Pastor: isto é de Deus ou do diabo?
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Carlos Moreira
Talvez daqui há alguns anos eu escreva um livro só com as “pérolas” que ouço semanalmente no gabinete pastoral. Já pensei até no título: “Confissões & Confusões”.
A bem da verdade, uma das atividades mais desgastantes da vida de um ministro do Evangelho é o aconselhamento. Digo isto porque é impossível ouvir os dramas e dores das pessoas sem, de alguma forma, não se envolver com eles.
Mas a “escuta terapêutica” vem desaparecendo, gradativamente, das funções dos ministros ordenados e isto, para mim, tem um único motivo: escutar pessoas requer um investimento grande de tempo e, “desgraçadamente”, não gera dinheiro. Por isso, muitos pastores têm optado em fazer um curso superior de psicologia, pois aí podem cobrar pelo atendimento profissional.
Pois bem, esta semana eu me vi diante de uma situação muito freqüente quando ouço pessoas: a suposta “obrigação” de ter de dizer ao indivíduo se ele deve ou não fazer algo. Concretamente, a questão me foi posta da seguinte forma: “pastor, depois de ter ouvido tudo o que eu disse, me responda sinceramente: isto é de Deus ou do diabo?”. “Bem”, respondi, “nem de um nem do outro, muito pelo contrário!”.
E prossegui... “Meu amigo, eu não sou feiticeiro, nem adivinho, não possuo bola de cristal, não jogo búzios, nem leio cartas. Portanto, não estou aqui para lhe dizer como será o amanhã nem muito menos para lhe dar uma “profetada”. Posso sim lhe ajudar a refletir sobre alguns “cenários” possíveis, e isso a partir de suas escolhas. Mas saiba: a decisão final será sempre sua e somente sua”.
E continuei... “Outra coisa que preciso lhe esclarecer é que nem tudo na vida se resume a ser de Deus ou do diabo. Na verdade, a maioria das coisas são “do homem”, ou seja, ganham materialidade a partir da projeção das “sombras” que existem em nós, pois, segundo Tiago: “cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar... pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites””.
De forma objetiva, o que quero aqui esclarecer, é que a tradição cristã, infelizmente, está impregnada deste tipo de pensamento que nada mais é do que o dualismo grego. Foi a partir da influência desta filosofia que a existência acabou sendo reduzida a algo binário: zero ou um. Em outras palavras, tudo passou a ser ou de Deus ou do diabo.
O Dualismo grego é uma espécie de dialética hegeliana sem a síntese, ou seja, ele só tem tese e antítese. Separa o físico do metafísico, o sensível do espiritual, o bem do mal, a unidade da pluralidade.
Muitas destas idéias estão centradas em Platão, pois, para o filósofo, o mundo estaria dividido em duas esferas: a superior e a inferior. O nível mais elevado consistia das idéias eternas. O nível mais baixo era formado pela “matéria”. Esta, por sua vez, era temporal, física e imperfeita.
É por este motivo, por exemplo, que Platão localiza o trabalho no reino inferior. Para ele, existia um reino espiritual separado e distinto do reino físico. Por isso, quanto mais espiritual a pessoa fosse, menos ligado à matéria estaria. No dualismo grego, o ambiente profissional era “carnal”, pois tratava das “coisas terrenas”, tais como o dinheiro.
Agora uma pergunta: você já viu este tipo de “pensamento” presente na igreja? Mais é claro que sim! O que você talvez não saiba é sua origem. Então vamos “mergulhar” na história...
A partir do século IV, a cosmovisão cristã começou a sofrer forte influencia do neoplatonismo, desenvolvido por Plotino. Tratava-se de uma doutrina que preconizava, dentre outras coisas, o abandono do mundo material para que o espírito pudesse unir-se a uma “entidade superior”.
Pois bem, a “porta de entrada” do neoplatonismo no “pensamento cristão” se deu através de um de seus mais ilustres representantes: Santo Agostinho. O bispo de Hipona foi, talvez, o principal responsável pela adaptação das idéias de Platão de tal forma a que elas pudessem servir como argumentação filosófica para a apologética da fé cristã.
Um dos desdobramentos desta tradição, durante a idade média, impunha aos clérigos a necessidade de atestar sua espiritualidade através de votos de pobreza, de castidade e de obediência. Era a negação dos “elementos” do “reino inferior” com vistas a se alcançar uma “espiritualidade elevada”, ou seja, era a ataraxia estóica grega simbiotizada com a fé judaico-cristã.
Agora quero lhe fazer uma proposta: olhe para a vida com estas “novas lentes” e, talvez, você comece a perceber que o dualismo não tem nada a ver com o Evangelho. Essa separação de mundo espiritual do mundo material é pagã, e não cristã. É dela que surgem conceitos tais como: "coisas de Deus" e "coisas do diabo"; arte sacra e arte profana, música gospel e música do mundo, coisas espirituais – orar, jejuar, pregar – e coisas "carnais" – trabalhar, se divertir, se exercitar.
Fico feliz em saber que a proposta de Jesus é de ressignificação de minha consciência de tal forma a que eu encarne os valores e verdades do Reino. Deus é soberano sobre tudo, tanto o que é natural quanto o que é espiritual, pois, para Ele, as duas dimensões são uma coisa só. Por isso, o que sei é que devo ser santo, como santo é o Senhor, tanto na faculdade quanto na igreja, tanto no trabalho quanto na reunião de oração, tanto no campo de futebol quanto na escola dominical!
E saiba: nem tudo é “coisa do diabo”, como também nem tudo é “coisa de Deus”. Há, pois, “coisas que são do homem”, ou seja, escolhas e decisões que são tomadas no chão da vida e que trazem, por si mesmas, as suas conseqüências, seja para o bem, seja para o mal.
Na parábola do “Bom Samaritano” o caminho era um só, e todos iam por ele: tanto os salteadores quando o transeunte agredido, o levita, o sacerdote e o samaritano. A única diferença era a forma como cada um deles caminhava. Por isso, nunca se esqueça: o Caminho está dentro do caminho...
Carlos Moreira é culpado por tudo o que escreve. Ele posta aqui no Genizah e na Nova Cristandade.
Pra começar a foto deste post não esta apropriada.Jesus nunca mediu nem esta medindo forcas com o diabo.Nosso Senhor ja o venceu Há muito tempo !
ResponderExcluirAss Alberto
Vila da Penha Rio deJaneir
Tremendo post gostei muito!
ResponderExcluirEstou passando por uma faxina limpando as quinquilharias do quartinho.Rever conceitos tolos, que me foram transmitidos ao longo da vida e que não tem valor nenhum nem pra Deus nem pra mim como pessoa na realidade são um entrave na convivência principalmente com pessoas de fora do circulo cristão.
Seria o caso concupiscências que aparece no novo testamento? Pois é assim que encaro quando sei que algo não é Deus e nem demônio.
Dani Lima
esse texto me leva à Genesis, na criação do homem, pois diz que Deus criou o homem à sua imagem. Em momento algum Deus dissocia corpo e espírito. Quando o homem cai, sua queda é por inteiro. Quando somos reconciliados em Cristo, somos reconciliados por inteiro. Em Galatas (Gl 5:18-21), ao citar as obras da carne, não se separa obras físicas, como prostituição, das q ocorrem primeiramente na nossa mente, como a inveja.
ResponderExcluirTiago (Tg 2:16), também deixa claro que não é válido cuidar da alma e deixar que o corpo padeça.
Em todo o tempo, que somos exortados a lutar contra nossa carne, está incluindo também nossa mente, nossa vontade.
Ainda citando Tiago, sempre que eu ouço alguem fazendo essa distinção entre coisa de Deus e coisa do diabo, dizendo que tudo que é bom é de Deus e tudo que não é bom é do diabo, me lembro do capítulo 01, versículos 13 e 14, que diz: "ninguém, sendo tentado, diga: de Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência". Tiago tira essa ideia, aos nos tornar responsáveis pelas nossas tentações, que ocorrem devido aos nossos próprios desejos.
Vivo em uma cidade que é impregnada desse dualismo e a realidade “evangélica” da mesma é a seguinte.
ResponderExcluirOs que sustentam tal dualismo vivem num circulo vicioso, pois quando alguns começam a divulgar idéias e opiniões que destoem do padrão evangélico aceitável, começam a pipocar no púlpito os “atos institucionais” tipo: “Aqui nós não aceitamos esse negocio de musica secular e ponto final” e argumentos ridículos como “O que não se encaixa na liturgia da igreja não pode ser bom para o crente”.
Automaticamente os que pensam diferente da maioria passam a ser suspeitos de “mundanismo”. Por não suportar tal visão muitos passam a viver à margem dos “ungidos intocáveis do senhor” por não poderem compartilhar abertamente suas idéias sem ser julgado, outros não agüentam e saem das igrejas e dificilmente voltam.
O pior de tudo é que parece não importar muito tudo que o cara já fez pela igreja, se ele começa a não fazer mais essa distinção entre “sagrado e secular” passa a ser suspeito ate que volte às origens, produzindo e consumindo apenas “arte gospel”.
BOM DIA: A PAZ IRMÃOS:
ResponderExcluirQUANDO ANALISO AS "IDEOLOGIAS" DAS IGREJAS EVANGELICAS, PASMEN, VERIFICO QUE HÁ SEM SOMBRA DE DÚVIDAS UM TOTAL DESPREPARO DOS MINISTROS.
CONGREGO NA ASSEMBLEIA DE DEUS MINISTERIO DE MADUREIRA, FILIADO A IGREJA DO BRAS, NA CIDADE DE TREMEMBÉ-SP, NO INTERIRO DO VALE DO PARAIBA NO BAIRRO DO JARDIM SANTANA.
A DOUTRINA BÍBLICA DAS IGREJAS QUE VISITO COMO OUVINTE DA PAALVRA DE DEUS É QUASE QUE NULA, E HÁ UMA ENORME CONFUSÃO MENTAL DOS MEMBROS COM RELAÇÃO A PRECEITOS MÍNIMOS COMO DOUTRINA DA SALVAÇÃO, SANTIFICAÇÃO. HÁ AINDA UMA MISCIGENAÇÃO DE SINCRETISMO RELIGIOSO, NUMA CONFUSÃO ENTRE COSTUMES E DOUTRINA, EXPLICO: NO INTERIOR OS QEU SE AUTO ENTITULAM MINISTROS DO EVANGELHO ENSINAM QUE COSTUME É DOUTRINA, E CRIAM ABERRAÇÕES COMO: MULHER TEM QUE USAR SAIA, HOMEM TEM QUE USAR TERNOE GRAVATA,E ENFATIZAM QUE ISTO É DOUTRINA BÍBLICA, MEU DEUS!!!
É TRISTE, E SERIA CÕMICO SE NÃO FOSSE TRÁGICO PRESENCIAR CENAS DE OBREIRO( COM CARGO DE PRESBÍTERO) SE ENTITULAR "ZÉ CAJADINHO" E SUBIR NUM PULPITO PARA PREGAR COSTUMES, COMO POR EX: COR DE CABELO E TAMANHO DE CORTE PARA MULHERES E COR DE CAMISA PARA HOMENS ASSIM COMO CUMPRIMENTO DE SAIA PARA MULHERES- É VERDADE!!
OUTROS RECEBEM OS VISITANTES DE OUTRAS IGREJAS, PERGUNTANDO PARA A PESSOA NO TERMINO DO CULTO SE O CIDADÃO(ã) QUER ACEITAR A JESUS NO "APELO" POR ESTAR O MESMO(A) TRAJANDO VESTES "IANDEQUADAS". É BRINCADEIRA A EXEGESE QUE SE USA AQUI, VAMSO ORAR IRMÃO VAMOS ORAR, POIS SE VCS PENSAM QUE ESTÁ RUIM, INFORMO QUE ESTÁ MUITO PIOR.
PR CLAUDIO ACCONCI
12 97258223
PRCLAUDIO-ACCONCI@BOL.COM.BR
Cansei!! Cansei de ser feita de idiota por pastores que se dizem de Deus, com unção toda especial vindo do céu, trabalhando com meu psicológico para tirar tudo o que eu tenho! Cansei de ter que dar todo o meu dinheiro através de promessas que nunca vão se cumprir pois SÃO DO HOMEM! Cansei de ver Jesus colocado como mercadoria, onde leva pra Ksa que dá mais! Cansei das doutrinas criadas pelos homens que apenas me aprisionam e fazem me sentir um lixo, acreditando que Deus não me ama.
ResponderExcluirCansei de ser julgada pelos meu atos, sem conhecerem meu coração e nem se quer se importarem de como foi difícil o meu dia e as dificuldades que enfrentei para tem ao menos um momento de paz na presença de Deus e ao chegar na igreja, vejo que ninguém se importa verdadeiramente comigo.
Cansei de ver as pessoas quebrando o pau pela sua denominação em quanto eu estou morrendo e ninguém briga por mim!!
Cansei de sonhar com as promessas de casa, carro, divídas pagas, etc etc etc. Sendo que no momento eu quero apenas PAZ!!
Cansei...
Pro seu Alberto aew...
ResponderExcluirna vdd a foto exemplifica o texto, ou melhor, o q mtos crentes fazem: se isso eh de Deus ou do diabo... aew a gente fica nessa "guerrinha de braço", como a foto mostra... ela nada mais eh q o retrato do dualismo de mtos crentes...
Valeu mano, texto bem coerente e realista. Há muito tempo que a mente dos cristãos deixou-se impregnar por esse maniqueísmo!
ResponderExcluirmuito bom,excelente texto.parabéns.
ResponderExcluirCreio que Deus falou muito ao meu coração através deste texto.
ResponderExcluirObrigada sr. Carlos Moreira por deixar Deus usá-lo assim!
Não gosto destes julgamentos que as pessoas fazem na igreja taxando as coisas como "de Deus" ou não. Tenho colocado muito isso diante de Deus pois não creio ser assim.
Nunca vi na Bíblia Jesus ser taxativo assim. O que vejo era que ele nos ensinava a ser superior a isso, a esse tipo de atitude.
Realmente o Jesus da Bíblia era extraordinariamente mais incrível do que é tantas vezes pregado por aí. E é com esse que eu quero seguir.
Um grande abraço,
Mírian
Os pastores estão sempre atrás do dinheiro suado dos fieis, agora entendi porque muitos estão formando-se em psicólogos, eles não querem atender, ouvir os pobres coitados fiéis, que eles mesmos os Pastores os aliena, aí usam a mesma pratica dos médicos das Redes Pública, isso se chama de antropofagia celestial, não é mesmo, acho que os fieis tem que deixarem de serem otários cobrar pelo que fazem dentro da igreja.
ResponderExcluirFábio Campos - DF