681818171876702
Loading...

Não Siga Mapas. Faça Mapas!

Carlos Moreira

Desde cedo envolvido com a navegação, Cristóvão Colombo realizou suas primeiras viagens em Gênova, norte da Ítala. Durante 10 anos estudou na biblioteca do sogro sobre rotas marítimas e desenvolveu suas crenças na existência de novas terras. Convencido de que nosso planeta era esférico, propôs aos reis da Espanha uma viagem inusitada e, em 1485, eles resolveram acreditar no seu projeto.

Naquela época, não só Portugal, mas outras nações buscavam uma passagem marítima para o Oriente, com vistas a poderem comercializar diretamente com a Índia. E foi assim, guiado por este espírito empreendedor que Colombo, em 12 de outubro de 1492, descobriu a América, aportou no “Novo Mundo”.

O que esta ilustração do navegador genovês tem a nos dizer? Muito, sobretudo em tempos em que as pessoas deixaram completamente as Escrituras – mapas – e passaram a “navegar” em mares revoltos, levados por embarcações de “bandeira” duvidosa, sendo guiadas por “piratas” roubadores.

Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra; luz para os meus caminhos”. Sempre acreditei que a Bíblia é uma bússola capaz de nos conduzir por todo tipo de rota, mesmo as mais perigosas. Ela pode livrar-nos das tempestades, dos rochedos, das correntes, bancos de areia e outras desventuras que levam muitas “embarcações” as ruínas.   

Francamente, só posso comparar o tempo atual com a era das trevas da idade média. Nesta fase negra do cristianismo, os livros, e com eles as Sagradas Escrituras, eram de acesso restrito ao clero, ficando guardados em conventos e monastérios. Isto obviamente tinha um propósito: manter a população ignorante, pois assim era mais fácil ela ser manipulada para crer em mitos, dogmas e outras superstições sem qualquer questionamento. Melhor para a “igreja”, que dominava não só a religião, mas também a política; mandava no “reino dos céus” e nos reinos da Terra!

A “farra”, todavia, terminaria em 1517, com a Reforma Protestante. Marinho Lutero, o pioneiro “contraventor” e proponente das principais mudanças, tinha como uma de suas principais preocupações colocar a Bíblia nas “mãos do povo”. Assim, traduzida para o vernáculo alemão e, impulsionada pela imprensa de Guttemberg, as Escrituras em pouco tempo já podia ser lida em inglês, francês e espanhol.  

Passados alguns séculos, com o que nos deparamos? Caos! O esforço de milhares de pessoas que deram suas vidas para que exemplares da Bíblia pudessem chegar até nós é tratado com desdém e desprezo pela grande maioria dos cristãos. Como pastor, já me acostumei a ver as famílias chegando à igreja sem que nenhum de seus membros traga nas mãos um único exemplar que seja das Escrituras.

Este afastamento, obviamente, trouxe conseqüências. E quais são elas? Uma legião de incautos, de ignorantes espirituais, bebês necessitados de leite, pessoas facilmente manipuladas e levadas por qualquer “vento de doutrina”. Ora, não há cenário mais favorável para florescer todo tipo de heresia e seitas as quais movem milhares de pessoas em torno de seus interesses econômicos, off course! Manipular o sagrado sempre foi um excelente negócio e os “piratas do caribe” sabem muito bem do que estou falando...

Quanto a vocês, a unção que receberam dele permanece em vocês, e não precisam que alguém os ensine; mas, como a unção dele recebida, que é verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas, permaneçam nele como ele os ensinou”. 1ª Jo. 2:27.

Este é um dos textos da Bíblia mais mal interpretados que eu conheço. Sobre ele já vi todo tipo de esquisitice: há os que afirmam que só pessoas batizadas no Espírito Santo conseguem entender a Bíblia; outros dizem que agora já não precisam mais de mestres nem de quem os ensine, pois são capazes de entender qualquer coisa. Eu, todavia, afirmo como diria Aristóteles, “a sabedoria está no centro”...   

Se você prestar atenção ao texto todo, verá que o problema é facilmente resolvido. Veja o verso 24: “Quanto a vocês, cuidem para que aquilo que ouviram desde o princípio permaneça em vocês...”. Ou seja, João está afirmando que ambas as coisas são importantes: o ensino que é transmitido pelos “mestres” da igreja, e também a unção do Espírito nos guiando a verdade através da revelação das Escrituras.

Mas o que temos hoje? Temos o show da fé! Temos o banho de sal grosso! A água do Jordão! A sessão do descarrego! As maldições hereditárias, “curas interiores”, rosa ungida, pseudo milagres, catarse como manifestação de adoração, fanatismo como prática institucionalizada, cegueira como meio de se perceber a “verdade”, consciências cauterizadas, ouvidos tapados, olhos vendados. Chega de tudo isto! Não siga mapas. Faça mapas!

Na minha opinião há três fatores que corroboram para o cenário atual: (1) a acomodação da grande maioria dos cristãos, que delega aos seus líderes a condução de suas vidas e a atribuição de toda a responsabilidade a eles por aquilo que devem ou não fazer; (2) o eterno jogo de empurra, ou seja, a falta de disciplina para uma leitura sistematizada e profunda das Escrituras, uma vez que isto leva tempo, exige local adequado, material de apoio, etc.; (3) o retorno ao clericalismo medieval, que nada mais é do que pastores e líderes acharem-se os únicos capazes de ler e interpretar a Bíblia, passando para o povo aquilo que eles acreditam ser a “verdade”.

Identificar as causas é fácil; corrigir o problema não. Aliás, a solução passa por um conjunto de ações que levam tempo e exigem esforço para ser implementadas. Deixar este tema para depois é investir no total desaparelhamento da liderança leiga das igrejas, no desmantelamento das EBD´s, no esvaziamento dos discipulados ou pequenos grupos, e na falta de interesse dos crentes a freqüentar cultos de doutrina ou atividades correlatas.

Não sei se você já notou, mas existem muitos “navios piratas” navegando nos mares por aí. Sua bandeira não é a cruz, mas a caveira, seus comandantes não são pastores, mas lobos vorazes, seu desejo não é o de desvelar “tesouros” para a alma, dádivas para o coração, bênçãos para o ser. Muito pelo contrário, eles estão atrás de ouro, prata e bronze! Por isso, cuidado com a carteira! Quanto a mim, já tomei minha decisão: vou ficar bem longe de tudo isto... Tenho medo de ser fotografado ao lado dessa gente, como se fosse “papagaio de pirata”. Credo!

Carlos Moreira é culpado por tudo o que escreve. Aprendeu desde cedo que devia amar o "Livro" pois por ele encontraria a vida e a morte. Ele escreve no Genizah e na Nova Cristandade.
Heresias 4666308043851386140

Postar um comentário

  1. É a pura verdade, mas o problema é estrutural das igrejas que não possuem uma " forma " de doutrinar corretamente. Quantos frequentam uma EBD com afinco? Como é o que se ensina e quem ensina ( cego guiando outro cego ? ) ? E o novo convertido existe um programa " B + A = Ba " para entender a bíblia desde o Gênesis até o Apocalipse ?
    Em algumas " emprejas " é a mesma filosofia do governo do Brasil, quanto mais iguinorante melhor !

    Por favor corrija a data do descobrimento da América, 12 de Outubro de 1492, um domingo.

    ResponderExcluir
  2. Cumé quié? Ainda hoje tem gente pregando o que eu li acima? "...as Sagradas Escrituras, eram de acesso restrito ao clero, ficando guardados em conventos e monastérios. Isto obviamente tinha um propósito: manter a população ignorante, pois assim era mais fácil ela ser manipulada para crer em mitos, dogmas e outras superstições sem qualquer questionamento".

    Será que o autor disso aí sabe quue na Idade Média o clero foi que manteve viva (ao copiar e guardar) a Santa Escritura? Será que o autor sabe que o quanto custava copiar manualmente uma Bíblia inteira, além de pagar a comida do copista? Será que, com base nessas dificuldades, ele imagina que pessoas do povo tinham condições de ter uma bíblia em casa? Será que o autor do texto sabe que ainda não existia imprensa, inventada mais tarde por Gutemberg? E, caso por um milagre, cada família dispussesse de uma Bíblia, será que o autor imagina uma população da Idade Média totalmente letrada? Teríamos, quem sabe, que mandar alguma estatística da alfabetização na Idade Média ao distinto Carlos Moreira?

    ResponderExcluir
  3. Carlos Moreira,

    Não faça mapas baseados na mentira, você desconhece ou finge desconhecer a história, a civilização romana, o mundo ocidental desabou com as invasões dos povos bárbaros, nenhuma instituição ficou de pé, somente a Igreja Católica.

    Os Bispos tiveram que assumir tarefas de ordem temporal, pois o Ocidente se achava debaixo das invasões bárbaras e os Imperadores, residentes em Bizâncio (Oriente), pouco se importavam com o povo que estava sofrendo no Ocidente,

    quando você afirma: "Isto obviamente tinha um propósito: manter a população ignorante, pois assim era mais fácil ela ser manipulada...", os mosteiros foram redutos do saber, onde escribas conservavam não só as Sagradas Escrituras mas também todo o conhecimento ocidental na honrosa tarefa de se fazer cópias e mais cópias de tais documentos.

    No Terceiro Concílio de Latrão em 1179, uma das decisões no Cânon 18, requereu que toda catedral apontasse um mestre para ensinar os clérigos e os estudantes pobres da Igreja; esta ação ajudou a fomentar as escolas catedráticas, que se tornariam as universidades.

    Essas escolas foram as sementes das universidades que surgiram logo em seguida: Sorbone em Paris, Bolonha na Itália, Canterbury e Oxford na Inglaterra, Toleto e Salamanca na Espanha, Salerno e Raviera na Itália, Coimbra em Portugal, La Sapienza em Roma.

    O ensino superior na Idade Média foi ministrado por iniciativa da Igreja. Ela foi a mãe das universidades. A razão e a fé sempre caminharam juntas na Igreja.

    Até 1440 foram criadas na Europa 55 universidades e 12 institutos de ensino superior, todas pela Igreja. (Direito, Medicina, Línguas, Artes, Ciências,Filosofia, Teologia, etc.

    Isso tudo antes da prensa de Gutenberg, antes de vosso pai Lutero.

    Anônimo Católico.

    ResponderExcluir
  4. Carlos Moreira,

    Existem aproximadamente mil fragmentos de manuscritos de traduções da Bíblia Alemã Medieval, isto tudo antes de Lutero, a versão germânica mais antiga é do quarto século, a tradução gótica de Úlfilas (311-380). Se alguém deve ser louvado esse alguém é Gutenberg, por facilitar o que a Igreja já fazia há séculos.

    Anônimo Católico.

    ResponderExcluir
  5. Prezado anônimo católico,
    em primeiro lugar sinto muito pelo fato de você não ter coragem de se identificar e por "a cara para bater". Talvez esteja imaginando que, como a santa inquisição, aqui no Genizah nós vamos lhe expor, torturar, difamar, ou coisa que o valha. Quanto a isto, fique tranquilo, pois estamos num Estado de Direito, com liberdade de imprensa, de crença e de expressão.

    Em segundo lugar, conheço também a história e sei porque os monges "guardaram" as Escrituras e também outros tesouros da literatura. De fato, alguns argumentos que você usou são verdadeiros, mas você omitiu o principal, que, de fato, a igreja precisava manter o povo na ignorância e no analfabetismo religiosos para poder, dentre outras perversões, encher os seus cofres com indulgências e simonias.

    Talvez ler algo mais profundamente sobre a Reforma Protestante, sem as lentes da Igreja Católica, sem ufanismos ou defesa de "bandeiras", pois a única que me interessa é a de Cristo Jesus, você consiga entender melhor o tema.

    Ah, também sugiro você ler sobre a renascença e o iluminismo para compreender porque este tempo chamou-se idade das trevas. Você acha que os bondoso pradecos guardaram todo o compêndio literário da humanidade só por bondade e porque o povo não tinha dinheiro para comprar livros? Ora, me conte outra história da carochinha, pois eu estudei bastante este negócio para ouvir tanta baboseira. Não venha defender o indefensável e querer tapar o sol com a peneira.

    Com respeito e reverência, Moreira

    ResponderExcluir
  6. Muito boa a postagem.
    Se muitos "navegam em navios piratas", é porque preferem "o mar da transferência de responsabilidades" e "o oceano do extrativismo extremo". Essas duas "águas insalubres" são a maldição hereditária cultural que nosso país carrega desde seu descobrimento.
    Como foi dito, muitas pessoas preferem viver "no piloto automático" delegando tudo o que for possível a outros mais "qualificados", sugando até o que não dá para sugar dos outros.

    Penso que pior do que líderes que removem o acesso ao conhecimento para fomentar a ignorância no povo é o próprio povo que prefere a zona de conforto da ignorância por medo de crescer.

    ResponderExcluir
  7. Carlos Moreira,

    O anonimato é um direito à privacidade.

    Sua generalização de que todo o clero era materialista e praticava a simonia é um falso testemunho que gera uma matriz de opinião negativa e de desprestígio para a Igreja e todo povo católico.

    A Renascença também nos trouxe ideais anticristãos, como o antropocentrismo, o hedonismo e o individualismo, o Iluminismo também nos trouxe o Deísmo e as bases do ateísmo militante.

    E vocês evangélicos autênticos procurem tirar as lentes do anticatolicismo que só dividem e impedem um debate de alto nível.

    Anônimo Católico.

    ResponderExcluir
  8. Prezado anônimo católico,
    faço minhas as palavras do prof. André Pessoa: "Prefiro a ofensa de quem se identifica à lisonja daquele que se esconde atrás do anonimato. Eu sempre assino os meus textos e assumo as minhas posições; gostaria que o mesmo acontecesse com os outros.

    Anonimato deveria ser coisa somente do disque denúncia e não do mundo virtual. Deixemos a não identificação aos filantropos que gostam de se esconder por trás da falsa humildade e aos fracos.

    Não interessa se as pessoas louvam as minhas virtudes (que são poucas) ou denunciam as minhas inconsistências (que são muitas), importa que sejam elas mesmas e assumam as suas opiniões e tudo o que delas decorre.

    Esconder a identidade é um recurso mais cabível ao zorro e ao super-homem do que a um autêntico internauta. Virtual deve ser o ciberespaço e não as pessoas que nele navegam!

    A generalização não é minha, é fato histórico, posto, incontestável, só você é que não vê. De fato toda era trás seus matizes, positivos e negativos, mas asseguro-lhe que o mundo ficou bem melhor depois da Reforma. Leia "A Ética Protestante" de Max Weber e talvez você entenda alguma coisa...

    Uma correção, o hedonismo é fruto de corrente filosófico criada no mundo grego, século IV a.C, e se propagou e propaga até hoje. Continue estudando que você chega lá...

    Debate de alto nível não começa como você começou, pois sua posição é a de quem tem certezas absolutas.

    Com respeito e reverência, Moreira

    ResponderExcluir
  9. Muito bom!
    Antigamente (não consigo precisar há quanto tempo), escola dominical tinha quase ou a mesma importância que o culto, hoje....

    Parece que quanto mais aumenta a possibilidade de acesso à informação, menos a usamos. O texto tem que ser raso, poucas linhas.

    No estado mais rico da nação, o meu, em cujo governo votei, aluno é aprovado sem saber ler.

    Joab Barros

    ResponderExcluir
  10. Carlos Moreira,

    Nesse espírito de sugerir leituras, vou te indicar um tratado bastante esclarecedor, é o "Von den Juden und ihren Lügen" de Martinho Lutero. Você pode ver uma prévia dele aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sobre_os_judeus_e_suas_mentiras, justiça seja feita, alguns órgãos da Igreja Luterana formalmente denunciaram e dissociaram-se dos escritos de Lutero sobre os judeus.

    Anônimo Católico

    ResponderExcluir
  11. Anônimo católico,
    se quiser continuar "conversando", "põe a cara pra bater"... Se não, vai ler o teu tratado de Lutero... Quem me importa e Jesus. Quem soma com ele está comigo, quem separa se afasta de mim... Com respeito e reverência, Moreira

    ResponderExcluir
  12. Caro Carlos Moreira,
    Parabéns pelo texto.Reflete a realidade da idade média brasileira! Tomei a liberdade de postá-lo em meu humilde blog.
    Abraços, Ruben

    ResponderExcluir

ATENÇÃO: Comente usando a sua conta Google ou use a outra aba e comente com o perfil do Facebook

emo-but-icon

Página inicial item