9.1-3), declarou que coisas boas e ruins acometem pessoas boas e ruins (Mt 5.45). Até mesmo Seu sacrifício quebra essa lógica “urubulina”, já que um inocente (Lc 23.22) morreu de forma vergonhosa para que nós, pecadores, pudéssemos viver (Rm 5.8).

Portanto, nesse dia, que toda a glória seja dada ao Senhor, que não faz distinção de pessoas; que o Deus de toda misericórdia visite os corações daqueles que sofreram perdas em Santa Maria, confortando-os e consolando-os; e que o Espírito que convence a humanidade do pecado, da justiça e do juízo convença os urubus de sua insensatez.



Digão acha os urubus, inclusive os que voam, bichos nojentos, para o Genizah







 

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