As sete razões para não chamar músicos de igreja de levitas
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Levitas do passado (risos) |
Josaías Jr.
Sei que esse assunto já foi batido e rebatido várias vezes, por isso é possível que esse texto não apresente nenhuma novidade para alguns irmãos. Entretanto, gostaria de compilar aqui algumas das melhores razões para não usarmos a expressão levita para designar as pessoas que tocam e cantam no “período de louvor”. E mesmo que você não use o termo, proponho que leia pelo prazer de ver a história da salvação se desenrolando na figura do sacerdote.
Sei que esse assunto já foi batido e rebatido várias vezes, por isso é possível que esse texto não apresente nenhuma novidade para alguns irmãos. Entretanto, gostaria de compilar aqui algumas das melhores razões para não usarmos a expressão levita para designar as pessoas que tocam e cantam no “período de louvor”. E mesmo que você não use o termo, proponho que leia pelo prazer de ver a história da salvação se desenrolando na figura do sacerdote.
Com isso, desejo não apenas levar irmãos a repensarem esse costume,
mas também mostrar que a teologia por trás do sacerdócio levítico é
muito mais bela, ampla e grandiosa do que parece. Quero deixar claro
(antes que alguém objete) que uma igreja pode usar essa expressão e
ainda realizar cultos de adoração verdadeira, e que ninguém será
condenado pelo uso do termo. Entretanto, não há nenhuma boa razão para
cometer esse erro deliberadamente. E, creio, qualquer desvio do ensino
bíblico, mesmo os que parecem mais simples, podem ser portas para
distorções perigosas. Por isso, sugiro que líderes e pastores levem em
consideração o que está exposto aqui.
1) Nem todos os levitas eram músicos
A Bíblia relata, é verdade, que existiam levitas envolvidos com a
música no antigo Israel. Vemos corais e bandas formados por membros da
tribo de Levi e voltados exclusivamente para esse ministério.
Entretanto, também lemos sobre levitas que cuidavam de outras atividades
cultuais, como o sacrifício, e aqueles que se envolviam em tarefas
administrativas e operacionais.
Sei que alguns defensores da expressão “levita” sabem disso. (Por exemplo, o polêmico concurso “Promessas” admite isso
em seu site oficial). Ainda assim, preferiu-se ignorar todas as outras
funções associadas ao ministério levítico e concentrar-se apenas nessa.
Por quê?
Alguns entendem que é por estrelismo dos músicos, mas prefiro pensar que há um motivo mais profundo – a valorização medieval de funções “sagradas” em detrimento de funções “seculares”. Varrer o chão, organizar culto, carregar coisas – qualquer um faz. Adorar, somente os crentes. Há um fundo de verdade aí, mas também há uma ignorância quanto ao chamado geral de Deus para humanidade. Tanto o administrador quanto o zelador podem glorificar a Deus em suas respectivas funções. Isso não é um culto público, mas é um culto.
Assim, alguém responsável por assuntos cotidianos como arrumar
cortinas do templo poderia “ser tão adorador” quanto Asafe, o
compositor. E um músico no culto público pode estar profanando o nome
de Deus – se seu alvo não for a glória do Criador.
2) O chamado levítico originalmente envolvia toda a humanidade
Um dos assuntos mais interessantes da Bíblia é a teologia do local de
adoração. Quando Adão e Eva foram criados, eles receberam um chamado de
glorificar a Deus por meio do casamento e da procriação, do domínio
sobre a natureza e do descanso no sétimo dia. E eles foram colocados em
um Jardim, onde poderiam adorar o Criador e exercer a função de guardar e
cuidar do Éden.
Algo que passa despercebido pela maioria dos cristãos é que Moisés e
outros autores bíblicos repetiram certas expressões e símbolos sobre o
Jardim do Éden quando falavam sobre o tabernáculo e o templo. Ou seja,
o Éden era um “templo” que deveria ser guardado pelos primeiros
levitas – Adão e Eva. O termo “lavrar e guardar” (Gn 2.15) é a mesmo
usado para as funções dos levitas em Números 3.7-8, 8.26 e 18.5-6. O
chamado de adoração e cuidado com o “templo” é um chamado geral, dado a
nossos primeiros pais, assim como o casamento, a família, o trabalho e o
descanso.
“Se o Éden é visto como um santuário ideal, então talvez Adão deva ser descrito como um Levita arquetípico” (Gordon J. Wenham)1
3) O levita tinha um papel de mediador, assumido por Cristo
Como ungidos do Senhor, os levitas tinham um papel de mediar a
Aliança entre Yahweh e o povo de Israel. Eles não eram simplesmente
pessoas que “ministravam a adoração” para a congregação. Muitos veem o
povo realizando sacrifícios e entendem que aquilo era o paralelo de
nossos momentos de louvor hoje. Há certa relação, mas os sacerdotes
faziam muito mais.
Como mediadores, eles exerciam o papel de representar Deus para o
povo e representar o povo para Deus. É por isso que esse era um cargo de
extrema importância e perigo. Se o levita chegasse contaminado na
presença de Deus, ele estava dizendo que a nação estava em pecado. Se
ele chegasse maculado na presença de Israel, era uma blasfêmia –
“Deus” estava corrompido. Eles não estavam simplesmente realizando
cultos, eles tornavam o culto possível.
Hoje, esse papel é cumprido perfeitamente por nosso sacerdote e
cordeiro Jesus. Como perfeito Deus e perfeito homem, ele pode
posicionar-se como representante de Yahweh diante do povo e
representante da igreja diante de Deus. Como afirma o Apóstolo, “há um
só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1
Tm 2.5). Assim, o ministro de louvor hoje é meramente alguém dependente
do verdadeiro mediador, aquele que torna o culto possível, o Senhor
Jesus.
4) Jesus não é representante do sacerdócio levítico
Entretanto, apesar de sacerdote, Jesus não pode ser considerado um
levita. Um motivo para isso é biológico – ele não é descendente de Levi,
mas de Judá. Como ele poderia assumir a função sacerdotal? O segundo
motivo é teológico. O autor de Hebreus ensina que Jesus é sacerdote
segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.10).
O Salmo 110 (não sem motivo o texto do Antigo Testamento mais citado
no Novo) nos fala de um rei-sacerdote que se assenta no trono de Davi.
De fato,o próprio Davi cumpriu certas funções sacerdotais sem ser
realmente um levita. Como isso seria possível? Isso acontece porque esse
sacerdote é da mesma ordem de um misterioso personagem de Gênesis 14,
um rei de Salém (note as sílabas finais de uma tal Jerusalém) chamado
Melquisedeque.
Esse personagem, por estar envolto em tanto mistério, é considerado
uma figura de Cristo. Ele era “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não
tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao
Filho de Deus” (Hb 7.3) e tanto rei de justiça, quanto de paz (7.2).
Assim,valorizar demais o sacerdócio levítico pode nos levar a renegar
uma ordem superior, a de Melquisedeque, por quem vem a perfeição (Hb
7.11).
5) A Nova Aliança, da qual fazemos parte, tornou o sacerdócio levítico caduco
O autor de Hebreus vai mais além e diz que o sacerdócio da ordem de
Arão foi revogado. Diante da superioridade de um sacerdote que é eterno
(Hb 7.24), mediador de uma Aliança superior (Hb 8.6), ele conclui que o
sistema anterior era fraco e não podia aperfeiçoar (7.18,19).
Usando o relato sobre Abraão e Melquisedeque, o autor de Hebreus
mostra que, quando o Patriarca entregou seus dízimos ao Rei de Salém,
estava ali comprovado que o sacerdócio levítico era inferior ao
sacerdócio de Jesus. Como assim? Ele explica que a tribo de Levi era
responsável pelo recolhimento do dízimo no antigo Israel. Mas o que
vemos em Gênesis? Um antepassado dos levitas entregando as ofertas e
sendo abençoado por outro sacerdote! Levi, ainda nos lombos de Abraão
(7.10), colocou-se debaixo da autoridade de Melquisedeque. Como
sabemos, somente o maior abençoa o menor (7.7).
Assim, depois dessa interpretação pouco usual (mas inspirada), o
autor de Hebreus conclui – a Nova Aliança envelheceu a primeira, que
está velha e prestes a acabar (8.13). Assim, fazer referência a essa
instituição em cultos neotestamentários é exaltar as sombras que
passaram, que não aperfeiçoam (10.1) e são fundadas no que é terrestre e
passageiro (8.2).
6) Em Cristo, todos somos sacerdotes
Unidos a Cristo, somos tratados como portadores de sua perfeita vida
de obediência e, assim, podemos ser considerados sacerdotes. Um dos
chamados de Israel era ser um reino de sacerdotes (Êx 19.6) – justamente
a posição que Adão falhou em cumprir. O apóstolo Pedro aplica essa
expressão à igreja e afirma que somos sacerdócio real (1 Pe 2.9).
Da mesma forma que a humanidade foi chamada, no primeiro Adão, para
guardar o Éden, a nova humanidade, no último Adão, é chamada a
ministrar na Nova Criação. Todos os crentes são chamados a adorar e
oferecer sacrifícios (Rm 12.1), não apenas uma classe especial de
pessoas. É isso que chamamos de sacerdócio universal dos crentes.
7) Cria uma divisão entre crentes “levitas” e “não-levitas”
A última razão é mais prática que teológica. Em muitas igrejas, essa
separação entre “ministros de louvor” e a congregação gera uma perigosa
classificação de espiritualidade. É claro que pessoas que se colocam à
frente da congregação (e, de certa forma, ensinam e lideram o rebanho)
devem tomar um cuidado especial em relação a suas atitudes e serão
responsabilizados mais rigorosamente.
Entretanto, isso não coloca necessariamente os cantores e músicos
em algum tipo de posição diferente, como alguém mais consagrado, um
foco maior de ataques do inimigo, imune à críticas, etc. Tanto
pastores, quanto músicos e “leigos” são aceitos por Deus por meio da fé
em Cristo, porque ele viveu e morreu de forma perfeita por nós. Diante
de Deus, todos têm 100% de aprovação.
Ao mesmo tempo em que músicos e cantores devem estar atentos para
que não caiam, eles precisam se lembrar de que a cruz nivela tudo –
somos todos merecedores da ira eterna, somos todos considerados
perfeitos por Deus. Em Cristo, não em Levi, todos somos
templo,sacrifício e sacerdotes. Se Deus nos uniu assim, quem somos nós
para separar?
Em Cristo, não em Levi, todos somos templo, sacrifício e sacerdotes. Se Deus nos uniu assim, quem somos para separar?
1 Para uma tabela que mostra a ligação ente o Éden e o Templo/Tabernáculo, ver God’s Glory in Salvation through Judgment: a Biblical Theology, de James M. Hamilton. Boas informações também em From Eden to the New Jerusalem, de T. Desmond Alexander.
Brother, riquíssimo, tanto a nível acadêmico quanto Eclesiológico/Espiritual!
ResponderExcluirTalvez a oitava razão é que, chamam os músicos de levitas por ministrarem na "casa de Deus". Entretanto os templos religiosos não são "casa de Deus", nós somos casa de Deus.
ResponderExcluirO Danilo!!! Faz agora um pra apostolo também!
ResponderExcluirFaz um artigo assim:
''Sete razões para não chamar líderes de igreja de apóstolos''
Tá demorando hein seu Danilo! rsrs
genizah, faca um artigo sobre os AMISH`s: http://pt.wikipedia.org/wiki/Amish
ResponderExcluirEu me amarro quando vocês colocam essas fotos de "levitas".
ResponderExcluiraushauhsuahsaushauhsuh'
Valeu pelas explicações.
@danysussa
Como "levita", concordo plenamente com o autor, principalmente (usando o "gancho" do último parágrafo) levando em consideração que o problema do uso do termo está muito mais na questão prática que teológica.
ResponderExcluirDe fato a posição de liderança dos "levitas" confere a eles certas responsabilidades, mas isso não os torna mais especiais que os "outros" cristãos. Infelizmente existem hoje muitas distorções que começam na "liturgia" e acabam afetando o "estilo de vida" das pessoas. O "glamour" de ser um "levita" pode levar-nos a perder o foco da nossa busca, e em vez de querermos nos posicionar num "ministério" pra servir (primeiramente a Cristo, depois ao Corpo de Cristo, se assim posso dizer), o fazemos buscando ser servidos!
Falar sobre os perigos que essa distorção traz para a cabecinha próprio "levita" é "chover no molhado"! É claro que Deus busca verdadeiros adoradores, mas Ele não "precisa" da minha adoração, da minha música, da minha voz... Se eu faço o que faço é por que eu é que preciso, não pra inflar meu ego, mas pra esvaziar tudo de mim e colocar nas mãos d'Ele (se é que, especialmente nesse "aspecto musical", temos algo a oferecer)!
Indo pro outro lado, o dos "não-levitas", essa acepção faz com que as pessoas "em geral" achem que não são responsáveis, se acomodam. Elas chegam no domingo à noite e esperam que o "levita" diga algo, que os acordes menores as levem a entrar no clima, etc... Depois ainda tem aqueles que saem dizendo que "o louvor não foi bom"...
Mas, enfim, isso tudo só acontece por causa de outra distorção: achamos que o culto, a adoração é só aquele momento litúrgico, só a reunião semanal... "Levitas" ou "não-levitas" ás vezes passamos a semana inteira sem biscar a Deus, e esperamos que em duas horas algo aconteça, por isso essa separação às vezes é muito cômoda: se "nada acontecer" os "levitas" dizem que "pelo menos fizeram sua parte", e os "não-levitas" dizem quem "não era da responsabilidade deles", e pronto!
A tribo que mais tem se destacado hoje na igreja é a dos Levi... levianos.
ResponderExcluirDanilo, só corrigindo meu erro de digitação no comentário anterior em "'Levitas' ou 'não-levitas' [ás] vezes passamos a semana inteira sem [biscar] a Deus, e esperamos que em duas horas algo aconteça..." - primeiro é "[às] vezes" (eu sei usar crase, mas errei o shift); e depois é "[buscar] a Deus" (aquele "i" deixou a palavra estranha)!
ResponderExcluirBoa semana!
Tai uma resposta a altura...gostei, ta em cima de tudo que se deveria falar,Levita não é esclusividade só da música nem do G12.....(idiotas) mas Levita cuidava ate da latrina,quem se habilita hoje ???? ninguem ou quase....ta dez o comentário.
ResponderExcluirLindo o RENAULT DAUPHINE! Hehehe
ResponderExcluirSSP.
Levitas na hora do trabalho! Eae hora de dividir as ofertas??
ResponderExcluirKkkkkkkkkkk!!!!!?????
Ih meu amigo de vaga bundos tidos como cantores gospel as igrejas estão cheias.
ResponderExcluirOs caras se acham o bam bam bam da fé eles juram que estão fazendo algo pra DEeus por simplesmente cantar... Não ganham uma almazinha pra Jesus e dizem que pagam um preço muito alto vivendo em hotéis de luxo entre outras coisa de estrela pelo Brasil mas muito bem isso é juízo para aqueles que assim como eles não querem nada com a essência do evangelho.
Bando de safados
Visite:
ResponderExcluirwww.estudosdabiblia.net
Em Cristo
Marcio
Esse negócio de levita na igreja é um chatura só. Tem jovens que chegam a ficar inchadinhos porque se acham uma classe especial, graças a ignorância bíblica de seus pastores, ou porque morrem de medo em pensarem de perder os jovens para outras igrejas. Igreja é coletividade - todos deveriam adorar a Deus juntos sem nenhum grupo em destaque. Pura vaidade esta coisa de levita prá cá e levita prá lá. Excelente texto para se sair do gu gu dá dá teológico prá lá de ultrapassado,
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