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Coisas de Deus, coisas do mundo

Visto em Deviantart

Zé Luís

Assim que ingressei no Caminho, ganhei uma passagem para o lindo mundo religioso dos evangélicos. Um exemplo?

Descobri que no final de cada canção entoada -comumente chamadas de hino, louvor, adoração, seja ou não - em uma igreja pentecostal, por exemplo, você aplaude no final, mas em nome de Jesus. Essas músicas quase nunca serão ouvidas fora desse meio religioso, a não ser que algum cantor secular se aventure (é assim que se chama os que cantam músicas comuns, destas que se ouve em qualquer lugar “ímpio”, ou seja, não evangélico... eu sei, confuso).

Existem cantores, músicos, escritores, apresentadores de TV, rádio, livrarias... tudo para este “público”, um mundo paralelo, e as vezes, neurotizante.

Certa vez, quando novo convertido, caminhava com a família para a igreja numa tarde calorenta de domingo e um dos pastores, que passava de carro naquela hora, resolveu dar carona. Percebi quando minha família entrou no carro que ele se apressou a trocar a música que ouvia. Era a banda Roupa Nova. Olhou-me sem graça, como tivesse sido pego em delito. Um pastor ouvindo música “do mundo”! Eramos tão novos na fé que nem conhecíamos estas divisões obrigatórias, o que foi um alívio para aquele bom homem.

Anos se passaram. Nesse meio tempo, desfiz-me de alguns livros, discos, roupas, segundo as campanhas religiosas que – devido a minha falta de conhecimento bíblico, concordei em queimar. Eram coisas do diabo, fontes de maldição dentro da minha casa e tinham que ser expurgados da minha casa. Brechas do inferno que o sangue de Cristo era incapaz de banir.

Quando descobri que as coisas não eram assim, Deus teve o cuidado de me acalmar: Uma voz, cliente em uma empresa onde prestava serviço lembrou-me que fiz tudo aquilo crendo que estava tentando ser correto diante dEle e, embora agora eu me sentisse como idiota, aquilo tudo não foi em vão afinal...

Passei a estudar a Palavra, primeiramente com a cartilha das denominações. Depois, quando a mesma não me valeu de nada, numa conversa racional com céticos mais preparados, busquei alternativas e foi então que descobri a necessidade de estar no Caminho, além do que era proposto em uma instituição. Precisava de um deserto.

Você tem que descontruir, aceitar que algumas coisas foram um engodo em prol de algo que não era Deus, coisas terão realmente de ser descartadas, mesmo que lhe pareçam sagradas.

Aos poucos dei-me o direito de ler tudo, ouvir tudo, analisar qualquer coisa, e segundo o que está escrito, pude reter o quer era bom, sem o risco da minha fé esmorecer. Não posso dizer que este medo não me assaltou. Na verdade, cheguei ao inevitavel ateísmo quando me deparava com o que me foi apresentado.

Ainda vejo em partes, meu tempo não é só meu, já que o Caminho é um só, e trilho onde já trilharam, mas onde muitos ainda não passaram.

Falta-me em um ponto, mas sobeja em outro. Não entendo esse molde, mas ele é feito para não caber em correntes, um corpo ressurreto livre e incontaminável, apesar do que leio, ouço, vejo, defendo, vivo ou morro. Tudo é lucro Nele.


Eventualmente e por acidente ou distração, o Genizah posta textos do Zé Luís



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