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Genizah entrevista: Marcos Simas, editor da Revista Cristianismo Hoje

Nesta edição IXX do Genizah Almanaque, o editor Danilo Fernandes entrevista Marcos Simas, fundador e editor da Revista Cristianismo Hoje e um observador privilegiado dos movimentos da Igreja nos últimos trinta anos.


Marcos Simas iniciou sua carreira profissional na Visão Nacional de Evangelização (Vinde) em 1985, onde chegou ao cargo de diretor-executivo da extinta Vinde Comunicações, braço editorial da missão então capitaneada pelo pastor Caio Fábio D’Araújo Filho. A experiência adquirida junto ao então influente conglomerado evangélico de comunicação e uma revista – além da editora, a Vinde controlava um canal de TV a cabo, emissora de radio, sistema de transmissão via satélite mensal – levou-o a outras empresas do segmento. Simas trabalhou na Editora Mundo Cristão, na Junta de Educação Religiosa e Publicações (Juerp), ligada à Convenção Batista, e, nos últimos 15 anos, tem prestado consultoria editorial para várias editoras, inclusive fora do meio evangélico.

Durante esse tempo, Simas editou mais de 200 obras de autores importantes como Eugene Peterson, Brennan Manning, Martyn Lloyd-jones, John MacArthur, C.S. Lewis, NT Wright, Dallas Willard, Richard Foster, Ken Taylor e outros tantos. Mais recentemente, o editor fundou a edição brasileira da prestigiada revista americana Christianity Today. A publicação, que já vai para o quinto ano de publicação com venda em bancas de jornal e tiragem média de 40 mil exemplares, além de edição virtual, é considerada a principal revista evangélica de informação do país. Desde setembro de 2010, Marcos Simas está nos Estados Unidos, juntamente com sua família – ele é casado e tem dois filhos adultos –, em treinamento especial na Christianity Today International. Apesar disso, continua de lá editando a Cristianismo Hoje, bem como fazendo livros e Bíblias de estudo, outra de suas especialidades. Seu trabalho mais recente, a Bíblia de Estudo para Pequenos Grupos, está sendo lançado pela Editora Palavra. 



GENIZAH A Cristianismo Hoje (CH) completa seu quarto ano em outubro de 2011. Contudo, a publicação norte-americana que lhe deu origem, a Christianity Today, é considerada a mais conceituada e influente publicação cristã do mundo, fundada por ninguém menos do que o evangelista Billy Graham há mais de meio século. Neste momento, o senhor está vivenciando um tipo de coaching junto à direção internacional de Christianity Today na região de Chicago. Fale-nos um pouco desta experiência e da responsabilidade de editar, no Brasil, a “primeira filha” internacional de uma publicação tão influente.

MARCOS SIMAS – A responsabilidade é a maior possível. E foram quatro anos de aprendizado, já que minha principal experiência profissional tem sido na área de publicação de livros. Apesar de uma curta experiência à frente da revista Vinde (hoje chamada Eclésia) por seis meses, pelos idos de 1999, livro é o que faço desde 1991, o que significa 20 anos. Carlos Fernandes, o diretor de redação da CH e ex-editor da Eclésia, tem sido um importante colaborador nessa iniciativa desde o início da revista, em 2007. Editar CH é, para mim, uma experiência nova, e decidi fazer isso por achar que precisávamos, no Brasil, de uma mídia impressa independente, com tradição e credibilidade, além de um olhar mais internacional em relação à Igreja e o que ela representa mundo afora. Minha idéia era também a de fazer uma revista forte em jornalismo, com matérias e notícias de interesse do público cristão evangélico. Não temos a pretensão de sermos os melhores, mas apenas de colaborar na abordagem e divulgação de temas de interesse da Igreja brasileira, juntamente com outras boas revistas que já temos, como por exemplo a Ultimato.

GENIZAH E quais foram os motivos de sua transferência para os EUA?

MARCOS SIMAS – A vinda para os Estados Unidos foi justamente para aprender a fazer melhor com quem já faz isso faz mais de 50 anos. Meu treinamento é em praticamente todas as áreas da revista, tanto editoriais como administrativas. Participo semanalmente da reunião de pauta dos jornalistas de Christianity Today e tudo isso tem me ensinado bastante. Eles têm um espírito cristão maravilhoso e estão sempre me convidando para participar de tudo que está acontecendo dentro do grupo. Um dia desses, fui até ver um jogo de basebol a convite de um dos diretores, que soube que eu tinha o desejo de ir uma vez conhecer esse esporte tão norte-americano. Fui com minha mulher e meu filho, com direito a convite e carona, além de uma longa explicação sobre as regras do jogo. Assim ficou fácil (rs).

GENIZAH O senhor é evangélico desde 1982, quando acredita ter experimentado o novo nascimento através da conversão a Cristo. Lá se vão quase 30 anos; neste período, a Igreja Evangélica mudou muito. Do quê o senhor sente mais falta daquilo que se vivia na época de sua conversão? 

MARCOS SIMAS – Não gosto de ser saudosista e nem de pensar que estamos “no pior momento da Igreja”, como alguns andam falando por aí. Não tenho vergonha de ser evangélico, mas tenho sim, vergonha de algumas coisas que alguns que se dizem crentes em Jesus andam fazendo. E tenho procurado ter cuidado para não fazer o mesmo, pelo simples fato de me achar capaz de cometer os mesmos erros que qualquer irmão na fé, e até erros piores. Mas, sem dúvida, a quantidade diluiu a qualidade. Além disso, com o aumento numérico, vieram também o aumento de casos comprometedores, escândalos, erros e episódios que ecoam de maneira cada vez mais forte. Ainda mais pelo fato de que uma de nossas marcas, como evangélicos, é a de confrontar práticas que consideramos antibíblicas ou mesmo contra os valores da fé que cada um de nós professa. Só por esse simples fato, passamos a ter, como se diz popularmente, um “telhado de vidro” – e os observadores andam aproveitando as oportunidades para nos apedrejar e expor nossos fracassos. É pela força do julgamento que fazemos que vamos receber o mesmo de volta por parte da sociedade brasileira. Mas, de fato, sinto falta de simplicidade por parte dos pastores e líderes, assim como também sinto falta de humanidade e sobriedade da parte de alguns deles.

GENIZAH “Humanidade” em que sentido? 

MARCOS SIMAS – Chego a pensar que alguns líderes de projeção midiática nacional perderam por completo o bom-senso e a capacidade de auto-exame, condição sine qua non para quem serve como modelo para um grupo religioso, ou que diz ser um representante do Deus Altíssimo neste mundo. Alguns parecem até ter perdido a sanidade. Sinto falta do tempo em que, quando alguém era chamado de pastor, a sociedade sabia que ali estava uma pessoa que queria servir, e não ser servido. Sinto falta do tempo em que pastor conhecia mais a Bíblia e menos os livros sobre a Bíblia – e sua referência para o sermão era sua própria experiência com Deus e com sua comunidade, a quem servia, independentemente do salário ou das vantagens advindas do cargo. Sinto falta de mais ênfase na oração para buscar a Deus, e não apenas para pedir algo ao Senhor. No passado, a maior necessidade era buscar a Deus e fazer sua vontade; hoje, parece que o maior anseio dos crentes é de que Deus faça nossas vontades, e não, que cumpra em nós a vontade dele. Sinto falta, também, de mais ênfase na leitura devocional da Bíblia no chamado “a sós com Deus”, em vez de livros, programas, músicas, eventos ou os tais “passos fáceis e imediatos para a felicidade”. Por fim, sinto falta de mais santidade e da paz de Deus, em vez de mais tarefas eclesiásticas. O descanso do sábado bíblico deu lugar a uma série de eventos frenéticos que não nos permitem ter tempo para orar, amar, pensar, ler, meditar, jejuar e buscar a Deus ou servir ao próximo.

GENIZAH Diante desse panorama, dá para se ter esperança no futuro da Igreja brasileira?

MARCOS SIMAS – Apesar de tudo isso, sei que Deus está no controle e fazendo algo com a Igreja brasileira, mesmo que não estejamos vendo ou mesmo divulgando isso. Não podemos esquecer de que, ao mesmo tempo em que alguns escandalizam o nome do Evangelho, outros tantos estão fazendo seu trabalho para a glória de Deus e apenas para que o Senhor e o seu próximo saibam. Gente que não está nas revistas, nas rádios, nos púlpitos, nos livros e nem tampouco nas TVs; gente que ama o próximo como a si mesmo. Pessoas que amam a Deus acima de todas as coisas e que, mesmo que eu e você não saibamos seus nomes ou sequer conheçamos sua existência, são conhecidas e amadas pelo Senhor. E isso me anima, renova minhas forças e me dá esperança.

GENIZAH Sendo um observador privilegiado dos movimentos da Igreja nos últimos trinta anos, o senhor certamente presenciou muitos movimentos estranhos e ventos doutrinários dentro da Igreja. Em sua opinião, qual deles trouxe mais problemas ao Corpo de Cristo? E por quê? 

MARCOS SIMAS – Sem dúvida, esse foi a teologia da prosperidade e suas variantes. Algumas delas podemos ver mesmo dentro das igrejas consideradas tradicionais e históricas. Interessante é que foi tudo aconteceu ao longo dos últimos 30 anos e de forma muito sutil e sem alarde. Aos poucos, ocorreram pequenas mudanças que fizeram grande diferença. Deus dá prosperidade a seus filhos, mas isso não é uma obrigação da parte dele – é uma graça, que ele dá a quem quer. O sofrimento pode ser o prenúncio e o preparo para uma prosperidade material; em contrapartida, a prosperidade material pode ser o caminho da ruína espiritual. É preciso ter muito cuidado com tudo isso e não deixar o dinheiro e o poder serem como Mamom, afastando-nos da realidade da vida cristã.

GENIZAH Recentemente, a CH publicou uma matéria de grande impacto sobre o fenômeno dos “desigrejados”. A revista tratou a questão como efeito direto da decepção das pessoas que creram em doutrinas espúrias ou foram prejudicadas ou desestimuladas pela prática e exemplo de líderes exploradores. Estrago feito, o senhor entende que a Igreja deve ver este grupo como uma janela missional, buscando seu acolhimento na igreja institucionalizada, ou considera possível o exercício pleno do cristianismo desta forma? 

MARCOS SIMAS – Sem dúvida, a Igreja deve buscar a todos, de todas as formas possíveis, mas sem para isso ter que alterar sua mensagem. É normal que haja decepções, desânimo e desistência daqueles que sofreram algo por parte da liderança, ou mesmo de membros da igreja local. Mas temos que pedir perdão e buscá-los para trazê-los de volta ao convívio da congregação. Quem pensa que a igreja está ruim pode até estar certo. Todavia, ainda não vi lugar melhor para ficar e criar meus filhos. No entanto, é preciso ter sabedoria e conhecimento bíblico, que nos mostram exatamente de que tipo de gente a igreja é feita: pessoas imperfeitas como cada um de nós. Ou será que nos achamos bons demais para a igreja, ou até perfeitos?

GENIZAH Sabemos que o senhor editou alguns autores ligados aos movimentos de igrejas em casa, igreja orgânica, etc. Como o senhor vê este fenômeno? É uma alternativa saudável? 

MARCOS SIMAS – Eu sempre edito autores entendendo que eles não são a solução para os problemas da Igreja, mas pelo simples fato de que vejo cada um deles como mais uma ferramenta útil para edificá-la. Já não acredito mais em líderes ou movimentos messiânicos que pensam ser o “plano B” de Deus para a Igreja. O Senhor está no controle. Todos os autores que editei têm algo a contribuir e todos eles também têm suas falhas. Mas sei que, para alguns, isso parece sacrilégio, até mesmo por conta de nossa “idolatria evangélica” – temos de fato isso, mas preferimos negar, mesmo no meio dos letrados e tradicionais. Igrejas em casa, igrejas em células, igrejas da missão integral, igrejas focadas em escola bíblica e ensino, igrejas renovadas, igrejas avivadas, tudo isso pode ser uma questão de momento, público-alvo, nomenclatura e até de vaidade pessoal por parte dos líderes de cada um desses movimentos. O problema real está em nós, que conseguimos transformar alguns belos movimentos em verdadeiros tormentos com o passar do tempo. Ao longo de toda a história da Igreja Cristã, movimentos vão e voltam, e ela tem ficado, sempre, sob o senhorio de Jesus. Sobre os livros que publiquei, publico e ou ainda vou publicar, peço apenas a Deus que não atrapalhem e nem distanciem as pessoas do Evangelho e do próximo.

GENIZAH A Cristianismo Hoje atingiu um nível de excelência nas reportagens, entrevistas e artigos que publica. Além da qualidade editorial, destaca-se a escolha dos entrevistados, que parece obedecer a um critério de mérito do Reino, antes de qualquer indicativo de popularidade ou apelo comercial. A revista já entrevistou, por exemplo, os pastores Antônio Gilberto e Russel Sheed, considerados gigantes no exemplo da prática cristã, ética, conhecimento bíblico e desconcertante humildade. O senhor poderia nos falar um pouco destas escolhas e das suas experiências e percepções acerca destes e de outros grandes homens de Deus entrevistados pela sua revista?

MARCOS SIMAS – Além destes dois, não podemos esquecer de outros líderes brasileiros como Élben Lenz César, fundador da Ultimato, Paulo César da Silva – pastor, cantor e compositor do Grupo Logos – e outras quase trinta personalidades que já entrevistamos, contando com os estrangeiros. Quando escolhemos um entrevistado para a CH, procuramos gente que tenha algo a contribuir e a dizer. E, mais do que palavras, buscamos exemplos de vida. É bem verdade que, algumas vezes, entrevistamos alguns “técnicos” ou especialistas em alguma área de interesse da Igreja e do leitor. Entrevistamos também gente que anda dizendo um monte de coisa e procuramos sempre ordenar suas palavras, para que nosso leitor possa ter uma melhor compreensão do pensamento do entrevistado como um todo, e não apenas por textos publicados de forma isolada. Mas temos ainda muita gente que queremos entrevistar e estamos apenas aguardando uma oportunidade. Ainda temos muita gente que tem o que dizer de maneira bela e humilde. Gostamos de entrevistar gente que ama a Deus e a igreja.

GENIZAH Mas a entrevista com o escritor e blogueiro Júlio Severo, em 2009, pareceu caminhar em outra direção. Na ocasião, o entrevistado afirmou ter sido deliberadamente prejudicado pela revista, e centenas de pessoas fizeram coro a isso através de cartas e mensagens. O quê, de fato, aconteceu? 

MARCOS SIMAS – Entrevistamos o Júlio Severo porque ele havia dito que estava sendo obrigado a sair do país por causa de perseguição religiosa. Eu lia seus textos, como ainda leio hoje, juntamente com tudo o que posso e que vem de todos os lados ou correntes teológicas. Apenas quisemos dar a ele oportunidade de se expressar livremente. Ele foi muito atencioso com nosso repórter, até mesmo porque era assinante da revista na época. Não distorcemos suas respostas. Acho que o que, de alguma forma, o contrariou foi a introdução que fizemos na entrevista – modelo normal no jornalismo. Aparentemente, ele sentiu-se ofendido ou entendeu que sua imagem foi distorcida. Mas a intenção da revista nunca foi prejudicá-lo ou fazer juízo de valor sobre sua pessoa. No entender da revista, Júlio Severo é um cristão e, até onde sabemos, uma pessoa honesta, cumpridora de seus deveres e digna. Pensadores como ele, apesar das ideias que muitos consideram radicais, têm o direito de existir e de se expressar – além disso, suas opiniões são compartilhadas por muita gente, e, portanto, precisam ser livremente manifestadas. O que nos surpreendeu, na época, foi o fato de que seus seguidores fizeram comentários ofensivos ao repórter, a mim e à revista – e, curiosamente, dezenas de mensagens tinham o mesmo teor, inclusive trechos inteiros idênticos, o que é indício de um movimento orquestrado. Mas fizemos questão de não responder para não colocar mais lenha na fogueira. Acho sempre que buscar a paz e o respeito mútuo deve ser a prioridade para nós, cristãos. Discordar, sim; criticar, sempre que necessário. Mas agredir, ainda que com palavras, nem pensar. Queremos edificar, colaborar, servir, e não acusar ou ofender a quem quer que seja. Cada um vai dar conta de seus atos a Deus, e não a homens.

GENIZAH Há alguma novidade em andamento para este quinto ano da revista? 

MARCOS SIMAS – Pensamos em entrevistar algumas pessoas relevantes no Brasil e no exterior. Para a próxima edição de agosto já entrevistamos o pastor e escritor americano John Piper, e estamos tentando outros nomes internacionais e nacionais. Queremos ouvir também gente excluída, machucada, distante da igreja, para que, com isso, possamos aprender através dos ouvidos que ouvem as críticas à igreja com serenidade e oração. Queremos apoiar, divulgar e fazer mais parcerias com entidades como a Aliança Cristã Evangélica e as demais entidades cristãs que, como a CH, existem para servir à Igreja.

GENIZAH Recentemente a CH fez uma grande reforma em seu site www.cristianismohoje.com.br, que passou a oferecer mais funcionalidade, conteúdo e interatividade. Quais são os seus próximos planos na mídia digital? 

MARCOS SIMAS – Ainda engatinhamos se comparados ao Genizah (rs). Mas, queremos investir mais em mídias sociais e em conteúdo de qualidade elevada para o leitor que quer ler algo que edifique sua vida, para então edificar a vida de outros



Genizah




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  1. Excelente matéria. E acrescentando... O Genizah também tem feitos ótimas entrevistas. Parabens às duas equipes. Cristianismo Hoje e Genizah.

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  2. A matéria está excelente.O Genizah é um blog maravilhoso, e como assinante deste o início, considero a Cristianismo Hoje, juntamente a Ultimato o que há de melhor na imprensa informativa cristã.
    Parabéns aos três. Não digo que são perfeitos, porque nada que o homem faça irá atingir a perfeição, porém, confesso aos quatro ventos que tenho aprendido muito com vocês.
    Um grande abraço e muito obrigado,
    Fabio - cristaodebereia.blogspot.com

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  3. Excelente entrevista, gostaria de rever o amigo Marcos Simas.

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  4. Excelene entrevista, parabens Marcos Simas pela vida util ao reino de Deus.
    gostaria de revê-lo.

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