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Serra e Malafaia ensinam matemática para bissexuais

Hélio Pariz

Vamos combinar: São Paulo é uma megalópole com problemas monstruosos e não há melhor momento para discutir as possíveis soluções do que as eleições municipais, não é mesmo?

Entretanto, parece que o candidato a prefeito José Serra (PSDB) se enveredou por um caminho totalmente disparatado ao arregimentar Silas Malafaia para combater o "kit gay" de seu opositor Fernando Haddad (PT).

É como se São Paulo não tivesse problemas muito maiores e mais urgentes a serem combatidos e resolvidos.

A entrada de Malafaia na campanha tucana, ao que parece, foi um desastre, a julgar verdadeiros os números da última pesquisa do IBOPE sobre as eleições paulistanas.

Prova de que o candidato tucano perdeu o senso de ridículo e o contato com a realidade da cidade é a sua tentativa de corrigir as "estatísticas" sobre as possibilidade de um(a) bissexual se dar bem no fim de semana (50% ou 100%), como você pode ler abaixo, na entrevista que ele concedeu ao Estadão (trecho destacado em vermelho), em que fala também sobre religião.

É bom lembrar que José Serra não é exatamente um especialista em porcentagem, como ficou claro no vídeo abaixo, registrado na campanha presidencial de 2010:





Curioso também é que Silas Malafaia repetiu a aula de matemática para bissexuais (50% ou 100% de chances de se dar bem?)  no seu segundo vídeo para atacar Haddad. 

Para Malafaia, o kit gay de Haddad "diz ainda que se for bissexual tem 50%, ainda erram na matemática, 100% de chance de uma melhor escolha".

Se o debate permanecer nesse nível, São Paulo seguirá o exemplo de seus rios e agonizará por décadas a fio.





'Kit gay quer doutrinar, em vez de educar', afirma Serra


Tucano diz ter sido mais efetivo no combate à discriminação que PT e que é preconceito reprimir manifestação de religiosos

Bruno Boghossian e Iuri Pitta, de O Estado de S.Paulo


Na semana em que o candidato a prefeito de São Paulo Fernando Haddad voltou a ser alvo de setores religiosos, o tucano José Serra disse que o problema do material de combate à homofobia elaborado na gestão do petista no Ministério da Educação era “pedagógico”. “O kit gay quer doutrinar, em vez de educar”, afirmou. A presidente Dilma Rousseff cancelou a distribuição do material.

Serra defendeu que religiosos possam manifestar opinião nas eleições e criticou o PT por “reprimir” as que não são favoráveis ao partido. “O Silas Malafaia apoiou o Eduardo Paes com vice do PT no Rio. Foi do conselhão do Lula. Declarou apoio a mim, virou inimigo.”

O tucano reconheceu que a renúncia à Prefeitura, em 2006, prejudicou sua votação há uma semana e anunciou que vai adotar propostas de siglas que o apoiam no 2.º turno, como o auxílio-creche a mães que esperam vaga, de Soninha Francine (PPS).

O sr. diz que pesquisas não necessariamente captam o que o eleitor vai escolher na urna, mas o cenário hoje é desfavorável ao sr. Como reverter esse quadro?

As pesquisas sempre são um retrato, e nesta campanha têm sido um retrato borrado. Poucas vezes as pesquisas desviaram tanto as análises quanto nessa eleição.

Como o sr. pretende se apresentar nesse 2º turno?

O 2.º turno tem uma característica de quantidade que muda a qualidade. É mais intenso. Não tenho estratégia diferente, mas sei que tudo vai se intensificar. Eleição é escolha, comparação. Biografia, capacidade de realizar, de ter prioridades, fazer acontecer, com quem você anda, quem te cerca, tudo isso pesa.

A avaliação de que a polarização PT-PSDB estaria desgastada foi precipitada?

Os fatos mostraram que se manteve. E pode estar certo de que, terminado o segundo turno, ninguém vai lembrar disso, que a polarização tinha cansado. Tinha opções de voto, mas o índice de abstenção, nulos e brancos foi alto. Se fosse só a polarização, no 1.º turno haveria um índice de participação maior.

O sr. tratou da questão da renúncia na campanha, mas ainda hoje é questionado pelos eleitores sobre isso. Essa dúvida prejudicou sua votação no 1º turno?

Acho que sim, embora na época não fosse uma dúvida. É um problema que surgiu na própria eleição municipal, e é natural que seja assim. Dentro do que me é permitido fazer, eu fiz e vou continuar fazendo. Eu não deixo de conversar a respeito.

O plano de governo só vai ser divulgado agora. Por quê?

Eu não parei de apresentar propostas a cada dia, isso que é importante. O programa (registrado) no TRE é para valer. Agora estamos organizando as temáticas, pegando contribuições dos partidos que estão entrando. Por exemplo, a questão das creches. Vamos criar um auxílio-creche, uma bolsa para as mães que estiverem na fila. É uma ideia que veio do PPS. Do PDT tem coisas importantes, como (corrigir) a diversidade das velocidades limites na mesma via.

No 1º turno, seus dois principais adversários trataram de projetos a fim de reduzir a tarifa de ônibus. O sr. tem proposta para reduzir o custo da passagem?

A proposta do bilhete mensal não é redução de custo. Aí é que está a enganação. A outra não tinha cabimento. Não é que cause dano, só não tem relevância, e foi apresentado como grande ideia, a meu ver por estratégia eleitoral e porque não pensaram muito.

O ministro Gilberto Carvalho disse que o mensalão atrapalhou o PT na eleição. O sr. concorda?

Claro que atrapalha. O mensalão é um processo em cima do PT e do seu governo. E não é só processo, agora é condenação. O empenho deles é que passe desapercebido, mas não passa.

O sr. já tinha apoio do PR, que tem um réu condenado, e agora tem do PTB, que também tem...

O (Roberto) Jefferson foi quem denunciou o mensalão. Pode ter gente de outros partidos, mas o mensalão é do PT.

Em resposta, o PT já tem falado do chamado “mensalão mineiro”.

É a reação tipicamente petista. Bate carteira e grita ‘ladrão’ para dispersar a atenção. O PT no governo foi um retrocesso em termos de moralidade pública.

O sr. se refere só ao governo Lula, ou inclui o governo Dilma?

A Dilma pegou essa herança. Ela é do PT, se comporta como petista. Começou fazendo gentilezas ao Fernando Henrique, mas na hora H voltou as coisas anteriores, satanizando o governo anterior sem hesitar.

O sr. acha que o material de combate à homofobia foi o ponto mais fraco da gestão de Fernando Haddad na Educação?

O pior foi a área educacional propriamente dita. Quem tem que se explicar sobre o kit é ele, a Dilma, que revogou (a distribuição), e o TCU, que está cobrando os R$ 800 mil gastos nisso. Quando eu era ministro, não saia uma peça publicitária ou educacional sem que antes eu tivesse revisado o conteúdo. É inadmissível. Mas a questão é a gestão, que vai deixar marcas desastrosas para o futuro: a desmoralização do Enem, as maiores greves da história desde o governo Figueiredo.

Ainda sobre o kit, pastores evangélicos, em especial Silas Malafaia, fizeram críticas fortes ao conteúdo. O sr. concorda?

O Silas Malafaia apoiou o Eduardo Paes com vice do PT no Rio. Ele foi do conselhão do Lula, aquele conselho de desenvolvimento social. O problema é que, declarando apoio a mim, passou a ser inimigo do PT. Eu não vi a crítica mais aprofundada, mas tem um erro incrível, inclusive de matemática, quando no fundo faz apologia do bissexualismo. Diz é bom ser bissexual porque você aumenta em 50% a chance de ter programa no fim de semana. Não é 50%, é 100%. Segundo, isso não é combater homofobia, é uma espécie de doutrina. O problema do kit gay é acima de tudo pedagógico. Quer doutrinar, em vez de educar.

Se assumir a Prefeitura, o sr. pretende criar programa de combate à intolerância nas escolas?

Homofobia, intolerância, tem que ser combatidos sempre, de forma adequada. Eu fiz isso sempre na vida pública: políticas para deficientes, mulheres, idosos. Meu currículo em matéria de enfrentamento da discriminação e do preconceito ganha de qualquer petista. Essa questão religião-política: os católicos e os evangélicos têm o direito de se manifestar. De repente isso fica proibido. No caso do PT, sempre que não é a favor deles. Eu não sou cristão de boca de urna. O PT quer sempre reprimir isso quando não é do lado deles. É antidemocrático e preconceituoso.









 

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