Convenção Quadrangular: Razões do fracasso da oposição e perspectivas de mudança
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Um Pastor Quadrangular
dos grotões*
De 27 a 29 de março, a Igreja do Evangelho Quadrangular realizou sua 61ª Convençao Nacional em Balneário Camboriú. Nos meses que a antecederam, existiu grande expectativa sobre os desdobramentos deste encontro, que teve como um de seus pontos altos a votação direta e secreta para a escolha do Presidente do Conselho Nacional da denominação. Três nomes disputaram a atenção (e o voto) dos pastores quadrangulares: o reverendo Mário de Oliveira, presidente desde 1996; o reverendo Jayme Paliarin, octogenário líder que conviveu com os pioneiros da Quadrangular, Harold Willians e Raymond Boatrigh; e o reverendo Waldir Agnello, ex-diretor da Editora Quadrangular, ex-deputado estadual de São Paulo e professor da Fundação Getúlio Vargas, que envergou um discurso de terceira via.
Desde o início, a campanha que tinha tudo o que se costuma ver nas campanhas políticas tradicionais: mensagens em vídeo, promessas, e além de um festival de baixarias e acusações nas redes sociais, num clima da campanha sugeria um pleito apertadíssimo. No entanto, desde as primeiras horas da votação, a superioridade dos pastores que envergavam camisetas com o nome do atual presidente Mário de Oliveira, era visível. O resultado final da Convenção não deixou dúvidas: entre mais de 12 mil convencionais, 9.100 deles com direito a voto, veja quem levou a melhor:
Mário de Oliveira - 5342 votos – 59,48%
Waldir Agnello – 2479 votos – 27,61%
Jayme Paliarin – 1160 votos – 12,92%
Desta forma, o atual presidente, que chegou a tremer nas bases como há muito tempo não se via, foi reeleito para seu quinto mandato consecutivo, garantindo a presidência da Igreja do Evangelho Quadrangular por mais quatro anos.
Imediatamente os apoiadores dos outros candidatos passaram a creditar a vitória de Mário ao jogo duro da campanha. Surgiram denúncias de delegações que foram inteiramente custeadas – transporte e hospedagem – com o compromisso de votar no reverendo Mário. Apesar disso, os outros candidatos não fizeram menção de levar o pleito ao Ministério Público, especialmente porque a vitória foi tão incontestável em números que dispensou o segundo turno. E vale também dizer: a oposição concorreu, de forma muito efetiva, para sua própria derrota.
O primeiro erro da oposição foi a sua divisão interna. Jayme Paliarin e Waldir Agnello, ao invés de buscar uma unidade para melhor enfrentar o adversário, dividiram seu próprio quinhão de votos, numa estratégia que se revelou suicida.
Além disso, a estratégia de usar “brigadeiros da Internet” como fez a campanha de Dilma, disparando acusações na rede, acabou se voltando contra os candidatos da oposição. Mário soube tirar proveito da condição de vítima, e quando foi divulgada uma reportagem da Revista Veja apresentando novas acusações contra ele, acusou Waldir Agnello e Jayme Paliarin de terem pago algum repórter inescrupuloso para manchar a reputação da Igreja, lançando-lhes a pecha de querer subir ao poder a qualquer custo. Tanto Agnello quanto Paliarin refutaram as acusações, mas além de ter que passar a campanha se defendendo – numa inversão surpreendente – não foram convincentes perante os pastores. Muitos deles não são exatamente fãs de Mário de Oliveira, mas são menos fãs ainda da Revista Veja.
Por fim, a debilidade evidente dos candidatos da oposição. Jayme Paliarin passou toda a campanha tentando provar que tinha saúde para agüentar as pressões do cargo, e Wladir Agnello ficou todo o tempo tentando se desvencilhar da pecha de inexperiente e teórico, por nunca ter exercido o pastoreio titular de uma igreja. São fragilidades muito importantes quando se vai enfrentar um pastor que, apesar da biografia controversa, era também conhecido pelo retrospecto de missionário itinerante, “tocador de obras” e administrador.
No entanto, apesar do clima de desforra dos apoiadores de Oliveira, o próprio tratou de colocar as barbas de molho. Afinal, somados, os dois candidatos de oposição chegaram a 40% dos pastores. É muito para passar a adotar uma linha de enfrentamento. E é um número que, apesar da derrota, deve motivar quem sonha com uma Igreja Quadrangular de volta às suas raízes, comprometida com o evangelho puro e simples, na linha de frente do combate às heresias. Basta fazer a lição de casa, aprender com os infortúnios, e acima de tudo, não desistir.
Muitos pastores quadrangulares abandonaram o arraial, desiludidos com a profusão de heresias e pregadores de Mamon, por acreditarem que estavam pregando sozinhos no deserto. Estes 40% de votos da oposição simbolizam os 400 profetas que não dobraram seus joelhos diante de Baal. É com estes que Deus poderá, ainda, construir a mudança.
Basta orar e agir.
*Enviado Especial do Genizah
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