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Uma igreja muito humana


Digão


Quando fui pastor em Joinville, na época da Páscoa a reportagem do SBT local entrou em contato comigo para fazer um programa especial. Eles queriam saber o ponto de vista de igrejas protestantes a respeito daquela data. Então, no estúdio estávamos eu, a repórter e um pastor luterano. Ele fez suas colocações e depois a entrevistadora começou a me perguntar. Lá pelas tantas, ela me perguntou qual foi o propósito de Lutero em relação à Reforma, naquele período histórico em que a única Igreja fazia o que bem entendia, inclusive disseminando o terror através da Inquisição, e ela emendou: “Lutero buscava, então, uma igreja mais humana?”.


Nesses dias me lembrei daquela entrevista ocorrida há mais de dez anos. Acho que a palavra da repórter foi um verdadeiro vaticínio: a igreja evangélica brasileira é bem mais humana. E isso não é um elogio, e sim uma constatação de que a igreja evangélica brasileira afasta-se diariamente, a passos largos, daquilo que o Crucificado nos deixou.

Isso porque, no senso comum, uma pessoa “muito humana” é aquela que tem um grande coração, caridosa, compassiva. Porém, biblicamente falando, ser “muito humano” é sinônimo de corrupção. Jeremias disse que o coração do homem, ou seja, sua essência, é desesperadamente corrompido (Jr 17.9), ao passo que Jesus disse que do coração do homem procedem todas as imundícies que o empesteiam (Mt 15.17-20). Uma pessoa “muito humana”, teologicamente falando, é uma pessoa totalmente entregue às suas paixões, à sua carnalidade, ao mal interno que todos carregamos.

Sim, é verdade que Jesus também era humano. Compartilhou conosco de nossa realidade. Mas algo que temos Ele não compartilhou: nossa pecaminosidade (Hb 4.15). E é essa pecaminosidade que tem sido a marca da igreja evangélica brasileira. Uma igreja que falsifica Deus, ora apresentando-O como um Papai Noel cósmico da teologia da prosperidade, ora como um fantasminha camarada e impotente do teísmo aberto. Uma igreja cujos filhos não são conhecidos pelo caráter de Cristo em suas vidas, mas pelo egoísmo, idolatria, cegueira, obtusidade e agressividade na defesa de seus ídolos posmodernos. Uma igreja em que a Revelação final de Deus, a Bíblia, tem sido posta de lado em nome de novas revelações, tanto de apóstolos espertalhões como de “lampejos de revelação” na MPB, e cuja mensagem tem sido estuprada em prol de desejos carnais de gente sem temor de Deus. Enfim, uma igreja, no dizer do profeta Ezequiel, que não quer saber de ouvir daquilo que Deus tem a dizer, substituindo-O com seus próprios ídolos (Ez 3.4-7).

No programa de TV em Joinville, respondi à repórter que Lutero não buscava uma igreja mais humana, mas sim uma igreja mais voltada para Deus. Não sou Lutero (estou bem longe disso!), mas também desejo que um dia nossa igreja evangélica brasileira se volte a Deus, em arrependimento e conversão. Assim, ela deixará de ser “muito humana” como é hoje, e buscará ser apenas aquilo que Deus deseja: um Corpo de servos e servas dEle, glorificando-O, servindo-O e transformando positivamente nossa sociedade.






Digão anda descrente da humanidade, aqui no Genizah







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