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Dá Licença, mas Eu não vou Rodar no Carrossel do Destino


Carlos Moreira

Hoje é sábado e, conforme as Escrituras, Jesus neste dia estava sepultado. Depois de três anos andando e pregando por toda a Palestina, fazendo milagres, ressuscitando mortos e expulsando demônios, enfim, haviam dado cabo dele, a cruz tragara-lhe a vida e o túmulo guardara-lhe o corpo.

Fico imaginando as conversas em Jerusalém, nas casas, nas ruas, nas esquinas, no Templo... Todas as especulações levavam Jesus ao ridículo: “salvou a tantos, mas não pôde salvar-se a si mesmo”. Até os seus “...discípulos o abandonaram e fugiram”. Não havia mais o que se fazer. “The Dream is Over!” – O Sonho Acabou.

Como sabemos a história sempre é contada pelos vencedores. É provável que Pilatos, naquela manhã, tenha se gabado de ter posto fim a mais um motim judeu. Herodes, em seu palácio, dava gargalhadas e dizia: “vão ver agora onde está o “Rei dos Judeus””. O sinédrio, quem sabe, realizou uma reunião extraordinária para comemorar a articulação e execução do “plano perfeito”. Judas havia se enforcado. Pedro remoia-se em seu desespero. Cada habitante de Jerusalém tinha sua própria história e fazia suas próprias conjecturas.

Mas ainda havia o mundo espiritual, os principados e potestades. O que teria se passado nesta dimensão? Será que os demônios estavam de porre pela celebração que começara na sexta feira, quando Jesus rendeu o espírito, varou a madrugada do sábado e entrou dia adentro? Imagino o inferno, apinhado de demônios, todos celebrando a “vitória” – o Filho de Deus está morto!

Eu não sei se você já pensou, mas se tudo isso tivesse terminado dessa maneira, se aquele túmulo pudesse ter contido a Jesus, o Cristo, nossa história seria muito diferente... Sim, porque sem a ressurreição de Jesus, toda a existência seria roleta russa, submissão ao acaso, subserviência ao destino, um jogo de sorte ou azar, seria como lançar dados numa mesa e torcer para que a combinação certa acontecesse.

Sem Jesus estaríamos entregues a nós mesmos, as nossas próprias dissoluções, as nossas incongruências e interjeições. Sem Jesus não haveria possibilidade de arrependimento, de novo nascimento, de reconstrução da consciência, pois, sem Ele assentado a destra de Deus, ressurreto e glorificado nos céus, o Espírito não teria sido enviado a Terra, nem derramado em nossos corações, que foi o que nos possibilitou um novo começo. 

Se o sábado tivesse se constituído no epílogo desta “saga”, não haveria, para nenhum de nós, e para ser humano algum, em qualquer tempo, a possibilidade de sonhar com a experimentação da eternidade, nós estaríamos fadados a nos transformar apenas em cinzas e silêncio, voltaríamos irremediavelmente ao pó, o “sopro de vida” que um dia recebemos apagaria como uma vela ao vento, e todos iríamos ao encontro do nada, seríamos transformados no não-ser.

Sem Jesus, tudo o que nos restaria seria rodar no carrossel do destino, pois o texto de Paulo aos Romanos não se aplicaria a nós – “pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmão. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou”. Sim, sem Ele não haveria justificação, eu e você ainda teríamos de oferecer o sangue de animais sacrificados para podermos ser aceitos diante de Deus.

Mas fato é que o sábado passou e o domingo trouxe consigo um novo amanhecer, a ressurreição e a vida, a vitória e a salvação! Paulo nos diz em Filipenses “pois que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”. 

Quero concluir com as palavras da parábola do filho pródigo. Terminarei desta forma, pois é assim que me sinto, como um que era indigno e que, caindo em si mesmo, retornou para casa. No meu imaginário, estas palavras do texto não se aplicam só a mim, mas creio que o próprio Jesus as tenha ouvido da boca do Pai ao retornar aos céus: “
vamos celebrar, pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado”.

Carlos Moreira é culpado por tudo o que escreve. Ele é editor assistente do Genizah e escreve também na Nova Cristandade.
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  1. Meu nome é Fernando - leticiabela@ig.com.br
    Carlos acredito que os demônios não habitam o inferno, hoje ou no tempo de Jesus, mas serão para lá enxotados juntos com os outros que lá já estão (2PE 2:4). Assim discordo da sua opinião.

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  2. Puxa vida! Faz tempo que acompanho vcs e nessa semana, vcs se superaram com textos bem legais! Esse aí "Dá licença...", que bonitinho! Me tocou muito, pois me renovou a esperança na ressurreição.Também,gostaria de parabenizar um colega-irmão que tá postando alguns bons comentários,Lovosier de França. Valeu, mano! Tu sabe comentar dentro da palavra,sem baixar o nível,e de forma muito equilibrada! Meu mano,tenho até aprendido contigo,porque as vezes, eu esculacho e nem precisa ser bem assim! Genizah, vcs tão começando a atrair a atenção de muita gente pensante! Parabéns, mano Danilo! Continua nessa tua luta! Tu és um cara corajoso e tá trazendo gente boa pro nosso ladinho! Beijoca, manos amados!

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  3. Querido anônimo, muito grato pelo o elogio a mim referido! Realmente, andando com Jesus, a gente vai aprendendo até a forma de discordar , de criticar, de denunciar, sem precisar entrar no baixo nível. Também, parabenizo a Genizah,embora a bem pouco tempo a acompanho, mas , na verdade, essa semana, li e me deliciei com textos altamente bem escritos e profundos. De fato, esse de hoje,"Da licença...", me falou fundo ao coração de uma viva e inabalável ressurreição, que diferencia a história desse galileu apaixonante, diferente de todas as outras. E o mais incrível:Jesus não fez questão de produzir nenhuma prova material de sua ressurreição! Quem quiser crer... creia com o coração e a ateste com a mudança real de velhe natureza pra um nova, nEle. Abraços anônimo e pessoal do Genizah.

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  4. Prezado Anônimo,
    Eu usei uma ilustração para tentar mostrar as pessoas que a morte de Jesus possuía desdobramentos para além do mundo visível e da matéria... Você já vem com teologia sobre o inferno e tudo mais... Calma mano, eu não falei sobre isso, até porque este assunto precisaria de um texto bem mais complexo.

    Só não entendi sua contradição... Você com suas palavras diz que o inferno não tem demônios, mas que eles serão enxotados para lá e se juntarão com os que lá já estão... Ora, então no "Seu" inferno, já existem demônios!!!... Isso é o que eu chamo de coar o mosquito e engolir o camelo. Em todo o texto, que tinha verdades preciosas sobre a ressurreição de Jesus e os impactos disto em nossa vida, você só conseguiu ver o inferno. De fato, essa fixação no inferno e nos demônios é bem coisa da religião de nossos dias. Que pena que você não ENTENDEU NADA!

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  5. Fernando esse é o meu nome.
    Caramba, não consegue ouvir um que possa discordar de vc? e também não disse nada do restante do texto e presumir que EU NÂO ENTENDI NADA, ai vc viajou meu colega. Há mais uma coisinha, o inferno não é meu. Não darei mais opinião sobre os teus textos, já que te magoa tanto não dizer que tudo é lindo e que vc foi magnifico o PAPA dos textos.

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  6. Fernando,
    Assim como você tem o direito de fazer suas considerações, em tenho o direito de respondê-las. Assim como você fala sobre o que eu escrevo, eu também escrevo sobre o que eu penso sobre o que você escreveu. Se isso lhe ofende, uma pena. Se não quer falar sobre meus textos, outra pena. Comentários ajudam escritores a melhorar os textos. Mas também é nosso direito falar sobre o que pensamos. Se você se sentiu ofendido, peço desculpas publicamente. Mas mantenho os meus comentários. Abraços, Moreira

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  7. Não acredito nessa idéia que as pessoas tem de que o inferno "se alegrou" com a morte de Cristo. Deus já havia dito (e o próprio Jesus também) que a sua morte iria salvar-nos. Eu acho que o demônio deve ter ficado desesperado quando ele morreu, porque sabia que havia perdido. Eu acredito até que ele tentou impedir a crucificação, influenciando o sonho da esposa de Pilatos.
    Outra coisas a ressaltar, ainda que Jesus tivesse permanecido morto, estaríamos salvos. Fomos salvos pela sua morte e não pela sua ressurreição. A ressurreição só prova que ele era Deus e que, portanto, a morte não tinha poder sobre ele.
    "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
    Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados."
    Não há Yom Kippur sem sangue e o sangue mais puro que existia foi derramado em favor dos homens. Dívida paga. Está Consumado.
    Enfim, a ressurreição é só pra mostrar que Ele é... Ele!

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